[Sphere’s Universe] – Granite Cave –

Não foi preciso muito mais tempo antes que seu pequeno dragãozinho desse conta do recado da cabeça-de-pedra-com-braços ambulante e, bem, tal fato não era exatamente surpreendente, levando em consideração a clara perda de vitalidade estampada na expressão corporal do espécime rochoso. A moça não perdeu o passo ao arremessar sua esfera para capturar a nocauteada e, bem, foi com um sorriso breve que observou quando a esfera bicolor desapareceu num breve chuvisco prateado, indicando seu teleporte para o depósito de pokémons n'outro canto da região.

Claro que, levando isso em consideração, é fácil compreender que a atenção da treinadora estava justamente naquele ponto da galeria - então, huh, não era surpreendente a surpresa (e o susto, de certa forma) ao volver-se na direção do quarteto e se dar conta dos flashes de câmera, das poses e da... ... ...Era impressão sua ou as benditas estavam fazendo uma live? Os ombros se retesaram, suaves e discretos, diante da ideia de que seu rosto fosse espalhado internet à fora - principalmente que agora não estava lá metida no melhor dos caminhos, se é que podia dizer assim -, e os dentes se pressionaram contra a parte interior das bochechas, inquietos.

— Eu... — Ela respirou fundo, deixando escapar um riso nervoso, constrangido. — Então, como eu dizia, eu tô procurando uma pessoa, vocês não viram, acontece. Acho que vou continuar tentando por outro caminho, agora que já resolvemos o lance dos Geodudes e tal. — Disse à elas, dando um aceno de dedos e já se preparando para voltar ao início da caverna. Talvez devesse tentar ir pelo caminho dos barulhos de Zubats que tinha ouvido mais cedo? — Desculpa aí atrapalhar, tá? Divirtam-se nessa... Festa aí, de vocês. — Despediu-se. Não sabia se elas tentariam a interromper mas, se não o fizessem, pretendia voltar por onde viera.

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Admitia que, ao ser abordada pela única das meninas que havia se mantido em silêncio até então, um temor imediato veio com a possibilidade de que houvesse algum tipo de insistência para que tirasse fotos ou sei lá - independente do quê, a ruiva não pretendia de maneira alguma se manter por ali, então ameaçou apressar um pouco o passo para retornar à ala anterior, na bifurcação dos túneis; Entretanto, contudo, porém e todavia, felizmente não o fez, pois logo descobriu que a intenção da dançarina era justamente lhe informar sobre o bendito caminho traçado por Steven que, fosse coincidência ou não, havia aparentemente seguido pelo túnel que pretendia ir, aonde os ruídos de morcegos ecoavam contra as paredes de granito.

De qualquer jeito, ainda teve de lidar com um inevitável embaraço quando, de maneira maliciosa, a garota deu-lhe uns "cutucões" à respeito de Steven, o que fez com que o rosto se colorisse em um tímido tom róseo e também causou a fuga das palavras de sua garganta; Pensou em negar, mas não tinha lá muita efetividade e/ou motivação para fazê-lo, afinal, se ouve e interpreta o que bem quer e quando quer, não?

Enfim, o lance é que felizmente não precisou se preocupar com isso por muito tempo, considerando que com um último elogio repentino à caverna e um grito alegre, a criatura rodopiou e se despediu de um jeito até meio exagerado, o que deixou a ruiva completamente perdida - e só compreendeu a situação (ou uma parte dela, pelo menos) quando uma voz conhecida ecoou da entrada/saída daquela parte da caverna, forçando o pescoço a se mover em sua direção e, bem, o sorriso estampou-se nos lábios com um ar abobado quando os orbes acinzentados se bateram contra os marinhos que, àquela altura, já conhecia tão bem.

— Ei, Lú! — Disse, apressando-se em tropeçar alguns passos para se aproximar do rapaz; Não precisou nem fazer menção de nada, aliás, e já sentiu o coração se aquecer quando os lábios chocaram-se contra os alheios, os instintos movendo-os na maciez hipnótica do contato viciante com o qual era frequentemente presenteada, desde a reunião com o gentil unoviano. Então, bem, é óbvio que ela não se afastou ao sentir os dígitos do companheiro escorregando por seus quadris, e os próprios dedos ousaram subir por seu pescoço, afagando com delicadeza e deslizando para a nuca em um arranhão discreto.

— ... ... ...Eu só me adiantei um pouquinho pra ver se não conseguia achar alguma pista dele. — Sussurrou, então, ao romper o contato dos lábios em milímetros, a respiração ainda cruzando com a do moreno, as pálpebras cerradas desde o início daquele gesto carinhoso. Naquele momento, presenteou-se com a ousadia de mordiscar-lhe o lábio inferior, suave, antes que enfim permitisse que os orbes acinzentados fossem libertos daquela camada de pele, vigiando-o de perto com ternura silenciosa. — ...As... Meninas disseram que viram ele ir por ali. — Disse, baixinho, indicando o túnel dos ruídos com um singelo menear de cabeça, roubando mais um tímido selinho do criador (desta vez, um pouco menos demorado) antes de, enfim, afastar-se em alguns centímetros, os dedos se entrosando aos seus com gentileza.

