[Recrutamento de Aprendiz] Will Allstar

OFF Continuação desta rota aqui: https://pokemyrpg.forumeiros.com/t22000p15-gym-battle-vs-chuck-01?nid=23#372965

Se eu te falar que Chuck gostou da atitude de Thorin, eu vou estar mentindo. Não que ele tenha achado um absurdo, mas certamente não gostou. Arqueou uma das sobrancelhas e esperou a cena se suceder. O pescotapa lhe servira de "alívio cômico" e ele parou de se importar. Deu uma risadinha e chamou os dois para dentro do ginásio-formal mais uma vez. Fora uma caminhada um pouco desinibida até o Dojo.

Ela seria um pouco constrangedora, se Chuck não sentisse certa abertura de confiança em Will. Rira um pouco e fizera algumas piadas. Até perguntou se Chesnaught "não tem pokébola", já que nunca mais vira WIll o retornar para a esfera. Até para o Dojo levara seu pokémon! Em um momento, Chuck não resistiu a curiosidade e teve de perguntar:
- Onde vocês se conheceram?! - Era uma pergunta válida. Não era uma espécie comum, e se estava tão treinada assim, certamente tem algum tempo. Na verdade esse pensamento o fez adicionar uma nova pergunta - ... e como?!

No mais, foram até o Dojo e os prêmios foram dados. Chegando lá Will dissera o óbvio. Todos esperavam, inclusive Chuck. Talvez o mais surpreso da história fosse o próprio Will, que receberia seu convite com um "aceite" um pouco diferente:
- Claro, só me diga qual seu interesse e experiência em pokémons lutadores. Ser um lutador e ser um treinador são coisas distintas... só conheço um pokémon seu, preciso saber se sabe diferenciar.

Talvez fora a primeira vez que Chuck se mostrou "carrancudo"... apesar de ser só imagem, sem dúvidas ele impunha certo medo. Esticara a coluna, colocara as mãos na cintura, abrira as narinas e bufara mais uma vez.

OFF: Eu esqueci de supervisionar e não vi que tinha postado mim perdoaaa inclusive, hoje/amanhã eu vou ta meio ocupadinha com uns relatórios e devo dar uma sumida, mas depois eu compenso!

Talvez não ficasse tão claro para Chuck algumas coisas da trajetória de Will, mas sem dúvida alguma ele entendera seu apreço por ser um treinador. O garoto podia não ter dito, mas em seu olhar ele conseguia entender: Allstar era muito mais um treinador do que um lutador, e não há como negar. Ponderar esses dois lados é complicado e Chuck sabe disso melhor que ninguém. Para ser um lutador & um treinador teve que abrir mão de seu vida, suas viagens, suas famílias, seus amigos e até mesmo seus planos futuros. Não era um homem rico e nem de luxos, não estava inscrito em nenhuma politicagem e muito menos sociedade.

Era um homem bem solitário... apesar de amar sua esposa. Para ele, a força é inimiga da companhia... e ele achava ser forte um fardo! Um grandíssimo fardo que talvez não quisesse mais carregar. Hoje, com seus 55 anos, o homem olha para trás e se pergunta se "valeu a pena". Seus joelhos meio rígidos, seus músculos hipertrofiados, sua coluna levemente lesada. A falta de jeito, de rebolado... a postura meio guenza. Num dia meio nostálgico, Chuck só iria querer viver com sua esposa e chamá-la para dançar uma valsa... uma valsa que nunca teve tempo de aprender a dançar.

Talvez por isso ele visse em Will Allstar um futuro bem mais digno, mas antes de toda essa introspecção, ele queria ouvir da boca do rapaz:
- Porque decidiu largar o Dojo e ir em viagem como um treinador?! - Essa pergunta... talvez fosse a pior que Will pudesse receber.
Para ouví-la, Chuck fez questão de abrir outra cerveja, e oferecer para seu "convidado" também. Deixou-o contar a história, enquanto cumprimentava os lutadores "um-por-um" numa saudação típica da classe. Um inclinar de cabeças bem original. Quando chegou a vez de Charizard, o homem apenas abriu um sorriso bobo e deu um "joinha animado", comentando algo como "e aew fera, ta orgulhoso? ta deslocado? haha, se quiser dar uma explorada na caverna fica a vontade, viu?".

Depois disso, guardara as esferas do ginásio no compartimento destinado a isso e liberara seus próprios seis pokémons. Sim, o time pessoal de Chuck estava todo ali: Machamp, Poliwrath, Hitmontop, Hitmonchan, Hitmonlee e (o fora de contexto) Conkeldurr. Ambos chegaram no Dojo já prontos para cumprimentar os pokémons de Will, como se quisessem ter algum tipo de conversa sadia com eles.

