Trainwreck

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Wimbie era excelente, como sempre. Com dois golpes, derrubou os dois inimigos, e nos livrou de suas garras, literalmente; tudo bem que, não eram os adversários mais fortes do mundo, mas devo dar crédito onde crédito é merecido, e meu morcego sempre merece. Aquela batalha rápida serviria para lhe dar um pouco mais da experiência necessária para me tornar Especialista de nível dois, e agora só restava Sylphid atingir o mesmo nível de força; com Manigold e Kaiser já prontos para a promoção, eu estava bastante contente com meu desenvolvimento como treinador, e não era pra menos. A minha força exponenciou bastante em pouco tempo, e isso era graças a todo meu esforço.

Mas fora com o egocentrismo, por enquanto.

Depois de finalizados, Matias me deu a notícia que poderíamos voltar a partir, mas que sem um plano para ocupar as Mareanie, eu provavelmente seria atacado sem pensar duas vezes; assim, ele faz uma sugestão bastante ambígua, que me deixou com uma sobrancelha arqueada, e uma dúvida na cabeça. Ele estava sugerindo que eu capturasse um Corsola e usasse de isca para ser comido pelas corais? Eu não deveria preservar o lugar, ao invés de destrui-lo? E o pequeno Corsola... Provavelmente o que eu capturar já deve ter visto tantos de sua espécie serem devorados pelos venenosos, e isso com certeza não deve ser algo nada bom. Eu... Não sei se tenho a coragem necessária pra fazer isso.

- Não tenho mesmo outra opção, né? - Questionei retoricamente, já sabendo a resposta dele. Eu não queria fazer isso. Sacrificar um Pokémon era contra todos os meus princípios como treinador, e até mesmo como ser humano; porque ele teria de morrer, em prol de algo que não lhe dizia respeito? Quer dizer, ele poderia salvar muitos outros Corsola caso eu me livrasse das Mareanie, mas isso seria extremamente difícil de acontecer; a essa altura, elas já devem ter tomado conta do ecossistema, e se reproduzido como Bunnelby. Devem existir dezenas delas, e eu não conseguiria cuidar de toda essa situação sozinho.

Não, com certeza seria extremamente egoísta e antiético de minha parte usar um selvagem assim. Mas... Que outra alternativa eu tinha? Voltar com um fracasso para Janine estava fora de cogitação, e Matias não parecia tão disposto a me ajudar. Não, se eu quisesse completar tudo isso, eu teria de ir contra tudo que acredito, e confiar que a missão é mais importante do que meus princípios. Né? Suspirei, esperando que sim. Tomando coragem e retornando Wimbie para sua esfera, eu pulei na areia da encosta, onde um grande costão rochoso se estendia; aquele seria meu alvo, e alguém que com certeza conseguiria andar em qualquer terreno seria meu parceiro: Sylphie.

O Scolipede tomou forma, e eu subi em suas costas; meu peso não era nada comparado com a força dele, e por isso eu sempre o usava como montaria. - Vamos lá Sylphie, caçar corais. - E então, começamos a caminhar em direção as pedras. Não deveria ser difícil para ele atravessar o caminho, por isso, nem me preocupei. Minha cabeça ia e vinha na ideia de sacrificar um monstrinho, mas eu tentava espantar tais pensamentos, e focar no trajeto; se eu encontrasse um Corsola agora, provavelmente começaria a chorar.

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Por mais que eu soubesse que estava perto, nem tudo colaborava com minha busca; o céu ficava cada vez mais escurecido, e isso dificultava, e muito, a minha visão. Contudo, a de Sylphid só aumentava, e eu também conseguia notar os pedaços rosas e brilhantes no meio de todo aquele breu. Seria uma caçada difícil, mas eu sabia que uma hora conseguiríamos encontrar um Corsola que seja, mesmo com as patas e o corpo pesado de Scoli; no caminho, uma armadilha aparecia, algo bastante suspeito de se encontrar num lugar como esses. Alguém estava procurando o mesmo que eu, talvez? Ou talvez fossem para outros monstrinhos... Não tinha como saber, e também não ficaria para ver; algo parecia estar preso dentro, então, pedi que meu inseto pisasse em cima dela, com toda a força que conseguisse, para quebrar e não o deixar preso. Se acontecesse o pior, bem, o salvaria de outra forma. Não dava pra ser tão ruim assim né?

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Para minha surpresa, o que saiu de dentro da armadilha não fora algo nocivo, ou até mesmo um pequeno Pokémon preso, mas sim, uma bolsinha com três Exp. Candies dentro. Eram bom itens, e já haviam me ajudado anteriormente a evoluir meus Pokémon, principalmente pela força que esse mês estava mais forte, sem um motivo concreto; não parecia uma má ideia mantê-los comigo, Sylphie pareceu bastante interessado neles também, já que não era algo que se encontrava na natureza. Minha vontade era já deixá-lo comer, e bem, assim o fiz.

