Trainwreck

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O saco tinha o mesmo conteúdo que a armadilha anterior, doces evolutivos, a diferença era que esses eram bem maiores, o suficiente para dar bastante força ao meu bebê que estava prestes a nascer; guardaria isso na bolsa, para usar no momento certo. Depois disso, o caçador me deu uma informação importante, mesmo que sem querer; a Corsola não morreu pela armadilha dele, morreu nas mãos das Mareanie! Tenho certeza disso, fazia total sentido e coêrencia com tudo que descobri hoje sobre Pacific Reef, e também, se elas atacaram esse mortinho, provavelmente ainda estavam atrás do corpo, o que me dava uma vantagem a mais para usa-la de isca.

Como as coisas mudam, cinco segundos atrás eu estava pensando sobre como nunca usaria uma Corsola como isca, e agora estava pensando que essa MORTA me traria vantagem. É, não posso dizer que não sou alguém mutável.

Bem, depois disso, literalmente cheguei a praia e fui diretamente ao barco, onde Matías já me esperava, com o bom humor de sempre. - Tive uns desvios de caminho, mas tudo está resolvido agora. - Comentei, apenas, tirando a Pokémon desfalecida e a colocando num balde qualquer. - Essa é nossa isca. Ela morreu atacada pelas Mareanie, provavelmente. Ainda devem estar atrás do corpo. - Supus, deixando ele aberto a interpretações. Depois, seu Seismitoad fez o trabalho, e eu poderia somente seguir a corda, como um bom aprendiz. Retornei Scolipede, terminando de me equipar com a roupa e o Scuba Gear, e por fim, liberando Tentacruel direto na água.

- Vamos mergulhar, filha, preciso da sua ajuda com o ar. - E pulei na água segurando a Corsola em uma mão, e o equipamento de oxigênio na outra; equipei como pude Krishna para que o ar passasse corretamente por todo o sistema, e eu não acabasse morrendo sufocado lá embaixo, e quando tudo estava dentro dos conformes, mergulhei, seguindo a corda. O fundo do mar era algo novo para mim, então, com certeza, teria muitas surpresas, só esperava que meu plano desse certo; do contrário, sairia com alguns machucados, ou até mesmo, envenenado.

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A primeira coisa que senti quando adentrei a água foi a mesma coisa de quando entrei lá atrás, perto de Acapulco: água quente. Era estranho, não sabia se isso poderia estar conectado com as Mareanie, mas parecia que sim; quanto mais seguia a corda, mais quente ficava, a ponto da água estar realmente me dando calor (?), era uma sensação esquisita, então, tentei ignorar por enquanto. Krishna me guiava, tanto me ajudando com o ar, enquanto me segurava, quanto me soltando e nos fazendo passar em segurança pelos Toxic Spikes, exatamente como fizera anteriormente na piscina; agora realmente confirmei minha teoria de quando tudo aconteceu, e poderia dizer que estava feliz por ter confiado na Tentacool.

Quando finalmente chegamos no fundo do mar, eu pude ver exatamente como se parecia: um campo minado de veneno. Não me atrevi a soltar de Tentacruel, queria ficar o mais longe possível de todo aquele veneno, e ela parecia entender isso muito bem; um alerta veio da grandona, e com ele eu pude finalmente ver as Mareanie. Era a primeira vez que via uma de perto, tão bem estruturada e com seus "cabelos" caídos de uma maneira bela. Se eu não soubesse que elas estavam destruindo todo o ecossistema, provavelmente ficaria um tempo admirando a mais; mas, tinha trabalho a fazer, e a primeira coisa era: descobrir o porquê elas estavam ali. Quer dizer, essa pergunta era meio óbvia, elas foram trazidas sem querer, se adaptaram bem demais ao ambiente novo por não ter predadores e encontraram comida nas Corsola, como todo bom animal invasor, não?

Não tinha certeza, mas era hora de observar e entender o que acontecia com elas. Ver como agiam e o que faziam. Na hora certa, usaria a Corsola que trazia comigo de isca, e assim, conseguiríamos ter uma visão concreta de como elas fazem exatamente tudo; haja paciência, né?

