[Gym Battle] Vs Wattson #26

Puta merda. A única tristeza é ser controlado por essa íngua que pensou o roleplay todo bonitinho, mas na hora de passar pro papel, consegue cagar tudo. Ele esqueceu que o Wattson tinha escolhido coroa, e como agora todas as interações foram feitas, não dá pra voltar atrás, não é? Parabéns, seu jumento; e isso que eu pensava que não existiam mais tantos burros no mundo assim.

Ah, perdão o desabafo. Tive de quebrar a quarta parede pra esculhambar o meu criador. Agora, voltemos para o que realmente interessa, huh?

Com o metálico enfim nocauteado, percebi que o tapete, pouco a pouco, estendia em minha frente prestes a colocar as mãos na insígnia do dínamo. É cedo para falar se já estava ganho, apesar das condições adversas em que retornei Shiranui e toda essa defesa retirada de Nalu; ademais, tinha ainda uma terceira escolha que seria venturosa: ou Vijam ou Balerdroch. Confiar em Gastrodon finalmente com todas as suas reservas energéticas recarregadas parecia ser mais propícia, restando só a última escolha de Wattson.

E ele a fez: Electrode.

Era como estava dizendo: de absurdo, apenas a sua velocidade. Quanto aos demais atributos, bem distribuídos e dono de defesas bem problemáticas; não tinha como forte a ofensividade, entretanto, os golpes de Magneton ainda ressoam no corpo do gastrópode e podem atingi-lo veementemente, quiçá forçando a utilizar o seu movimento de cura. Os golpes do elétrico enervante me eram incógnitos; necessitaria de um tempinho para analisá-lo e posicionar minhas peças no tabuleiro conforme preconizara.

E Nalu, apesar de suas debilidades, tinha as condições perfeitas para tal: vitalidade, boas defesas e alguns movimentos interessantes para aquela finalidade. Bom, vejamos o que é que esse Electrode tem.

— Yawn e Toxic — ordenei, volvendo a uma postura mais centrada e sisuda que outrora. As pálpebras semicerradas e os orbes bailando pelo campo de batalha, tenazes, buscando qualquer vantagem sobre o elétrico que pudesse utilizar naquela luta.

As coisas podem começar a ficar um pouco mais chatas a partir daqui. O acesso ao movimento noturno era combinado com sua velocidade exímia e deixava Gastrodon nulo naquele turno; entretanto, nem todo o avanço ou tentativa poder ser considerado um fracasso. Ao menos nesse momento, saberia que a única estratégia que teria ao enfrentar Electrode seria a ofensiva desmedida: dentre os que trouxe para o desafio no ginásio, não havia um único que o superava em agilidade — tinha Ninjask em meu storage, mas trazê-lo a um combate em que estaria em desvantagem demasiada era suicídio.

Diante dos próximos comandos de Wattson, a única coisa que o mesmo queria evitar a todo custo era a cura ou mesmo alguma condição maliciosa que o gastrópode poderia impor ao mesmo. Nalu não tem potencial nulo para atacar, e ainda assim, tinha movimentos problemáticos para Wattson. Não tinha a informação se o mesmo utilizava o Magnet Rise para ofensivas futuras.

Ademais, o elétrico poderia ter suas resistências acentuadas após árduos treinos, diminuindo o dano dos ataques de Gastrodon — em um cenário hipotético. De todo o modo, Nalu ainda conseguiria respirar nessa rodada e vai ser nessa em que tirarei as minhas dúvidas; se o líder clama para que eu o ataque, então o farei sem pestanejar.

— Avance com Earth Power. Em sequência — pedi à lesma, fixando as minhas vistas sobre o enervante Electrode.

Estava prestes a acabar, enfim. É desonestidade se disser que pensei que tudo sairia de meu controle em certos momentos, quiçá até mesmo falhei em prever alguns movimentos de Wattson; entretanto, a improvisação é necessária para volver a ter o combate em mãos. Reposicionar as peças para impedir um avanço ou mesmo que o adversário te cerque, manter-se calmo e replanejar um novo ataque. Acredito que esse desafio em Mauville me ensinou mais sobre isso, apesar da aparente vitória tranquila.

Os dois ataques de Nalu eram o suficiente para mitigar as energias do pokémon elétrico, já arfando e buscando energias em suas inspirações aceleradas; nem mesmo sua velocidade intrínseca era o suficiente para evitar os ataques do gastrópode, ainda resoluto em sua postura no campo de batalha. Não tardaria para acabar ali o desafio, mesmo com as manobras inteligentes de Wattson.

Restava apenas o gran finale; e o daria após um árduo e ímprobo combate.

— Acabe logo com isso: Earth Power — inferi à lesma rósea os derradeiros comandos que, quiçá, findariam o desafio em Mauville.

Era apenas a confirmação: com um derradeiro golpe especial terrestre, o elétrico estatelava contra o chão de metal reluzente, com todas as suas energias exauridas. Não pude esconder um sorriso com pinceladas de presunção: era o cenário que imaginei desde quando adentrei o ginásio em Mauville. Em um emaranhado entre sorte e preparo, a vitória era consumada e o líder, enfim, derrotado, entregando o acesso aos prêmios e a insígnia.

— Bom trabalho — murmurei ao gastrópode, que volteava em minha direção, arfando, cerrando as pálpebras e em sorriso inocente, despedia-se. O brilho carmim contornava seu corpo, fazendo-o tremeluzir em vermelho-sangue, esvaindo-se em energia para volver à esfera bicolor. Guardei sua cápsula junto de onde estavam as demais.

O líder recolhia seu Electrode para a cápsula tal eu fizera anteriormente. Em palpável júbilo acompanhado de algumas gargalhadas, Wattson discorria acerca do combate pautado em incertezas e jogadas ousadas, nomeando-me como um merecedor da terceira insígnia.

— Sim, essa já é minha terceira — respondi o líder, que inferia os demais líderes não serem tão bonançosos como ele o era. Ergui uma sobrancelha em desconfiança tingida também em arrogância; ora, sei bem onde costumo me meter e tenho noção de meu potencial. Entretanto, não poderia ser antipático com o velho, huh? — Ah, valeu — disse, sorrindo para o mesmo sucintamente, logo tornando à feição sisuda intrínseca.

Wattson julgou-se estar atrasado ou quiçá apenas indicou pressa para retornar aos seus trabalhos. Não iria atrapalhá-lo, e com um singelo cumprimento erguendo a mão destra, deixando a palma visível ao líder, despedi-me do mesmo. Arqueei o tronco e girei em meu próprio eixo, volvendo na direção da entrada. Em um movimento lento, porém brusco, estralei o pescoço, deixando um sorriso altivo tomar conta dos finos lábios.

Apenas passei na recepção, comunicando que venci o líder de ginásio e retiraria todos os prêmios que me eram aguardados.

Tenho algumas coisas a fazer a seguir; entretanto, acho que ainda há um tempo para mais um desafio, huh? Que tal... Lavaridge?