Prestativo o atendente pegou de volta o panfleto de Tony só pra indicar nele o salão dos fósseis galarianos e, no verso, anotar o endereço da Devon Corporation. Para azar do rapaz não ficava assim tão perto. Claro, ainda era na região central da cidade, mas dava pra ver pelo mapa que a caminhada seria longa caso ele decidisse ir a pé. Mas, para sua sorte, entre os panfletos entregues pelo recepcionista havia aqueles muito úteis para os turistas: um mapa com pontos turísticos da cidade e um outro com o complexo sistema de metrô. Isso é, caso Tony quisesse adotar este último como opção de deslocamento.

Em todo caso, Dragnell pode então seguir sua tour pelo museu. Já na entrada dava pra ver no amplo saguão várias imagens de fósseis e até mesmo lugares muito antigos, sobretudo das regiões de Tohjo e Hoenn. Ao lado de cada imagem uma plaquinha com dados de interesse do lugar. O saguão após a entrada se ramificava mesmo quando atingiam a grande escada central.

Dali, o caminho à direita levava para exposições de Sinnoh e o esquerdo, com as maiores portas era o que levaria até as de Galar. Não à toa aquela era uma exposição de destaque no museu, sendo uma grande novidade para os habitantes desse lado do mundo Pokémon. Portanto, a movimentação era intensa ali, e bem no centro havia réplicas dos fósseis galarianos. Ao pé daquele palanque uma moça magra, com grandes óculos e um crachá evidente falava e falava quase sem parar para as pessoas que se aglomeravam ao redor dela.

Aquilo era quase cíclico, porque sempre que ela parava de explicar, o grupo ia embora e outras pessoas se aproximavam, aí ela retomava as explicações e outra aglomeração se formava quase imediatamente. E isso se repetia...

Tony – Manhã | 26ºC – Rustboro City

Assim que teve oportunidade, Tony se aproximou da moça. Apesar do trabalho intenso e cansativo ela não deixava de sorrir, e possivelmente já tinha um punhado de respostas prontas pras dúvidas mais frequentes dos visitantes. Assim, Lena, a estagiária, acabou sendo pega de surpresa com a pergunta do ruivo. Mas uma surpresa boa, diga-se de passagem, já que chegou a soltar um suspiro e arregalar os olhos com as imagens que ele mostrou.

– Uh! Fascinante! – deixava seus interesses pessoais falarem mais alto num primeiro momento, até conseguir se recompor e voltar o foco para o dever – Já ouvi falar desse lugar e... Regirock?! Sério?! O que eu não daria pra ver um de perto. – mais um suspiro – Bem, eu não conheço muito da Devon, só alguns dos setores que vi na faculdade. Acho que tem bastante gente que pode te dar informações sobre essas coisas, por lá... A equipe da senhorita Esposito deve saber responder algo sobre o Regirock e seus parentes. O senhor Stone é praticamente um perito em artefatos antigos, pedras, gemas preciosas e coisas assim e... Ah! Tem a senhora Grazia, ela sabe muito de lugares e civilizações antigas!

A moça parecia se divertir em listar tais nomes, buscando na memória o que parecia ter sido uma experiência positiva aquela que ela viveu na Devon Corporation. Restava saber se dentre as suas indicações uma seria realmente útil pra Tony, ou se ele não gostaria de ser mais objetivo naquilo que buscava, na esperança de ela também poder ser mais objetiva na direção a sugerir.

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Foi, mais uma vez, inevitável o espanto da estagiária ao ver algo tão diferente diante dos seus olhos. Era aquele mesmo olhar de surpresa e fascínio, mas nada além disso. Apesar de tudo, ela deu uma boa olhada na pedra antes de concluir:

– Erh... Assim, meio incrustrada, suja e a olho nu... Eu não tenho muita certeza. – e ela claramente fazia esforço pra saltar sua veia científica e, com orgulho, poder identificar alguma coisa – Digo, não sobre o que possa ser. Ultimamente temos tantas pedras por aí, né?! Pode ser só um fragmento estelar sem polimento, uma pedra evolutiva meio suja, ou quem sabe algo realmente novo... Enfim, não me adianta ficar aqui dando suposições. Com certeza o senhor Stone é a pessoa que você deve procurar lá na Devon. Como eu disse antes, ele é mesmo muito sabido dessas coisas!

Daí então Tony tinha um nome único para procurar, além de uma confirmação do endereço onde encontrar a pessoa. E apesar da ansiedade em solucionar tudo, preferiu aproveitar o restante do passeio pelo museu.