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Krishna me largou por alguns segundos, para que eu pudesse ter mais liberdade na exploração e conseguisse ver mais do que apenas aparências; as Mareanie eram grandes e populosa, exatamente como eu esperava. Mas muito mais do que isso, elas agiam de forma estranha, se mantendo apenas em uma área em específico, e deixando tudo ao redor passar por elas como se nada existisse; talvez fosse algum tipo de organização em colônia ou sobreposição. Não sabia bem, mas tinha certeza que elas seriam um problema ainda maior se resolvessem sair daquela região e popular outras.

Depois de nadar um pouco mais para frente, pude notar que na verdade elas já estavam saindo daquela região, mas de um jeito esquisito; de algum modo, lento e demorado, elas estavam formando um caminho. Um trajeto para algo que nem eu sabia o que era, e que com certeza era importante; o problema era que, na velocidade em que elas andavam, provavelmente só chegariam lá daqui a alguns anos, e eu não tinha todo esse tempo para descobrir.

Quando uma delas resolveu sair de perto da grande massa de corais, eu resolvi que seria minha chance de me aproximar; ainda não sabia bem o que fazer, se iria simplesmente jogar a Corsola para ela ou se esperava para ver onde ela ia, antes de atrai-la para qualquer coisa. Na dúvida, resolvi que o melhor era esperar, pelo menos até saber o que ela iria fazer; se ela estivesse indo caçar alguma Corsola, eu interveria e mandaria o meu cadáver para salvar a viva; do contrário, seria apenas uma pesquisa de campo comum.

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Parando pra pensar na maneira em que eles se moviam, eu notava um padrão: não iam para a frente em linha reta, seguiam ondas e fluxos diferentes, quase como... o caminho dos rios! Sim, a água quente, é isso! Kanto é uma região tropical, como o lugar natural das Mareanie, mas Alola deve ter águas mais quentes por conta do vulcão ativo que deu origem a ilha; faz todo sentido, elas querem ir pra casa! Como eu não pensei nisso antes, elas são animais como qualquer outro, e não fizeram nada por mal; malvados foram os que trouxeram ela para Kanto sem qualquer tipo de pudor. Ecoterrorismo sempre foi um problema, em todo lugar, mas inserir espécies exóticas em ambientes preservados é uma grande catástrofe, que ninguém liga, no momento.

Se eu descobrisse o responsável por isso provavelmente conseguiria que a Requiem ou até mesmo Janine fizessem algo a respeito... Mas não era meu objetivo agora. Seguindo a pequena, notei uma Corsola mais a frente; como eu pensei, ela deve estar com fome. Rapidamente me pus a frente, jogando o cadáver para a Mareanie e esperando para ver o que aconteceria; se ela resolvesse ir atrás da viva ainda assim, eu teria de intervir de outra maneira... Mais cruel, por assim dizer. Krishna me acompanhava, atenta a qualquer movimento para me tirar dali caso algo se tornasse uma ameaça. Momentos de tensão, agora era hora de ver como a natureza funcionava, na prática.

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Meu trabalho ali estava feito. Por mais que eu quisesse simplesmente pegar todas e leva-las de volta pra Alola eu mesmo, sabia que essa não era minha função, e que toda a presença das Mareanie ali era uma luta muito maior do que simplesmente tira-las do mar; seria uma briga burocrática e política muito grande, algo que eu não tinha poder algum de opinião, e quiçá nem mesmo Janine. Minha missão estava concluída, eu sabia que aquela espécie estava presente ali por causa antrópica, e que queriam voltar para casa, como todo bom Pokémon; agora, era hora de lidar com a fugitiva.

Com a nossa presença ali, os dois se assustaram, fazendo com que a Corsola fugisse, e a cabeluda ficasse brava comigo por ter afastado sua presa; ela estava pronta para nos atacar, bem como Matías propôs, mas a oferenda foi suficiente para aquieta-la, mesmo que por tempo suficiente para nós dois fugirmos para longe. A atenção de Krishna agora era lá pra cima, na superfície, onde eu não conseguia ter noção do que se passava; seguindo os instintos da Tentacruel, pedi a ela que nos levasse de volta, e juntos voltamos, seguindo a corda e reaparecendo no nível do mar, onde nosso barco estava. Era hora de voltar para a mestra, e relatar o que encontrei.

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