[EVENTO] Where Is My Mind_Trainspoting

OFF: Shi, a gente vai separar as batalhas porquê Sleepy não consegue matar um bicho Bug/Dark, ta?!

Sabe, a vida pokémon me deu certa experiência. Se eu deixasse meus pokémons sozinhos do outro lado do freezer, um pequeno desabamento me separaria deles. Eu tenho experiência suficiente para saber que o acaso gosta de nos separar, sendo assim eu fui junto! Engoli a seco e botei o pé tremido na escadaria. Hati e Ursaring iam na frente, mas eu estava a três ou mais degraus de distância quando o escuro virou meia-luz.

Perna bamba; mal conseguia parar em pé. Segurei firme no corrimão enquanto firmava um pé no chão. Um depois o outro! Minha lerdeza abriu seis degraus de distância, mas eu continuava descendo... até eu não precisar mais. Meu olhar para o chão subiu um pouco quando percebi que as pernas de Loki & Hati não se mexiam. Quando minhas vistas foram para seus rostos, uma certa confusão me tomou.

Hati não queria descer, o que eu já podia imaginar porque; água não é lá o forte da garota. Apesar dela ser uma canina e não um gatuno, a pokémon não é muito fã de coisas... molhadas... por natureza. Não pedi que ela fosse mais a fundo; não me atrevi a isso. O que me ofendeu mesmo foi a atitude de Loki, que olhou o inimigo e se recusou a batalhar. Seu braço cruzado e deboche me encheram o peito, me fazendo dar um belíssimo esporro no pokémon:
- VAI ME ABANDONAR AQUI NO ESCURO, É? QUANDO ERA VOCÊ NO ESCURO COM OS MONSTROS, EU ESCALEI BURACO PRA TE BUSCAR.

Eu faço isso? Não. Eu não jogo nada na cara dos meus pokémons. Ainda assim, medo é um sentimento que me vira ao avesso. Era estúpido ver Loki caçoar assim da situação; situação que me fizera o tempo todo certificar que estou 'pisando certo'. Sabe o que é ter medo a ponto de seu pé tremer e você não ter certeza se conseguirá andar sem torcer o tornozelo?!

Pois é... Loki deveria saber. O olho do urso se arregalou: ele nunca me viu reagir assim. Ainda abismado, virou de volta para o porão a contragosto. Eu? Bem, eu terminei de descer os degraus. Eu sabia que o silêncio de Loki não era pura 'subordinação', tinha um bocado de mágoa dentro dele. Usar seu resgate contra si era, de fato, covardia minha.

Mas tarde demais para eu reconhecer.

Fingi que não sabia de sua mágoa e me esgueirei entre seu pelo fofinho para ver o que tinha ali. Veja bem, eu sou ridícula. Eu tinha dois corpos-escudos a frente, e ainda assim tinha medo de por a cara entre eles. Quando finalmente consegui que meus olhos alcançassem a penumbra, vi talvez o que fosse o bicho mais feio da minha vida: um... pera, que merda é essa.

É alguma versão de Dracovish? Chernobyl existiu no mundo pokémon? Não é possível que isso seja real. Na verdade, aquele troço me dava certa ânsia de vômito... não medo. Abri um pouco a guarda e apontei para o bichano, gritando para Kathryne e a dona da sorveteria:
- É só um patinho feio!! - Espero que não vire um cisne.

Aqui eu já estava preparada para me redimir. Quando o medo 'passou' eu entendi que me portei com um exagero grotesco. Eu mesma já me preparava para subir quando um barulho metalúrgico ecoa pelo freezer. Olho de volta e o pato-feio estava completamente parado. Não era ele! Desci mais um degrau, empurrando Hati e Loki em direção a água. Na meia-luz vi um cabelo Ruivo desidratado; típica cabeleira descuidada de um pokémon.

Eu não precisava mais do que isso para identificar. Eu me lembro até hoje do Zoroark que me atacou no Mt. Pyre. Lembro-me bem de todos os seus traços e de como ele simplesmente derrubou Loki com uma sequência de golpes rápidos e 'truques ilusionistas'. Loki também lembrava bem, e ao ver aquele cabelo ruivo, cerrou os punhos e rosnou.

Hati, por instinto, fez o mesmo barulho.

O problema é que nada aquilo justificava o barulho de demolição de concreto. Quer dizer, o coitado pode se transformar em um Golisopod da vida, mas faria algum sentido manter-se cabeludo?! Ainda com o medo em escassez, mantive os olhos vidrados na beira-do-sol que me restava, até ver que a pele daquele Zoroark era uma carapaça.
- Que porra é essa?! - Dei para trás. Meu coração voltou a acelerar e minhas pernas a tremer. Minhas mãos tentaram alcançar o corrimão e eu comecei a subir de costas a escada - Loki... que PORRA É ESSA?!
O pokémon estava tão temeroso quanto eu, mas não voltava. Quando a cabeça do bicho virou 180º e revelou-se, meus olhos se arregalaram tanto quanto a minha boca e eu berrei.

Ou grunhi. Tão fino quanto o barulho da aberração.

Coloquei as duas mãos no ouvido e subi as escadas de costa em imediato, dando pulinhos desesperados até, claro, cair no chão. Quando cai, ali fiquei. O grunhido podia ter cessado, mas meu grito não. O bicho parecia vir em minha direção quando eu virei-me e fiquei de costas para o chão. Face voltada para o degrau de cima; joelhos bem encaixados nos degraus de baixo. Encolhi-me completamente, ficando numa mistura de bruços & posição fetal. Fechei meus olhos, mantive meus ouvidos tapados e minha boca ainda emitia um grito assombroso.

