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04 - O último desejo de um homem apaixonado!

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Não haiva como prever a reação de Ellie ao receber ou ler a carta, ainda mais se tratando de uma pessoa com histórico de vida tão reservado, por assim dizer. As reações dela enquanto falava não eram positivas ou convidativas, mas o nome do Sr. Carl lhe trouxe boas lembranças. Enquanto ela recolhia a carta e a lia, a porta permanecia fechada. Fiquei imóvel, gélido, encarando meu time com nítida dúvida no rosto. Era aquilo? Era o fim? O som do envelope abrindo seguido de soluços vindo de trás da porta somavam aos meus batimentos cardíacos na sinfonia da ansiedade! Inspirei fundo e tentei controlar o fluxo de ar. “Acalme-se, ainda tem muita coisa pra ser contada aqui…”, pensava comigo mesmo.

Quando a porta abriu-se novamente, desta vez em sua amplitude total, o rosto de Sra. Ellie já estava coberto por lágrimas, suas bochechas avermelhadas. Não sabia que sentimento era aquele, não conseguia ler de forma alguma. Sem dizer nada, ela gesticulava para que entrássemos. Sinalizei para todos limpassem os pés e patas na mesma hora. - Pessoal, comportem-se! - falei baixinho para minha equipe, sei que eles podem ficar agitados de uma forma não muito comportada rapidamente, porém parece que eles entendiam bem o que era aquela situação e compreendiam, até mesmo Logan, o mais frio e indiferente, estava com uma expressão mais aberta!

Sentei-me no sofá após o convite da senhora, e ela logo sentou-se o meu lado, segurando minhas mãos. Aquele momento foi me deixando mais emocionado, a confirmação das suspeitas de todas as pessoas que encontrei e que me ajudaram a chegar até aqui. Kinney tinha sentidos sensoriais incríveis, mas parece que sua empatia também era, já que se aproximou de forma cuidadosa e carinhosa. Olhei de relance para meu time, Rolf e Logan estavam sentados, em prontidão com o semblante mais sério, como dois animais de guarda altamente treinados. Lucy sentou-se ao lado de Cassidy que, bem… digamos que o tapete era bem fofo, logo se tornava um ótimo lugar para “meditar”. Respirei fundo novamente, hora de contar a história toda.

- Sra. Ellie, eu sou muito jovem ainda, não sei nada sobre a vida. Mas sei como as coisas podem mudar de uma hora pra outra… - comecei a falar, ainda de cabeça baixa. Retomei a conexão de olhares com a senhora e engoli em seco. - Deixe-me contar como esta carta chegou em minhas mãos. Como disse, me chamo Galvanis. Sou recruta do Corpo de Resgate de lavaridge, e recentemente foi admitido na sociedade dos The Wolves. Auria, a pessoa que me recrutou, é amiga de Bela, que é amiga de sua neta. Já Bela é neta de Agatha, uma vizinha de seu antigo endereço, e ambas me ajudaram muito a chegar até aqui. - tentei trazer uma maior quantidade de detalhes acerca de todos os envolvidos em minha busca para que Ellie entendesse da melhor forma possível, mas ainda restava a parte mais difícil - Encontrei-me com Sr. Carl nas ruas de Mauville, havia recém chegado na cidade. Por um infortúnio do destino, ele foi acometido por um mal súbito do coração e veio a sofrer uma parada cardíaca no meio da rua. Corri a seu encontro e consegui reanimá-lo a tempo para que os paramédicos o levassem com vida para o hospital St. Germany. A última notícia que obtive dele foi ontem a noite, ele ainda estava em estado grave, sob observação… - havia um protocolo dentro da corporação para relatar esses acontecimentos, e tentei seguí-los à risca, da melhor forma possível. Porém um nós foi se formando em minha garganta e as palavras se tornavam difíceis de serem ditas.

