Clube da Luta

– Ótimo. – a Rocket resumia antes de dar uns passos, saindo de perto daquela porta quebrada e lançando um Torracat de uma Pokébola, pra iluminar o caminho com a esfera de fogo que ele tinha no pescoço.

– Tente não chamar atenção... – olhava Nicholas dos pés à cabeça, como se julgasse se o disfarce do rapaz era o suficiente pra se infiltrar no lugar – Pelo menos até a gente te colocar no ponto pra agir. – deu um único aceno com a cabeça para o ruivo e então foi atrás da companheira.

É claro que pra uma atividade ilegal acontecer algumas coisas não poderiam ser tão óbvias, então certamente o Clube não era naquela residência imensa onde os Rocket aguardavam o terceiro parceiro. Por isso, seguiram até o final daquele alto muro e só antes do fim é que a mulher fez um contorno abrupto, como se tivesse simplesmente penetrado na parede de uma plataforma 9 3/4. O cabeludo fez o mesmo logo atrás dela.

A engenhosidade pra ocultar a entrada era tanta que uma parede falsa tinha sido colocada ali com uso de um holograma. Ela escondia um corredor estreito e reto, com teto, que seguia até um lance de escadas que desciam para uma área aberta, aos fundos, penetrando ainda mais nas ruínas. Dali o som da música já podia ser ouvido com maior clareza, assim como o de várias vozes. Se Nicholas tinha algo a questionar os dois colegas, seria uma boa hora, antes de finalmente entrarem no meio do agito.

Ran – Noite | 25°C – Ruínas de Mountrock

O fim do corredor e da escada de pedra conduziam até uma área bem mais aberta, onde não havia paredes de ruínas nem construções do tipo; no máximo algumas marcações no chão onde elas um dia existiram. Decerto o fato de não ter mais nenhum resquício por ali tinha ajudado com o fato da área não ser ponto turístico, antes de ser uma arena ilegal.

Por falar nela, a arena em si era bem visível no centro daquele espaço, delimitada por grades de metal grosso e resistente, ocupando uma área um pouco menor que o famoso "padrão da Liga Pokémon". Só ali as coisas eram iluminadas por holofotes que ficavam nas margens. O restante do perímetro de circulação tinha como fontes de iluminação lâmpadas de iluminação mais fraca e esparsa, sempre voltadas ao chão, tudo pra evitar que muita luz fosse refletida pela parte da montanha que se debruçava sobre a área, formando uma cobertura natural.

– Não. Aqui funciona com esquema de recomendação. Pra todos os fins você é nosso convidado. – ele erguia um braço para o nada e aguardava, até que ali pousasse um Murkrow, que caminhava de lado até se aninhar em seu ombro.

A ruiva se adiantava para encontrar uma dupla de brutamontes que ficava logo ali próximo da escada, tinham o perfil clássico de seguranças altos, musculosos e de olhar intimidador. Depois de umas palavrinhas eles acenavam e ela continuava a caminhar para o meio da multidão, seguida do parceiro, dando uma piscadinha para os grandalhões que agora encaravam Nicholas quase como se fossem pular em seu pescoço a qualquer olhar suspeito.

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Desde o encontro com a dupla de seguranças da entrada, os Rocket seguiram pela aglomeração rumo à arena. Já era possível ver alguns dos muitos Pokémon que também competiam ali: Arcanine, Machamp, Rhydon, Gyarados. Muitos brutamontes que colecionavam cicatrizes e um olhar mal encarado. Mas também tinham coisinhas mais "tímidas", como Simisage e até uma grande Starmie.

A arena vibrava com a batalha intensa entre um Gengar e um Nidorino. Muitas palavras de ordem incitavam violência e o próprio "apresentador" a incentivava do seu palanque, lá do lado oposto, alguns metros abaixo do topo que onde ficava o líder do clube clandestino, um homem alto e ruivo, com um olhar pesado e o peito nu, exceto por uma jaqueta feita com pele de Zorua. [imagem ilustrativa]

– Ache o "dealer" e aposte no Gengar por nós. – a ruiva voltava até os rapazes e sussurrava isso pra Nico, entregando uma nota de dinheiro estranha: era azul escura e tinha um Solrock no centro, que brilhava num tom destoante de laranja.

– Cantaremos com o sol da meia noite! – o outro Rocket dizia num tom melódico, dando uma piscadinha cúmplice para o agente.

Assim, os dois enfim se afastavam, cada um pra um lado se misturando com a multidão. Era hora de Nicholas agir como achasse mais prudente.

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Uma busca breve já ajudaria Nicholas a reconhecer alguns padrões por ali, todos alimentados pelos estereótipos. Como era o caso dos seguranças, homens corpulentos, musculosos, de olhar severo e frio que varria cada um dos grupos de pessoas do lugar, sem se deter muito tempo observando algo ou alguém em particular, e que quase não olhavam pra batalha na arena. Eles não tinham um uniforme pra serem identificados de forma mais óbvia, porém envolvendo o bíceps direito cada um trazia uma faixa preta ornada com uma pena vermelha e cinza de um Talonflame.

Só dali daquele lado da grade os seguranças eram pelo menos quatro, estando um em cada canto, e um par no centro onde ficava a entrada e saída de competidores na arena. Se haviam outros funcionários com outros perfis só uma busca mais atenta e focada poderia dizer. Como esse não era o caso, vamos nos voltar à busca pelo negociador.

Num tablado montado sobre um resquício baixo de parede o dealer ficava mais alto que todos os outros da multidão, e cercado por ela. Estava à direita da entrada da arena onde podia ter visão privilegiada e até antecipar o próximo competidor a entrar lá. Era um garoto novo, franzino e loiro, com uma jaqueta de couro e jeans, além de uma bolsa larga e pesada pendurada no pescoço, abarrotada de dinheiro. [imagem ilustrativa]

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Agindo no automático o loirinho agitou a cabeça positivamente pra Nico, enquanto pegava a cédula nas mãos. Como toda pessoa que lida com muito dinheiro ele já ia abrindo a nota quando seu olhar demonstrou a estranheza inicial e ele se manifestou antecipadamente.

– Meu chapa essa nota é fal... – e engoliu o restante da frase ao terminar de abrir o dinheiro e ver o Pokémon estampado em fundo escuro.

Um riso irônico e um olhar de desconfiança congelaram no rosto do garoto por uns segundos, antes dele finalmente voltar os olhos até o Rocket. Com uma mão enfiou a cédula no bolso da calça, e não na bolsa das apostas; a outra mão formou um "joinha" pro ruivo.

– Gengar então! Fique de olho. São cinco pra meia noite; o sol vai cantar. Escolha um bom lugar pra ver e boa sorte! – mais uma vez aquela história de um sol, meia noite e canto... Esses Rockets andaram empenhados nos códigos.

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