#005 Lemme get that

Cá estou em mais uma aventura na cidade. Essa é pra ser mais uma daquelas bem ligeiras e objetivas - se nada me tirar do foco, o que não é difícil. Cheguei achando que Dr. Marxille iria só instalar algumas coisas no meu PokéNav, mas no fim eu ainda preciso calibrar o equipamento, ou algo assim. Então, devo aproveitar a oportunidade pra tentar resolver o que o aprendiz dele também me solicitou: uma foto de um golpe especial.

Não pude deixar de me arrumar um pouco antes de deixar o Centro Pokémon. Roupas leves e tênis, é claro. Desde Lilycove eu decidi mudar um pouco a minha imagem e agora uso tranças curtas. Acredite, foi a melhor coisa. É muito mais prático de lidar quando se tá voando pra todos os lados.

Enfim, antes de deixar o Centro, passei pelo saguão para fazer ajustes no time; só pra ficar encarando a tela do computador sem ter certeza de como fazer aquele arranjo... Mas foi. Sonho com o dia que conseguirei treinar todos da forma que merecem!

Na rua, respirei fundo antes de calçar aquelas anteninhas metálicas esquisitas do Dowsing Machine. Por sorte, também inspirada pelo Contest, me pus em um vestidinho listrado de preto e amarelo. Só pra que, no mínimo, achassem que eu estivesse fazendo cosplay de abelha. E é isso. Boa sorte pra mim. Vamos caçar uma batalha pra fotografar e alguns itens!

Off escreveu:

Queridíssimo narrador,
Essa rota aqui é pra ser bem basiquinha, só pra eu completar as missões do Dowsing Machine (aqui) e do Poké Radar (aqui). Então, me desculpe e por favor, não precisa desenvolver um plot longo, pois desejo ir ao evento do Doll Fanfest ainda, até o fim do próximo mês.
No mais, agradeço a atenção e compreensão ^^

Alterações na Box:
Manter: Emolga e Tropius.
Receber: Taillow, Skarmory, Togetic e Egg de Noibat.

Depositar no Storage: Magikarp, Swablu, Swoobat, Hawlucha.

Colocar apelido: Togetic passa a se chamar Togepic
*Sim, é isso mesmo.

Gente?! Se ensinam a interpretar esses aparelhos na escola, eu perdi essa aula. Tem linhas, e pontos, e círculos, e interseções, e um ponteiro que vem e vai... Eu sei que já vi isso antes, em algum livro. Sinto no fundo do meu cérebro que a informação tá ali, mas devo ter passado a página muito depressa e lembro pouco.

Minha visão periférica captava os olhares que me observavam transitar pela cidade, fantasiada. Mas, depois de ter enfrentado todas as atenções e julgamentos em Lilycove, isso seria fichinha. Até porque a minha atenção em si estava toda voltada pra esse aplicativo curioso que eu tentava entender. Por isso, caminhei distraída a maior parte do tempo, procurando por qualquer mudança na tela.

Eu só parei quando meu sensor aranha de perigo me alertou pra um acidente iminente. Sim, distraída, era quase óbvio que uma hora ou outra eu me chocasse com algo ou alguém. Nesse caso, o acidente ficou bem perto de acontecer, mas pra minha sorte a "vítima" foi mais ágil e atenta do que eu e desviou. Parei, respirando acelerado e desviando os olhos do Nav.

Encontrei à minha frente a visão peculiar de uma criança; toda linda, vestida com trajes típicos de Alola/Hawaii. Eu não tinha como resistir e não sorrir com ela; aqueles grandes olhos cativantes e as bochechinhas rosadas.

– Poxa! Me desculpa, eu quase tropecei em você... Tudo bem? Não te machuquei, né?! – me curvei, apoiando uma das mãos no joelho, só pra ficar na altura e mostrar solidariedade à pequenina – Você tá muito linda, sabia? Queria uma fantasia assim também. – mesmo ainda me recuperando do pequeno susto, tentava manter um sorriso confiante. Meu irmão diz que, com crianças, é sempre bom não forçar demais pra que não sintam que fizeram algo errado sem razão.

Off escreveu:

TOGEPIC SIM! Atura ou surta.
Oi Ayzin maravilhoso :3
Já tô me divertindo com a Lilo!
Ohana <3

Mas o que...?! Eu achei que meus únicos desafios dessa tarde seriam: aprender a usar o aparelho e manter a personagem fantasiada de abelha. Só que meu lindo narrador achou prudente me desafiar mais um pouco, e agora eu tenho uma garotinha em roupas de Ula abraçada à minha cintura.

Eu, obviamente, não rejeitei aquele abraço tão carinhoso e gostoso. Inclusive o retribuí com igual carinho, mesmo sem entender de onde veio todo o sentimento. E quando a pequena pegou minhas mãos e começou a saltitar, sorridente, eu não me contive e gargalhei com ela, mexendo meus braços para incentivar seus saltos.

Foram os suspiros dos observadores que me atentaram para uma coisa muito importante... Quando eu olhei à volta, sorrindo para as pessoas, me dei conta de que absolutamente todos apenas iam e vinham pela rua. Isso é, não tem nenhum adulto à vista olhando essa criança! E agora? O que eu faço?

