#Cinnabar - Pleiteando um estágio!

 
O local era, de fato, pitoresco. Todo cheio de apetrechos e cheio de tecnologia. Pedro se disfarçava bem no meio daquilo tudo e eu só pude sorrir para ele. Alguém sempre tá em uma merda maior, se é que se isso conforta alguém. Apenas ficava empolgado, ao ponto de ficar mais elétrico. Até jalequim eu ganhei! :3

Vesti de bom grado o jaleco ofertado, o que parecia perfeito para mim. Depois, caminhei pela ala. Ainda há um último andar? Nossa, é gigante! Não bastasse os vários andares amplos que tinha o local, ainda tinha o subsolo, enorme, envolvendo quarteirões e, de quebra, um outro andar subterrâneo. Era muito dinheiro envolvido ali. Possivelmente deve ter sobrevivido ao dilúvio e se isolou, ficando fácil restaurar em seguida. Um feito honrável!

Foi neste sentido que eu apenas observava aquela máquina que era direcionada para analisar os meus monstrinhos. - Ah, sim!- retirava as esferas dos bolsos. - Você me disse pra trazer uns monstrinhos mais fortes, então, eu trouxe boa parte da primeira geração de amigos que fiz em meu primeiro ano como... ranger!- acabava liberando uma das minhas carreiras ali, mas, o que mal faz, não é como se tivesse como me cobrar de férias. - Espero que eles atinjam o nível recomendado pelo senhor!

  Agora estava eu diante de aparelhos super modernos. Quem é mesmo que era ruim com tecnologias? Ah, sim, eu! Confesso que sou uma porta e uso só o que sei. Agradeci muito por precisar saber tão pouco para poder manipular a máquina. Abrir, fechar, travar, ligar, desligar. Comandos simples e intuitivos. Vamos ver o software que gerencia isso? Ok! Aqui é mais complicado, mas com o professor Roger do meu lado, parecia mais fácil escolher as funções e começar a leitura.

Aos poucos ia me adaptando ao painel com novas informações. Conforme dr Roger me mostrava como funcionava e pra quê que servia, eu ia meio que fazendo um mapa mental e escrevendo em meu rangerpad. Claro, o passa a passo resumido era importante, mas estava curioso com as leituras que a máquina me traria. O dr Roger estava bem esperançoso com meu time. Pokémons bem diversificados, com vários tipos de evoluções. Tudo bem que Ninetales já apareceu evoluído pra mim, mas tudo bem.

Com o tempo, ele ia traçando alguns dados que era mais perto da pesquisa dele. Não deixava de esbanjar um sorriso bobo de orgulho, como um pai sente ao ver suas crias cantando na escola. Mas os olhos dele pairavam mais sobre Togekiss. Não era apenas porque togekiss usava duas condições em sua linha evolutiva. Parecia haver algo que ele estivesse mais... Admirando? Parecia muito admiração, não sei.

Bem, este é o momento complicado que eu fico olhando para dr Roger, enquanto ele olha pra tela e depois eu olho pra tela. Acho que era melhor entender o gráfico que era mostrado. Seriam aquilo atributos de Togekiss? Faria sentido, é bem o que Togekiss era... Talvez todos os Pokémons tivessem um gráfico focado naquilo, só que com distribuição diferente, já que tem características diferentes.

Engoli em seco com tudo aquilo. Fiquei pensando no que eu poderia fazer para melhorar a análise. Bem, se precisava de uma análise prévia era porque iria ser usado algum procedimento para poder analisar de novo também, né? - Tudo bem, dr?- não pude deixar de perguntar, meio que em uma tentativa de rompe-lo do monitor.

 
Era fantástico a forma como dr. Roger agia para explicar e demonstrava como funcionava a análise de dados. Alguns dados eram bem intuitivos, pois estava de acordo com o que se esperava e o que tinha entendido via intuição como treinador e, também, filhos de criadores. Isso ajudava muito, no final. Ficava cada vez mais feliz pelos elogios de Togekiss. Eu sempre tive noção de que ele era um Pokémon bem poderoso, mas jogando em números, parecia muito mais poderoso do que eu poderia imaginar sozinho.

- Acho que ser filho de criadores me ajudou um pouco. hehehe

Brinquei um pouco com ele, enquanto continuamos com as análises. As explicações eram fantásticas e começava a inserir os pokémons em uma rede de complexidade que treinadores comuns não pensariam... Talvez criadores tivessem uma base científica como esta para poder se nortear, mas eram alguns poucos. No fim, eu sentia que aqueles conhecimentos tão objetivos poderiam se complementar com os meus conhecimentos subjetivos. Isso faria com que eu fosse um treinador melhor, um ranger melhor.

Mas aí vinha algo que era super subjetivo e que era o foco da pesquisa. Objetivar o vínculo treinador-pokémon seria um desafio enorme, mesmo diante de parâmetros tão peculiares. Aparentemente, para mega evoluir um Pokémon, esta relação deverá ser bem estabelecida. Eu piscava os olhos três vezes diante desta situação. Se ele conseguir quantificar este fator, nossa, seria uma contribuição enorme para as pesquisas com mega stone e mega evolução.