- Sra. Ellie, eu não sou daqui… - fechei os olhos, parecia que uma tempestade se formava em meu peito - Sou de Olivine, em Tohjo. Meus pais eram resgastistas marítimos, e eu passei a infância vendo eles salvarem inúmeras vidas, humanas e de Pokémons… - levei uma das mãos até o pingente em meu peito - Depois de um grave acidente, minha mãe nos deixou. Meu pai ficou desolado, não sabia o que fazer. Eu era muito pequeno. Meu pai amava o mar, mas o som das ondas e o cheiro do oceano trazia lembranças dolorosas. Ele decidiu se mudar, para Lavaridge, trocou o mar pelas montanhas, e me criou da melhor forma possível… - senti um aperto forte no peito, o rosto aquecido, lágrimas querendo escapar - Meu pai só conseguiu porque tínhamos um ao outro! Pode parecer que não, mais ainda há tempo! Talvez… não! Certeza que o que Sr. Carls precisa para se recuperar é ter a senhora ao seu lado! - olhei no fundo dos olhos dela, algumas lágrimas percorriam meu rosto - Não sei nada da vida, como disse… mas sei que todos podemos salvar vidas! - disse com toda a convicção do meu ser. Senti meu corpo se aquecendo de uma forma diferente. Cassidy estava em meu ombro, sorrindo. Lucy saltou em meu colo, Rolf esfregava seu rosto em meu braço e Logan sentou-se próximo ao meu pé esquerdo, sorrindo. Aquela era a nossa convicção como time, afinal: salvar vidas!                  

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Galvanis estava tendo uma experiência bastante constrangedora, e emocionante ao mesmo tempo. Não era qualquer um que conseguia passar por aquilo e ainda manter uma postura adequada, mas o jovem rapaz era bastante empenhado e conseguia permanecer calmo e centrado.

Seus pokémon não agiam diferente. Cada um se comportava muito bem de sua própria maneira, não atrapalhando o momento dos humanos. Eles conseguiam sentir e ver que Ellie estava passando por uma turbulência de emoções, e respeitavam o momento da senhora.

Então, depois que Ellie começou a chorar novamente, sem conseguir continuar proferindo suas palavras, Galvanis sentiu que estava no momento de começar a contar o que tinha presenciado até aquele momento. Ele tentava segurar seus sentimentos, já que também estava ficando bastante emocionado com a situação. Mesmo sem saber exatamente as palavras que estavam escritas na carta, agora já estava óbvio que era exatamente aquilo que todos pensaram ser. Ele começava a falar e voltava a olhar nos olhos da senhora, enquanto ela tentava se acalmar para ouvir.

Enquanto ele ia contando os passos para encontrar seu endereço, falando os nomes de todos os que o ajudaram, ela ia acompanhando enquanto mexia a cabeça positivamente. Até que, o jovem decidiu contar sobre o Sr. Carl. Ellie arregalou os olhos, enquanto um novo mar de lágrimas começou a descer por seu rosto. Galvanis também tinha suas dificuldades, já que dar notícias ruins a qualquer pessoa, não era uma tarefa fácil, ainda mais sendo um novato.

Depois de engolir um grande nó que se formou em sua garganta, já com as lagrimas lhe banhando a face, o jovem contou sua própria história, na tentativa de acalmar a senhora que começava a parecer inconsolável. Mas foi aí que tudo mudou repentinamente, virando uma confusão sem sentido.

Um som de derrapada do lado de fora da casa, veio seguido de uma batida forte. Uma voz familiar gritou: - Ele está lá dentro! Eu o vi entrar. A voz que Galvanis poderia reconhecer como pertencendo à senhora do Skitty. Segundos depois, a porta da frente se abriu com violência, enquanto um homem de meia idade entrava com uma expressão demasiada irritada. - QUEM DIABOS É VOCÊ? E QUE PORRA ESTÁ FAZENDO NA MINHA CASA? – O homem gritou imediatamente. Mas assim que sues olhos bateram em Ellie, o ódio tomou conta de seu ser. - O QUE FEZ COM ELA, MOLEQUE? – Ele já estava pronto para avançar em Galvanis, quando Rolf e Logan se jogaram entre eles. Os dois rosnavam ferozmente, deixando o homem assustado.

- Acalme-se James! – Ellie dizia se levantando e tentando parar de chorar. - O garoto não fez nada... – Ellie tentava ser forte, para evitar que algo ruim acontecesse por ali. Seu filho estava irritado e nervoso, tirando conclusões erradas a respeito do que estava acontecendo.

- Mas, mãe! Então porque eu chego em casa, e tem um estranho aqui. E ainda por cima te encontro em prantos! O que quer que eu pense? – Ele dizia tentando se aproximar mais uma vez, mas Rolf o avançava.

