[EVENTO] (015) — long story short

Cidade de Celadon.

Sinceramente? Acreditava não precisar voltar aqui tão cedo, principalmente depois da vitória contra Erika e conhecer o HQ da Organização para troca de missão. Diferente do lugar que encontrei antes, o coração invertido de Kanto parecia ter uma atmosfera singular, completamente discrepante da que encontrei na primeira vez que passei por aqui... As pessoas, o clima e até mesmo as árvores estavam esquisitas. A mudança era tão drástica e palpável que, mesmo de cima, era possível observá-la com precisão. Não é pra menos que a cidade estava em todos os noticiários. E por que eu estou me metendo nessa confusão? Ha, a pergunta deveria ser porquê não. Tudo que envolve qualquer maluquice nesse mundo eu tenho que participar. Como se já não bastasse encontrar Arceus, encontrar uma cidade perdida pelo tempo, quase ter a mão arrancada por uma mulher-zumbi, ficar em coma, quase morrer de novo...

Cá estou procurando sarna pra me coçar.

...

Paciência.

Desci de Sigilyph retornando-o quase que imediatamente para sua Stone Ball. A linguagem corporal do Guardião Milenar era estranha, quase que desconfortável e não queria deixá-lo sentindo isso. Adentrei o edifício e fiz algumas mudanças no time, deixando-o de fora da exploração... Talvez no futuro eu veja que foi uma escolha equivocada, mas por enquanto vamos de ser inconsequente mesmo.

— Ó... Sem reclamações, ok? — aproximei uma esfera bicolor dos lábios, sussurrando enquanto saía do edifício — Estive ocupada e não pude te levar, mas pelo menos cê vai poder aproveitar a maluquice que pode estar por vir. — suspirei, já sabendo o que me aguardava, e pressionei o botão central da Pokéball, liberando Sushi; imediatamente Alakazam me fuzilava com os olhos, cruzando os braços no processo — Você tem um monte de irmão e irmã, filho. Não pode querer ir em tudo só porque é o primegênito. — ergui ambas as mãos como em garras, mexendo os dígitos em alusão à cócegas — Agora vem cá que eu tava mortinha de saudade. — abracei o psíquico, que após alguns segundos de manha, cedeu e me abraçou de volta — Pronto pra descobrir o que tá acontecendo por aqui?

E agora?

Day Care escreveu:

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As janelas cerúleas passeavam pela cidade, examinando cada detalhe sem sequer sair do lugar. Sushi fazia o mesmo, analisando aos poucos a energia emanada de cada lar, edifício ou loja. Nada. Nadinha. As folhas continuavam verdes, os galhos das árvores continuavam a mexer com as brisas que passavam, a temperatura era a mesma de sempre: agradável, quente ao ponto de te acolher, mas fresca o suficiente para não te fazer transpirar. Assim era Celadon e, bom, não era à toa que se chamava o coração de Kanto, né?

Mas...

Algo ainda estava estranho.

Onde estava a vida animal que dava tanta personalidade à cidade? Eu sabia! A praça em frente ao Departamento de Lojas estava... deserta. Sem qualquer tumulto de Pidgeys atrás de alguma sobrinha dos quiosques que caíam no chão. Os arbustos que separavam as residências também sem nenhum Rattata para assustar as donas de casa. Levei meu olhar para Alakazam, que consentiu com a cabeça, claramente percebendo o sumiço da fauna que compunha Celadon.

Mas e aí? Por onde começar?

— Filho... Você sabe que tem algo muito esquisito aqui, não sabe? — levei os dígitos até a cabeça da preguiça psíquica, acariciando-o — Aqui na praça principal não vamos encontrar nada, não tem qualquer vestígio de pra onde os Pokémon foram. — suspirei, girando o corpo nos pés e voltando minha atenção para o oeste da cidade — Talvez em uma das entradas encontremos alguma coisa? Fique bem atento.

Apesar de todo nervosismo diante dessa situação, busquei meu PokéNav para responder algumas mensagens pendentes de Wooper:

Para Natalie escreveu:

@Shianny

VOCÊ DEIXOU NA BASE SABENDO Q EU NAO GOSTO DE PASSAR EM OLIVINE NEM Q SEJA POR ALTO, aliás precisamos passar um dia lá, mas sei lá, tô meio nervosa com a ideia. PRECISO DE VOCÊ PRA ISSO!!!!

