Hard Out Here_Lily Allen

OFF: Em minha defesa foi escolha do bonito ali.... eu teria ido pra um japonês BEM SUAVE.

Eu quero militar pela visibilidade de meninas que bebem toda semana e continuam fracas para a bebida. Infelizmente eu sou assim, ta?! E esse eu é sobre a Winnie... e eu também... e eu e a Winnie... e nós duas. Ok, ok, NÓS DUAS SOMOS ASSIM. Obrigada pela aceitação; não tem nada a ver com costume, é sobre fígados que não são muito fortinhos.

Espero que goste de mim mesmo assim, Matthew. Eu agradeço sua lentidão; facilitara em muito meu (de)serviço. Ora ou outra eu fui para o lado, outra hora eu me afastei um pouco de ti, teve um momento que meu braço quase escapuliu de sua cintura e eu acabei apertando mais forte. Não por medo de te soltar; mas por medo de estar errada mesmo.

Demorei entender que em um ou outro momento, você não ia estar tão perto. A volta também me era complicada; os pés? Sei lá, eles provavelmente estavam errados. Ainda assim aquilo estava estranhamente divertido. Eu não tinha coragem de me soltar; não havia álcool que me trouxesse segurança, ainda assim eu parecia bem. Sabe, felicidade nem sempre é sobre liberdade; mas convenhamos que liberdade é sempre sobre segurança.

Faltavam-me os dois; mas ao menos felicidade eu tinha de sobra ali. Encarei a mim mesma pelos seus olhos; reparei no sorriso rubro que tinha meu reflexo. Ali eu parei para ri... você sabe a quanto tempo não reconheço essa face? Você sabe por quanto tempo esqueci que a tinha? Você sabe... o quanto eu nem mais lembrava do que era me sentir feliz?

Matthew, meu querido; depois de um tempo sem felicidade, você nem lembra mais onde procurar. Por sorte você encontrou por mim. Um mísero instante de ânimo me causara gargalhadas. Ok, eu menti para você: eu não parei para rir; eu andei para rir. Andei para perto, te abracei, deitei minha cabeça no seu peito e ri igual uma imbecil. Fiquei por longos minutos numa gargalhada horrível, até enfim sentir que não tinha mais ar. Quando me faltou vento, respirei tudo de vez. Um guinchado horrível ocupou o 'silêncio' daquele espaço e ao ouvi-lo... bem, eu ri ainda mais.

Eu fiquei nesse processo um tanto quanto doido, até acabar o tempo do feitiço. Seja lá que feitiço era esse. Ao fim, levantei o rosto, desgrudei as bochechas de seu peito, olhei mais uma vez meu reflexo manchado, refletido nas suas íris azulada. Ali me vi completamente bagunçada, vermelha & inchada... talvez por isso perguntei:
- Que que a gente ta fazendo? - Era limpando os lacrimejo & vestígios da gargalhada que eu (nos) perguntava isso. Era idiota, mas era válido ainda assim - Vem cá, eu quero uma foto contigo... depois me deixa revelar? Eu quero lembrar disso - por pouco não saíra 'eu preciso' no lugar de 'eu quero'.

O problema central? O momento não durou muito. Minha fala fora cortada por um microfone ao fundo, que fizera aquele barulho típico de 'microfone ligando'. Depois disso, certos holofotes chegaram e... eles estavam falando COM A GENTE? AH NÃO. Olhei de novo para cima, procurando os olhares de Matthew e toda minha felicidade se tornou desespero. Desci minhas duas mãos, procurei as dele, apertei forte e sussurrei entre os dentes:
- ...que que a gente VAI FAZER? - Era impossível não gritar no final da frase. Eu até tentei disfarçar meu desespero mas isso era definitivamente algo que eu não conseguiria fazer - MATTHEW, A GENTE N CONSEGUE SE VER SEM CHAMAR UM HOLOFOTEZINHO NA GENTE?

