02 - A História Sem Fim

A História Sem Fim

Finalmente a batalha chegava ao seu fim. Houi parecia preocupado com a pequena fada, aquilo era tocante, aquele menino cresceria uma boa pessoa e eu me sentia bem em poder dizer que talvez eu pudesse estar ajudando-o a se tornar uma pessoa melhor, moldando o caráter do pequeno logo de agora.

— Fique tranquilo, Houi, Mimikyu estará melhor logo mais! — eu disse sorrindo para o menino — Por enquanto vou colocar ela na pokébola e quando ela se recuperar ela poderá tomar uma decisão.

E então toquei a pequena fada fantasmagórica com uma pokébola, aguardando a captura para poder ver o que faria. Observei os arredores em busca do culpado por tudo aquilo, com certeza ele ainda estaria ali para observar seu estrago feito.

Afinal de contas, quem faria uma coisa dessas?

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A risada cínica e assombrosa me deu calafrios, na hora. Tentei me recompor e não aparentar estar tão assustada quanto Houi, eu precisava que o pequeno confiasse em mim, afinal, eu tinha arrastado a criança comigo para aquele lugar em busca de um pokémon para a mãe do menino.

— Quem está aí? — perguntei se uma vez, não adiantava querer investigar, se fosse algo para nos ferir o faria de todo modo, não adiantava querer investigar o que estava acontecendo — Não se preocupe, Houi, não vou deixar nada te acontecer.

O que era verdade, eu não deixaria nada de ruim acontecer com o menino primeiro, agora se eu resolveria o problema antes que acontecesse algo com ele era outra história...

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Tudo aquilo parecia extremamente sem sentido, sem pé nem cabeça. Eu estava enlouquecendo? É o que eu achava, a cada risada que ecoava dentro do meu cérebro, como um grito num corredor cumprido.

Eu olhava confusa para todos os lados, sem entender bulhufas do que estava acontecendo. e confesso que dei uma pulada no texto porque quero voltar pro RPG mas não quero ler 5 páginas e o último post que eu tenho certeza que vão fechar na minha cara e encerrar a jornada kkkk
Aquilo era um Jirachi? Um pokémon extremamente raro, conhecido por acordar de mil em mil anos e realizar um único desejo? Só podia ser piada... Meus olhos arregalaram enquanto eu encarava Houi e o pokémon, como assim ele estava nos oferecendo um desejo?

— Um desejo? Mas... — parei para pensar um pouco no que estava acontecendo, realmente era uma viagem e tanto — Você é realmente Jirachi? Não é um metamorfo me pregando uma peça?

Encarei o pokémon com uma certa desconfiança, esperando a resposta do que parecia vir de dentro da minha mente e rapidamente olhei para Houi, o que eu poderia falar com aquele menino naquele momento? Eu realmente não sabia o que fazer, se fosse um Jirachi, ele concederia qualquer desejo, mas se fosse um Ditto, ou um Zorua? Eram pokémon infames, adoravam pregar peças em treinadores desavisados.

— Houi, veja bem, esse pokémon está te oferecendo um desejo... — a situação parecia toda muito esquisita — A gente pode tentar, o que você acha?

Felicity certamente tinha muitas perguntas se passando em sua mente neste instante, mas era inevitável se prender ao "estalo" mental da possibilidade de ajudar Houi, ou melhor, a mãe de Houi com um desejo concedido por Jirachi. Isso se fosse realmente o lendário Pokémon "Realizador de Desejos". Empolgada, a treinadora levantou o questionamento ao menino, que parecia extremamente confuso sobre o que ocorria a sua frente:

— Um desejo...? Eu, não sei tia... O que eu posso pedir? E-Eu... Devo pedir para encontrar o Pokémon ideal? Me ajuda... — O menino não sabia por qual "raciocínio" sair, afinal era jovem demais para compreender o mundo e seus problemas, ainda por cima um Pokémon Milagroso que realiza desejos. Certamente Felicity teria que ajudá-lo a tomar a melhor decisão. Uma responsabilidade e tanto para a jovem, não é mesmo?

Enquanto isso, o Cutiefly de outrora continuava seguindo o grupo, voando baixo logo atrás de Cherry. A Pokémon feérica parecia extremamente curiosa sobre o desfecho daquela interação improvável com Jirachi e, de algum modo, era como se a insetinha soubesse que tudo isso aconteceria. Mas o mais importante não era esse fato, não agora... O mais urgente era que as flores e gramas afetadas por alguma força maligna e corruptora, estavam contaminando o local imediatamente próximo. Aquela chaga se espalhava enquanto a dupla de humanos conversava... Será que Felicity notaria isso ou estava absorta demais em tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo?

