[S01:E00] "Hoje eu vou parar na Gaiola"

Cidade de Goldenrod, Região de Johto, Período do Meio da Tarde

O olhar despreocupado, calmo passeava pela paisagem até pacata do que lembrava dos velhos tempos da Cidade de Goldenrod, que para alguém da sua idade nem tão velhos eram, após sair do interior de uma loja de conveniência praticamente voltada ao público humano, estava ali tranquilo parado enquanto se ouvia passinhos vindos da mesma direção, alcançando o rapaz de aparência um tanto desleixada. Esse era Connie, como chamavam seus parentes mais próximos. Para os demais era apenas Connor. Estava na mão algo que carregava como um maço de cigarro, e claro que não era um. Era uma caixa de pocky de chocolate, qual abriu, colocando entre os lábios igual um fumante faria com um cigarro. Ao seu lado estava a figura um tanto mais diminuta e atrapalhada de um Cyndaquil. Connor o chamava de Ignace. O Pokémon olhava meio que seguindo a onda para os lados quais o humano fitava calmamente, como se achasse que o humano procurasse algo, mas no fundo seu instinto dizia que era só mais uma brisa daquele esquisitão de profissão. Roía o palito de chocolate lentamente.  

— Não há um dia de descanso... — O humano se espreguiçou, algo lhe dizia que deveria fazer uma visita à sua cidade natal, Ecruteak. Eram alguns aninhos longe de Johto, mesmo que sua área de atuação quando morava por essas bandas era vagar em Ecruteak ou sumir para Goldenrod se necessário. Olhou para o céu, vendo um grupo de Pidgey voando na direção que identificava como leste dali. Sentia a brisa bater na face, movimentando os fios negros de seu cabelo. O vento soprava para aquela direção, ou não? — Ué, Ignace, achou algo, camaradinha? — Encarou o Cyndaquil calmamente, o bicho ainda observava as ruas. Connor inclinou a cabeça para o lado, levemente curioso.

Ignace soltou um grunhido um tanto curto, tímido, dando um passo nada longo  para frente e então encarou o humano, soltando outro grunhido típico de sua espécie. Connor coçou a bochecha, deu uma leve roidinha em seu pocky de chocolate.

— É, mais movimentado do que o buraco de Littleroot. — Observou as redondezas. — Até que me faz sentir falta das árvores, o som solitário da gaita ecoando no vento em meio ao que seria o silêncio da natureza. — Dizia todo pomposo, gesticulando teatralmente. — E então.. meu velho sai do meio do mato te fazendo pular de susto! — E como Connor previra, sua mudança de tom para algo mais enérgico fizera o pequeno pular para trás, fazendo o humano soltar uma leve gargalhada, curta e calma. O bichinho aparentemente suspirou.

— Acho que nossos amigos devem ter ido atrás do nosso contato naquele boteco lá do outro lado. — Coçou o cabelo rapidamente. — Antes que o dia acabe, claro. Eu tenho que pegar algumas informações do que vamos fazer por esses cantos. — Roeu o doce novamente, e completo que obviamente sua voz saía praticamente como a de alguém de boca cheia. Redundâncias, óbvio. — Ou tudo vai acabar como no tédio que é a distinção das mais exóticas e interessantes plantas, frutos da região de Hoenn e lá vai... — Imitava a voz de seu pai, o botânico Tim Flanagan, resumindo a caminhada, acompanhado pelo Cyndaquil. — E não é algo legal de cogitar? Afinal, viemos aqui fazer algo finalmente "útil"... ou não! — Piscou e continuaram caminhando tranquilamente pelas ruas. O milagre era real, estavam fazendo algo útil. É o chamado da aventura que o fez gastar parte de suas economias numa passagem de volta para Johto? Ou somente a vontade de sair vagando por aí? Só o futuro dirá!




Mencionando ninguém em específico;

Connor Flanagan veste uma simples camisa social branca com riscas negras, nada extraordinário, um casaco cinzento folgado, calça jeans cinzenta escura e um tênis-bota escuro e discreto. Possui pulseiras de artesanato e alguns anéis de metal quase negro. Seu fone de ouvido com abafador, não muito grande, de cor preta com detalhes em verde neon repousa em volta do pescoço. Carrega consigo uma bolsa de alça um pouco longa de couro sintético escura.