Estávamos tendo um momento tão, mas tão gostosinho juntos que eu quase não ligava para os passos errados e as vezes que parava para rir do nosso rolo e desenrolo. Ela se atrapalhava com os pés e eu com as mãos. Sabe como é dificil conduzir e querer fazer uns giros e movimentos um pouquinho mais trabalhosos que dois pra lá dois pra cá com quem não fazia noção do que fazia? Era realmente engraçado de assistir, mas mais ainda de dançar quando não se tinha todos os sentidos em plano funcionamento. Acontecia que Winnie se afundava em gargalhadas e eu as acompanhava com o riso frouxo. Sabe, quando se gosta de alguém e essa pessoa está feliz, você fica feliz!

Ficamos por um bom tempo naquele jogo bobo. Só que meu sorriso desapareceu quando uma voz interrompeu o momento. Sério? Tipo... SÉRIO???

- que merda meu irmão, não posso ter UM DIAZINHO de folga??? - reclamava apoiando minha cabeça no ombro dela.

Eu já tinha dito o quanto Winnie era pequena comparada a mim? Não que isso importasse, mas abaixando um pouco eu senti. Enfim! Respirei fundo e tentei ver o lado bom daquilo tudo. Não o prêmio, não os holofotes, não os fanfiqueiros de plantão. Ainda era um ambiente que APARENTEMENTE ninguém nos conhecia e poderíamos curtir aquilo como dois jovens que éramos. As vezes é bom beber e dançar até cansar, né? Fazia isso. Virava minha bebida colorida com teor alcoólico duvidoso e, confiante, olhava ela como se aquilo fosse um desafio.

- Quer dar uma surra de talento nesses otários? - esticava a mão novamente esperando ela se sentir mais confortável enxergando aquilo por um ângulo diferente. - Prometo não te deixar cair.

Eu podia prometer isso? Acho que sim, aquela confiança toda nos passinhos não vinha de mim e talvez ela soubesse disso. Era do outro eu.

OFF: E eu tenho culpa que o personagem ficou sensível a morte no prato?

Quando Matthew apoiou a cabeça eu mim, senti um certo apoio no meu descontentamento. Olhei-o pela lateral da face e procurei um certo acalento no seu franzir de cenho. Ao menos sairíamos daquilo juntos... né?

Né?! Não sei, ele demorou me responder, ficou um tempo quieto e aquilo já me dava um nervoso desnecessário. Esperei sua reação, apertei suas mãos ainda mais forte e quando quase estava lhe puxando para a mesa... ele falou:
- MAS QUE TALENTO, MATTHEW? EU NÃO TENHO TALENTO NENHUM- Era verdade. Como vou competir algo que não sei? Se ao menos fizesse algum sentido.

Tombei meu rosto corado encostando minha bochecha na dele; quando enfim senti o calor, tentei ao menos me acalmar. Aquilo era mesmo viável? Talvez se eu bebesse mais... larguei-o ali por um instante; tirei da mesa a bebida quente que era para ser do rapaz. Virei-a de uma vez e anunciei:
- Se eu virar piada no PokeTube a culpa é TODA SUA, ok? - Que fique bem claro que era esse meu contrato.

Dai pra frente? Só aceitaria; encenei uma espécie de performa de TV, Tentei ficar com uma postura mais ereta e levantar o queixo... pessoas em filmes fazem isso, talvez isso dê em algo...

Ah é, eu ainda quero sua foto comigo, ta?!

OFF: Acho que tu pode narrar, Kaze.

Deixava ela tranquila, não faríamos nada justificável pra viralizar. Só sabia que tinhamos nos divertido e mandado muito bem - na minha cabeça. Ao final a música sumia e éramos ex-pul-sos, pasmem, do espaço que fizemos de pista de dança. Quer saber? Não queria aquele prêmio mixuruca mesmo. Sou mais o meu restaurante.

- Eles estão oferecendo bebida de graça, acho que gostaram da gente - ria e já pedia uma caipirinha pra fechar o dia e lembrava da foto que ela queria.

