Alpha Saphire Squad - Exploração Abyssal

Watery Grave

Tanto Matthew quanto Raissa lançavam pokébolas nos dois corais que foram rapidamente nocauteados e com a mesma rapidez que foram nocauteados eles foram capturados, os típicos três "ticks" das pokébolas e pronto. Ao capturar o Corsola, Matthew até pensava em virar um pesquisador marinho, mas isso ficaria pra depois, vamos nos lembrar de que eles estão em profundezas literalmente abissais e por mais que o ritmo tenha ficado um pouco mais lento, ainda era um local perigoso.

Seguindo em frente, não demorou muito até o próximo desafio aparecer e era realmente do jeito que o Holandês Voador tinha descrito, ou pelo menos com uma certa proximidade. Mas tinha um detalhe interessante, um grande portão de ferro se mantinha em pé, de ferro, embaixo d'água, enquanto vários pilares de concreto já se tornaram ruinas. Porém precisariam abrir aquele portão para prosseguir e com isso era o pequeno quebra cabeça, os sete pedestais e os pokémonzinhos ostras descansando por ali. Era a simples charada para abrir aquele portão, na verdade o problema era o que teria atrás do portão mesmo.

Como o sistema bloqueava a esfera do Corsola capturado, guardava ele junto dos itens chave para registrar mais tarde quando tivesse a oportunidade de visitar um CP ou a base em Slateport. Enquanto isso nossa aventura continuava. Zan avançava pelas zonas abissais que nos encontrávamos iluminando o caminho com sua irmã Jayna, que carregava Raissa. Estávamos muito bem acompanhados. Eu sabia disso e não temia os perigos desse ambiente desde que meu Feraligatr estivesse comigo. Mesmo assim meu medo me consumia, mas pela segurança da menina que me acompanhava. Será que pais e mães sentiam-se eternamente responsáveis dessa forma? Que prisão atormentável...

Que bom que não tardou para encontrarmos o caminho mencionado pelo Holandês. Só que...

- Que curioso... Portões de ferro. Me pergunto quem ou o que construiu isso... E o que esses portões guardam... Fera fica de guarda! Se sentir algum sinal de ameaça, não hesite em atacar.

Do vermelho ao violeta, o capitão tinha dito. Então já sabia com qual começar e com qual terminar de enfileirar para abrir passagem.

- Ray, eu pego os quatro primeiros: Vermelho, Laranja, Amarelo e Verde. Pode arrumar os outros três, por favor?

Tentava não perturbar os pokémon que estavam descansando, já que eles eram a chave.

Watery Grave

Aquele quebra-cabeças se mostraria bem simples para a dupla graças ao conselho do Holandês Voador e ao óbvio fato de que a cor das pérolas desses Clamperl remetem as cores do arco íris, logo os dois se dividiam e colocavam cada ostrinha no seu devido pedestal, em ordem. Uma coisa interessante de se perguntar era: o que aconteceria se fizessem errado? Mas talvez seja melhor nem tentar descobrir, afinal, não estão em um lugar como a Abyssal para se divertir e se maravilhar com os mecanismos do local.

Quando todas as conchas foram colocadas nos seus devidos lugares, uma luz verde brilhava e primeiramente, três itens, para cada um dos aventureiros, caíam, levemente neles. Eram as incríveis Rare Candies, agora como elas foram parar lá já era um mistério. Mas pode-se considerar como uma forma de recompensa por ter desvendado o simples quebra cabeça.

Depois, como é de se esperar, o portão de ferro se abriu, mas Matthew e Raissa sequer tiveram tempo de pensar no que estaria atrás dele, não tiveram escolha, foram puxados por uma forte corrente, mais forte até que o poderosíssimo Fera, esse que ficou de guarda caso fossem atacados. Porém como ele defenderia o seu treinador de algo que era imaterial? Enfim, a corrente os puxou por uma boa distância e quando pararam, se aquele ambiente com o portão e as ruínas não parecia natural, agora estavam de volta em um lugar 100% natural, uma caverna submarina, paisagem bastante comum ao ambiente subaquático.

E como é de se esperar, o caminho de volta meio que não existia. Dessa vez não estava claramente selado, mas a mesma corrente que os puxou para dentro estava lá. E se ousassem nadar contra aquela corrente, bem, se nossos protagonistas quiserem ser cortados em pedacinhos, fiquem a vontade.