Subindo para o primeiro andar ele descobriria outros salões como aqueles lá do térreo, só que com exposições dos fósseis de Unova e Kalos. Por fim, o segundo andar que era ele próprio, por inteiro, um cenário agora razoavelmente familiar à Tony. Parecia a réplica de uma grande ruína, cheia de blocos de pedra e áreas com areia, até um lago artificial. Espalhados por lá as réplicas dos fósseis de Tohjo e Hoenn, como se estivessem em seus habitats.

No fim daquele amplo salão é que ficava o par de grandes portas que levava os treinadores para seu confronto com Roxanne, a líder do Ginásio. Mesmo o isolamento acústico sendo muito bom, ainda era possível ouvir o som de golpes colidindo lá na arena. Mas, como Dragnell nem mesmo estava preparado para uma batalha dessas - a não ser que confiasse plenamente na força de Vulcano - ele podia simplesmente dar meia volta e deixar o museu, rumo aos seus objetivos. Até porque, se for a pé, a caminhada vai ser longa.

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O metrô era aquele "troço" digno de uma cidade grande e moderna como Rustboro. A entrada era razoavelmente larga e dispunha de escada e elevador para acessar o lugar. Lá embaixo, um guichê estava disponível para a compra dos tickets, e logo ao lado da loja as catracas onde os passes eram inseridos para liberarem. Vale ressaltar que Pokémon não pagavam e ainda tinham um acesso especial por uma portinha bem no fim das catracas, então foi por lá que Vulcano passou.

Apesar da cidade sobre suas cabeças estar agitada, a essa hora do dia a maioria dos cidadãos já estavam presos em suas rotinas, graças a isso o transporte em si estava bastante vazio, trazendo no vagão que Tony escolheu um grupo curioso de pessoas: uma garota com trajes escolares cantarolava, acariciando a rechonchuda Jigglypuff que dormia dentro da sua bolsa; no banco da frente um rapazinho com a clássica aparência de emo-gótico dividia o fone de ouvido com o galarian Zigzagoon sentado ao seu lado; mais ao fundo, uma mulher de meia idade e terno focava a tela de seu tablet com um Porygon pousado em seu ombro tentando lhe dizer algo.

Enfim, quando chegaram no seu destino encontrariam uma estação diferente daquela onde entraram. Não pela disposição das coisas nem nada do tipo, mas sim pela decoração. A estação os deixava bem na esquina da Devon Corporation e portanto tinha todo ar de alta tecnologia, com painéis eletrônicos mostrando propagandas e até uma série de lojinhas na parte após as catracas. E lá fora é que o visual mudava mais ainda, pois a Devon era um edifício altíssimo, de mais andares do que dá pra contar olhando de baixo, mas dá pra dizer que é sem dúvida o maior prédio desta rua; todo espelhado refletindo a cidade ao seu redor; ocupava quase todo o quarteirão. A entrada eram nada menos do que dois amplos pares de portas. Sério, possivelmente até um Steelix de lado passaria ali, tranquilo! E, claro, ali também ficaria a recepção, com pelo menos quatro funcionários atrás de um balcão para atender.

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Em mais uma recepção, neste dia, Tony agora encontro uma moça de longos cabelos cacheados, presos num rabo de cavalo. Trajava um terninho bem alinhado assim como os demais atendentes do seu lado da bancada, e tinha também um ar de prestativa e simpática.

– Bom dia. O senhor Stone, uhm?! Só um minutinho, por favor. – ela sentou na cadeira de frente para seu computador e, com dedos ágeis, saiu consultando.

Num instante ela levou a mão até o ouvido e, de repente, como se estivesse usando um celular invisível começou a falar com alguém na linha. Claro, tudo era possível graças à tecnologia que reduzia seu fone e microfone a um singelo dispositivo inserido no ouvido. Não podíamos esperar menos de um lugar como a Devon, não é?! Enfim, passados alguns breves minutos a moça retorna, agora de pé.

– O senhor deu sorte, ele está se preparando pra sair pro almoço, então disse que se for algo breve poderá recebê-lo agora mesmo. Caso não seja, podem marcar um horário mais oportuno. Então, vou lhe fazer as credenciais. Posso ter sua identidade, por favor?! – o processo não demoraria nada, pois bastaria a moça pegar o Rotom Phone e sincronizar a ID de treinador de Tony no sistema e pronto, lhe era desbloqueado um crachá de visitante – Aqui está. É só passar pela catraca; sétimo andar, sala setecentos e trinta. Tenha um bom dia!

Devolvendo o phone com o crachá, Tony estava livre para seguir pelo saguão até os elevadores. Como esperado, também havia vários deles, em tamanhos padrões, com exceção de um, feito para transportar cadeirantes e que portanto era um pouco mais largo que os demais. Nele Vulcano caberia, bastaria encontrar o momento oportuno de estar mais vazio, o que não demoraria muito, já que com tantas opções nenhum dos elevadores realmente chegava a lotar em algum momento.

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