Em seguida, a senhora de antes enfiava a cara para dentro da porta, com os olhos esbugalhados. Com isso, dava para se deduzir o motivo da confusão, e talvez o melhor a se fazer, era Galvanis tentar explicar o mal entendido, antes que alguém acabasse ferido.

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Ellie
James
Sr. Yama
Outros



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Compartilhavamos ali de um momento muito intenso. Obviamente saber o destino do Sr. Carl trouxe ainda mais dor para Sra. Ellie, e eu não podia imaginar o que se passava em sua mente. Somente segurava a mão dela e, quando terminei de falar, enxuguei minhas próprias palavras e apenas me calei, deixando que ela processasse tudo aquilo.

Porém o momento de contemplação foi brutalmente interrompido por uma algazarra no lado de fora da casa. As atenções de todos foram atraídas para o tumulto, e pude ouvir a voz da senhora que antes havia me convidado para sua casa atrás de informações sobre o motivo de estar ali. A porta abriu-se de maneira violenta, e dela surgiu o vulto de homem de meia idade, visivelmente alterado e esbaforido. Possivelmente era James, filho de Sra. Ellie, que havia chegado mais cedo que o informado pela fofoqueira. O homem logo de cara soltou todo o tipo de farpa sobre mim, falando palavrões e sendo bem agressivo. Também pudera, havia um estranho dentro de sua casa, com sua mãe em um estado bem fragilizado. Somente pude erguer minhas mãos e pedir um momento para falar, onde fui interrompido com um rompante e uma tentativa de agressão.

Foi quando Logan e Rolf saltaram pela sala e se colocaram na frente do homem. Pude ver estática saindo dos pêlos eriçados de Logan e um brilho diferente, intimidador, nos olhos de Rolf. Eles estavam levando aquilo bem a sério. O avanço de meus Pokémons freiou o avanço do homem, e deu tempo para Sra. Ellie tentar falar algo. Porém devido a sua estado, pouco pode falar. Lucy correu em sua direção para consolá-la, e somente nesse momento percebi Cassidy flutuando no ar, encarando o homem com seriedade. Kinney apenas me observava.

- Todos vocês, acalmem-se! Rolf, Logan, para trás! - comandei meus parceiros e olhei para Kinney. Apenas fiz um maneio com a cabeça, e ela juntou-se a Lucy para confortar Sra. Ellie. Após esse momento, vi a figura da senhora fofoqueira aparecer na porta da casa, ávida por notícias e novidades. Isso explica tudo. Respirei fundo e encarei James, agora com identidade confirmada por Sra. Ellie, com o semblante calmo e fechado. - Está havendo um grande mal entendido aqui, Sr. James. Sou Galvanis Vitale, do Corpo de Resgate de Lavaridge e membro dos The Wolves, é um prazer finalmente conhecê-lo. - não estendi a mão para cumprimentá-lo, não naquele momento - Sra. Ellie, pode me passar a carta, por gentileza? - estendi a mão para a senhora com um leve sorriso desenhado no rosto e voltei-me para James - Tudo que o senhor precisa saber está nessa carta. Vim pessoalmente entregá-la depois que Sr. Carl, o remetente, caiu enfermo devido a uma parada cardíaca nas ruas de Mauville. O setor de emergência do hospital St. Germany poderá lhe confirmar toda a história. - disse, então, com um tom de voz baixo, tranquilo, sem excessos, palavrões ou algo do tipo - E vejo que está em companhia da senhora que me recebeu assim que cheguei na rua e me deu todas as informações acerca da rotina de sua casa, como horário que o senhor volta para o almoço, horário que sua esposa retorna para casa e que sua mãe estava sozinha. Ela faz parte da família? Perdão não ter aceitado o convite prévio para o chá, estava focado em minha missão. - cruzei as mãos atrás das costas e derramei aquelas palavras inundadas de sarcasmo e veneno com o semblante de quem pergunta as horas para um desconhecido na rua. Tenho que agradecer ao comandante Gordon mais tarde pela inspiração.                      

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O clima era bem tenso, mesmo depois de ter se acalmado um pouco pelas palavras da senhora idosa. James não sabia o que fazer, então apenas aceitou ouvir as explicações de Galvanis. O jovem começava a falar, e pegando a carta com Ellie, ele explicava o mal-entendido. James não parecia duvidar, visto que sua mãe estava sendo consolada pelos pokémon do estranho. No fim de suas palavras, Galvanis aproveitou até para destilar um pouco de veneno contra a vizinha, a denunciando das informações que havia passado a um estranho.