Eu poderia pedir para os velhinhos, mas 1. eles não gostaram da gente, 2. velhos não tem habilidade com novas tecnologias; então procurava aquele garçom maneiro e agia como se aquela câmera pudesse ser manuseada por outra pessoa que não Winnie, tomando dela e entregando na mão dele após pedir para que tirasse uma boa foto nossa.

Passava a mão pelo cabelo, bagunçando-o para então prender a tiara novamente, checando a roupa rapidamente para então confirmar que estava pronto. Quis passar o braço pelos ombros dela e ficar de meio perfil, dando um sorriso contente até. Depois dessa queria uma foto bem clichê. Avisei ao rapaz e por fim a beijava pelo clique. Eu já queria ter feito isso a muito tempo mesmo.

Por um mísero instante eu senti que aquele restaurante estava tentando embebedar a gente... onde já se viu, bebida de graça?! Será que tinhamos um ar muito esnobe?! Será que La Rousse é cheia de caloteiros? Será que eu estou... me preocupando demais? Eu quase esbocei para Matthew minha preocupação; eu certamente a faria se não tivesse bebido demais. Meus lábios já esboçavam um 'acho que eles vão dar golpe na gente', mas ao invés de formar a frase, eu só peguei mais uma cerveja e a tomei, calando-me sem muita cerimônia.

Pra que se preocupar com isso, né Winnie? Certamente dinheiro não é o problema, não é como se você fosse ficar muito mais aqui... além disso, não ta muito tarde, tem tempo do álcool metabolizar e você esfriar a cabeça, ao menos antes que fique 'muito tarde'. Da pra dar conta de um problema... né? Preciso admitir que eu já batalhei no Battle Tower bêbada... já enfrentei uma gangue em Galar de ressaca. Acho que da para fazer um barraquinho tanto fora de mim, né?

Eu me dou esse crédito, eu tenho certa maestria já em beber.

Agora o Matthew tem? Ele parece não perceber o risco que a gente ta se colocando. Arg, que seja; se ele ta bem, quem sou eu para estar. Eu só vou largar essa cerveja naquela mesa vazia ali e tentar fazer ele parar de beber.
- Garoto, você comeu muito pouco, vamos comer mais - Desviei a atenção da frase dele.

O problema? Bem, o problema é que minha foto ainda não havia sido tirada. O mesmo garçom que trouxe as próximas bebidas seria o responsável por marcar o momento. Eu concordo que isso não era em si um problema; se ele não me trouxesse uma nova missão, a de não beber mais.
Ah, eu consigo né?! Dessa vez eu nem sequer pedi - ou peguei - uma bebida da bandeja, só deixe que Matthew lhe desse a câmera QUE NÃO É MINHA, para tirar nossa foto. A princípio eu pensei numa foto fofa; mas meu medo começava a me deixar desconfortável. Ele passou o braço por trás do meu pescoço, me aconchegou e o primeiro clique fora batido; foi um tanto quanto difícil tirar o medo da cabeça, mas ao lembrar que ele ESTAVA COMIGO, acabei por liberar um pequeno sorriso.

Sem saber que uma segunda foto seria tirada, levantei o rosto, procurando um sorriso reflexo. Eu falaria algo sobre, se ele não me surpreendesse com um tocar de lábios e um barulho estalado ao fim. O som do clique se confundia com a imensa 'quebra' de sentido que minha consciência fazia. Aquilo era um beijo?

Mas é óbvio que era um beijo, o que mais seria? Um acidente? Talvez, mas ainda assim um beijo. Era óbvio que por impulso, correspondi, passei um dos braços por trás do seu pescoço, levantei as pontas dos pés e alcancei seus lábios com mais conforto. Eu virara meu corpo 180º, aceitando sair de costas naquela foto. Ainda assim eu o fiz; mas não demorei muito, por falta - ou nenhuma - experiência, aceitei que quanto mais rápido, menos vergonha passarei... né?

Depois disso fui ao chão, aterrissando os calcanhares e andando em direção ao Garçom, pegando de volta a câmera e pedindo uma tapioca com geleia de morango... algo bem doce, bem vegano e CHEIO DE GLICOSE, para nós dois comermos e retomarmos o mínimo de noção.
Principalmente noção do que estávamos fazendo; apesar de eu viver bêbada de uns dias para cá, não queria passar esse momento com Matthew bêbada; e muito menos cogitar que nosso beijo fosse justificado por isso.

