[Missão de Sociedade] Sheer Force

Não julgava Joy pelo estigma que Lampent tinha ao aparecer. Ser um Pokémon que guia os mortos para o outro mundo parecia ser mais do que uma lenda, mas algum caso com forte indicação real. Eu engolia em seco ao ver o Pokémon indo pros boxes de atendimentos, deixando momentaneamente as Joys de lado para poder segurar a alça do corpo quente dele e trazendo para longe dos possíveis estados greves... Só por preocupação! Já vivi eventos sobrenaturais de mais para poder dizer que ainda sou 100% cético.

Mas com a nova equipe, duas mini Joys, eu estava disposto a ajudar. Embora fossem elas escaladas para trabalhar naquele plantão, sentia uma leve imaturidade, não só da pequena, mas da mais velha também. Tantp que elas se apoiavam em mim para poder saber o que fazer. Pisquei algumas vezes, tentando entender que eu queria ser direcionado, e, bem, acabava sendo aquele que direcionaria aquele trabalho?

- Bem... Vocês receberam um chamado de resgate de ovo Pokémon no jardim, né? Acho que vale a pena a gente ir conferir e se tiver algum Pokémon, prestar os primeiros socorros e trazer pra cá, correto? Isso é se o setor de vocês puderem ficar sozinho, se não, alguém tem que ficar, eu imagino....

Fora a movimentação estava da mesma forma de quando eu cheguei. Os pontos de apoios se tornavam verdadeiros refúgios para a população celadonense, enquanto as áreas mais remotas e menos atingidas só tinham operários da prefeitura ou voluntários trabalhando. Kanto era forte! Não seria um demonho já vencido que iria abalar a estrutura daquela cidade (mas devo admitir que transtornos do pânico poderiam ser muito mais comuns agora...). Como tinha nascido por ali, olhei pelas ruas da cidade, enquanto reparei que perderia um certo tempo indo até o ginásio... Como não tinha um Storage ali perto, não iria perder tempo (e posts) no momento para mudar de Pokémon, sendo que antes da missão teria que mudar de novo.

- Acho que podemos ir até o jardim e depois eu penso em ir no Ginásio, ok? Quanto mais tempo deixamos os ovos no ambiente, mais expostos eles ficam ao perigo. - disse sorrindo e explicando a minha lógico no momento. Tudo bem que eles teriam que sobreviver na natureza, mas sem família para proteger, não seria fácil. Assim, acompanhava as duas mini Joys até o local, onde teríamos que caçar ovos, e não seriam de páscoas.

Aya, a menina, acho que este é o nome, era bem curiosa, como toda menina. Claro que estar todo uniformizado era uma forma de chamar a atenção dela, então apenas sorria dos comentários e explicações da mais velha. - E sim, eu sou um Ranger sim... Há pouco mais de 6 anos que trabalho como ranger!- explicava para ela. Carreira longa, hein? ‘u’

- E vocês duas seguirão o ofício da enfermagem? É uma área mó bonita!

Instintivamente, começava a seguir as meninas, enquanto parecia reconhecer o caminho. Parecia um passado longínquo (e realmente era!) em que as ruas se formavam em minha frente, enquanto eu encarava algumas mudanças, devido a enchente em Tohjo, e agora pelo desastre das metrópoles. Que Kanto f*dida! Não tinha um minuto de paz! Queria dizer que era só mais um dia de luta, mas quem sabe o que a administração deste fórum iria inventar para castigar estes lugares...

A praça, que eu deduzia ser uma conhecida, surgia em nossas frentes, enquanto os projetos de Joys, que eu tinha dificuldade de lembrar o nome, seguiam em minha frente. A mais velha sempre tentando manter a mais nova segura... Imagino que deveria ser assim com Marcella, no entanto, eu era o mais novo e responsável. Encarando o ambiente mal cuidado, seja pela falta de cuidado pós apocalipse, seja porque há muito tempo as autoridades competentes esqueceram aquela terra, notava que não seria tão fácil achar os ovinhos... Isso, porque, o mato cobria boa parte do ambiente, além da desorganização, o que precisava de mais olhos.

