[Minori] Searching Job in a Forest City

Fortree Streets

Ren escutaria o que o senhor tinha a dizer, acalmando-se um pouco. De fato, as plantas são seres bastante sensíveis; manter algo extremamente gelado próximo das mesmas poderia não ser tão inteligente assim. O coordenador logo veria de ajudá-lo também com a tal tela, fazendo o possível para ser útil. Pediria ajuda para Laylah — apesar de a Pokédex dizer que a monstrinha não tinha uma força física excepcional; o item provavelmente nunca vira os laços da feérica em ação.

Enquanto ajudava — leia: pegava penas ao tempo que Sylveon fazia o trabalho —, ouvia também o que Minori tinha a dizer. Ela parecia ser bastante... espontânea, mas o coordenador até que gostava desse jeito livre dela. — Entendo... Nunca fui de viajar muito, antes de sair de casa. Fiacava sempre em Petalburg, minha cidade natal, trancafiado — comentou ele, em resposta.

Sentia um pouco de empatia pela jovem; mais una que sofria por conta das enchentes das regiões ancestrais. Tohjo podia ter voltado, nas sempre haveria consequências. — Estive em Kanto recentemente, ajudando em um tipo de zoológico, não sei. As coisas parecem bem melhores por lá, tenho certeza de que iria gostar.

Ele sorriu, tentando passar positividade para ela. — Mas vai dar tudo certo. Eu acredito nisso. Você parece ser do tipo que não desiste até conseguir o que quer — elogiou, depois de olhar continuamente para a mesma por alguns segundos. Minori então fez um comentário que o fez esboçar uma careta. — Forte? Ah, não precisa ser tão gentil. Eu e meus Pokémon focamos um pouco mais nos Contests, mas... Ah, deixe para lá.

Ren parou sua sentença no meio, como se fosse falar algo mas tivesse mudado de opinião. Quase como se fosse algo que ele não tinha certeza, e que iria falar na telha, algo que seu subconsciente dava como a resposta igualmente espontânea com a qual Minori perguntava. Existem coisas dentro de nós que nem mesmos nós sabemos que estão lá. Mas às vezes, apenas às vezes... Conseguimos ter flashes, vislumbres de seu interior.

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O rapaz sorriu com a oferta de Minori. Apesar de sua genialidade forte, ela era também bastante agradável. — Obrigado. Confesso também que, apesar de gostar bastante de passar algumas tardes na praia, prefiro muito mais o frio — comentou então, continuando o assunto sobre o clima. — Adoro sentir o friozinho no rosto, e usar as roupas bonitas e quentinhas!

Além disso, ela fora também bastante gentil com suas ofertas. Apesar de Ren ter chegado ali atrapalhando mais que qualquer outra coisa, a loira ainda oferecia ao especialista em feéricos uma oportunidade de investigar mais afundo o que estaria acontecendo com as aves. A curiosidade do garoto aceitou de cara, mas Minori disse também algo a mais.

Batalhas.

Era quase como se ela tivesse lido a mente de Ren, visto aquilo que ele tentara esconder. Veja bem: ele não era um entusiasta das batalha de monstrinhos. Em verdade, costumava repudiá-las na maior parte das situações. Contudo, desde sua baixíssima nota no Contest de Arboville; seguida da batalha no Ginásio de Dewford, o coordenador vinha entrando em conflito consigo mesmo.

Será que os embates eram assim tão ruins? Ele conhecera muita gente naquele mundo. A maior parte era boa, educada, doce. E essa maioria parecia considerar as batalhas como sendo algo normal. Mais de uma pessoa já havia dito agora Ren que, no campo, era como se você e o Pokémon se tornassem um só. Fortalecessem seu laço. Ele sentira isso verdadeiramente, pela primeira vez, ao conquistar sua primeira fita em Mu Island.

Mas conforme o tempo passou, os Contests... Perderam a magia que tinham...? Ele não sabia explicar exatamente. Mas ele se esforçava tanto, e parecia não ser recompensado o bastante. Por mais que a Fita Régia estivesse guardada em sua bolsa, ele não conseguia mirá-la sem sentir um gosto amargo na boca, sem lembrar-se das críticas dos jurados.

Críticas são feitas para que possamos melhorar no futuro, ou algo do tipo, não? Mas saber disso não deixava as coisas mais fáceis. Desde que desafiara Brawly, ele vinha amadurecendo um pensamento em sua cabeça: e se aquelas lutas não fossem assim tão cruéis como ele sempre pensara? E se não fossem lutas, de fato; mas sim algo a mais? Ele não sabia explicar direito, mas tinha uma noção de que nunca saberia se não tentasse.

— Uma batalha, é? — a palavra batalha ainda soava estranha em sua boca. Parecia... estranho. Ele não conseguia decifrar se gostava ou não daquele sabor. — É... Eu acho que pode ser — concluiu por fim, aceitando. Assim sendo, quando terminassem as coisas ali com o senhor Myagui, provavelmente veriam de ir até o Centro Pokémon, cuidar de seus pequeninos.

E ter uma... luta.

