[Fallarbor] Eu e uma joia partida...

Gloom parecia realmente um verdadeiro guardião e o responsável por aquela caverna. Não demorei pra perceber que ele estava fazendo o seu trabalho ali com seriedade, então não desviei o olhar, principalmente daquele Toxic sobre o meu pokémon. Uma boca torta era projetada em mim quando vi que teria que cuidar daquele veneno depois. Vanillish permanecia em batalha. Seu corpo parecia reagir bem ao veneno. Mas já tinha recebido toxics o suficiente para uma geração a fim de aprender que aquele golpe seria perigoso a longo prazo.

- Vanillish, aguente firme!

O incentivo para o meu Pokémon era o que eu poderia fazer. Ele estava diante de uma situação em que eu não poderia imaginar. (ao menos, eu não me lembro de ter recebido um toxic um dia para saber como era e nem quero receber!) No fim, eu só precisava que ele aguentasse mais um pouco. Plantas não resistem muito ao frio e eu continuaria abaixando a temperatura do oponente, até que ele caísse.

- Amigo, vamos continuar com Ice Beam! Manda vê!

 O último Ice Beam finalizava aquele combate. Vanillish vencia, mas aos custos do Toxic que recebera. Mesmo assim, vitória era vitória e eu só poderia sorrir para meu pokémon, enquanto levantava o dedo de “joinha” para ele após o nocaute. Claro que tudo aquilo não foi muito intenso, comparado aos diversos tipos de perigo que eu já passei na minha vida como treinador e ranger (quem nunca?!), mesmo assim era intenso pra Fennekin, que não entendia como batalhas funcionavam. E lá vinha ele! O Pokémon saia correndo do local seguro onde Florsibela estava com sua Roselia e pulava em meu colo.

O ronronar do espécime era bem cativante ao passo em que ele se acalmava. - Calma, tudo bem... Não foi tão perigoso!- abaixava o tom da voz com ele, enquanto abraçava e ele lambia minha face. Tentei acalmá-lo na medida do possível... O possível era bem difícil mesmo, mas acho que ele superaria aquilo. - Olha, estamos bem! Conheça o Vanillish, ele também está bem!

Encostei o corpo da raposa de fogo perto do Ice. Gentilmente, Vanillish deu um sorriso bobo para ele, um acenar. Claro, sua aproximação fez com que a temperatura ao nosso redor abaixasse, mas Fennekin gostou, pois ele aquecia os tufos em sua orelha e assim voltava a temperar o ambiente. - Mas agora ele precisa descansar, né? Descanse, amigo.- recolhia o Ice, pra depois tratar o veneno. Teria ainda uma caverna para explorar. Apenas me virei para Florisbela, chamando-a, enquanto colocava o Pokémon no solo. - Vamos lá?

  A caverna, na verdade, não era um lugar que Florisbela sabia como cuidar, ou havia explorado em algum momento. Eu pensei que pelo conhecimento da menina, ela já tinha buscado tudo, mas na verdade, era mais um conhecimento teórico, que era importante e não perdia para a prática, mas era complementado. - Então vamos descobrir juntos!- brincava com a menina, a fim de que a escuridão ao redor não a deixasse com medo. Fiquei me questionando se era sábio leva-la, mas no fim, a resposta era: ela era a especialista, eu apenas o que fazia o trabalho pesado. Era uma troca justa: eu acharia a erva, ela acharia os seus conhecimentos práticos.

Diante da caverna, eu pegava uma lanterna dos rangerstools, ferramentas que rangers usavam em missão. Ora, não era uma missão oficial, mas era algo a lidar. Eu segui pelo caminho iluminando o máximo possível. Até as orelhinhas de Fennekin tentavam ampliar a luz quando ele as aquecia. Eu me deparei com dois caminhos. Não lembro se iluminação era algo importante para ervas. Para plantas, com certeza, mas em meu conhecimento limitado, acreditava que poderia ter ervas que cresciam em locais sem luz. E se tinha Lifesium hordeum ali, era porque ela não ligava muito para luz.

- Bem, eu não sei se elas ficam no escuro ou no claro, acho que você pode me dizer... Caso ela não tenha preferência, vamos por aqui...- apontei para o caminho pequeno que levava para um lugar mais iluminado - E depois voltamos para uma área mais escura...- dizia apontando a lanterna para aquele mausoléu que se apresentava do lado.