Muita coisa. Muita coisa mesmo! Tanto de Chuck quanto de Will... suas falas lhe afetavam já fazia um tempo, mas agora Chuck ouvia aquilo com um misto de sensações. Primeiro de tudo, ele viu certa "graça" na atitude de Charizard. O homem-líder achou que o papo sobre "anatomia humanóide" que seu futuro aprendiz dizia iria ofendê-lo, mas ao invés de mostrar-se deslocado, Charizard tentou se adequar aos outros pokémons, e se adaptar ao comando do mestre. Esse foi o primeiro deslumbre de Chuck: a visualização da disciplina de um dragão.

Ele não sabia ainda, mas provavelmente ia saber: WIll Allstar flertava com uma segunda "tipagem" no mundo pokémon. O tipo Dragão.

Isso não seria um problema, mas talvez isso respondesse a pergunta que Chuck se fizera na cabeça (mas não externou): há como flexibilizar o ensino das artes marciais e universalizá-lo a esse ponto assim?! Chuck não batia o martelo nessa resposta, mas ele acreditava que não. Num certo ponto, acreditou que Charizard estava apenas "performando" uma posição-ofensiva... ou de luta, se assim preferir. Ainda assim isso não explicava o porquê daquele pokémon ser tão imponente, poderoso e grande.

Certamente Will treinara um dragão com ideologias de lutas. Isso era polêmico por vários motivos! O primeiro era que, para a maioria dos lutadores, anatomia importa. Regulamentos são feitos a partir de golpes, golpes são feitos a partir de anatomias. Não foi um ou dois lutadores "burros" que tentaram quebrar-no-braço um Tauros da vida e simplesmente falharam por completo. Um nocaute numa batalha é um nocaute numa batalha, um nocaute em uma luta é um nocaute em uma luta.

Chuck podia ser meio conservador, mas na cabeça dele as coisas deviam ficar assim.

Ao menos ele era velho o suficiente para se reconhecer como velho. Inclusive, a resposta de WIll Allstar (logo no início deste teu post) o recolocou nesse lugar. De início ele sentiu desgosto pela forma que WIll fazia parecer "óbvia" a resposta... parecia até que a pergunta que fez era idiota. Porém fora só ele falar mais um pouco que ele entendeu: não era um embate ideológico apenas, era um embate geracional:
- Desculpe, acho que estou ficando velho - Botou uma das mãos na cabeça e coçou a calvície-patológica - Eu esqueço que hoje temos acesso a um mundo inteiro, não só a um continente. Nesse sentido, acho que as enchentes de Tohjo até contribuíram para essa "globalização"... eu esqueço completamente que não há mais futuro promissor em se prender em uma terra.

Além disso, como eu disse antes, Chuck concordava com quase tudo que Will dizia. Na flor-da-idade ele se questionava o tempo todo se valera a pena o que fez. Bem, o homem poderia falar isso tudo, mas não devia. Não devia porque ele tinha o papel do mestre, e como todo o bom Mestre, se é polida a imagem do sensei. Ele não iria despejar em Will suas ideias e frustrações; ele apenas iria sorrir, confirmar e analisar. Deixou que o homem falasse mais um pouco, afinal de contas, era isso que ele queria: ele queria ouvir e conhecer a verdade do campeão.

Com o passar da escuta, preciso admitir que Chuck achou seu novo discípulo um pouco megalomaníaco. Primeiro que ele pretendia criar uma própria-luta sem batalhar por si só... segundo que ele realmente queria ser o melhor em algo. Crítico! Típico de lutador! Se não for para ser um campeão, não tem porque entrar no ringue, certo?!

Cer-tís-si-mo. Ponto para WIll! Chuck não lhe tirava dignidade alguma por querer ser grande. Certo tava ele! Na verdade Chuck até lembrou um pouco de Bruno quando o viu falar: sentiu que teria um aprendiz que lhe superaria em pouco tempo. Will tinha essa motivação, essa capacidade e esses recursos. Certamente iria longe. O problema é que Chuck não iria aceitá-lo só por ganhá-lo. O desafio seria outro: ele queria ver até que ponto o rapaz chegava nessa sua "técnica própria".

Veja bem, Chuck achava isso belo e digno, mas ele ainda não confiava muito nas práticas de WIll. Como "técnica própria" o rapaz queria dizer o que?! Will não mostrara nada de muito novo (salvo o Charizard-lutador), e se o projeto ainda estava para ser delimitado, era bom que alguém lhe trouxesse para o chão:
- Me conta desse estilo de luta Allstar?!