- Veja como fala garoto. Eu só fiz o que toda vizinha faria. Liguei para o sr. James, para informar que poderia estar acontecendo alguma coisa com sua mãe. Já que um estranho apareceu e ela estava aos prantos. – Ela dizia nervosa tentando se justificar. - Não disse nada disso que ele está falando. Ele está inventando isso.

- Chega, Edith! Eu acredito nesse jovem. Todos sabem que você é fofoqueira, e fica se esgueirando pela vizinhança. – James dizia descontando sua raiva agora na senhora que arregalava os olhos e se afastava um pouco. - Agora saia daqui! Não te quero mais em minha casa, e não se atreva a me ligar mais! Se acontecer isso mais uma vez, vou te denunciar para a comissão de moradores, e vamos dar um jeito de te mandar embora daqui!

Edith fechou a cara e logo saiu, lançando um olhar de ódio para Galvanis. Assim que ela saiu, James bateu a porta atrás dela, e logo seguiu se desculpando.

- Sinto muito por isso. Desde que minha mãe veio para cá, eu fiquei super protetor. Ela ainda está em um momento muito frágil. – Agora, que a vizinha tinha ido embora, James começava a se acalmar. Ele estendia a mão para Galvanis. - Me desculpe. Não sou desse jeito.

Com o clima voltando ao normal, Ellie se sentava novamente, e voltava a se concentrar em seu choro. Galvanis não tinha mais nenhuma notícia para lhe dar sobre Carl, e aquilo a deixava desconsolada. James nem chegara a ler a carta, não estava com cabeça para aquilo no momento, mas as atitudes de sua mãe o deixava bem crente da história de Galvanis.

- Mãe, fique calma. Quem é esse Carl? Por que isso está te afetando tanto? – Ele perguntava agora se aproximando sem a interrupção dos pokémon. - Garoto, vá até a cozinha e pegue um pouco de água com açúcar. O copo deve estar no escorredor na pia, o açúcar fica no armário bem acima do escorredor. – James se sentava ao lado da mãe, com os pokémon que a consolavam ficando do outro lado.

O clima já estava novamente calmo, ficando apenas aquela névoa de tristeza no ar. Galvanis era pedido para ir até a cozinha, que ficava bem ao lado da sala. Dava para ver pela porta aberta em frente ao sofá. Como James havia explicado, não tinha erro, era só pegar a água e voltar. Mas como Ellie ainda não estava bem para falar, talvez fosse melhor que o rapaz tentasse explicar melhor a situação para o homem.

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Confesso que um “quê” de satisfação correu por mim quando vi a fofoqueira tentando se explicar e ser recebida com o restante de fúria guardada no Sr. James. Me segurei ao máximo para não esboçar nem um sorriso sequer e manter a compostura quando ela me lançou aquele olhar de ódio e vi a porta batendo em suas costas. Virei-me para minha equipe, ainda em prontidão. - Descansar, todos. - dei o comando com um pequeno sorriso de satisfação no rosto, o tempo de reação de minha equipe foi impecável! Cassidy logo voltou para sua “meditação” e Rolf voltou para onde estava. Logan o seguiu, mas mantinha os olhos fixos no homem. - Não tem problema algum, Sr. James, é totalmente compreensível! - sorri finalmente para ele e retribuí a mão estendida.