Fennekin encarava as duas aberturas, mas no fim apenas me encarava como se precisasse de orientação. Para um bebê, ele era muito obediente, ou seria insegurança com a vida? A vida é dura, caro rapaz. Espero que você saiba disso o mais cedo... Afinal, vai participar de várias missões comigo...

  A visão deslumbrante do ambiente me deixava um pouco sem ar. Eu girava um pouco em torno do próprio eixo para ver aquela “cordilheira” que formava aquele vale, bem iluminado e com som batendo ali dentro. Fennekin vinha logo atrás. Ele poderia ficar acostumado com visões como aquela, mas como eu optava por maioria das minhas ações em campo nas cidades, perdia de ver muitos desses prodígios da natureza. Só fazia engoli em seco enquanto observava cada detalhe, incluindo, o caminho de ladrilhos e pegadas de bípede.

Fennekin, Roselia e Florisbela passaram logo atrás. Esperei um pouquinho para que eles pudessem apreciar o caminho também. Eu observei cada detalhe e só poderia sorrir para eles. ”A natureza é linda!”, pensava comigo. Após deixar escapar um suspiro, voltei a caminhar por ali. Não tinha como saber o que viria dali, mas queria que Florisbela sentisse o caminho e se preocupasse para andar ali com os pequenos.

- Olha!- apontei para as pegadas, caso ela não tivesse visto. Deixei para assumir a frente. Ela ficar na nossa frente não apresentaria vantagem alguma, apenas poderia ser mais perigoso para ela e, consequentemente, para mim em seguida. Apontei para o local e segui adiante, como se tivesse liderando o caminho.

As pokébolas estavam próximas. Ambientes, como aquele, aspiravam um perigo natural. Pokémons selvagens poderiam estar por ali protegendo o que seria a Lifesium hordium. Eu não poderia perder aquela flor de vista, mas esperava que tivesse o suficiente para levar para casa e para poder criar espaço para que os Pokémons dali aproveitassem. Sobre como iria transportar a erva? Questionaria à Florisbela se poderia colocar em um pano e transportar. Ela deveria, com certeza, saber mais do que eu...

O cheiro começava a incomodar. Uma pouco de ânsia de vômito surgia, enquanto eu puxava a camisa para o nariz, tentando bloquear o cheiro, ou ao menos, parte dele. Respirei fundo dentro da camisa, tentando captar o pouco de ar que ainda restava. Como que um Pokémon poderia sentir-se atraído por algo assim? Não entra na minha cabeça... talvez eu precisasse estudar mais os Pokémon só acho... Enquanto isso, Roselia e Fennekin agiam, como se nada tivesse acontecido com eles, indo em direção às flores, que eram muitas e por isso o efeito era dobrado ali!

Mas eu tive que agir antes que o pequeno fosse até os Pikachus que defendiam o local. Ali, eu segurei o Fire em meus braços, impedindo que ele entrasse no território deles, que estavam possessos para defender. Ok, ok! Vamos de mais uma batalha... Mas para isso, eu não vou pegar leve, até porque eram vários. - Nydon, Eevee, vão!- as duas esferas surgiam em campo e se abriam. Um era Eevee, um Pokémon também ainda bebê, mas tinha algumas semanas de vida. O outro, bem, nem precisa apresentações. O corpo dantesco de Nydon caia sobre o campo, intimidando todo os roedores que estavam ali, acredito eu, mas longe de afugentá-los.

Ao ver que uma batalha estava para se iniciar, Fennekin pulou para fora do colo e fez pose de batalha semelhante a Eevee. - Não! - gritei enquanto entrava em campo e pegava os dois bebês em meus braços, afastando-me da batalha. - Vocês precisam aprender a batalhar primeiro. E primeiro a gente aprende observando!- deixava claro para eles. Dessa forma, eu coloquei o chefão para mostrar como era.

- Nydon, aguente firme e use Focus Energy e em seguida Eartquake. Vamos limpar o campo! - o Poison sabia o que eu estava falando e por conta disso ele gritava, em um urro de Intimidade Fake. Ele era assim, todo metido a machão! Ninguém nem imagina o coração mole que ele tem, principalmente em casamentos de novela. Mas ainda sim, era um monstrão em batalha!