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Ren terminou as coisas com a tela que estavam construindo ali — não deu muito trabalho, e com a ajuda dos Pokémon, tudo ficou muito mais fácil — e fora surpreendido com um presentinho do Senhor Myagui. Ele tinha uma variedade de frutinhas relativamente vasta, e deixaria que eles pegassem algumas destas. O rapaz de mechas rosadas observou cada uma delas por algum tempo, antes de fazer sua escolha. Passou o dedo por sobre algumas, antes de finalmente parar sobre uma em específico.

— Posso pegar três exemplares desta aqui? — perguntou ele, apontando para a Chesto Berry, de coloração arroxeada. Ele não tinha nenhuma razão certa, apenas quis pegar aquela fruta. — Obrigado, e desculpe pela bagunça! — disse então, agradecendo pelo pequeno mimo, mas também recordando-se de pedir desculpas mais uma vez, por ter pousado naquele jardim tão descaradamente. Ele nunca havia pensado em Kyaan como sendo uma pomba, mas até que conseguia ver algumas semelhanças...

De qualquer forma, ele guardou as berries em sua mochila, e então olhou para Minori, um pouco constrangido. Tinha quase certeza de que seu rosto estava corado. Não pela jovem, longe disto — mas pelo fato de que não estava nem um pouco acostumado com aquela situação pré-batalha. Como será que ele deveria comportar-se? Decidiu tentar manter a calma, e prosseguir de uma maneira normal. Espera aí, o que é normal para ele? Ah, tanto faz! — B-bem... Vamos então?

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Será que ele havia deixado assim tão óbvio? É, parecia que tinha sim. Afinal, a primeira coisa que Minori fizera fora perguntar sobre aquilo que Ren evitava comentar desde o início; mas que também era o assunto ao qual eles tratavam e combinavam já há algum tempo. O aprendiz furou o chão abaixo de si, sem saber exatamente qual resposta dar a loira. Droga, tinha que ser complicado assim?!

Ele suspirou. — É... As batalhas não são muito o meu forte. Sempre achei elas um pouco cruéis, se é que posso dizer isso — comentou, evitando fazer contato visual. — Defendo desde sempre que elas não são boas ou saudáveis. Mas desde que... algumas coisas aconteceram, não sei mais dizer se estive certo ou não. — ele hesitou, sem saber até onde poderia abrir-se.

— Tantas pessoas batalham com seus bichinhos e são felizes... Poderia ser que eu estive errado por minha vida toda? — ele perguntou então, embira parecesse que estivesse falando mais consigo mesmo que com Minori. — Desculpe. Você queria uma luta, e não um papo de reflexões filosóficas do conflito interno de um garoto qualquer.

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O rapaz sorriu. Minori podia ter seu jeito... rústico de se comportar, por assim dizer; mas ela certamente trazia consigo as palavras necessárias para fazer o que precisava fazer. A treinadora parecia entender, em partes, o que Ren sentia; mas tinha um pensamento definido já muito adiante. De fato, a vida é feita de escolhas. E ninguém, ninguém pode fazê-las por nós mesmos. Até mesmo obedecer é uma escolha — há sempre a possibilidade de dizer não e sofrer as consequências, assim como o próprio coordenador fizera anteriormente.

Admirar, é...?

Ele de fato admirava muitas pessoas que encontrara ao decorrer de todo esse tempo. Todos os treinadores, livres e decididos, sem medo de ser quem realmente são. Todas as figuras importantes, seja em escala global ou pessoal. Por um instante, os pensamentos do especialista em feéricos pararam em sua mestra, Lisia. Uma Top Coordenadora, e ainda assim, uma Líder de Ginásio. Seria ela uma má pessoa por batalhar? O quão diferente uma era da outra, a dos palcos e a dos embates?

Talvez Minori estivesse certa, afinal. As perspectivas são todas muito amplas, e as possibilidades, tão grandes quanto as estrelas no céu. Além disso, mesmo que você não saiba se quer ir para a direita ou esquerda, você pode muito bem escolher ir para trás — ou até mesmo, permanecer onde está. Ren pensou também em Brawly, o outro líder que conhecera. Um treinador de lutadores. Sua vida, basicamente, circulava em desafios, administrar a academia e cuidar de Dewford. A luta estava em seu sangue. Ainda assim, era uma pessoa doce e muita calma, que emitia uma aura impressionante de tranquilidade.

Quando se deu por si, estava abraçado à Laylah, acariciando levemente o pelo da Sylveon. Desde os eventos no Dreamy Lake, o coordenador tornara-se muito apegado à monstrinha. Às vezes, sentia até mesmo que tinham um laço místico tão poderoso que superava até mesmo aquele que Ren tinha com Hokori, seu inicial (só não deixe o Mr. Mime saber disso). Ele sorriu mais uma vez. — É... Eu acho que você está certa. Você me odiaria se a gente fizesse algumas outras batalhas por aí, Lay? — perguntou à feérica, brincando um pouquinho.

Levantou-se então, aproximando-se de Minori. — Obrigado — foi a palavra que saiu de seus lábios, enquanto o jovem abraçava a loira. Eles podiam não se conhecer muito bem, mas o rapaz conseguia ver que a treinadora se importava o bastante, para dizer tudo aquilo. E bem, Ren era grato a ela por isso. Supondo que eles já tivessem saído do prédio, e caminhassem em direção ao Centro Pokémon, ele então apontaria para a arena exterior. — É ali? Que vamos batalhar, eu digo. Preciso apenas ver se está tudo bem com Laylah, lá dentro.