#011 How far I'll go

02h32min
"Noite escura e fria. 15ºC"

---

O céu era estrelado, com uma grande lua no alto. Lua, esta, que sumia na medida em que Kiki e Moana começavam a adentrar pelo caminho tortuoso que era aquela floresta. Caminho, assim, pois não existia uma trilha que seria típico em locais com muita movimentação. A floresta da rota 26 tinha grandes e antigas árvores, com raízes profundas e altura muito mais que as meninas poderiam contar. A copa cobria toda a região, ocultando parcialmente o céu negro daquela madrugada. Ah! Estava frio! Talvez mais do que antes. Talvez o vento tortuoso estivesse passando por entre os grandes troncos e esfriava mais o ambiente.

O som da grama sendo pisada acompanhado por algum Pokémon grilo (????) fora interrompido com a voz de Kiki. Pergunta pertinente, devo dizer, mas que talvez não fosse o que Moana esperava. Após isso, a preta pôde notar que sua anfitriã e principal responsável pela prova que iria lhe tornar a chefe da ilha (um dia) estava tensa. Aquele olhar parado no nada, respiração ofegante e pensamentos a mil. Moana parecia distante e pensativa, retornando à realidade com a voz de Kiki.

- Humm- foi o tempo que ela precisou para poder voltar ao estado de atenção - Bem, sempre é um problema achar a vovó. Ela tem uma conexão muito íntima com a natureza e com os espíritos da floresta...- Moana sempre teve um lado de ser bem racional, desde que Kiki a conheceu em Mountrock. Gostava de roupas que valorizavam seu corpo e de rede sociais. Mas ali na vila, ela se vestia como uma aldeã típica e agora revelava que por mais que parecesse cética, ela acreditava nesses paranauês sobrenaturais.

- Sempre visito a vovô com meu pai. Ela é uma conselheira da vila e sempre é difícil encontrar o caminho. Ela gosta de ... testar um pouco a nossa capacidade e ela sabe que eu estou indo, então, ela deve ampliar os testes, por isso temos que ser cautelosas... A noite está aí pra ajuda-la, não nos ajudar...

E era verdade! A escuridão da mata parecia um pouco constrangedora. A visão de Kiki se estendia até 3 metros, pois a luz do luar passava pelas copas das árvores e conseguiam dar uma visibilidade decente, mas a partir daí era só breu e penumbra. Noivern não se incomodava por isso. Em passos curtos, o Pokémon morcego caminhava com uma mochila nas costas extras, alimentos para aquela aventura.

Mas o problema é: como achar alguém na floresta cuja localização não pode ser revelada? Moana parava e pensava... -A vovó normalmente gosta de rios... mas há muitos rios que cortam esta floresta...

02h32min
"Noite escura e fria. 15ºC"

---

No meio da escuridão e imersa em incertezas, Kiki logo tinha a ideia de aumentar a visibilidade em campo. Noivern não se preocupava com o escuro. Com suas grandes orelhas, ele conseguia liberar ondas que o localizava no escuro. Localizava sem poder dizer o caminho certo, pois o Pokémon não sabia para onde ir, mas saberia alerta caso alguma coisa se aproximasse do grupo da floresta.

- Não sei .... Estamos no território dela, então, se ela quiser nos encontrar, ela vai nos encontrar. Acho que por isso, pode até ser bom, além do mais, tá frio né?- Moana começava a sua fala bem séria e ia puxando mais para um humor, enquanto ela mesma tentava se acalmar. - Sempre ouvir histórias da noite em que meu pai fora testado. Quando pequena, eu ficava vidrada e até sentia um medo, mas quando cresci, eu achava exagero dele... Acho que hoje eu vou ver o que era verdade ou mentira...

Ok, Moana não estava ajudando muito com este mistério. Além disso, as meninas teriam três horas para achar o local onde a avó estava “escondida” e neste meio tempo enfrentar os testes da floresta. Se eram testes que eram feitas pela avó ou entidade sobrenatural, ainda não estavam claros. Talvez seja a avó querendo que seja sobrenatural? De fato, era um momento importante para que Moana se provasse digna de ser uma chefe da ilha.

