Timidamente a pequena aceitava sua bolsa de volta e, mesmo receosa, pegou a Potion também. A primeira coisa que ela fez foi apoiar a mochila num dos ombros, para liberar a mão e poder aplicar o produto curativo em seu Pokémon, sem responder ao treinador de imediato.

Os efeitos vieram rápido e mesmo que Mankey não ficasse plenamente curado, pelo menos estava acordado, para a alegria dele próprio e da treinadora. Eles se abraçaram forte antes do macaquinho se sentar ao lado dela, também sobre Vesta. Mankey se punha a "falar" em sua própria linguagem, além de gesticular bastante com as mãos e a cauda. Era um Pokémon muitíssimo expressivo e tinha a atenção total da garota para si.

Depois que ele terminava de se comunicar, era a vez da menina responder. Também exclusivamente por gestos, alguns deles até bastante dramáticos, e outros apontando para Dragnell e Hephesto. No fim do diálogo sem falas, a menina voltava o rosto, agora aliviado e sorridente, na direção de Tony. Ela descia de Vesta, terminava de ajustar a mochila nas costas e Mankey subia em seu ombro.

Quando seus olhos cruzaram os do especialista, ela levava a mão direita, em concha, na vertical até a testa, enquanto a esquerda, também parcialmente fechada, tocava seu próprio peito na horizontal. O sorriso era de gratidão, mas ele não tardava a esmaecer quando, olhando ao redor, ela se dava conta de possivelmente estar perdida. Desta vez, fazia uma combinação de gestos, articulando a cabeça negativamente e erguendo os ombros. Claramente perguntava alguma coisa... Mas o que?!

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Provavelmente a tarefa de se comunicar com a menina fosse um pouco mais difícil que o padrão, mas nada impossível. Ela de imediato confirmava que entendia o que o rapaz falava, e emendava a afirmação de que aceitava ser levada. Mas, ao perceber que ele não compreenderia todos os seus sinais formais ela se adaptou, e os movimentos que fez com os braços e o olhar esboçavam novamente dúvida, como se perguntasse "para onde?".

Decerto aquela não era a primeira vez que ela cruzava com uma pessoa incapaz de compreender plenamente seus sinais. Na verdade, era incrivelmente mais comum essa realidade para a pequena, talvez por isso tivesse sido forçada a achar outras maneiras de comunicar o que precisava. Infelizmente isso não incluía pedidos de socorro em situações de perigo, o que fica provado pelo seu problema mais recente.

Sobre isto, inclusive, ela entrava numa reflexão profunda antes de responder à Tony. Seus gestos foram um pouco mais complexos e pouco claros, apesar de não estarem em linguagem de sinais. Ela confirmou ter tido problema com uma raposa e também estar atrás de algo, mas insistia em mostrar dois dedos da mão e dividi-los, numa tentativa complicada de explicar algo mais... Bem, possivelmente veio parar ali como qualquer outro treinador, no dia de hoje: atraído pela tentação de encontrar Pokémon exóticos! Agora o resto, ainda era difícil definir.

Em todo caso, tornou a montar em Vesta, que ainda permanecia deitada, e seu Mankey seguiu em seu ombro. Haveria espaço para os dois sim, afinal ela era apenas uma criança, aparentando pelo menos seus 11 anos, não muito mais que isso. Devia ter começado há pouco a vida de treinadora, pobrezinha.

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A garota aceitava o bloco de notas com uma nítida expressão de surpresa, que depois deu lugar à satisfação. Era como se ela estivesse aliviada por ele ter pensado em algo que ela, nas circunstâncias em que se encontrava, não tinha.

Vesta já refazia o caminho de volta enquanto a menina se curvava para o papel para escrever as prováveis respostas, com seu macaquinho a espreitar com curiosidade por cima do ombro. Aquilo não demorou muito, até porque escrever em movimento e enquanto precisava se equilibrar era um desafio, então que ele terminasse logo, né?! No papel que entrava à Tony, em letras delicadas, ainda que com traços infantis, dizia:

Eu sou Kaya. Estava a procura do homem que perdeu a carteira, Mankey seguiu o rastro até ali. Duas raposas me atacaram, aquela e uma outra. Não aguentei.