– Então mocinha, como você se chama? – tentei quebrar o gelo, mantendo ao máximo as aparências para parecer tranquila por fora – Onde estão seus pais? – arrisquei.

Bem, sei que posso estar me metendo numa tremenda encrenca ao fazer essa pergunta, mas eu preciso começar por algum lugar. Eu só espero que ela diga alguma coisa...

Que situação complicada essa a minha. Estive tão distraída nos meus objetivos que mal percebi que a vida da cidade ao meu redor. Digo isso porque, se meus ouvidos não estiverem me enganando, há um evento em algum lugar acima daquela rua... E isso até que faz sentido, vendo o caminho que as pessoas faziam, a roupinha temática da minha acompanhante, e o fato dela me puxar com insistência para lá. O que me levar a crer que seus pais possam estar por ali. Que bom!

Me deixei ser guiada pela pequenina, já que suas ações e reações eram a única forma de ela se comunicar, então eu precisava me adaptar a isso se quisesse solucionar esse problema. Só que agora eu me distraía era dos meus objetivos. Por isso, quase não liguei as informações quando o dispositivo na minha cabeça apitou, a tela do Nav mudou e a menina riu.

Precisei de um esforço dos neurônios até perceber todas essas coisas e reagir. Até porque foi um pouco difícil associar duas folhas aleatórias voando como um item importante o suficiente pra ser captado pelo aparelho. Vida de treinadora não é mesmo fácil, eu mal sei reconhecer os itens ainda!

– Ei! Você pode me ajudar? Preciso pegar aquelas folhas! – calma, pequenina, vou levar você até a festa, só preciso pegar isso aqui antes!

Tomei a mão da menina entre as minhas novamente e tentei induzi-la a ir atrás das folhas esvoaçantes comigo. Eram duas coisas importantes e que eu não podia perder de vista, principalmente a garota. Mesmo que os pais dela não estejam no evento em si, eu reconhecia que era o melhor lugar para eu encontrar alternativas, divulgação e autoridades! Mas antes, as ervas.

Apesar de qualquer pré-conceito a respeito de voadores e vento, eu não poderia me considerar assim expert em apanhar as coisas no ar ou similar. Porém, no fim, após alguns minutos divertidos eu e a pequenina conseguimos pegar as folhas esvoaçantes. Eu disse divertido?! É, então, talvez a aura da criança já estivesse me contagiando a tal ponto que minha preocupação com a segurança dela vacilava...

Nos aventuramos pela rua, seguindo o rumo do vento, de tal forma que quando me dei conta já estava quase na origem da música. E que som extravagante, devo dizer. Tinha um ritmo animado e quase hipnótico, tanto que minha pequena protegida não hesitava em querer ir até lá. O problema é que, na tela do meu PokéNav, no que antes era um "mar" de negro, linhas, círculos e um ponto vermelho, agora figuravam estrelas amarelas. Uma das quais mudou assim que eu capturei as ervas, lá atrás.

Ainda entre a preocupação com a garota e a distração com a música, eu precisava dedicar uma terceira parte do meu cérebro ao meu objetivo. E, bem, pelo menos não precisei pensar muito para constatar o óbvio: os símbolos amarelos são os itens que devo procurar. Isso até me lembrou um pouco um anime interessante que assistia quando criança. Na história, um garotinho e sua turma usavam um rastreador parecido para irem atrás das lendárias esferas do dragão, capazes de invocar Rayquaza. Isso me dava alguma empolgação, afinal quem não quer um Rayquaza? Ok. Eu sei. Eu não vou pegar nenhum por aqui. Mas não custa sonhar, né?!

Enfim, devaneios a parte, eu estava em uma situação difícil. Tinha plena consciência de que uma vez entrando no espaço do circo, eu me perderia em outras coisas. Ao mesmo tempo, eu tinha um enorme receio de decepcionar minha pequena acompanhante. Mas, aquela estrelinha ali na outra rua... Argh! Por quê você faz isso comigo?! :jigg:

– Acho que o circo tá muito legal, né?! – me abaixei um pouco, mais uma vez para ficar na altura da menina – Mas, olha só, tá vendo essa estrelinha aqui? – mostrei a ela a tela do Nav e apontei o sinal na rua oposta – Minhas anteninhas mágicas me dizem que eu preciso ir atrás dessa estrela. Lembra como aconteceu lá atrás? A antena brilha muito quando eu chego perto desse objeto, porque elas são mágicas e me ajudam a encontrar coisas escondidas! – argumento bobo? Sem dúvida. Mas eu preciso encontrar uma forma didática de convencê-la a se afastar da maior atração, sem magoá-la – Quer me ajudar a caçar essa estrelinha? Vamos?

Na tentativa de ser um pouco mais enfática, retomei minha altura e segurei a garota com ambas as mãos. Eu sorria é claro. Dessa vez não só para mantê-la interessada, mas também porque, como disse antes, eu estava me divertindo com a ideia. Será que era assim que meus irmãos se sentiram comigo? Quer dizer... Eu acho que não fui uma criança chata. Ou será que fui?! "Esse brilho nos olhos dela... Está animada ou são lágrimas?"