#13 Zankoku Na Tenshi No Teeze

É claro que minha expressão eram várias versões de indignação. A primeira veio quando a máquina revidou com uma descarga elétrica que agrediu meus Pokémon; era então uma indignação misturada com surpresa e preocupação. A segunda veio assim que as pessoas do grupo me responderam; me indignei porque inevitavelmente tendi a concordar com o lado dos pesquisadores.

Quando respirei fundo, bufei. Não era a primeira vez que eu me envolvia numa missão de apaziguamento em que eu desejava profundamente tomar partido, mas não podia. A diferença daquela missão na Sprout Tower pra essa de hoje é que eu não vou ter tanto tempo assim pra investigar as coisas. Preciso agir e pensar menos... Mas infelizmente não posso negligenciar os dois lados dessa moeda.

– Senhores, tenho quase certeza que seu alvará não contempla os danos causados ao patrimônio. Se eu estiver errada, me mostrem o documento, por favor. Em todo caso, se essa máquina é de vocês e não querem que eu pare ela à força, desliguem agora e nós podemos conversar com tranquilidade. Não vejo motivos pra ela estar em funcionamento se não há uma gravação em andamento. – ah e eu posso dizer que conheço um pouco disso, sei como se parece uma câmera ligada e focada em algo, já participei de Contest afinal.

Precisava ser bastante incisiva, ativando meu mood séria e levemente mau humorada. Mas é isso. Se eles tem permissão pra destruir o patrimônio, precisam comprovar. E se precisarem de tempo pra fazer isso, então que parem este Megazord antes que eu o faça!

– Como eu imaginei... – murmurei mais pra mim do que pros outros, quando o responsável do robô deu a entender que não tinha o necessário pra fazer aquela destruição.

Confesso que não dei tanta bola pro restante, já fui jogando a mochila pra frente do corpo pra me preparar pra agir.. O que quer que eu precisasse pagar pelos danos à máquina não seria nada comparado ao que eles tinham causado num lugar precioso e antigo como este. Não preciso conhecer muito das leis de Johto pra saber que eu não tô tão errada.

– Qualquer coisa me bota no tribunaum. – foi tudo que disse, já estalando o pescoço e entrando no ritmo muito pertinente que Rotom Phone jogou no ar. Isso que dá conviver com algo inteligente nesse nível, ele acaba nos conhecendo tão bem!

Numa mão eu tinha Sitrus Berry para dar aos meus monstrinhos e regenerar o que eles sofreram antes. A outra mão estava nervosa querendo ir ao joelho; o músculo da raba até dava espasmos involuntários...

– Chansey, nem chamou e ele já foi... empurre o robô com vários Dazzling Gleam! Bagon, conto com seu Flamethrower e Dragon Breath, se der bom, vai dar ruim! Shiryu, vamo botar pra fudê o sistema desse troço, manda um monte de Waterfall pra dar pane nele.

Okay, acho que me empolguei um bocadinho... Ainda assim eu não queria destruir tanto a máquina, só dar um curto circuito ou similar, se possível, e como não conhecia bem o material que era feito, é melhor tentar de tudo!

Foi frustrante, preocupante e revoltante ver o que ocorreu naquela pequena batalha. Eu realmente estava esperando enfrentar uma máquina cinematográfica, resistente sim, mas com meros efeitos especiais.

– ISSO É UMA ARMA, NÃO UM EQUIPAMENTO CINEMATOGRÁFICO! – sim, gritei a plenos pulmões pro time de cineastas que estava ali.

Não tinha nem fôlego pra levantar uma briga agora, mas eles mereciam mesmo serem denunciados, não compreendidos ou ajudados! Fora que a própria prefeitura de Violet precisa ser contatada sobre isso, com seriedade, porque a solicitação da missão não especificava uma batalha nesse nível... Mas, pronto, minha revolta vai ter que esperar um pouco, porque preciso focar no que é importante neste momento.

– Time, fiquem firmes, vamos tentar dar um jeito. Chansey, seja o escudo dos seus aliados com Protect! Preciso chegar até Shiryu pra lhe dar uma Super Potion. Bagon, volte, Zé eu escolho você!

Num primeiro turno, meu Hawlucha teria que entrar no lugar do dragão, por detrás da nossa Chansey escudeira; eu tentaria alcançar Gyarados pra acordá-lo, ele era o mais forte da minha equipe, não posso ficar sem ele. Já para o segundo turno, isso teria que funcionar...