Como aspirante à chefa, a morena caminhava um pouco a frente, agachava-se tocando o solo. Em seguida, ela ia tateando de olhos fechados até apalpar uma terra mais úmida, próximo de uma grande árvore, cujas raízes já saiam para fora. - Bem, meu primeiro palpite seria ir por aqui... é onde as árvores são mais novas e precisam de mais água, então possivelmente as raízes conseguiram acessar algum rio... Isso porque a raiz esta mais pra fora da terra...- e fazia sentido, pois como bem Kiki sabia como criadora, as raízes vão atrás da nutrição e da água, então elas podem ter saído e crescido para fora da terra até achar o rio... Assim, Moana chamava a sua escudeira para enfrentar a noite...

02h45min
"Noite escura e fria. 15ºC"

---

O caminho era seguido. Dessa vez, Charmeleon acompanhava Moana, pois sua cauda serviria como uma forma de ampliar a visão no escuro, chegando a dar ao grupo uma visão de até 6 metros. Allomere também redobrava a sua atenção, prestando atenção nos sons que estavam mais ao longe. Charmeleon parecia tratar Kiki de forma bem obediente, mas nada de afeição. Era um Pokémon novo ali no time dela, então, não sabia como era o temperamento de sua nova mestra, pois o último era apegado de sua forma, mas, mais sério.

Enfim, o caminho se seguiu sem grandes dificuldades. Não sabiam o que esperavam, mas com o tempo, o barulho de piar de corujas e grilos eram sufocados pelo barulho da correnteza. Kiki e Moana sentiam o terreno se inclinar, seguindo para uma subida, enquanto Noivern era o que mais se sentia prejudicado. Embora fosse bípede, suas asas eram mais fortes do que suas pernas, mas ele lutava para carregar aquela pesada mochila que tinha em suas costas. Ele também notou o barulho do rio ante de todos, ficando feliz e expressando sua feição de que estavam indo pro local certo.

Diante do caminho, um grande rio se apresentava para as meninas, mas seria ele o rio em que a Avó de Moana ficava? A menina não pareceu aliviada e sabia que estava longe de acabar a sua prova. Ali perto o frio era maior. Parecia que as correntezas dali seguiam em direção a vila de Moana, trazendo mais frescor. Havia árvores nas margens que se aproveitavam dos nutrientes que aquela água trazia, então, seguia o fluxo de muitas árvores. Moana, ao se aproximar, mexia em sua cintura e retirava uma Pokébola. SIM! A menina tinha Pokémon.

A esfera era aberta ali na sua mão e um Ambipom surgia rodopiando com sua cauda dupla. - Eu vou escalar algumas árvores com Ambipom, para ver se consigo ampliar a visão. Não deve demorar. - dizia a menina, dessa vez, com uma postura mais de líder. Acenava a cabeça positivamente para o macaquinho e assim ele logo escalava a árvore mais próxima e esticava sua cauda para que Moana fosse junto. A habilidade de escalada dela era também digno de nota 10. Assim, Noivern, super cansado pela ladeira que enfrentou com a mochila, e Charmelon ficavam no solo, junto de Kiki, que poderia aproveitar as chamas do Pokémon ao lado para poder se aquecer...

02h45min
"Noite escura e fria. 15ºC"

---

Moana sumia no meio das árvores, sendo auxiliada por Ambipom. A morena já tinha uma boa habilidade de escalada, mas com Ambipom, ficava bem mais rápido e fácil. O pokémon era ágil e ia logo a frente, esticava sua cauda super versátil e puxava a menina para perto de si. Era como um segurança florestal! Já Kiki, permanecia no solo com seus Pokémons. Noivern entendia que era para poder ficar rastreando a menina, mesmo que o barulho das águas do rio fossem bem altas ali perto, podendo atrapalhar o Pokémon com as suas habilidades.

Charmeleon dava um pouco de conforto com seu calor, agora que estava parado perto de Kiki. Sua indiferença ou até insegurança deixava a situação um pouco desconfortante para ele, mas ele sabia que a menina era um pouco simpática, até demais. Foi só ver Allomere cair no chão para receber massagem dela, nas costas e nas pernas, que Charmeleon se surpreendeu e foi se aproximando com curiosidade, recebendo o afago que só Kiki dava aos seus Pokémons.