Olhei pros doces e pro Feraligatr. Ele deve ter sentido. Aquelas balas tinham dono, mas não agora. No momento certo. Elas eram diferentes e mais raras que as outras consumidas, então guardava os rare candies no bolso de itens medicinais, junto com os outros doces.

Ótimo. Tudo parecia bem , né? Nah. O portão nos sugou com uma força colossal. Maldito seja o poder que superava o do meu Feraligatr! Já era a segunda vez que isso acontecia. A primeira foi nos domínios de Lugia com os malditos redemoinhos do lendários. Agora isso? Se fosse a respiração de Kyogre durante seu sono, eu não queria nem imaginar desperto.

Ao menos fomos "sugados" pelos portões para um lugar sem aspecto de morte ou podridão. Por enquanto. Mesmo assim...

- Eu to com vontade de gritar. Parece que estamos sendo guiados por um único caminho. Eu não gosto dessa linha única sem outras possibilidades. É como se não tivéssemos... livre arbítrio. Se soubesse que a gente podia ficar tão encurralados assim eu não teria insistido em continuar... Me desculpa, mas temos que seguir em frente. Fera, de prontidão! Zan, Jayna... Vamos em frente.

Fera vinha logo atrás, com seu instinto de predador atento ao que acontecia ao redor enquanto eu tentava lidar com a frustração e fazer o mapeamento do lugar.

Diário de Expedição #10 escreveu:

- Esse já é o DÉCIMO diário de bordo da nossa expedição. Eu, Matthew Monclar, um dos líderes da sociedade e co-capitão da expedição em zonas abissais, junto de Raissa Bolt, especialista em elétricos da divisão de paus e co-capitã da expedição estamos perdidos. Sem orientação geográfica ou como dar meia-volta. O ambiente é realmente nocivo e nos prendeu sem misericórdia. Passamos por um portão de ferro que parecia ter tido interferência mágica ou humana, sendo aberto através de um enigma de cores e fomos sugados para uma das cavernas do lugar, mais uma vez, sem ter como voltar. Nossa única opção é seguir em frente e cá estamos nós... Avançando sem medo do futuro desconhecido como bravo e brava aventureires!

É, falar com um telefone possuído até que relaxava meus nervos.

Escutar Raissa tomando parte da responsabilidade conscientemente foi bom. Bastante, na verdade. Me tirou um peso grande dos ombros, ao menos um pouco dele, ao mostrar alguma maturidade. Talvez eu só não quisesse falhar com ela como fiz com Daisuke. Eu não aguentaria outro olhar de decepção como o daquele verão.

- É que... Eu passei por algo parecido em Johto quando fui tirar umas férias pra ficar com a minha mãe e Daisuke, seu colega de divisão. Eu segui as instruções de estudos antigos do meu pai até as Ilhas Redemoinho, onde muitos acreditam ser o lar de um ser lendário da região. Tipo... no momento que senti a ligação de todas nossas pesquisas com Kyogre talvez fosse melhor ter dado um passo pra trás e ter pensado melhor. É bem capaz que a nossa presença incomode MUITO ele. E minha experiência não foi tão proveitosa a ponto de comemorar por ter encontrado uma lenda...

Tentei por bastante tempo não pensar nisso. Tudo o que eu queria era me reconectar com a memória de meu pai e ser amigo do lendário Pokémon Alma, mas deu tudo errado. Além de ter ganhado a inimizade de Lugia, nunca me senti mais distante do meu velho, simplesmente por ter erradicado os nativos da ilha e antes disso ter organizado o acidente que matou alguns rocket grunt... Então o que esperar depois de uma experiência manchada de tanto sangue e rancor?

- Mas você tem razão. Ta sendo até divertido e mais proveitoso se a gente não considerar as preocupações que tão surgindo de um medo que não é meu. Vou tentar me preocupar um pouco menos. - Tentei sorrir e realmente me sentir mais leve.

Não queria lembrar de mais uma aventura com peso na consciência. Já tenho muitos traumas acumulados que me impedem de dormir bem todas as noites pra somar mais uma por medo bobo. Tentaria realmente me entregar e divertir um pouco mais. Confiava nos meus pokémon e os de Raissa já se mostraram incrivelmente valorosos durante nossos treinos e nos desafios passados. O que quer que nos esperasse adiante não nos abalaria.