Malfeito feito

Eu mal prestava atenção na abordagem de Ay com os criminosos, mas captava um pouco de ameaças e desesperos e por isso julgava que estava tudo indo como deveria. Eu só fui me dar conta que eles já estavam devidamente algemados quando o Ranger os colocou de pé e, com isso, a rede de Carnivine foi liberada.

Solto, o gramíneo correu... Até mim! Para me abraçar junto aos dois voadores! Num instante fiquei sem fôlego, achando que ele ia escapar, no outro meu fôlego foi solto num suspiro de alívio e satisfação. Eu me divertia agora com os três Pokémon. Dois voadores e um flutuante, isso é muito minha cara. Só parei com aquilo uns segundos quando Ay me chamou para falar que precisávamos partir.

– Você disse... Café? – meus olhos se arregalaram só com a menção do líquido precioso; rosquinhas também viriam a calhar, porque um doce sempre vai bem e depois de tantas horas na ativa me percebi com fome – E rosquinhas? – inevitavelmente olhei para o corpo do loiro, da cabeça aos pés; "haja metabolismo pra viver de rosquinhas e se manter assim", pensamento aleatório do dia – Bem, me dá um minutinho... – indiquei com a cabeça o trio que me cercava e dei de ombros, deveria ser o suficiente pra ele me entender.

Por falar em Pokémon, busquei Kludd na paisagem e o encontrei já tirando uma soneca, pousado num galho resistente de uma árvore próxima. Essa era sua natureza, e depois de uma batalha arriscada e intensa eu não julgo. Enfim, hora de me resolver com os selvagens.

– Bem, fofuras. Preciso voltar pra cidade. Temos muitos problemas pra resolver por lá, com aqueles escrotos ali. – indiquei os criminosos com um gesto da cabeça – Talvez seja um pouco dureza pra vocês encararem isso e me seguirem até lá. Então, que tal se formos juntos, mas de outra forma? – meus dedos encontrariam depressa o compartimento de Pokébolas da minha bolsa – Aqui vocês vão ficar seguros e continuarão pertinho de mim. Prometo que assim que possível os libero de novo para nos encontrarmos. Que tal?

A mínima manifestação de Natu, Ledyba e Carnivine seria o suficiente pra eu entender como uma resposta para jogar as respectivas esferas para capturá-los. Para os voadores, Pokébolas, e para o shiny, uma Premier - porque eu vim pra essa missão levemente despreparada.

Depois que tivesse aquela parte resolvida, pegaria meu Skarmory para acompanhar os oficiais em exercício na escolta dos meliantes até a delegacia. Certamente me contentaria com um bom café e uma rosquinha; ajudariam a aliviar a sensação estranha do corpo molhado, os pés sujos (que eu tornei a calçar antes de ver a civilização).

No fim, depois dos procedimentos burocráticos na delegacia eu ia pedir uns minutos da paciência de Ay para tratar de coisas ligeiras e, obviamente, me recompor. Precisava vestir roupas limpas antes de seguirmos com a outra parte da missão. – Volto já, lindo! – e um beijo roubado (de novo) deixariam claro que eu voltaria em breve.

Off escreveu:

Saindo temporariamente da rota. Voando pra Azalea.

Shellder: 40/40 | Fletchling: 32/40~~~~~~~~ Kiki & Ayzen - Malfeito feito - Violet

Quase tudo correu bem pro meu lado naquela floresta. Enquanto aguardávamos a chegada da polícia, consegui concluir minhas capturas com sucesso! Agora tinha mais um trio de gostosuras pra apertar assim que pudesse! Eu disse "quase" ali no começo só porque, se a situação fosse outra, eu usaria os minutos de espera pra descarregar mais um pouco da adrenalina e tensões da situação dando uns amassos em Ayzen. Mas, infelizmente, ainda tínhamos dois criminosos observando.

Uma vez na delegacia, apesar da situação que se desenrolava, consegui assistir ao interrogatório e, talvez pelas influências do Ranger, permanecer naquele caso. Por isso, era hora de seguirmos a pista seguinte nessa trama e ir atrás do engomadinho que, a princípio, é quem tá por trás de toda confusão.

Como três horas nos separavam do evento, eu e Ay deixamos a cidade e, entre outras coisas, fomos nos recompor. Marcamos de nos encontrar nos arredores do spa, pra levantar o mínimo de suspeitas e planejar nossa abordagem. Na pressa eu não me arrumei demais, só pus uma cropped e um jeans, tornei a armar os cachos e refiz algo da make. Pousei no lugar marcado com alguns minutos de antecedência e depois que retornei Kludd para a Pokébola, mantive os olhos atentos nos arredores para observar qualquer sinal suspeito, ou da presença do nosso alvo. Sei que Ay não se atrasa, então isso nem me preocupava. Ele vai vir logo. [imagem ilustrativa do look]

Shellder: 40/40 | Fletchling: 33/40~~~~~~~~ Kiki & Ayzen - Malfeito feito - Violet

Em minha busca visual sem sucesso simplesmente não vi Ayzen se aproximar. Já estava pronta pra militar diante do "tá linda" descarado, mas aí reconheci quem o direcionou pra mim. Ele mesmo, Ayzen Mello, todo misterioso de óculos escuro e boné, o tipo de disfarce que convence muito bem aqui nesse Pokécenário. Mas eu o reconheci pelo porte e, principalmente, pela boca e o sorriso - Clark Kent e Bruce Wayne que me desculpem, mas eu teria sabido quem eram vocês!

Sorri de volta para o elogio e o retribuí com um beijinho, aceitando o braço dado para caminharmos na direção do local onde a outra parte do problema deveria se desenrolar. Não demoramos a localizar o engravatado, bem onde os outros criminosos disseram que estaria. Como paramos para escutar e observar, segui pleníssima com meu papel de namoradinha, fingindo distraidamente alinhar qualquer coisa em sua jaqueta, que a propósito me lembrava a daquela outra noite...

Enfim, olhando de relance o suspeito não me parecia muito confortável, talvez porque os contratados estivessem atrasados, ou porque a pessoa com quem falava do outro lado da linha não fosse a mais satisfeita. Na conversa que entreouvimos, duas coisas me fizeram estreitar as sobrancelhas, pela estranheza: aquele cara não era o "topo da cadeia" do problema, havia gente ainda mais poderosa que ele envolvida; e um "Roc" claramente oculto, que me fez ficar curiosa.

Na minha cabeça leiga vinham várias palavras que completariam aquilo: Rockruff, Rock'n'Roll, só Rock... Nenhuma delas realmente combinava com a frase. Então por que ele teria feito questão de se corrigir pra omitir a informação? Bem, isso vai morar na minha curiosidade por enquanto.

Ay me estendia a mão, num gesto que eu entendia como os últimos instantes antes da ação. Pra confirmar que eu entendia a mensagem e manter nosso "disfarce" eu toquei a mão dele e acariciei um pouco. Longe de mim deixar que o cara suspeite de algo e fuja. 'Perto de mim' aproveitar cada casquinha que possa tirar...

Shellder: 40/40 | Fletchling: 34/40~~~~~~~~ Kiki & Ayzen - Malfeito feito - Violet