Eu não queria nunca mais ver aquilo.

Loki por sua vez se distanciou um pouco de mim e entrou de vez no Freezer, esquecera a Raiva e chamara o bicho para um duelo. Pulou alto e tentou arrancá-lo do teto com as duas mãos. Tentaria lhe colocar no chão custe o que custar e, conseguindo ou não, esperaria um golpe. Por isso usaria Protect, para depois agir com um Facade. O Ursaring já sabia como funcionava sua própria mecânica.

Hati, por outro lado, podia gosta do escuro, mas nada lhe deixaria mais confortável que o ambiente abafado. Além disso, ela sentira que a luz podia me trazer certo conforto, então usou Sunny Day e depois Flamethrower. Eles ignoraram POR COMPLETO o pato feio que navegava na sua breve piscininha.

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Eu preciso admitir, eu não ouvi Kathryne me chamando. Ao invés disso, só senti seu toque inevitável, ao dividir comigo aquele degrau sujo e úmido. Calei o grito e tentei ouví-la e seu lamento me trouxe, momentaneamente, a realidade... que não parecia tão real assim. Rodei para o lado, jogando as costas para a parede e ficando, oficialmente, de lado. Meu rosto vagarosamente saiu do chão e procurei Kathryne, que praguejava algumas desgraças.

Eu não tinha condições alguma de consolar a menina, e nem era essa minha intenção. Aceitei-me caída no chão e a vi na mesmíssima situação. Num ato de necessidade, encolhi-me para perto dela e me encaixei em seus braços, encostando minha testa em seu peito e deixando um bocadinho de lágrimas escorrer em sua roupa.

Ela - muito provavelmente - estava fazendo o mesmo com o meu cabelo, então não me importei.

Pressionei o rosto fortemente em seu torço, passei um dos braços por cima de seu corpo e a apertei. Quis ficar sem ar por alguns segundos, preenchendo completamente minha face de... Kathryne?! Não sei, eu só sei que lhe apertei contra mim como se fosse um ursinho de pelúcia, e depois dos curtos segundos que resisti sem respirar, soltei-a e disse baixinho:
- A gente vai morrer?! - Pra mim, só havia resposta afirmativa a essa situação.

Só que tem um barulho... um barulhinho bem específico... que para mim é medular. Ouví-lo é certeza de um sol nascente a vista. Não que ele faça o sol nascer, mas o rugido confiante de Loki é quase um canto de galo. Ele não trás o sol, mas anuncia que virá.
Pois bem, ao ouvi-lo, parte grande do medo foi embora. O urso-grande batia no peito e tomava a responsabilidade para si, desafiando aquele bichano e enchendo-se completamente de confiança. Veja bem, até quando era um Teddiursa, Loki já sabia que tinha em seu destino ser grande. Talvez tenha sido culpa minha mimá-lo demais, porém eram raras as vezes que ele acreditava ser pior que alguém.

Até quando é, não costuma aceitar.

Só que ouví-lo rugindo, berrando, batendo no peito... as vezes era música. Larguei Kathryne por um instante e me arrisquei a olhar de canto de olho a situação. O bicho já estava de cara-amassada, não sendo mais possível guinchar ou grunhir como antes fizera. Ele também carecia de vitalidade e aos poucos se murchava num canto.

Quando vi a possível vitória, me ergui rapidamente, cutuquei Kathryne impressionadíssima, como quem dizia:
- Calma, calma... a gente VAI VENCER - Minha voz ganhava amplitude a medida que a frase saia. No fim, acabei gritando eufórica sem perceber - VAI LOKI, FACADE, FACADE E FACADE! HATI SOLAR BEAM!

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OFF: Aplicando 1 Potion em Loki e 1 Potion em Hati

O Solar Beam foi mais do que suficiente, mas a essa altura eu já sabia disso. Bati um dos tornozelos num degrau, fazendo um barulho oco ecoar. Era meu anúncio de 'ok, me recompus, estou indo ai'. Foi devagar que levantei; pendurando-me no corrimão e engolindo a seco. Apesar de ter voltado a posição ereta, não tinha só segurança em mim; eu tremia como na estaca zero.

Desci os degraus ainda devagar, sendo o monstrengo tentar 'fugir' pelo que parecia ser um... vão? Não sei ao certo, talvez o buraco na parede que a dona lá atrás falou. Apesar do Sunny Day, eu não tinha a melhor das visões da situação.

Apesar da vitória, eu não 'destencionei'. Única coragem que tive foi de trazer minha bolsa lateral para frente e tirar dela duas Potions. Apliquei uma nas poucas feridas e Loki e outra nas de Hati. "Acho que é suficiente", disse a mim mesma. No fim, eu aceitava o óbvio: precisávamos continuar:
- Falaram que várias criaturas invadiram o Shopping. Não deve ser só isso... deve ter mais. Vamos atrás dele. Por mais que eu, definitivamente, não queira... - Falei entre os dentes; ora ou outra o frio e o medo fazia meu queixo tremer, repetindo algumas sílabas involuntariamente - Ele deve ta fugindo justamente pro resto... pode ser burrice, mas vamos atrás dele.

Meu medo? Um bicho muito (mas MUITO) mais feio aparecer. Antes de seguir (e eu seguiria, juro que sim), olhei para trás e procurei Kathryne. A moça parecia tão recomposta quando eu e, com os olhos ainda marejados, dei a ela um sorriso.
- Desculpa pelo surto... - Disse. Minha voz ainda era trêmulo, mas tinha certa amplitude - Me ajuda? - Seu patinho feio havia se tornado algo... menor? - Talvez seja bom levar para ver do que se trata... - Apontei - Vai que é útil.

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