(010) — hidden springs/call it what you want

Ora, criança arteira - a idade nunca assentou direito em tua mente e coração, não? Espero que enxergue a sorte que tens ao fato de que quem te rodeia não se importa com tal característica - e até aceitem "entrar no mesmo barco", por assim dizer. Foi sem hesitação que o ruivo arrastou-a para o lago, e ouso dizer que foi com extremo desgosto que os ladrilhos róseos receberam essa notícia, cintilando em energia fraquejada por sua serventia ter sido completamente deixada de lado - mas aceitaram o processo, porém, diante do surto breve de Karinna ao aperceber-se da transparência do próprio vestido, tratando de enxotar o lutador para o outro lado, para que tivesse um pouco de privacidade.

Foi-se Daisuke, e brilharam os quadrados sobre as águas, convidando a donzela a se aproximar. A canção melódica continuava, assobiando ao vento, bailando com a brisa, a notas sussurrando aos ouvidos e acariciando a derme gélida da especialista; A mesma gentileza provinha do bater de asas de Teriyaki que, submisso, tentava auxiliar a secar as roupas da mentora que, ensopadas, pareciam sequer ligar para o vento invocado pelo alado - ora, talvez ela devesse espremê-la, para variar?

Passo a passo, aproximaram-se da pequena ilhota. Não foi preciso chegar perto para compreender a autora daquela canção delicada: Uma pequena e simpática borboleta repousava sobre um cristal de um vivo vermelho cor de sangue, combinando perfeitamente bem com sua própria paleta de cores; Em realidade, muitos eram os cristais que se espalhavam por ali, do azul ao amarelo, deste ao verde, e assim por diante, cobriam cores primárias e secundárias sobre o solo batido.


Ao redor da maior, graciosas e pequeninas abelhinhas giravam, dançando com delicadeza e alegria genuína ao som da melodia guiada por sua rainha - também deliciavam-se com o néctar de minúsculas flores que desabrochavam nas fendas entre as joias preciosas, que eram grandes o suficiente para não serem passíveis de serem carregadas por uma pessoa só. A fada deixava ecoar os murmúrios serenos, as pálpebras cerradas demonstrando a própria calmaria...

Até que, de repente, ela não existiu mais.

Quando Bley aproximou-se do último ladrilho, os olhos róseos se abriram, encontrando quase que imediatamente a invasora de seu singelo paraíso. Agitação brilhou nos orbes claros, o cantarolar interrompeu-se em brusquidão assombrosa e, sem parar para pensar duas vezes, a insectoide saltou e virou para o outro lado, disparando em rasante fugitivo para longe da dama que atravessava a barreira natural na qual aquele pequeno grupo havia se escondido - e não foi a única! Todas, ou quase todas as abelhinhas, seguiram a "mandante", deixando para trás o paraíso de cristais e a monotreinadora ensopada, tal como seu alado acompanhante.

Se Karinna prestasse atenção, porém, uma das pequeninas não havia sido capaz de seguir o enxame. Com uma de suas asas defeituosa, cortada ao meio, ela malmente podia voar, e o choro da pequenina ecoou pela superfície das águas, o abandono inevitável corroendo-lhe o coração; Ela até tentou, na verdade, batendo as asas o mais forte possível mas sequer sendo capaz de se erguer a poucos milímetros do chão. Hesitante e medrosa, a fadinha virou-se então na direção de sua algoz, as patas tropeçando até a margem oposta da ilha, trêmulas e receosas, o corpo encolhido enquanto esperava quaisquer atitudes por parte da outra.


Voltemos, porém, ao rapaz das madeixas de fogo; Ora, este encontrou um cenário muito mais simples ao abandonar a margem do lago na qual se despedira de Karinna. Entre algumas árvores cujos troncos estavam maculados de crateras e fendas resultantes de pancadas violentas, flutuava um pequeno formato gordo e cônico de rocha; Não foi preciso pensar muito para perceber que era ele o responsável pelo barulho, inclusive, pois malmente Fernandez entrava em cena, o espécime mais uma vez se lançava contra uma das plantas, ferindo sua madeira e arrancando algumas lascas, deixando ali também uma pequena cratera resultante de seu esforço.