Entreguei os três doces para a centopeia, com a mão aberta, e deixando um aviso. - Só confere se não tem nada nocivo aí. Veio de uma armadilha, vai saber o que eles devem colocar pra atrair Pokémon selvagens. - Dei de ombros no final. Scolipede não era afetado por veneno, mas se tivesse algum tipo de feromônio ou coisa parecida, estaríamos em apuros. Bem, depois do lanchinho, a atenção da centopeia se voltou para o caminho a frente, em uma parte mais distante, onde eu observei ter marcas de panos e algo que parecia papel... Nenhuma dessas coisas deveria estar ali, naturalmente, então só poderia ser obra do mesmo cara que colocou essa armadilha.

- Vamos indo, e preste atenção no caminho. - Apontei na direção em que estavam os vestígios, e subi de novo em meu inseto, que começou a trotar novamente. Tinha de tomar cuidado, não sabia o que iria encontrar por aqui, e não estava com todos os meus Pokémon principais; era perigoso, mas eu tenho que admitir que gostava. Fazer missões desse tipo, ainda mais a noite, me deixavam animado; era um misto de preocupação com felicidade que eu não sabia explicar, e nem tentaria; talvez eu devesse seguir alguma carreira, futuramente, quem sabe?

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Os doces não eram lá tão grandes assim, então, não esperava que fossem revirgorar tanto Sylphie como fizeram, ele parecia muito mais animado e acordado agora; talvez por conta do açúcar presente ali, ou talvez ele só estivesse com fome e eu não sabia. Fato era que, agora ele estava mais atento, e seguiu o caminho sem pensar duas vezes. Era... Estranho, o trajeto tinha marcas humanas, como se caminhássemos por ali a tempos e a terra já estava compactada por esse motivo, facilitando o caminho para pessoas, mas não sendo um problema para Scolipede. Suas patas era aderentes a terrenos, e eles podiam escalar paredes e seguir grandes alturas e até mesmo ficar de ponta cabeça, mesmo com todo seu peso.

Enfim, seguimos adiante, garantindo que estava prestando atenção em todo o trajeto, primeiro, para não nos perder, e segundo para ver se encontrava algum Corsola; como se a deusa estivesse ouvindo meus pedidos, dois apareceram, junto de uma outra armadilha, fechada dessa vez, e que atraía a atenção dos dois aquáticos. Eu não seria imprudente e sairia atacando como fiz com o Grimer no Fiery Path, aqui, eu tentaria entender o que estava acontecendo e ajudaria as duas; depois batalharíamos, se conseguisse resolver tudo. Desci do dorso de Sylphid, e caminhamos lentamente até a dupla, tentando não soar ameaçadores, mesmo com todo o tamanho da centopeia. - Olá pequenos... O que aconteceu? - Questionei, esperando algum tipo de resposta que não fosse agressiva.

Provavelmente algum terceiro estava preso ali, e eles estavam tentando salva-lo. Era geralmente isso que acontecia, e agora não parecia ser diferente. Ou eles só queriam quebrar mesmo, também é plausível.

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A situação era bem como o esperado, as duas estavam realmente tentando salvar uma terceira que estava presa dentro da armadilha, e minha primeira reação foi a de dar um passo a frente, querendo me aproximar mais para ajuda-las. Contudo, o mesmo passo que dei, parou por ali, e eu hesitei; tinha uma missão a cumprir, e eu precisava de uma Corsola para servir de... Sacrifício, para as Mareanie. Era o único modo de conseguir estuda-las sem ser atacado, e no final das contas, eu tinha de ser mais importante, né? Era egoísta, antropocêntrico e até mesmo cruel, mas eu tinha que me importar comigo, por mais que me doesse.

Eu abaixei a cabeça, sem muita energia para lutar. Eu iria fazer isso mesmo? Iria atacar duas Pokémon desesperadas e uma ferida? Hmph, que droga de situação. Definitivamente não era o que eu esperava quando iniciei tudo isso, quando pousei em Acapulco pela manhã; não era nada disso que eu queria para mim, era somente uma missão de pesquisa, eu não precisaria entrar em tantos dilemas sobre mim... Ou talvez sim. Talvez eu precisasse passar por tudo isso para seguir meu caminho adiante. Sabe, eu ouvi falar de uma organização criminosa que tratava os Pokémon como objetos; não eram informações muito concretas, não passavam de boatos que alguns amigos me contaram, mas eu tinha certo interesse em algo assim.

Fazer parte de algo maior sempre foi meu sonho, só talvez não em algo tão... Cruel.

De qualquer forma, eu teria de prosseguir, pegar uma daquelas Corsolas para levar de volta a Matías, e depois irmos de encontro a meu objetivo principal. Eu não sei até que ponto Janine concordaria com tudo isso, mas acho que para ela, a missão também é mais importante que os meios. - Ataque com Earthquake! Duas vezes se for preciso. - O golpe deveria ser suficiente para derrotar as duas, e quebrar a armadilha, para que então eu pudesse ajudar a ferida. Ainda tinha princípios, e não atacaria um Pokémon indefeso, somente as saudáveis.

Salandit Egg - 16/40 Posts (Flame Body)