Lucy e Kinney chegaram para o lado, deixando que o filho confortasse sua mãe. Ouvi o pedido de Sr. James e prontamente segui para a cozinha. Busquei a vasilha com açúcar no local indicado, peguei o copo e uma colher no escorredor e coloquei um pouco do pó branco no vasilhame de vidro. Completei o mesmo com água de um filtro ali próximo e segui novamente para a cozinha. - Aqui está. - estendi na direção dos dois. - Eu não sei que está escrito na carta, Sr. James, mas tenho a impressão de ser algo do passado de sua mãe, um antigo amor, talvez… - sentei-me em um poltrona próximo aos meus parceiros caninos, acariciando o pelo de Rolf - Como disse, me encontrei ao acaso com Sr. Carl nas ruas de Mauville, no instante em que sua parada cardíaca ocorreu. Isso foi na manhã de ontem. Desse ponto em diante meu único foco foi encontrar esse endereço e entregar essa carta. Sra. Agatha, uma vizinha do antigo endereço de sua mãe, e sua neta Bela me ajudaram, e muito, a chegar até aqui. - expliquei toda a situação com palavras rápidas, mesmo com o ar de calmaria ainda, haviam muitas emoções envolvidas para processar todas aquelas informações. Depois desse momento, em um instante de silêncio acalentado com pelos soluços de Sra. Ellie, percebi que minha presença ali já não era mais necessária. Tomei um pequeno bloco de anotações de minha mochila e anotei o telefone do hospital St. Germany. - Aqui, o número do hospital para onde levaram Sr. Carl. Se explicarem toda a situação para sua família, garanto que eles irão lhes dar mais informações. - estendi o pedaço de papel e deixei sobre uma pequena mesa de centro na sala. - Acho melhor seguirmos nosso caminho, pessoal. Desculpe por esse alvoroço, Sra. Ellie, Sr. James. - me levantei e fiz uma reverência, indicando para minha equipe fazer o mesmo nos prepararmos para partir. - Ah, já ia me esquecendo! - dei um tapa na cabeça quando me atentei a um detalhe muito importante que já estava passando despercebido. Retirei o outro pacote da padaria do Sr. Yama - Antes de vir para cá passei nessa padaria, e o Sr. Yama me pediu para dar isto para a senhora, Sra. Ellie! - deixei o pacote próximo do papel com o número do hospital, sobre a mesinha de centro.                      

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James esperava Galvanis retornar da cozinha com a água em silêncio. Ele apenas esfregava a mão sobre a cabeça de sua mãe. Ele ainda não conseguia entender muito bem o que havia acontecido, mas sabia que sua mãe devia ter alguma relação bem intensa com essa pessoa.

Quando o jovem retornou, ele logo tentou explicar um pouco mais os acontecimentos. Ele contou sobre a ajuda que recebera para chegar até ali. James reconhecia o nome da vizinha, uma pessoa bastante simples e prestativa, o ajudou quando foi buscar sua mãe. Também reconheceu o nome da amiga de sua filha, que sempre brincava com ela quando ia visitar a avó.

Algumas coisas lhe passavam a mente, e acabou só voltando a si quando Galvanis se levantava se despedindo, mas não houve reação por parte dele para que o rapaz ficasse. Como era tudo uma coisa muito intima, o jovem se sentia incomodado em ficar ali, ele não o julgava. Mas antes que Galvanis pudesse sair, a voz fraca de choro de Ellie o interrompeu.

- Espere... – A senhora disse forçando um soluço para o sentido contrário. Ela enxugava os olhos, e tentava engolir mais um soluço. Ela já estava mais calma, e agora queria se pronunciar. - Muito obrigado. Não tenho muito o que te dar para pagar pelo que fez por mim. – Ela dizia tentando sorrir. - Querido, vai lá no meu quarto e pega minha bolsa, por favor.

- Ok. Já volto. Não sai daí. – James dizia para Galvanis.

- Eu e o Carl namoramos quando mais novos. Alguns anos antes de eu me casar com o pai de James. Carl foi o meu grande amor, na verdade nunca consegui esquecê-lo. – os olhos dela brilhavam um pouco ao falar, mas ela conseguia segurar as lagrimas. - Mas naqueles tempos, não podíamos escolher nossos próprios caminhos. Fui obrigada a casar com o meu falecido marido, por causa dos negócios do meu pai. Ele queria alguém para assumir a empresa, e como não confiava em uma mulher para isso, escolheu um de seus melhores funcionários e me “deu” a ele em troca da promessa de comandar a empresa.

Parecia até que Ellie queria que James não estivesse ali para contar aqueles detalhes. Principalmente os que viriam em seguida.

- Eu quase fugi com Carl quando descobri o que meu pai queria fazer, mas ele descobriu e mandou alguém dar uma surra no Carl caso eu me encontrasse com ele mais uma vez. Por isso tive que me casar contra minha vontade, e não pude ver o Carl depois disso. – Ela continuava mantendo um tom de voz mais baixo. - Não até uns anos atrás. Acabei me encontrando com ele por acaso. Quando nossos olhos se encontraram, eu me virei rapidamente, mas não sabia que ele tinha me seguido até descobrir onde eu morava. Era isso que dizia na carta, ele me via todos os dias em casa, sem ter coragem de ir lá falar comigo, até que descobriu que fiquei viúva. Mas quando ele tomou coragem, eu já tinha me mudado e ele não conseguiu me encontrar. Acho que foi por isso que ele se sentiu mal. Foi por minha culpa.