Assim que Tony pegasse o papel, ela também tiraria da mochila uma pochete preta, já aberta e com uma carteira saindo para fora. Certamente era a "carteira" da qual tinha falado e já averiguado o proprietário pelos documentos. Se Mankey tinha usado para tentar localizar o dono, provavelmente Vesta também o conseguiria. Agora a prioridade talvez fosse descobrir se mais valia a pena seguir as pistas ou deixar a garota num local seguro e longe de mais riscos.

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Vesta era eficiente e precisa com seu olfato, já se colocando num trajeto seguindo o que tinha captado no objeto. No começo ela precisou de tempo, claro, afinal os odores da pochete agora se mesclavam com os da garota e até mesmo Tony que havia entrado em contato com aquilo. Mas, nada que paciência não solucionasse.

Kaya fazia uma careta com a última das perguntas do treinador, sobre ela recém ter começado a jornada. Assim, disposta a esclarecer as coisas ela se pôs a escrever mais uma vez.

Não sou novata! Tem cinco meses que sou treinadora! Vim atrás dos pkmn perdidos.

Cinco meses, uau! Ela era muitíssimo experiente mesmo... Só que não. Podia até ter outros monstrinhos além de Mankey, mas ao que parece os riscos em que se metia eram um pouco além do que suportava ainda. Em todo caso, lá estavam eles, seguindo uma trilha de rastros que acabava por se tornar parecida com a anterior, a que Tony seguiu até encontrar a menina.

Áreas em que a vegetação marcava a passagem de algo grande, provavelmente humano, o que ficava mais nítido agora que as árvores se tornavam mais esparsas, fazendo com que a grama e os arbustos típicos da pradaria predominassem. Mas as semelhanças daquele caminho não paravam por aí, já que aqui também haviam partes em que a mata estava chamuscada, assim como lá na área próximo onde Tony encontrou Kaya... O que era estranho, já que Nickit não é o tipo de Pokémon com habilidades naturais de fogo, não é Sr. Especialista? Bem, pelo menos nenhum foco de incêndio era visível. Imagine ter outro grande problema!

Off: Já pode fazer seu segundo sorteio!
Que tenha uma grande sorte desta vez! =D

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Seguindo adiante no rastro encontrado, Vesta não demonstrava preocupação ou qualquer sinal de perigo, mas estava em alerta e isso era inegável. Por isso, foi se aproximando e reduzindo os passos, além de andar um pouco mais abaixada, como se quisesse observar mais antes de agir.

Sua atitude era mais que compreensível, porque aos poucos os treinadores poderiam escutar o que ela escutava à distância. Claramente havia mais de um Pokémon mais adiante, e eles eram bastante tagarelas, fora os sons de golpes sendo trocados e... Voilá! Uma chama subiu num ponto entre a grama alta, chamuscando-a um pouco. A brasa foi consumindo o mato, até que uma sutil rajada de areia veio para apagá-la, de uma origem ainda desconhecida.

Aquilo silenciou tudo temporariamente, uma vez que foi uma surpresa para todos. Depois, Vesta entrou em mais alerta ainda, já que sons de passos rápidos eram ouvidos na grama, vindo em sua direção. Foi nesse instante que algumas pessoas desse quebra-cabeça de mistério se encaixariam.

Na área em que a mata estava mais baixa pela passagem de um humano, os donos daqueles ruídos - e principalmente da chama - se mostraram: uma raposa felpuda e um polvo. A primeira, muito conhecida deste lado do mundo, e que foi imediatamente reconhecida por Kaya, que apontava para o bicho com os olhos brilhantes de empolgação, voltando-se para Tony algumas vezes fazendo sinal de "dois", o mesmo que fez lá atrás após o encontro com Nickit, a outra raposa. O segundo Pokémon já claramente parecia não pertencer àquele lugar, com sua aparência quase marinha e ar exótico.

Ambos se assustaram na presença dos humanos. Vulpix apenas ficou a observar Arcanine e Kaya, como se os reconhecesse também. Já o polvo, mais assustado, bradou, agitando seus punhos ameaçadoramente. Ele tentava afastá-los, ao mesmo tempo em que estimulava Vulpix a fugir com ele para brincarem longe de todos, mas ela parecia realmente hipnotizada com Vesta.

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