— Veio preparado, hein? — Sorriu com graça, espiando todos os aparatos que o rapaz trazia não só consigo, como também amarrados até mesmo aos seus pokémons. A moça retornou, então, os monstrinhos que havia utilizado na batalha contra as cabeças de pedra recém-derrotadas, puxando o companheiro pela mão na direção do outro corredor, aquele que havia evitado inicialmente por julgar que o campeão de Hoenn talvez não tivesse seguido por um caminho aparentemente infestado por morceguinhos. — Espero que ele não esteja muito longe... Esse lugar parece meio que um labirinto, né? — Comentou. Enfim, utilizando uma de suas esferas bicolores, a ruiva libertou em campo sua pequena lanterninha de abóbora, considerando que sua forte luz natural seria mais que perfeita para iluminar o caminho. — Vem, vamos, antes que a gente acabe é se perdendo aqui dentro. — Disse, deixando escapar um riso leve.

Será que teriam tantos Zubats assim por ali, ou toda aquela barulheira era uma simples ilusão sonora causada pelo impacto dos ruídos dos animais contra as úmidas paredes da caverna?
...Teriam de seguir para descobrir, huh?

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Sinceramente, foi com uma certa surpresa que a ruiva recebeu a falta de recepção de morceguinhos venenosos, levando em consideração os contínuos e constantes ecos que reverberavam nas escuras paredes das alas pelas quais percorriam, passo a passo, adentrando cada vez mais as entranhas daquele enorme complexo de cavernas. O fato fê-la ponderar sobre se realmente teriam tantos selvagens quanto os sons sugeriam, ou se a imaginação era responsável por aumentar sua quantidade baseando-se meramente nos ruídos trazidos para si pelo sistema sonoro produzido naturalmente pelos túneis do lugar.

— Olha, já faz tanto tempo desde que rolou algum problema mais sério ou assombroso que, sinceramente, esse aqui parece o lugar ideal pra rolar algo do tipo. — Comentou, aproveitando a limitada iluminação alaranjada provinda de Pumpkaboo para olhar ao redor; Sabe, tinha consciência que eram praticamente um grande alvo vibrante no meio do escuro para qualquer um mal intencionado mas, infelizmente, não era como se pudessem evitar. Não enxergavam no escuro, afinal! — Obrigada! — Agradeceu, um sorriso gentil se expondo em retribuição às luvas entregues pelo moreno, as quais ela prontamente calçou, ajeitando pacientemente os dedinhos no molde da vestimenta. Seguiram com certa tranquilidade à medida que o caminho de abria e, quando tudo parecia estar bem…

Chase saltou no lugar diante do altíssimo e repentino barulho metálico que se espalhou pela galeria, o coração ameaçando arritmia e os dedos instantaneamente se fechando contra o braço do companheiro - isso é, pelo menos até ouvir seu resmungo dolorido sobre uma pá, fato que a fez erguer uma das sobrancelhas, discreta, antes de baixar os orbes acinzentados para o piso, os ombros relaxando quando se deparou com a ferramenta displicentemente abandonada. Já estava começando a pensar que podia ser pior quando ouviu a voz masculina se erguer do escuro e, aí, o cenho se franziu, as pálpebras estreitando enquanto as pupilas vasculhavam o ambiente, ariscas.

Se já tinham pessoas ali, por que diabos o lugar estava tão escuro assim?

— ...Você tá bem? — Foi a primeira coisa que perguntou, enfim afrouxando o aperto dos dedos no braço do unoviano e afagando-o com o polegar, suave. Com a pergunta, porém, deixou escapar um riso nervoso, balançando a cabeça com sutileza e apontando na direção de sua flutuante lanterna de abóbora à frente. — Se quiserem, bem, a gente é quase uma placa neon ambulante. Não é como se desse pra gente se esconder, ou como se valesse à pena, pelo menos. Ainda não. — Foi sua conclusão sussurrada, um dar de ombros leve vindo como uma confirmação das próprias palavras. Então, paciente, voltou-se ao escuro:

— Alô? Quem é que tá aí? — Questionou, mantendo-se próxima ao criador e olhando constantemente em volta, buscando quaisquer indícios que denunciassem a posição da desconhecida companhia. — Nós estamos procurando por alguém! — Anunciou. — Um pesquisador que está estudando a Granite. Você está sozinho? — Quis saber.

...Restava torcer que não fosse encrenca, huh?

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