O som dos passos de James se aproximando, a fizeram parar de falar. Galvanis agora descobria o motivo de Ellie chorar tanto. Era culpa, felicidade, medo, tudo junto. Ela parecia querer saber como estava o homem que ela tinha amado tanto, mas sem coragem de descobrir. Então quando James retornou com sua bolsa, ela pôde mudar um pouco o assunto, já que quase não aguentava mais segurar o choro.

- Aqui está. – Ele dizia entregando o objeto a ela. Era uma bolsa bem simples, aquela costumeira bolsa de doninha. - Já está se sentindo melhor? – Ellie assentiu à pergunta.

Ela abria a bolsa cuidadosamente, e de dentro dela retirava uma esfera de captura. Ela era preta com detalhes em ouro, uma esfera muito bonita e luxuosa. Ela depositava a bolsa no sofá e se levantava para ir até Galvanis. - Aqui está. Este é o seu agradecimento por tudo o que fez por mim hoje. É um pokémon que gosto muito, então cuide bem dela. O nome dela é Leona. Acho que ela vai gostar de você. – Ela dizia entregando a esfera e dando um abraço em Galvanis.

- Muito obrigado por trazer a carta para minha mãe. E me desculpe mais uma vez pelo ocorrido. Não sei por que fui acreditar naquela fofoqueira. – O homem dizia arrependido pela forma como havia agido. Mas era justificável, já que ele estava apenas tentando proteger sua mãe.

Agora, grande parte do mistério havia sido revelado. Ellie agora estava se sentindo mais calma, e James também. Galvanis recebera uma pokémon, que ainda não sabia qual a espécie, mas que se chamava Leona. O que ele faria em seguida? Terminaria de se despedir, para ir embora, ou ficaria mais um pouco? Antes mesmo que ele se decidisse, Ellie logo dizia.

- Agora, meu jovem. Eu preciso me arrumar. Tenho que ir para Mauville imediatamente. – Ela dizia seria. - Não vou deixar passar mais nenhum segundo. - Ela se afastou, seguindo para seu quarto. Estava na hora de reencontrar seu grande amor, pelo bem ou pelo mal.

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Já tinha me virado para meus companheiros e me preparado para colocá-los nas pokébolas quando Sra. Ellie tentou se controlar para falar comigo. Ela estava muito agradecida, mas já havia percebido isso em suas lágrimas. - Por favor, não é preciso pagamento algum! Só fiz que deveria ser feito, apenas isso! - sorria sem jeito diante das palavras da senhora, enquanto era intimado a aguardar o retorno e James. Já estava ficando preocupado com um possível pagamento, principalmente em dinheiro, isso me incomoda bastantes.

Sra. Ellie então começou a me contar sua história com Carl e como eram apaixonados. Me contou sobre a decisão autoritária de seu pai e como não poderia viver seu grande amor graças a uma cultura tão estúpida. Franzi as sobrancelha enquanto ela falava, era impossível não se revoltar, ainda mais depois de tudo que aconteceu naquela sala. Por, eles não foram capazes de viver sua história juntos, mas Sr. Carl nunca desistiu. De fato aquele senhor era um exemplo e tanto. - Sinto muito pelas coisas terem chegado a essa ponto, Sra. Ellie. - era a única coisa que conseguia dizer depois daquele relato. Percebi que o tom de voz que ela usava era baixo, talvez por não querer que seu filho a escute. - Por favor, não carregue uma culpa que não é sua. O que aconteceu estava fora do alcance de qualquer pessoa normal! - tentava minimamente tirar esse sentimento pesado das palavras e do coração da senhor, também preocupado com sua saúde.

