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A rota quatorze não ficava nada longe de Viridian, quer dizer, a parte onde eu estava anteriormente não ficava nada longe, apenas alguns metros da saída da cidade; por esse motivo eu não demorei, em pouco tempo já tinha ido e voltado para o exato local onde havia parado. Claro que, nesse meio tempo muita coisa havia acontecido, algo que já estava se tornando comum em minhas aventuras; tudo acontecia depressa, e o universo não me dava tanto tempo para processar tudo, mas pela quantidade de vezes que isso já ocorrera, eu estava analisando as coisas muito menos, e assim digerindo melhor tudo a minha volta.

Agora, Amor também havia evoluído, e assim eu tinha meus quatro principais Pokémon em suas últimas formas, não poderia estar mais feliz, e provavelmente eles sentiam isso junto a mim, já que eu acompanhei grande parte de suas evoluções, com exceção de Mani, que já chegou como Haunter. Ainda assim, minha conexão com eles todos era bastante forte, a ponto de conseguir dizer com toda a certeza do mundo que meu Gengar não escolheria voltar para Nicholas, se tivesse a chance; muito menos os outros três. Nosso vínculo era forte, assim como eles em seu estado atual, e consequentemente eu também, por ter treinado todos eles e colaborado para sua melhora; meu sorriso já não saía mais de meu rosto, e mesmo que tivesse uma missão provavelmente cansativa a frente, ainda me mantinha animado.

Ao longe avistei James, encostado na mesma árvore que o deixei antes; ele havia ficado ali o tempo todo? Que fofo. Me aproximei dele, ainda montado em Sylphid, só descendo quando já estava perto o suficiente. - Uhn... Hey, desculpa o imprevisto. Tive de ir resgatar alguns itens das missões de treinador, e acabei passando no Centro Pokémon na volta; pelo lado bom, eu evolui ela. - Disse, coçando a nuca no começo da frase e liberando Amor para fora de sua esfera. - Acredito que não te apresentei a eles... - Liberei os outros três monstrinhos que trazia comigo também, vendo todos se formarem na luz e falarem seu nome. - Estes são Manigold, Wimber, Amor e Queen. E este grandão é o Sylphid. - Citei os nomes, apontando para cada um na hora.

- Pessoal, esse é James. Ele é pesquisador, e vai nos acompanhar um pouquinho, para estudar um pouco vocês, ok? - Todos pareciam tranquilos, Manigold tratou de levitar a manter seu sorriso bem aberto para o garoto como quem dizia "vou adorar pregar uma peça em você"; Wimbie permanecia no chão, calmo como sempre e apenas acenando brevemente para o jovem, começando a limpar suas asas ali mesmo; Sylphie permaneceu inexpressivo, como sempre; Amore gritou seu próprio nome e esticou um de seus braços para que o garoto cheirasse, em forma de cumprimento; e por fim, Oddish, que se mexeu um pouco, sorrindo enquanto grunhia seu nome e dava alguns pulinhos. - Parece que isso é um "tudo bem", da parte de todos. - Dei uma risada franca.

Depois de toda a apresentação, eu tirei um tempinho para retornar todos, com exceção de Scolipede, que se manteve atrás de mim; ao final, me virei para James. - Podemos ir? Quero começar minha missão o mais rápido possível. - Sorri, enquanto questionava-o. Não queria que parecesse que ele era um atraso, pelo contrário, ele era bonito e aparentava ser legal, então queria ser seu amigo, mas realmente precisava começar a caminhar logo se quisesse terminar tudo antes do anoitecer. Passar a noite na floresta não deveria ser uma boa ideia.

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James parecia todo bobo encarando meus Pokémon daquela forma, na verdade parecia com o mesmo olhar que eu mesmo tinha ao contemplar meus monstrinhos; confesso que era estranho para mim, a príncipio, ter uma pessoa diferente admirando tanto eles, mas aos poucos eu ia me acostumando com o fato de que era um treinador, e isso fazia parte de tal vida. De qualquer forma, os Pokémon não foram os únicos a serem elogiados, ele também tratou de me direcionar um, e falar algo que facilmente poderia ser interpretado com duplo sentido; eu dei risada sincera, tanto pelo que ele disse quanto pela maneira que agiu após, tentando corrigir.