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Houi não sabia o que pedir, e nem eu. A responsabilidade de guiar o menino no seu desejo era enorme. Parei por um momento para pensar, em como eu ia dizer pro garoto qual deveria ser o seu desejo, ele poderia pedir qualquer coisa.

— Houi, você precisa pensar com calma no seu desejo... — fitei ele por alguns instantes, pensativa — ele precisa ser do seu coração, pensa na sua mãe!

Enquanto falava do coração, repousei a mão sobre a cabeça dele e a outra levei ao coração do garotinho, que palpitava de maneira descompassada e ligeira, talvez ele estivesse nervoso, eu não o julgaria, eu também estava.
Tudo ali parecia surreal e irreal, o que quer que fosse, estava me dando um mix de emoções que eu não conseguia certamente compreender.

O jovem estava confuso demais, pois em sua inocência não sabia exatamente o que a mãe tinha. Talvez seu subconsciente soubesse, mas a compreensão necessária lhe faltava. O raciocínio de entender que é mais fácil fazê-la ficar em pleno estado ao invés de buscar uma solução para o problema difícil era algo complexo demais para uma criança de sua idade. E talvez para Felicity também, afinal não era exatamente uma adulta...

— O que eu quero...? Eu quero e gosto de muitas coisas... — Começou a raciocinar a criança, levando uma mãozinha até seu queixo e pensando. Pensar, em si, era trabalhoso para ele, então sentia o peso da mente trabalhando. Seu corpo franzino retorcia-se na direção de uma posição fetal, apesar de se manter em pé. Lembrava da situação antes da mãe estar tão apática e entendia o que havia mudado de lá para cá. Mudanças de localidade, falta de ânimo, apatia e tosse, dores... Ele sentia que estava perdendo ela, mesmo que ela continuasse ali na cama. Então, talvez fosse isso...

— Ela tem que voltar a brincar comigo, não é...? — Perguntou o garoto, levantando-se — É isso, né? Ela tem que ficar... Como se diz? Ficar Melhor! Eu... Eu estou fazendo certo? — E quando parecia entender melhor o que precisava fazer, curiosamente o local corrompido começava a recuar sua "infecção". Estaria a criança ligada ao que havia de alguma forma? Bem... Ela parecia estar indo em um caminho de conclusão sobre o desejo necessário para o melhor de sua mãe. Felicity estaria apta a guiá-lo?

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O menino parecia começar a entender o que deveria pedir, aquilo foi me confortando, sentia que meu dever estava aos poucos sendo cumprido.

Quem diria que eu estaria me importando tanto com um menino que eu conheci ao acaso, a vida era realmente misteriosa. Olhei para o menino com um sorriso enorme no rosto e os olhos marejados, sentia uma paz interior.

— Isso, Houi! Isso mesmo, sua mãe tem que ficar melhor para cuidar de você, brincar, e te amar muito! — olhei para o pokémon desejo e depois para o menino — Está na hora de fazer o pedido, Houi!

Com um arzinho de que ainda tinha dúvidas e, talvez, um pouco de dor no coração por tudo que vinha passando e não entendia completamente, o menino fechou o semblante e respirou fundo. O Pokémon Estrela, Jirachi, ainda encarava o menino e mantinha sua expressão implacável com um sorriso misterioso, mas compreendia que havia chegado o momento de ouvir o pedido da criança:

— É isso... Eu desejo... Sim, eu desejo que a minha mãe fique boa de novo, para poder brincar e sorrir e se divertir! E SER FELIZ! — Disse o garoto, começando com timidez, mas então reunindo forças em seu coração para gritar com tudo o que tinha, lembrando de uma época que sua família não era fragmentada pelos problemas que o destino havia trazido. Toda essa emoção despertava a alegria no rosto de Jirachi que, enfim, pode sorrir com uma criancinha mimada pelos pais. Então, com o agitar de seus papelotes, fez um brilho envolver o rapaz, depois Felicity, o chão e, por fim, todo o ambiente, quase cegando a garota com tanta luz.

— E-Eu... O que está acontecendo comigo...? — Perguntou o garoto, quando a luz do Jirachi começou a dissipar e... No lugar de Houi não havia um garoto, apenas um... Phantump? O que será que tinha acontecido?