Desculpe-me, mas em que diachos de situação nós todas nos metemos? Todas as humanas são nativas da mesma região e estão pelo mesmo motivo que a gente? Estaria a causalidade pregando uma peça conosco? Certamente espero que não esteja rindo de nossa cara, todavia a situação não é tão lúgubre para todos os presentes, afinal se reunirmos forças podemos superar adversidades de se perder, não é? Apesar de estarmos em território desbravado, utilizando conhecimentos de sobrevivência é possível realizarmos uma travessia relativamente segura; Pokemon voadores, em especial, são os mais apreciados para sabermos o que pode estar mais a frente e detectarem perigo iminente! Com isso em mente, e tenho certeza que Lariel deve ter pensado semelhante, não deve fazer mal aceitar a proposta e nos unirmos, correto? Com introduções feitas, a garota chamada Yoshiro, que inclusive era mais baixa que a própria Lariel, aperta a mão da loirinha impudente, concluindo o gesto que muitos humanos fazem para se cumprimentarem; Talvez a duas possam ser boas amigas, espero eu, ao menos... Sei que contato humano é importantíssimo para sua espécie, portanto confesso que os dias apenas comigo e a Peony não devem fazer muito bem para a saúde mental de Nuvelle. Já a outra, denominada Kathryne, pareceu desperceber, ou ignorar, a mão estendida da minha jovem treinadora. Essa loira, sendo ela mais alta que as outras duas, parece ter mais experiência e poder comparado à coordenadora, então talvez seja esse o motivo de não ter notado, quem sabe... - Não se preocupa Yoshiro, tá tudo bem. Na verdade, eu nem sei o que aconteceu e eu estou inteira, é isso que conta, né? – Lari comenta e faz um sorriso grande e aberto, porém constrangido pela educação e cortesia da dona do gramíneo, colocando seu dedo indicador na boca enquanto analisa atentamente a garota, o anfíbio azulado e o sapo à la dinossauro. Será que tem algo na mente dessa minha “imperatriz”?
- Acho uma proposta excelente, assim cada uma se ajuda no que pode! – Minha mestra exclama, aceitando a sugestão da veterana de vários pokemon psíquicos, apesar de que talvez não tenhamos muito a oferecer em termos de recursos... Tomara que nossa inexperiência não desaponte (ainda mais) as duas elites que iremos acompanhar a partir de agora. Antes que possamos ir em frente, contudo, fomos abordadas pelo Rozen, o Ivysaur que timidamente se aproximava das pernas de sua treinadora para as da minha... O que será que ele queria? Pela sua cara e expressões, talvez pedir desculpas? Não exatamente, não de forma explícita, pelo menos, na verdade era uma oferta bem surpreendente da criaturinha florida: proteção da minha humana e de mim de qualquer perigo que possa a vir! Honestamente, fico meio lisonjeado, mas tirar o gosto ruim da minha boca depois do que aconteceu se tornou um trabalho complicado, não que eu o consiga culpar pelo ocorrido, claro... Uma coisa é certa: ele parece mal com aquilo, apesar de que o cochicho oculto que houve anteriormente entre ele e a Yoshiro pode ter haver com seu gesto inesperado, não sei o que pensar. Já minha loirinha travou ao toque carinhoso do pokemon, olhando para ele ainda com um sorriso no rosto. - O que foi, Rozen? Estou te incomodando? D. Digo... Não precisa ficar aflito com isso, somos boazinhas! Desculpa pela minha desatenção antes, não quis pisar em ti. – Novamente minha mestra lê erroneamente a situação, acho que ele disse exatamente o oposto do que ela pensou, todavia não se pode negar que nossa presença lhe dá desconforto de mente para o evoluído novinho, como por exemplo um momento tão constrangedor que apenas se quer que tudo suma; Ademais, sua pergunta inicial se iremos acompanhar-lhes deve comprovar a hipótese. De qualquer maneira, é importante esclarecer o que ele realmente quis dizer.
- Na verdade, ele está nos oferecendo guarda, Lari. – Explico a ela, cutucando uma vez sua bochecha, sem dar choque dessa vez. Virando sua cabeça para seu ombro onde eu estou, minha coordenadora para por dois segundos para pensar e então “desvenda” a charada, sorrindo para mim novamente.
- Você está pedindo desculpas? Que adorável! Não se preocupa, tá? – A mais nova diz, dando novo significado aos grunhidos do Ivysaur. Eh, mais perto que isso não vai, disso tenho certeza, então tá tudo bem... O importante é que agora eles estão de bem, não é? Já era hora de prosseguirmos a rota agora que tudo estava resolvido; Então, por sugestão da de cabelos negros, começamos a andar na direção na qual ela apontara, sem deixar as outras duas para trás, claro, afinal elas são bem mais capazes de serem as líderes e ficarem na frente do “bando”. No entanto, algo que notei é que Nuvelle não continuou dançando que nem antes... Estaria ela com medo de esbarrar em alguma coisa e realmente se machucar...? Ou talvez vergonha com que os pokemons a vessem? Percebi também que periodicamente a mocinha virava seus olhos, sem mexer sua cabeça, para o chão, talvez utilizando sua visão periférica para analisar algo e ainda ser discreta... Seria o objeto de estudo, que a tanto parece preocupar, o Rozen? Sua expressão estava neutra, seu chapéu ajudava a fazer uma boa sombra para qualquer (outros) olhos bisbilhoteiros, só que eu, que estou em seu ombro, consigo observar a estranheza incomum da eufórica... Acho que medo ainda reside em seu coração e ela de fato percebeu o que aconteceu... Não pude dar um choque no momento em que ela disse aquela mentira já que não percebi na hora, porém se esse realmente foi o caso, ela disse aquilo para evitar uma situação mais desconfortável ainda, aposto... O que fazer, o que fazer... Enquanto fazemos nossa travessia, espero que pelo menos as outras estejam de bem com a situação.