Nas proximidades, uma sombra não exatamente visível parecia comandar o selvagem, guiando-o de um lado para o outro com singelos movimentos de braço, que eram prontamente atendidos pelo animal, que lançava-se entre uma e outra planta, como se estivesse em um treino para fortificar ou ao próprio ataque, ou à resistência de seu corpo. Fosse como fosse, porém, não importava; Também havia a necessidade de que o policial interrompesse (ou não!) aquela sessão de treino aparentemente vigorosa, titereada por sabe-se lá quem.

Vejamos, então.

A aproximação da especialista psíquica acarretou, inevitavelmente, em uma nova tentativa de recuo por parte do pequeno animalzinho indefeso - suas patas tropeçaram, confusas, alguns centímetros para trás, e infelizmente o arrependimento veio cedo quando a abelhinha sentiu os pés molharem ao contato com as águas frias do lago que as rodeava mas, naquele momento, não ousou avançar mais uma vez, o corpo se encolhendo em si próprio enquanto, hesitante, observava a dama achegando-se cada vez mais perto.

Admito, porém, que foi a demonstração da mão ferida que chamou a atenção da pequenina espécime, os olhos grandes e medrosos espiando-a, ariscos, a guarda vagarosamente se baixando diante das palavras lentas da monotreinadora e do comentário a respeito de Teriyaki, a quem a fadinha observou com atenção redobrada. Ela não teve reação diante da arma demonstrada por Karinna, embora se encolhesse um pouco mais na direção das águas - e não teria escolha quando o objeto foi arremessado e a enclausurou, sem mais nem menos, considerando a potência de captura do instrumento. Era difícil dizer se havia ou não concordado com as palavras de sua (talvez) futura mentora mas, hah, isso era algo que teria de ver depois.

Então, aconteceu.

Como um caos que aguarda adormecido e de repente encontra o timing certo para despertar, logo após Bley retirar seu vestido, a ilhota se moveu - um terremoto suave, manso, que aumentou gradualmente até que ficasse difícil de se manter o equilíbrio sem que se utilizasse alguma coisa para fazê-lo e, no caso da nativa de Johto, Sigilyph foi seu salvador ao apoiar o corpo contra o da treinadora, dando-lhe o sustento necessário para que não caísse bolando para as águas e para que suas roupas não se fossem com o vento.

O cristal maior, aquele em que Ribombee se apoiava, então, se movimentou. Como um gigante adormecido, a joia se movimentou de um lado para o outro, em sonolência quase alienígena, erguendo-se do chão em vagarosidade atordoante. Detrás do belíssimo vermelho vivo, uma cabeça com olhos rubi despontou, vigiando atentamente a moça que invadia seu território - e, com um brilho ameaçador cintilou nas profundezas rubras, a criatura arrastou seu projeto de escudo para frente, avançando aos poucos na direção de Karinna.

Pouco tempo, pouco espaço - e era necessário agir.


Para o caso de Daisuke, então, digo que não foi preciso muito mais que suas palavras intrometidas para chamar a atenção dos dois seres que ali aguardavam. A exaurida rocha cônica foi a primeira a se voltar em sua direção, zonza, as orelhas finas balançando para cima e para baixo enquanto processava as palavras do atrevido lutador; Mas não era a única, é claro. Havia mais alguém ali - ou algo, e os orbes diamantíferos foram as únicas coisas que brilharam na escuridão quando a sombra da cabeça se torceu na direção do intrometido rapaz.

A criatura - a coisa? - saltou para o chão, deixando em aberto sobre o que se apoiava (seria uma pedra? Um tronco partido? Quem sabe.), dando passos vagarosos para próximo do ruivo, abrindo um sorriso retorcido de dentes afiados à medida que se aproximava. Quando finalmente tocou a luz, então, restou para que Daisuke reconhecesse (ou não!) a imagem do duende como um fantasmagórico Sableye, que sabe-se lá o que estava fazendo por ali.

