(010) — hidden springs/call it what you want

O quão conveniente era a atração acabar logo depois do fantasma aparecer? Inclusive, conforme caminhávamos, tentei procurar por algum funcionário para fazer um escândalo, mas estava tão cansada daquele lugar que só peguei na mão de Daisuke e nos encaminhamos para a saída. Lá depositei a esfera do passarinho e da roedora, ficando com a abelhinha com a asa defeituosa. A esfera, então, desapareceu indo para meu storage.

— Acho somos Miss e Mr. Lixão, né? — dei uma risada, caminhando para fora da atração; parei na frente do Ranger, mandando um único beijo no ar — Tá tudo bem... Acho que não me divertia assim há muito tempo. — abri um sorriso enquanto ajeitava meus pertences nas costas — Acho que esse encontro está sendo maravilhoso. Mesmo com a gente podre desse jeito. — voltei meu olhar para Sigilyph e Gloom, que pareciam ter virado grandes amigos — Nada de voar aqui fora, vocês dois. É perigoso. — segurei a mão de Daisuke novamente, agora parando do seu lado e observando o parque a nossa frente — Não sei... Acho que podemos fazer a missão. Estou doida pra te dar um beijo decente e não posso porque você tá podre, Simba. — fiz uma careta, caindo na gargalhada logo depois — E claro que vou te esperar acordada. Vê se toma um banho lá na base mesmo. — tornei a olhar o parque — Será que tem alguma coisa interessante que ainda não fomos?

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A diferença entre ambientação era quase que gritante. Bastou sairmos da barraca para que víssemos novamente os transeuntes bem arrumados, passeando de um lado para o outro com seus doces na mão e risinhos para lá e para cá. Honestamente, se não fosse por Daisuke, nesse exato momento eu estaria destruindo aquela tenda com toda a força dos meus punhos ou batendo descontroladamente em um dos organizadores. Mas o jeito era relevar, né? No final das contas, eu estava feliz. Podre, suja, acabada... Mas feliz. Tudo por causa desse fedorentinho ao meu lado.

Se a felicidade de ter aproveitado o parque quase inteiro com Daisuke já não fosse suficiente para suprimir o desejo de vingança pela tenda, agora a irritação desaparecia por completo ao ver Teriyaki e Brave andando como dois tontos na nossa frente. Tentei prender a risada, mas acabei gargalhando tão alto que senti a necessidade de tapar a boca com as mãos. QUE BOBEIRA! O gramíneo corria de um lado para o outro e o psíquico balançava suas asas como um bonecão de posto, o que tornava aquela situação extremamente engraçada. Os dois se davam muito bem, mesmo sendo completamente diferentes.

— Ah, pode ser legal, eu acho. — abri um sorriso, recuperando um pouco o ar que aquelas risadas arrancaram de mim; somente quando o ruivo falou sobre que percebi a presença da menina, por mais que ela estivesse gritando — Er... — me aproximei de Daisuke mais uma vez, cheirando seu pescoço e fazendo outra careta — Nossa, eles vão é nos expulsar dali, Simba. — dei uma risada, apertando a bochecha direita do Ranger — Mas vai que tem algo interessante, né? — dei a mão direita novamente para o ruivo, puxando-o na direção da barraca — Aliás, será que podemos fazer aquele treino na missão? — voltei meu olhar para ele — Sabe... De treinar a mão e tudo mais. — ergui a mão esquerda, mexendo os dedos com certa dificuldade, mas ainda assim bem melhor do que quando começou o dia — Ah! Quando você chegar lá, dá uma passada no meu quarto no Centro Pokémon? — corei um pouco, mas a pergunta era completamente inocente, mesmo não parecendo — Não importa a hora... É porque, não sei se você reparou, mas eu tenho um pouco de vergonha dos pontos e da cicatriz que vai ficar. — suspirei; aliás, quando foi que eu me permiti ser tão vulnerável assim? talvez fosse o cansaço — Aí não acho que vou ter coragem de pedir para as enfermeiras limparem e tudo mais. — dei de ombros, tentando fingir que não me importava — Se não der, tudo bem.

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Já viu aquele tipo de pessoa que é grosseira e estúpida a torto e a direito mas odeia ver outras pessoas fazendo o mesmo? Pois é, sou exatamente assim. A atitude da atendente não só me fez fechar a cara na hora, como também revirar os olhos explicitamente sempre que a mesma abria a boca para falar. Estávamos podres? Obviamente, mas aquela patricinha tosca não tinha direito nenhum de falar daquela maneira com a gente, muito menos enxotar Daisuke com a mão como se fosse um cachorro de rua.

— Tinha sim, querida. Calma aí. — dei um falso sorriso, buscando o material achado dentro da bolsa e entregando em suas mãos — Essa agulha parece ótima para costurar bocas também. Me pergunto se alguém já fez isso; se não, sempre existe uma primeira vez para tudo na vida, né? — abri um sorriso malicioso, fingindo um tropeço logo em seguida; atitude que, ha, era só para esfregar o cardápio no braço de Daisuke e tentar acumular o máximo de fedor possível no pedaço de plástico — AI, AMOR, CARAMBA, ME SEGURA! — debochei, sendo segurada pelo ruivo como se minhas pernas falhassem, aproveitando o máximo para esfregar o item nas suas vestes fedorentas — Pronto, acho que consegui me manter em pé de novo. Ai, esses sapatos. — suspirei, abrindo um sorriso novamente — Deixa eu te perguntar... Qual a maior boneca que vocês conseguem fazer? — levei o indicador a boca — Assim, quero uma bem grande. — abri os braços como se estivesse medindo algo diante do meu corpo — Gigante assim, ao ponto de caber toda essa tua prepotência. — fechei a cara, encarando a garota, que poderia ou não estar olhando de volta, mas não me importava — Se não tiver, pode ser uma da Alice mesmo. — voltei meu olhar para Daisuke, dando uma risada da sua piada — Ha, você amaria isso, né, Simba? Só assim mesmo pra você ganhar de mim. Aliás, é só qualquer um ter um noturno que me vence, não é difícil.

Quer saber? Estava cansada demais para discutir, mesmo que a atendente malcriada me xingasse ou devolvesse os comentários na mesma moeda. Tanto faz. Meu recado estava dado e tudo que eu queria, honestamente, era um banho e uma cama fofinha. Mesmo com Daisuke podre de fedorento, dei minha mão direita mais uma vez para ele segurar, repreendendo a mim mesma quando fui deitar em seu braço e senti o fedor. Me afastei, fitando-o rapidamente com uma careta.

— Se você aparecer fedorento assim no meu quarto, não vai entrar.— mostrei a língua, enviando um beijinho no ar — Vou logo avisando.

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