A senhorita ja chegou e nAO VEIO ME VER AINDA PQ??????????

Aguardando a sua desculpa esFARRAPADA.

Day Care escreveu:

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Todo mundo sabe o quão suscetível a susto eu sou, né? Pois imagine minha reação quando, desatenta e mexendo no PokéNav, ouvi um leve assobio me chamar rente aos meus pés. Senti o frio percorrer minha espinha, assim como arregalei os olhos e dei um leve salto para o lado com a ponta dos pés; sabendo do que se tratava, Sushi deu uma gargalhada, rindo do momentâneo medo que me deixou alarmada.

— Argh. — não sou lá a melhor pessoa com crianças e, bom, também não sou nada simpática, o que atrapalharia seja lá no que der essa conversa — Não se dá susto nos outros assim, não, garoto. — agachei para observar melhor o pequeno — Sua mãe te disse onde estão essas "coisas"? — ergui as mãos, sinalizando as aspas — ...

Tá, eu assumo. Não vim para Celadon pra achar seja-lá-o-que-for por conta do bem estar dos outros. Ha, eu não poderia ligar menos, o problema é que assim como no Mausoléu de Arceus com Natalie, tudo que envolve o Místico traz consigo bons tesouros e boas recompensas. Como uma boa Rocket viciada em dinheiro, claro que não poderia deixar de tentar arrumar alguma coisa valiosa por aqui, né?

— Eu vim aqui lidar com isso! Sou treinada, como uma super-heroína, sabe? — talvez mentir fizesse a criança desembuchar onde estão essas "coisas"; cutuquei Alakazam, que logo fez uma pose de super-herói — E então?

Day Care escreveu:

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Er... Tá bom. Seja lá o que for que esteja acontecendo naquela casa, não queria saber. O garoto parecia morrer de medo de sua mãe, mas pelo menos consegui a informação que precisava. Revirei os olhos observando a mulher cobrir a janela com uma caixa, mas, bom, devia ter um porquê de estarem com tanto medo do que estava acontecendo.

E pro meu azar era algo místico mesmo.

Quer dizer, pelo menos eu acho, né? Seguir folhas e toda essa coisa me lembra bastante das coisas Etéreas que já presenciei na vida. Mas vamos lá, é o jeito. Como uma abobalhada, segui a folha fazendo o pequeno assobio que atrai gatinhos, na esperança de dar em algum lugar... Sushi me observava um pouco curioso, mas era a dica que tínhamos para tentar encontrar o causador de todo esse terror.

Day Care escreveu:

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Como a boa anti-social que sou, caminhar atrás da folha falando em língua de gatos não tinha sido a melhor escolha. As pessoas me olhavam estranho, o que me deixava levemente irritada, piorando um pouco meu humor já nada bom por conta de toda essa maluquice. Atravessei a praça meio receosa, com passos lentos e bem calculados, com Sushi flutuando no ar na intenção de observar cada ângulo com bastante precisão. Nada de diferente. Pelo menos até agora.

Um rápido brilho branco surgia diante dos meus olhos, o que fazia Alakazam mudar sua expressão quase que de imediato. A preguiça psíquica tomou a frente na intenção de me proteger, mas, bom, nada acontecia de imediato. A luz branca acabava por mostrar um homem tirando fotos das folhas rosáceas, me deixando bem encucada do porquê. Não faz sentido um homem estar ali no meio de toda essa doideira só para ter alguns registros para si mesmo.

Estranho.

Me escondi atrás de um arbusto junto com Sushi, aguardando alguns segundos. Ele não parecia perigoso, então, mesmo sendo a antipatia em pessoa, preferi perguntar se entendia do que se tratava toda aquela maluquice. Pisquei para Alakazam ficar atento: qualquer ameaça, não importa se eu estava em uma cidade, o homem pagaria por isso.

— Oi. — me aproximei com cautela, acenando — Você sabe o que são essas folhas?

Day Care escreveu:

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