Mas, calma! Ainda não acabou, não.

O espécime trevoso, num gesto preguiçoso, tocou a joia avermelhada sobre o próprio peito, cobrindo-a com uma das mãos e a pressionando com força exagerada. Nesse momento, os claríssimos olhos hexagonais foram corrompidos, como se uma explosão sanguinolenta ocorresse por detrás da cabeça do animal, tingindo-os do mais puro e vivo carmim. Suas orelhas arrepiaram-se, esticando-se ainda mais, e o sorriso afetado se separou quando o bicho pareceu engasgar, erguendo a cabeça para cima e sofrendo espasmos - seu corpo, então, inchou. Criou forma, como se uma existência alienígena tentasse escapar das vísceras do noturno, subindo vagarosamente na direção de sua garganta, encontrando caminho para fora de sua boca num processo doentio de regurgitação - e, quando os dentes se partiram e a boca se abriu, a ponta de um cristal escapou de seu interior.

E forçou. Forçou até que saísse, até que a lâmina de sangue vivo caísse no chão, perfurando o solo, saliva e bile escorrendo pela superfície cristalina que pouco a pouco se revelava para o hoenniano. As garras do sombrio espécime se afastaram do próprio peito para que pudessem agarrar-se à joia recém-criada, exibindo um sorriso afetado, manchado do líquido estomacal que há pouco fora expelido para dar corpo ao projeto de escudo que agora segurava e que, agora, também servia como uma lente de aumento para parte do rosto de aspecto doentio do animal.

Ora, meu jovem policial...
Você não pode clamar um desafio sem ter a pachorra pra honrá-lo, huh?

O susto era inevitável, considerando que há pouco a solidão parecia factual naquela pequena e agradável ilhota, berço de tesouros em formato de joias; A jovens de madeixas douradas berrou em necessidade espontânea de seu cavaleiro de armadura mas, oh, ele não estava lá, não dessa vez. A única saída passível de se utilizar naquela situação era justamente as forças do companheiro psíquico ao seu lado que, bem, estava disposto e disponível. Infelizmente, porém, apesar da aparente velocidade superior de Teriyaki, seu oponente foi o primeiro a se mover, agarrando rapidamente um dos cristais do chão e arremessando-o bem na testa do colorido monstrinho, num acerto crítico que o fez recuar alguns centímetros e hesitar ao combate.

A parte boa é que, huh, não por muito tempo. O poderoso Sigilyph bateu suas asas e, com a névoa e a brisa agindo em seu favor, uniu-as com a energia interna que pulsava e, moldando as forças da natureza, as asas bateram mais uma vez, arremessando potentes lâminas que ameaçaram cortar alguns breves arranhões na superfície do cristal carregado pelo sombrio pokémon adversário mas, hah, um brilho espesso que dominou rapidamente a joia foi mais que suficiente para evitá-los.


Talvez eu não devesse, mas aqui direi: Substitute e Power Gem, é isso que farei.


Aqui, então, vemos outra situação; Um rapaz desejoso de retornar à amada e temendo sua segurança - mas um adversário não muito contente, tranquilo e sórdido, bem à sua frente. A primeira coisa a ser feita, como bem prevista pelo rapaz, foi que um dos braços do duende se esticou, retorcido e veloz, quase como se não existisse quaisquer esqueleto em seu interior - e talvez, de fato, não houvesse! -, o braço se esticando como borracha até que as garras se arrastassem na bochecha de Brave, fazendo-o recuar em hesitação gritante. O pobre Gloom até tentou rebater um tempo depois, com um "laço" falho de Giga Drain - que simplesmente bateu na frente do cristal segurado pelo arroxeado, em uma proteção bem formulada que apenas adiou a tentativa do ruivo de se dirigir à margem para tentar auxiliar sua companheira.


Próxima, próxima parada: Substitute e Power Gem, aqui também o direi.