– Zé, vamos de Drain Punch. Chansey, você foi excelente, agora volte; Woobie, é a sua vez! – mais uma troca pra alguém com um pouco mais de força aqui; e se tudo desse certo Shiryu estaria de pé, pronto pra que pudéssemos ativar nosso trunfo: Groundium Z – Shiryu, Tectonic Rage!

Infelizmente Woobie entrava em campo apenas pra ser derrubada, e esse era meio que um risco que eu sabia estar correndo, mas era até que um preço baixo diante do estrago que Shiryu conseguiu fazer. Também, por sorte a Swoobat, enquanto minha starter, já tinha passado por maus bocados ao meu lado, inclusive situações em que estratégias drásticas, quase suicidas, foram necessárias pra que a gente vencesse.

– Calma, queridos, nem tudo está perdido e ainda não acabamos! – falei para tranquilizar e incentivar.

Vi a máquina replicar algo que me pareceu Hyper Beam. Se eu estiver certa e o robô sofrer as mesmas consequências que um Pokémon normalmente sofreria, aquela era uma boa abertura pra eu ir com tudo de uma vez!

– Time, é tudo ou nada. Shiryu, duplo Earthquake. Zé, duplo Drain Punch! – mais uma Super Potion seria usada, dessa vez na Swoobat, pra que ela levantasse a tempo; se tudo desse certo, ela ainda ia agir: – Woobie, Psychic! – espero ter os palpites certos dessa vez.

Um suspiro profundo foi minha principal reação quando vi que depois dos últimos golpes a máquina parecia ter parado de agir de vez. Claro que levei uns segundos longos observando, pra ter certeza que o robô não tinha apenas desligado por um instante, que estava trocando os "modos" do sistema ou recarregando pra um ataque potente. Não, não estava. Uffa!

– Parabéns, meus amores, não sei o que seria de mim sem vocês. – quando tive um pouco mais de certeza é que fui até meus companheiros pra agradecer com abraços e carinhos, exceto Shiryu que era sempre meio revoltado, então lhe recompensei com o afago que estava habituado a ter.

Deixei que Woobie e o aquático voltassem para as Pokébolas, permitindo que Zé continuasse a me fazer companhia enquanto agora eu tinha que lidar com os humanos. A vontade era de ir pra cima do cineasta e descer a mão na fuça dele, por ter levado um troço tão perigoso pra um lugar assim tão distante. Imagine se o pior acontece e a máquina se volta contra todos? Iam morrer ali antes que alguém pudesse chegar!

Mas, pronto, Zé tava ali comigo me deixando mais controlada, e os cientistas claramente estavam do meu lado, o que me fazia sentir menos revoltada. Assim, eu acabei nem dando tanta bola pra outra equipe, apenas tentei ajudar como pude os pesquisadores a averiguarem os estragos, e foi nesse momento que veio a surpresa:

– P-pra mim?! – eu só precisei olhar a pedra na mão da mulher pra saber do que se tratava, um fóssil de Aerodactyl! – Que... – eu queria dizer bizarro, pela coincidência que foi uma especialista em voadores, no meio de grutas e ruínas, ser recompensada com algo tão raro e que lhe cabia tão bem, mas não podia usar tantas palavras sem soar estranha – ... Uau! Muito obrigada, mesmo. Eu não tenho palavras! E... Pode agradecer à Requiem, a Sociedade, por favor.

Acho que martelei tanto pra mim mesma que estava ali em missão pela Requiem, que até esqueci de me apresentar propriamente. Isso que dá, minha primeira missão foi logo com o todo-certinho-Ayzen. Foi o suficiente pra eu absorver esse jeitinho sério pra esse tipo de coisa.

Enfim, à equipe do cineasta eu só resmunguei um "isso aí, recolham tudo". Além de depositar um pouquinho mais de raiva nas costas deles quando me fizeram perceber um caminho alternativo pra entrar e sair das ruínas, sem ter que passar pelos pisos que acendiam, aparentemente. Kisaco!

– Posso ajudar em algo mais por aqui? – ofereceria ajuda com tom de voz contemplasse a todos, mas obviamente me dirigindo mais aos pesquisadores. Caso a resposta fosse negativa, sairia por aquela passagem direta que vi ali... Acho que preciso tomar um ar e olhar o céu pra recuperar o fôlego e deixar que as fichas caiam.

Off: escreveu:

Bagon: ensinar Headbutt no lugar de Leer;
Chansey: ensinar Life Dew no lugar de Echoed Voice;