O que parecia um momento entre treinadora e Pokémons, passou a ficar mais complicado quando Kiki viu a mochila de Noivern se mexer. MEXER muito! Até Charmeleon achou aquilo estranho e imediatamente se pós em posição de batalha, enquanto Noivern apreciava ainda a tensão indo emborap elas mãos da preta.

Foi neste momento que a mochila se abria abruptamente, com Charmeleon com a boca cheia de chamas para poder atirar naquilo. Ainda bem que parou, pois Lilo saia de dentro com uma berry na boca toda lambuzada e bem ofegante. Apesar de passar um pouco de ar penas frestas da mochila, ela ainda tinha necessidade de mais e por isso não aguentou muito. Foi neste momento que ela via Kiki e sorria do jeito traquina dela. Ela cresceu um pouco, mas continuava malandrinha. ..

02h51min
"Noite escura e fria. 15ºC"

---

Kiki entrava em crise, quando na verdade queria sorrir. Para Lilo, parecia tudo uma brincadeira. Ela queria ajudar a sua prima/irmã, mas não conseguiria fazer isso por ser muito jovem e ser um teste que poderia ser perigoso. Primeiro, era uma floresta, noite e com perigos soltos. Mas ela queria passar um tempo com a coordenadora favorita (que depois de 3 anos, não estava tão na ativa assim...) Ela abraçava Kiki, tentando conquista-la com seu jeitinho meiga. Esta menina ficou mais esperta com o tempo e bem mais treiteira. Saia da mochila com velocidade, pisando no solo e não temendo a mata escura, até porque, a luz de Charmeleon dava certa segurança.

As perguntas de Kiki não seriam respondidas por Lilo. O Fire se aproximava, farejando a mão da menina, lambuzada de frutinha. Mas quem se exaltou mesmo foi Noivern. O Pokémon erguia as orelhas de modo cooperativo, enquanto mexia de um lado para o outro. Pareciam dois radares procurando detectar o movimento com precisão. Ele mesmo rodopiava os seus olhos pela floresta, fazendo um ângulo ao redor, mas ignorando o caminho que Moana e Ambipom pegaram nas árvores.

Aquela movimentação do dragão de Kiki fez com que Lilo se sentisse mais retraída e ficasse mais perto das pernas da morena, enquanto Charmeleon entendia o que Allomere queria dizer: eles estavam cercado? O fire se posicionou mais uma vez em posição de batalha, enquanto Allomere estava bufando um ar quente por suas narinas. Kiki, instintivamente, parecia percorrer os olhos na mata escura, mas os movimentos começaram. Agora ela conseguia ouvir e vinha das árvores.

O olhar da morena parecia cruzar com a pouca luz da lua, as chamas de Charmeleon, o barulho da água. Todo o ambiente verde parecia criar uma ilusão para a menina, que via sombras e vultos no meio a mata. Seria real? Poderia ser os espíritos? O quarteto se aproximava, cada um perto do outro, como se as grandes asas de Noivern fossem o escudo que eles queriam.

Um barulho diferente foi ouvido do nada. Tanto Kiki quanto Noivern escutaram ao mesmo tempo. No ar, um vulto girava em alta velocidade, indo na direção da morena, que só se pós em posição de alvo, até que a cauda grossa de Ambipom surgia, golpeando aquele bumerangue que fora lançado contra a face de Kiki, mas fora interceptado a tempo, fazendo o objeto de madeira cair no rio.

Moana descia da árvore sozinha. - Você tá bem? LILO!- o desespero veio, meu pai. Se era difícil para Moana e Kiki, ter o peso de Lilo era mais ainda. Os passos nas árvores aumentavam, enquanto todos viam homens de pele morena, tinta branca sobre o corpo, brilhando no meio da mata, enquanto só tinham uma canga simples que protegia a região íntima. Na face, tinta desenhava a forma de caveira e alguns tinham cocas e outros apenas uns ossos enrolados em um tufo de madeira. Ao lado deles, alguns Pokémons! De uma árvore, um Arbok se desenrolava e sibilava para eles, umMarowak saia do meio da floresta, enquanto um Xatu voava baixinho ali, sem ser pego pelos galhos mais grossos. Haviam mais Pokémons e pessoas estranhas saindo da floresta...