Will tinha razão... no fundo, Chuck não se envolveu muito com politicagem, mas ele sabia que grande parte dessas "garantias" vinham da luta dos próprios Gym Leaders, que representavam (e lutavam) bastante pelos direitos "sindicais" dos treinadores. Sabrina, Roxanne... mais um bocado. Richard e Mr. D. sempre se metiam nesse assunto também. Chuck?! Chuck não... diferente dos outros líderes, ele não se sentia um responsável político. Ainda bem, né?! Se ele já se cansa sendo um lutador & um líder, quem dirá ainda político?! Talvez o homem tivesse que arranjar um dia de 36h, ao invés das comuns 24 horas.

Ouviu aquilo com certo sorriso: "posso não ser responsável pelo conforto desse jovem diretamente, mas acredito que alguns desses decretos tenham minha assinatura". Talvez fosse a primeira vez que Chuck ficou feliz em assinar coisas sem ler... só ouvia os debates e pensava "ok, concordo" ou "ok, não concordo".

Bem, ele não tinha o que acrescentar nisso... nem em nada que Will falou até então. Era melhor ficar quieto, né?! Ele até entendia o que o Karateca queria dizer, mas na cabeça daquele homem, quem muito sabe, acaba não sabendo nada. Outra coisa que ele sempre reforçou em suas aulas é que não há como ensinar estilo... estilo se tem. Meu estilo, seu estilo, sua preferência, minha preferência. Também não há como ensinar talento e falta de jeito... empacotar um "estilo próprio" e tentar disseminá-lo parecia doideira... mas ele respeitava. Respeitava porque (talvez) aquele Charizard fosse árvore frutífera de um daqueles experimentos.

Das várias coisas que Chuck aprendeu com a vida, uma delas é que é melhor ficar quieto do que apenas descreditar algo baseado em opinião. Se Will perguntasse "porque você não acredita nisso", ele apenas poderia responder "porque eu acho que é assim", ou pior "porque eu sinto que é assim". Isso é argumento?! É, mas certamente não será nem um pouco digno de resposta. Não como um professor.

Outro motivo para não dizer-lhe nada é que Chuck se apaixonava pela narrativa de Will. Talvez por descreditá-lo em sua cabeça, o professor queria o ver crescer. Num certo ponto ele já havia lhe aceitado como discípulo: Chuck queria ver Will tentar. Veja bem, eu digo "tentar", porque Chuck não fazia questão de ver Will conseguindo... nem falhando. Ele queria ver WIll tentar.

A paixão do homem não fora pelo que ele descreveu, mas sim pela sua entonação. Seu desejo e ambição. Chuck foi assim um dia?! Ele não tem certeza disso... talvez com suas limitações ele fora. Limitação de criatividade mesmo! Na época que Chuck era jovem, ele não podia sonhar com um império global como Will podia.

No mais, o homem finalmente foi interpelado a dar-se algo para a conversa. Sentiu falta disso: normalmente seus discípulos (e futuros) perguntam mais do que falam:
- Nós que somos vinculados a liga pokémon temos a permissão de andar com 18 pokémons. Seis do Ginásio, seis do Master Challenge e seis próprios... talvez por isso não nos deixam ter acesso ao Storage com frequência... acaba que os pokémons que a gente captura no início da vida ficam com a gente... quase todos. Eu tenho uma história com cada um deles e cinco eu peguei quando jovem. O mais novo na equipe é o Conkeldurr... estamos junto a alguns anos - Ele dera uma pausa para contar com os dedos o tempo, mas se perdeu por completo. Ele não era muito bom de matemática... nem de memória - Quem se filia a um tipo só muito jovem, acaba passando por esses problemas. Eu só tinha lutadores da região quando novo... quando virei líder, tive que ter apenas lutadores da região. Acaba que tenho 3x um time muito parecido, né?! - Terminara com um risinho.

O homem podia até continuar no assunto, mas já passara tempo demais desde que convidou Arkan para lutar. Passaram horas na cachoeira, e agora não passariam horas tagarelando. Foi até o "bar" que fica ao fundo da sala, pegou um Wiskhy caro, botou no copo e bebeu-o de vez. Aqui eu começo a me questionar de Chuck tem adquirido problemas com bebidas... será?! Bem, depois de virá-lo de vez, ele enxotou seus próprios pokémons do tatame, posicionou-se no centro dele e falou:
- Já me contou, agora me mostra seu estilo de luta... - Dera uma pausa dramática. Só Deus sabe porque! Talvez esquecera o nome do garoto?! Er... acho que não - ... Wil Allstar.

