– Pode entrar. – veio a resposta clara, numa voz masculina, de dentro da sala.

Quando Tony passasse pela porta estaria num escritório até que bastante espaçoso, em tons de branco, com móveis de madeira escura e piso de carpete verde escuro. Uma das paredes era completamente tomada por uma estante que se estendia até próximo a lateral da porta; nas prateleiras estavam dispostos, principalmente, livros e documentos, com raros espaços para decorações e fotografias.

– Ah, você deve ser o Tony. Entre, entre, sente-se por favor. – disse o senhor Stone, sentado em sua poltrona alta, entre a longa escrivaninha e o janelão imenso, de vidro peliculado, que ocupava quase toda a parede do lado oposto ao da porta – Prazer, eu sou Steve Stone... Júnior. – completou o nome quase na mesma hora, quando estendeu a mão para apertar a do rapaz – Diga, em que posso lhe ajudar?

Tony – Manhã | 26ºC – Rustboro City

– Em Shimmer, uhm?! – repetiu, pondo os óculos no rosto e analisando primeiro as fotos – Bom saber, já reduz bastante o leque de possibilidades. Curiosamente, você não é a primeira pessoa que me procura e que esteve por lá. Aparentemente o velho Regirock também continua lá, hehe.

Apesar de ser tratado constantemente como "senhor", Stone não era nem mesmo idoso. Tinha muitos dos fios brancos, é claro, e já algumas rugas desenhadas nos cantos dos olhos, mas de modo geral ainda tinha um ar jovial muito presente; devia ainda estar na faixa dos 40 anos. Enfim, depois de olhar algumas fotos é que ele abriu o saquinho e depositou a pedra na palma da mão.

– Já lhe adianto que, dependendo do que for, talvez eu fique empacado na identificação total da pedra. Entendo um pouco, sim, mas não sou especializado em tudo, então.... Vejamos.

Logo ficou de pé e atravessou a sala até a parede oposta à imensa prateleira de livros. Ali a parede era tomada por títulos acadêmicos enquadrados, medalhas, fotos da família. Mas o que importa mesmo é a mesinha com um estereomicroscópio e uma caixa cheia de utensílios úteis na analise de materiais.

– Alguém chegou a lhe dar algum palpite sobre o que possa ser? – perguntava, depositando o item num potinho redondo e raso que levou para debaixo das lentes do microscópio. Stone se debruçou no equipamento e com um pincel fino e delicado, espanava aqui e ali a pedra, usando uma pinça para movê-la ou remover incrustações mais rígidas. Ele realmente analisava o item e também o limpava adequadamente.

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– Star piece? Um bom palpite, mas a moça provavelmente nunca esteve naquele deserto, eu diria, hehehe. – comentava casualmente, seguindo sua tarefa.

Vulcano fez um movimento aleatório ao se ajustar no carpete para retomar o cochilo iniciado no metrô, chamando assim a atenção do pesquisador por breves minutos e fazendo-o sorrir.

– Você já ouviu falar do professor Augustine Sycamore, de Kalos? Mais especificamente, sobre o campo de pesquisa dele? – desviava o olhar da lente do equipamento mais uma vez, mas agora para mostrar uma fotografia na parede em que ele posava ao lado do tal professor, junto de um outro homem mais novo, cujos traços faciais lembravam muito os do próprio senhor Stone.

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Era notável a surpresa de Stone à resposta de Tony. Não era todo dia que ele via um especialista, tampouco um que realmente se dedicasse à aprender na academia. Com isso, finalmente deixou o objeto de lado, debaixo das lentes do microscópio, e se virou para o treinador e seu Pokémon.

– Especialista. Isso explica o grandão aí. – sorriu ao comentar – É isso aí. Sycamore é um estudioso do fenômeno chamado Mega Evolução que, até onde sabemos, é desencadeado em alguns Pokémon quando eles são expostos a um conjunto de energias misteriosas que se acumulam num par de pedras especiais. Uma dessas pedras, chamada Mega Stone, é a que determina qual Pokémon poderá ativar esse poder e alcançar um novo estágio evolutivo. Temporário, claro, você já deve saber; mas que dá ao Pokémon um ganho considerável de atributos.

Enquanto concluía a explicação, o pesquisador pegou a pedra que tinha analisado naqueles minutos e a encarou na palma da própria mão. Se reclinou na cadeira, olhou mais uma vez para a foto com Sycamore e o outro rapaz mais jovem, então num suspiro voltou a falar.

– O que você tem aqui, meu jovem, é sem dúvida um achado bastante raro e importante, principalmente pra você mesmo. É uma Mega Stone, não tenho dúvidas. – abriu um sorriso largo e estendeu o item para o dono; agora corretamente limpa e exposta, dava pra ver melhor a esfera que refletia um pouco das luzes da sala em sua superfície – Meus parabéns! Agora nos resta a dúvida: a que Pokémon essa pedra pertence? – lançou a pergunta.

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– Ah, não, não. – o homem agitava ambas as mãos em negativa – Infelizmente isso é tudo que sou capaz de extrair de informações dessa pedra. Depois só uma identificação apurada pra determinar a qual Pokémon ela está relacionada, mas isso está fora do meu conhecimento. Sinto muito.

E realmente sentia. Dava para notar na expressão de Stone que era um conhecimento que ele gostaria de ter, mas provavelmente envolveria um grau de dedicação e estudo que sua rotina atual já não lhe permitia tanto.

– Porém... – ficando de pé, com a testa franzida de tanto pensar, refez o caminho de volta para sua escrivaninha, sentando de frente para o computador e algumas vezes olhando de novo para a foto com Sycamore – Meu filho talvez possa lhe ajudar. – apontou para a dita foto, deixando subentendido que a terceira pessoa nela era seu filho – Ele estagiou com Sycamore durante um tempo. Certamente é uma opção mais confortável do que você ter que ir até Kalos encontrar o professor. O único detalhe é que Steve é muito mais ativo do que eu, então vive fazendo expedições e explorando cavernas e montanhas nos ermos do continente. Se isso não for um problema pra você, posso lhe dar a provável localização dele pra que o encontre. Que tal? Tenho certeza que ele identificaria isso em dois tempos!

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