- Eu entendi, relaxa. - Disse enquanto terminava de rir e observava ele se recompor de algum modo, para depois prestar atenção novamente em seu papo, que agora era muito mais interessante para mim; ele visava me ajudar, e assim poder ficar perto de meus monstrinhos mais raros, o que parecia uma troca justa caso funcionasse realmente. - Ah, obrigado! Vai ser realmente útil conseguir encontrar ela mais fácil, visto que ainda tenho de evoluir e treina-la. - Comentei, sorrindo para agradecer ao jovem. - É uma vantagem de pesquisador ser bonito e inteligente também? - Completei, sorrindo e mostrando a língua logo em seguida; eu juro que tentei mas ele era muito fofo e divertido para não tirar uma casquinha.

Depois da "cantada" eu voltei a pensar na missão, esperando a reação dele para rir novamente, já que ele ficaria corado com toda a certeza do mundo; aceitei sua proposta e finalmente começamos a caminhar em direção a floresta, que aos poucos ia modificando o ambiente a nosso volta. Voltei a beber mais um pouco d'água, oferecendo a James e pensando que deveria estar mais atento aos arredores; sendo assim, comecei a olhar entorno de nosso pequeno grupo, buscando qualquer sinal de passagem de animais ou coisa parecida, mais por desencargo de consciência do que qualquer coisa. Não poderia deixar todo o trabalho pra ele também, né?

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Fiquei observando sua reação, que no momento foi quase nula, mas que com certeza transparecera depois; ele não havia dito nada, mas seu corpo falava por ele, na maneira que seu rosto corava, sua expressão ficava ainda mais tímida e retraída, e seu corpo rígido e ereto. Timidez era algo que realmente não combinava comigo, e que as vezes nem entendia, apesar de muita gente sofrer disso, sempre fui desinibido e completamente sem papas na língua, talvez por isso tivesse arranjado muitas brigas na vida, mas sinceridade andava lado a lado comigo.

- Na verdade é uma ótima ideia. - Concordei. Eu fiquei tão fissurado em como ele reagiria a cantada que sequer prestei atenção nisso, tinha de focar mais, e deixar o flerte para depois; agora era hora de agir como Janine queria que eu agisse, com calma e disciplina. No momento James seria meu teste de força, já que eu teria de lutar contra meu lado piranha para não dar em cima dele e acabar de me distraindo da missão; não poderia deixar isso acontecer, tinha de concluir com êxito, ou jamais me tornaria um aprendiz. Foi respirando fundo e aceitando tais fatos que eu finalmente retornei meus Pokémon, todos eles, com exceção de Queen, que agora tomava o lugar antes pertencente a Amor: meus braços.

Carregava a Oddish em meu colo enquanto andava lado a lado com o jovem, analisando o caminho e sem dizer nenhuma outra palavra de fato, apenas concordando com seus raciocínios. De fato, procurar nas copas das árvores era uma ótima ideia, e fiz isso enquanto caminhava, levantando minha gramínea vez ou outra para garantir que ela olhasse mais adentro dos galhos, mas sem a expor muito. Continuamos assim até que então, três opções surgiram a frente, como num daqueles RPG de mesa; se bem me lembrava, Shaina eu capturei salvando Amor de suas garras, então essa seria minha escolha. - Vamos tentar ajuda-lo... quem quer que seja. - Disse num tom baixo para o jovem. Sendo assim, me aproximei do bichinho que agonizava, com um olhar curioso e tentando identificar de qual espécime se tratava, e qual era o problema, para assim então salva-lo.

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A situação a nossa frente aos poucos ia mudando de figura; não sabia bem o porque, mas algo dentro de mim alertava-me de um perigo eminente, como um verdadeiro sentido-aranha, mas que se tratava apenas de um senso pro perigo. Analisando a primeira coisa que aparecera, dava pra se ter certeza de que algo não estava certo; um Rattata, aparentemente imobilizado para servir de isca a algo, e algum barulho que anteriormente estava bem mais alto. - Fique atento... algo não me cheira bem. - Disse para o pesquisador que me acompanhava, colocando uma mão na frente de seu corpo quando ele fez menção de continuar a caminhar.