OFF: Menino, meu conhecimento sobre lutas se limita a minha experiência de Kickboxing ME DESCULPA SE EU NARRAR ALGUMA MERDA, TA? Passa pano ai pra mim, obrigada. MAS OS NOMES EU SEI PESQUISAR!!!!

Talvez Chuck tenha falado demais... dera um certo "spoiler" do que estava por vir?! Bem, não era nenhum segredo. Esse que é o ruim de ficar bebendo por ai, você acaba perdendo o controle. Acabou dando de ombros e terminando de explicar:
- Sim, eu tenho que manter 18 pokémons em forma... - Falara, mais num tom de suplício do que de prece - Mas o Master Challenge é um desafio novo que nós estamos organizando. Acho que os ginásio pararam no tempo. Estamos tentando resolver isso e abrir um "modo sem limitações" para nós mesmos, os líderes de ginásios. Itens, trocas... essas coisas. A ideia é fazer um segundo desafio, só que mais "justo" - ele mesmo botara essas aspas no termo -  Te quem treine, treine e treine lá fora e não se sente mais desafiado pelos ginásios comuns. Um bocado, na verdade, e a gente fica sem ter o que fazer, né? Não é como se eu pudesse ter espécies variáveis e cartas na manga para ofertar um bom desafio para você ou outro Ace Trainer avançado. Eu nem poderia.

Talvez isso fora um desabafo... talvez não. Chuck não tinha certeza de quem fora a ideia de abrir um "master challenge", mas certamente ele apreciava. No mais, viu os pokémons saindo de cima do tatame (o que eles estavam fazendo ali, afinal?) e viu também Will já mostrando-se digno. Parando para pensar, quem não era digno de uma luta certamente era Chuck: fazia tempo que ele não se importava tanto com sua forma. Era forte, bastante musculoso, mas além disso, era gordíssimo. Comia mais doces do que deveria, havia pego o péssimo hábito de beber e agora era um velho-ranzinza. Talvez um tiozão... ainda era um molengão quando via afeto, mas neste exato momento ele trazia a tona uma postura pouco aprofundada.

A do professor cansado.

Talvez "professor cansado" seja até redundante, né?! Servirá para dar ênfase.

O que ele queria mesmo era uma boa luta, um bom confronto e um bom descanso no fim do dia. Quem apitaria a luta era Machamp, que sinalizara com um dos braços o início e deixaram começar. O tempo total?! Dois minutos. Eu sei que não é o tempo padrão, mas com álcool, sem roupas ou proteção, Machamp achou melhor evitar confrontos muito longos... para o bem de seu próprio mestre.

No mais, Chuck viu Arkan numa pose clássica. Ele sabia que aquilo significaria alguns contra-ataques e evitou repetir a técnica. Por ele? Abria as pernas num Shiko Dachi bastante feio... mas sabia que não era a melhor escolha. Primeiro que estava ficando levemente bêbado, então contar com equilíbrio não era a melhor das hipóteses. Segundo que Will já estava com o pé de apoio pronto para rotar em diversos giros... ele não conseguiria defender golpes laterais com tanta facilidade se mantive o Shiko.

Então abriu mão de sua base favorita e pendeu para um Zenkutsu clássico. Levantou sua guarda. Uma mão na altura do abdômen e outra na do queixo. As duas levemente afastadas do corpo. Eu particulamente nunca entendi a guarda o karatê, apesar de acreditar que haja algum sentido... provavelmente pelo sistema de pontuação, mas acho que essa discussão não faz muito sentido aqui.

CONTINUEMOS!

O nosso homem-sensei estava com certa distância... até demais. Passara a base um pouco para frente, provavelmente dando um pequeno "susto" em WIll Allstar. O nosso futuro-aprendiz talvez pensasse que ele ia atacar de imediato com algum chute na parte frontal, mas ele não o fez. A proximidade era só e exclusivamente para mostrar-se suscetível a um golpe. Pelo pouco que sei, Karatê me parece uma luta de muitos contra ataques (e qual não é, dã?!), então ele parecia estar tentando isso. Num certo ponto, até recuou um pouco o pé de apoio e tentou um giro para um chute giratório de fora para dentro, mas ao ver que a base do seu adversário estava bem angulada para desviar, desistiu, aproveitando o recuo para "dar para trás". Se ficasse naquela distância com a base recuada, certamente tomaria um golpe.

A dança sem graça ficou assim por um bom tempo... o que era esperado. Nenhuma luta muito concorrida começa com tanta ação... salvo aquela batalha do José Aldo tristíssima que perdeu o cinturão em uns 15 segundos.