Nessa hora, eu nem anotava mais. Parecia que eu estava hipnotizado para contemplar cada detalhe que dali surgisse. Era muito interessante ver que algo que eu fazia sem orientação nenhuma tinha uma lógica científica por trás, trazendo a mim uma nova realidade, novos pontos de vistas. Acredito que este estagio me fará crescer mais do que imagino.

- Nossa, fantástico isso! Algumas coisas eu tenho estudado por conta própria e tem alguns assuntos que eu batia a cabeça e só agora entendi corretamente, graças ao senhor. - agradecia ao dr. Roger pela oportunidade de ouro que ele estava me dando. Foi aí que eu fui até o local e recolhia as minhas esferas, conforme o fim da análise por cima. Claro, resolvi salvar aqueles dados e mandar pra minha nuvem, para poder contemplar aquilo no particular e para interesses privados.

   Tinha que dizer que era fantástico aquele laboratório. Tinha tantos equipamentos e tantas ferramentas que eu mal poderia pensar no que usar. Talvez, porque, estava pensando justamente no contrário. Primeiro eu deveria pensar no projeto, depois nas ferramentas que eu iria usar. Enfim, era só empolgação por ter tantos podendo ser coletados com tamanha facilidade. Imagine gerir um laboratório sem aquilo? As pesquisas seriam demoradas e limitantes, o que não daria espaço para uma evolução tão rápida quanto conhecemos.

Agora, parecia que outro aparelho me era apresentado. Eu ficava mais quieto, piscava os olhos e antes mesmo de liberar Swampert, eu olhava para a esfera em minha mão. Agora parecia que iriamos tentar quantificar o estado de felicidade do Pokémon. Eu ainda estava repleto de dúvidas... O quão feliz um Pokémon é está diretamente relacionado à relação do seu treinador? Este elo era facilmente medido? Claro que não estava pensando em ser fácil, mas, possível... Pra mim, era uma área da ciência muito complicada e cheia de variáveis... Mas estou aqui para aprender! Vamos aprender com difícil mesmo, então...

Swampert aparecia ali. Gentilmente, ele balançava a cabeça para mim e para o doutor e eu fazia as apresentações. - Swampert, este é o dr Roger, professor e pesquisador deste laboratório. Queríamos contar com sua ajuda para que pudéssemos avançar em alguns experimentos, pode ser, amigão?- Swampert, que era uma massa pouco menor do que eu, mas bem volumosa e pesada, tinha um jeito afável de ser. Ele era sorridente e SUPER calmo, nem dava medo por conta de suas feições mais parecidas com a agressividade.

Precisei de ajuda do doutor, claro, para poder conectar todos os eletrodos que precisava. Ele ficava ali olhando para mim apenas com sua cara em semi-sorriso, olhos estáticos que nem piscavam. No fim, com tudo posicionado, eu prestava atenção no controle e tentava pensar no que eu poderia fazer para que pudesse ser aferido a relação minha com ele.

Enquanto o botão de análise era procurado e apertado, eu apenas lembrei de nossa última aventura. - Será que Jirachi estará na praia hoje?- foi a primeira coisa que veio na cabeça. Esperava que fosse não audível suficiente para dr Roger ouvir, mas para evocar o nosso momento mais recente. Memórias recente poderiam ajudar neste processo. - Ontem no fundo do mar foi incrível, não foi? – pior que eu meio que naquele questionamento acabei me esquecendo do real motivo daquela pesquisa e estava me lembrando como foi gratificante e sobrenatural, mesmo sendo perigoso, aquele momento. Swampert saia daquele estado inerte de semi felicidade para um sorriso que concordava comigo.

   


Invocar memórias recentes talvez tenha sido uma boa estratégia, já que aquilo mostrava que o vínculo era mais forte com os últimos eventos, mas sabia que iria se tornar bem mais forte com o tempo, onde não fosse mais necessário pequenos eventos para manter um laço tão forte. Talvez tenha sido isso que aconteceu com a tríade da justiça: Ambipom, Nydon e Togekiss.

Mesmo diante do meu Pokémon, Prof. Roger parecia ainda preso em suas análises. Ele chamava a minha atenção para que eu pudesse olhar na tela e tentar decifrar aquelas barrinhas que pareciam pra mim nada mais do que barrinhas. Pisquei os olhos algumas vezes enquanto estranhava o fato de que parecia precisar de uma “quantidade de relação treinador-pokémon” para mega evoluir.

- O senhor quer dizer que por não ser um Pokémon que eu tenho desde o inicio da minha jornada, ainda falta mais vínculo treinador-pokémon para poder evoluí-lo?- questionei ainda olhando para o homem. Era uma dedução lógica, racional e direta, não?