Indiquei com a cabeça que alguém poderia estar ali, e assim prosseguimos com cautela; quando olhamos melhor, descobrimos exatamente o que havia acontecido ali: algum caçadora estava naquela floresta. Era provavelmente um caçador experiente, já que era difícil prender cobras por natureza, mas a Ekans com apenas a cabeça de fora estava completamente impaciente; eu mordi o canto da boca, já tentando pensar em como tiraria ela de lá sem tomar uma mordida ou coisa parecida. - Precisamos tirar ela dali. Com calma, de preferência. - Comentei enquanto nós dois encarávamos a serpente, cogitando algumas ideias de como tira-la dali. Quem quer que tenha a prendido, provavelmente voltaria para checar a armadilha depois, e era ai que nós entrávamos.

Talvez fosse o ideal deixa-la ali até que o caçadora voltasse, assim acabaríamos com ele e conseguiríamos tirar ela com as chaves que ele provavelmente deveria ter, mas isso poderia levar dias, e não tínhamos todo esse tempo. Não, tinha de salvar a cobra nesse momento, para evitar problemas futuros, como fome ou água, por exemplo; mesmo que ofídeos não costumassem comer muito, para a Ekans ter caído nessa trap era porque estava de fato procurando por comida, e o pobre Rattata seria seu almoço. Respirei fundo, agachando e tentando mostrar para ela que não éramos inimigos. - Ei, garota, fique calma. Vamos te tirar dai, mas você precisa colaborar com a gente, ok? - Questionei mais para mim mesmo, esperando que por algum milagre ela entendesse.

- Fica de olho nos arredores, vou tentar livra-la daquilo. - Disse para o garoto quando voltei a me levantar e cruzar os braços, pensando em como conseguiria fazer isso. Bem, a primeira opção seria puxa-la pela cauda, por trás, já que essas armadilhas só funcionavam pois as serpentes não tinham capacidade de "andar pra trás"; sendo assim, essa era minha primeira tentativa. Me posicionei da melhor maneira atrás da cobra, segurando a armadilha por cima com uma das mãos e a outra em sua cauda; sabia que ela não me morderia, já que esse era o jeito certo de se pegar em uma, portanto não estava preocupado com isso. Fazendo algum esforço, puxei-a para trás, empurrando o objeto com a outra mão, para tentar tira-la dali; não era nenhuma biólogo, mas esperava que desse certo...

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Mesmo que James não tivesse percebido, eu toquei em seu corpo "sem querer", me deixando com um sorriso no rosto, mas que logo desapareceu pela situação em que nos encontrávamos; com toda a força eu puxava a cauda da cobra, até meio excessivo, fazendo esforço demais sem pensar muito na cobra. Isso sim, foi sem querer, não pensei que seria tão difícil ou que a machucaria, mas o pesquisador logo tratou de me ajudar; com o mel em mãos ele esfregou o dorso da serpente, que com mais um puxão meu, deixou finalmente a gaiola, caindo ao chão, comigo e meu companheiro caindo junto, em lados opostos.

Em pouco tempo a venenosa já estava em posição de ataque para nossa direção, extremamente brava por estar presa ali, e sequer conseguir seu almoço; eu tratei de levantar as mãos, em sinal de paz, mostrando para ela que não estava armado nem nada do tipo. Sua língua bifurcada me chamou a atenção, já que não era tão comum nessa espécie, mas de resto era apenas uma cobra normal. - Não queremos briga... não fomos nós quem te prendeu ai. - Disse, esperando que ela entendesse. - Te encontramos presa e te ajudamos a sair, merecemos um voto de confiança, não? - Questionei, como se estivesse realmente argumentando com um Pokémon.

O garoto continuava ao meu lado, mais próximo do que antes, mas sem fazer nenhum movimento brusco para não assusta-la; eu não queria lutar com ela, não nesse estado. Veja bem, eu ainda tinha de captura-la, mas não queria que fosse como o Grimer, onde eu simplesmente sai batendo sem nem tentar convencer o bicho a vir comigo; se tivesse oportunidade de pega-la sem uma luta, seria ótimo, ou pelo menos convence-la a lutar comigo de forma justa, sem que estivesse machucada. Claro, se o caçador aparecesse aqui, eu lutaria era com ele, e deixaria ela livre; depois de tanto tempo de aventura você aprende a dar mais valor ao que o monstrinho quer, e não sair batalhando com qualquer um sem perguntar. Meu narrador Ayzen estaria orgulohoso.