James havia retornado, e o assunto cessou por ali. Sra. Ellie tomou a pequena bolsa em mãos e retirou uma luxuosa Luxury Ball dela, tinha visto uma delas somente em propagandas na TV e na internet. Sim, admito, uma pokébola daquela era um presente e tanto! Mas nunca iria imaginar que dentro dela havia também um Pokémon! - Sra. Ellie eu… eu nem sei que dizer… - arregalei os olhos e senti meu rosto ficando pálido. Fui pego de surpresa, mais uma vez, E antes que pudesse conseguir responder novamente, Sra. Ellie me envolveu em um abraço. Diferente da falsa gentileza do convite para um chá por uma vizinha fofoqueira afoita por um novo assunto, aquela sentimento de gratidão verdadeiro era impossível ser negado. Sr. James também se aproximou e agradeceu, se desculpando mais uma vez em seguida - Não precisa se desculpar, Sr. James! Acho que teria reagido da mesma forma em sua situação! - certo, talvez com menos bravado e palavrões, mas da mesma forma enérgica, mas essa parte obviamente omiti. Havia uma pokébola em minha mão direita, uma nova companheira de aventura chamada Leona. Ouvi as palavras da Sra. Ellie, ela parecia bem determinada! Sorri com a reação da senhora, depois voltei-me para meu time. - Parece que temos mais uma companheira de viagem! Querem conhecê-la? - todos estavam empolgados com aquela novidade, cada um do seu modo, e concordaram imediatamente - É, eu também estou! Leona, saia! - comandei, soltando a Pokébola ao chão, e aguardando o que surgiria da luz avermelhada!                      

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Galvanis estava bastante lisonjeado por receber um pokémon como pagamento pelo favor, não era o esperado, mas visto tamanha gratidão da senhora, ele ficaria bastante sem graça se não aceitasse. Então, depois de receber a bela Luxury Ball, contendo tal pokémon misterioso, ele logo o liberou para conhece-lo.

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A pequena criatura se materializou após sair de sua esfera. Era muito fofa e pequenina. Lucy adorou a nova companheira, e logo correu até ela para abraça-la e dar as boas-vindas, com cuidado é claro. James se abaixou perto da pequena Leona e disse: - Leona, não fique triste. Mas este será seu novo companheiro. Minha mãe decidiu que seria melhor para você e para este jovem, se você o protegesse e o amasse assim como ama ela. – Ele dizia apontando para Galvanis. A pequena pokémon ficava um pouco confusa, mas era muito obediente, e consentia com a cabeça. Ela se virava e encarava Galvanis por baixo de sua franja, sorrindo para ele de forma fofa. - Não se preocupe, vamos estar aqui sempre que quiser nos visitar. Isso serve para você também garoto. Se voltar na cidade, pode vir nos ver, já que Leona praticamente faz parte da família.

O clima agora era outro totalmente diferente. A animação dos pokémon de Galvanis com a nova adição na equipe, se misturava com aquele sentimento de despedida feliz. Não demorava para que Ellie retornasse, com um xaile bordado jogado por cima dos ombros. Sua bolsa era outra, mais moderna e cheia de coisas. Ela nem se dava ao trabalho de se arrumar toda, já que pretendia ir até o hospital, e também não queria perder mais tempo.

- Você quer mesmo ir até Mauville agora?

- Claro! Preciso encontrar Carl, para que ele saiba que recebi a carta. Ele precisa melhorar, e uma boa noticia pode ajudar. Ligue no seu trabalho, e avise que não vai voltar. Anda!

Ellie estava determinada, e tudo graças ao jovem Galvanis, que mesmo sem praticar seus primeiros socorros, ainda conseguia salvar uma vida. Ellie também se aproximava de Leona, e lhe dava um abraço de despedida, encarando o jovem como que se pedisse para cuidar bem dela. James não sabia muito em como reagir ao novo comportamento da mãe, mas ele teria que se acostumar dali para a frente. Assim, ele ligava para o trabalho e avisava que precisava resolver um problema familiar.

Com tudo resolvido, e as despedidas feitas, o jovem bom samaritano poderia ir embora. Ellie e James sairiam em seguida, pegando o carro e seguindo para o hospital St. Germany em Mauville. Ellie aproveitava e levava o pão já empacotado, seria um bom lanche para a viajem.

- Carta de amor entregue com sucesso!
- Recebeu um Ralts como recompensa pela entrega da carta!