As coisas não são melhores se você passar por elas bebendo... definitivamente não. Elas só ficam mais perdidas mesmo.

OFF: Eu to sentindo que essa rota vai acabar com um de nós perdendo a memória e um Petilil sequestrado........ hmmmm não sei porquê...... PRESSENTIMENTO

Winnie em algum momento pareceu preocupada DO NADA. Tinha alguma coisa verde no meu dente e ela não tinha coragem de dizer? Aquilo me deixou noiado por um tempo porque estávamos para tirar a foto né! Mas passei a língua por entre os dentes diversas vezes e... nada. Pra completar nosso beijo foi rápido. Logo hoje que eu não trouxe pasta e escova de dentes. Dei uma leve chorada internamente. Aquilo era um sinal de embriagues? Acho que Winnie descobriu isso antes de mim, porque falava de comida e logo mudava meu humor.

- hahaha ta bom, ta bom, também quero uma tapiroca de geléia por favor - falava entre risadas daquele trocadilho besta.

Quando chegasse, a devoraria sem dó, mas até lá continuaria bebendo num ritmo suave na nave.

Estava tudo bem, né, até que o casal de velhinhos que olhava feio - eu achei feio - pra gente chegou junto e do nada começou a interagir. Não soube reagir aos velhinhos. Real. Sei que fiquei envergonhado, um pouco paralisado, um tanto feliz, mas também bem assustado. Relaxei quando eles deram um sorriso caloroso antes de irem embora. Não sabia se olhava pros itens ou pra Winnie, mas eu já não tinha mais nada a fazer por lá.

- Quer ir pra outro lugar? - finalmente olhava para ela dando a ideia de ir embora, só não conhecia muito bem LaRousse.

Quando foi que a gente virou casal ideal? Numa hora estávamos discutindo o passado e agora pareciamos pisar no presente de forma um tanto quanto imprudente. O álcool muda tanto assim as coisas?! Eu agora estou um tanto quanto cismada; mas veja bem meus amores, depois de tantos casos, o meu 'sensor aranha' se liga do nada mesmo.

Já passou, ok?! Depois que pedimos a sobremesa eu entendi que o garoto estava bem e a esquisita era eu. Talvez meu surto repentino - de novo - até o fizera questionar a realidade das minha ações. Ok, eu preciso ao menos me redimir disso! Com a câmera em mãos, tratei de botá-la sã-e-salva na mochila. Agarrei um dos braços de Matthew e aproveitei que não havia pandemia no Mundo Pokémon. Ficamos próximos; botei meu peso sobre seu ombro, estiquei-me e dei-lhe um beijo na bochecha, combinando meu próprio cabelo rosa com o corado de suas bochechas.

Por quê? Não sei; apenas quis fazer e fiz. É nessas horas que eu devo parar de beber; até porque eu ando alucinando velhinhos mal encarados me dando presentes. Olhei o casal que outrora parecia não muito contente um tanto quanto estupefata. Levei uma das mãos ao cabelo e cocei a parte de trás do coro cabeludo, me mostrando mais confusa do que deverida.

Semicerrei os olhos, abri um riso meio torto e falei gaguejando, sem muito certeza se eram as palavras certas:
- O... obrigada?! - Perguntei, ainda em dúvida - Ah... a gente mantém sim... sim... né Mat? - Olhei ao rapaz; esperando uma certa confirmação. Eu não tinha certeza se deveria ter confirmado ou desconversado, mas no fim fora isso que saiu. Quando os dois foram embora eu apenas olhei pra o rapaz e questionei - Que? O que foi isso? - Ri.

Ri até que ele me perguntasse o necessário. Sim, eu quero ir para outro lugar:
- Eu quero revelar essas fotos antes de devolver o aparelho. Vem comigo? Vamos só pegar a sobremesa, comer e pagar, pode se?!