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Uma pequena figura formou-se após a esfera de captura de abrir. Era uma pequena Ralts! Obviamente estava um tanto confusa vendo todos aqueles rostos diferentes. E é bem fofa, diga-se de passagem! Lucy logo correu na sua direção para dar um de seus abraços calorosos, a princípio Leona assustou-se, mas logo abriu um sorriso com o carinho recebido. Sr. James abaixou-se próximo a ela e disse o que estava ocorrendo, que eu seria seu novo treinador. Ela demorou um pouco para processar as informações, mas parece ter aceitado, e me deu o mais fofo dos sorrisos. - Claro, Sr. James! Venho aqui sempre que estiver em Slateport! Não quero deixar Leona com saudades de vocês! Certo, amiguinha? - respondi à nova intimação de James, e me abaixei para falar com minha nova companheira de equipe - Meu nome é Galvanis, é um prazer conhecer você! Estamos treinando para ser a melhor equipe de resgate Pokémon que esse mundo já viu! Bem vinda à bordo! - abri um grande sorriso e dei as boas-vindas oficiais à Leona. Acho que ela nunca tinha ouvido falar em uma equipe de resgate Pokémon, já que me olhou com uma expressão confusa, tombando a cabeça para o lado. Lucy começou a dizer algo, abrindo seus braços e dando um rodopio. Rolf complementou com latidos alegres, Cassidy gesticulou um pouco e Kinney parece ter finalizado a explicação em suas respectivas línguas. A medida que falavam, os olhos da pequena Ralts brilhavam, ela ficou realmente empolgada com a ideia. Por fim, Logan fez o que ele sabia fazer melhor: aproximou-se, cheirou a nova parceira e fez uma expressão de desdém. O que ele não contava era que Leona sentisse cócegas com o gesto, e docemente retribuiu o “carinho” tocando seu rosto no focinho de Logan, que fez com o que a face do elétrico ruborizasse um pouco. Eles já estavam se dando bem, e isso era ótimo!

Pouco tempo depois Sra. Ellie apareceu totalmente diferente, parecendo até mais viva e jovial. Observei o abraço de despedida das companheiras e entendi o olhar de Sra. Ellie. Sei que Leona e o trabalharíamos duro e cuidaríamos uns dos outros muito bem! Aquela era, enfim, a despedida. Acompanhei mãe e filho até entrarem no carro, e antes de partirem, me permiti um último pedido. - Aqui, esse é meu número de contato. Poderiam, por gentileza, me darem notícias de Sr. Carl? Também estou preocupado com ele… - aquele era um pedido um tanto egoísta, talvez, mas era algo sincero. Com Leona no colo, visivelmente triste pela despedida, acenamos para o veículo se afastando ao longe. - Bem, é hora de partirmos pessoal! Vamos seguir para Ryaldo e… - meu discurso foi interrompido por algo atingindo em cheio meu rosto, quase me sufocando. Uma rajada de vento trouxe consigo um pedaço de papel, praticamente me dando um headshot! - Mas que coisa! - retirei rapidamente o papel do rosto, era um panfleto de divulgação. - Hm, Doll Fest? National Park em Tohjo? - aparentemente estava acontecendo uma grande festa, e havia transporte gratuito para treinadores, com várias atrações interessantes. - Hm, parece uma boa! De lá poderíamos ir direto para Ryaldo! E então equipe? Que tal uma folga depois de mais uma missão cumprida? - questionei meu time, que prontamente aceitou, afinal uma folga realmente era bem vinda! Então segui caminho para o porto de Slateport, onde poderia encontrar informações sobre o transporte para o National Park!                      

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Depois das despedidas, o jovem treinador acompanhou o casal de mãe e filho até o carro. Lá ele entregou o seu contato para que tivesse notícias do sr. Carl. Ellie prometeu ligar assim que chegassem.

Depois disso, o carro começou a se mover com velocidade, provavelmente a pedido de Ellie, fazendo com que um panfleto que estava jogado no chão voasse direto para o rosto de Galvanis. Ele tomou um susto, mas logo percebeu que era apenas um pedaço de papel. Mas não era um papel qualquer, era a propaganda de um evento que estava acontecendo naquele exato momento, mas em outra região. Por sorte, ele poderia pegar um transporte gratuito no porto, apenas apresentando aquele panfleto.

Porém, antes de ir, ele decidiu que valeria a penas dar uma passada antes no Centro Pokémon, para comprar alguns Potions. E depois disso, seguiu em direção ao porto, onde embarcou e um grande navio em direção à longínqua Johto.

+5 Potion [x06]
-PK$ 250 [PK$ 1450]

Viajou gratuitamente para o Doll Fanfest!


PROGRESSOS DA ROTA :



ROTA ENCERRADA, PODE PROSSEGUIR!




Ellie
James
Sr. Yama
Outros

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