Por mais olhos, vinha Audino e Minccino, Pokémons não naturais de Kanto, mas bem interessantes. Lampent, que seguia a gente pendulando, ficava parado. Ele não entendeu ainda que era hora de achar ovos Pokémons. Eu erguia duas esferas bicolores para o alto, soltando na minha frente dois raios. Raboot e Togekiss surgiam no meio do ambiente. Não preciso dizer que Kiss pulava (planava?) até as meninas e abraçava as duas. Na pequena, ele fazia questão de espremer suas asas contra aquelas bochechas rosadas. Achava graça nas minis cópias de Joy. Raboot era mais tímido.

- Precisamos localizar e levar com segurança alguns ovos perdidos ao Centro Pokémon. Podem nos dar uma ajuda?- Lampent parava de pendular. - Quanto mais olhos, melhor!- sorria, mais para as meninas, do que para os Pokémons. Togekiss batia continência e pulava/planava para mais um canto, achando Audino e cumprimentando o seu bom dia de forma calorosa (com um abraço). Raboot era mais objetivo e direto. Pulava dentro de um mato e saia afastando o excesso para detrás de si, enquanto cavava um pouco em sua frente. Eu seguia logo atrás. Lampent planava e ia de forma mecânica até objetos em potenciais...

Um pouco chocante e mórbido. Os pedaços de ovos sobre o solo, cobertos por aquele conteúdo amniótico, eram um prato cheio pra várias noites de pesadelos. Enquanto Aya ainda soluçava (acho que é Aya), a mais velha a confortava, enquanto eu me sentia um pouco incomodado, mas com uma postura mais firme. Mas não consegui evitar de engoli um pouco de saliva, tentando achar espaço para poder “digerir” melhor aquela situação. Ainda bem que Togekiss era um Pokémon com grande afeto, carisma e amor. Ele abraçava as duas enfermeiras, quase virando um coberto branco com manchinhas ao redor das duas.

Raboot continuava sua missão focado. Era mais reservado do que os outros pokémons, talvez mais solitário e frio, então, vendo que eu estava com as Joys que gritaram, ele deduzira que eu estivesse com tudo sobre controle. - Raboot! - chamei o coelho para perto de mim, já que tinha uma ideia melhor. Espero que ele volte com um ovo. - Podem chamar seus Pokémons para perto? Acho que tenho uma ideia melhor.- forcei um sorriso, como quem quisesse apagar da memória das duas o que viram... Talvez com um Drowzee ~qqq

Esperando todos os Pokémons ficassem mais perto, erguia-me (já que tinha me abaixo para transmitir mais segurança para as duas), enquanto encarava toda aquela mata desordenada ali no solo. Gostaria de tecer a observação que Lampent me incomodava planando sobre as cascas de ovos. Parecia que estava ensinando o caminho para a pobre alma que foi levada antes de nascer. - Togekiss, Air Slash. Lampent, Psychic. – e sob ordens direta, esperava fazer uma daquelas velhas combinações do anime em que o Psychic “segura” um golpe e o controlava. Esperava limpar aquela praça, diminuindo o mato pelo menos pela metade do tamanho, aumentando, sobretudo, a visão de quem estava do alto (togekiss e lampent), sem ferir quem estava escondido no fundo daquele verde-morto. De morto já basta o ovo...

Quando Raboot voltava dando leves chutinhos no ovo, fazendo-o rolar até a gente, se eu tivesse bebendo alguma coisa, certamente cuspiria tudo em alguém. Já bastava um ovo em que Lampent estava cortejando para o submundo, dois talvez não fosse o suficiente para a pequena Joy. Alívio, foi, quando eu consegui receber o ovo, aparentemente inteiro. Enquanto Togekiss e o fantasma faziam a limpa e tocavam os selvagens pra correr, eu me agachava mais uma vez perto da pequena Aya. Era uma criança esperta, não tinha como ser bobo com isso.

- Tô. Eu sei que este não substitui o ovo, mas Lampent tá cuidando pra leva-lo pra um lugar que alguém vai cuidar.- ok, eu vou adaptar a pokédex - Sabe, acho que todo mundo tem que cuidar de todo mundo. Enquanto estamos vivos, cuidamos dos vivos.- dizia estendendo o ovo para ela. Esperava que as duas soubessem atender o mínimo que um ovo precisa, pois aqui sou policial, não mediciner. - Aquele Pokémon foi para outro lugar e Lampent vai cuidar pra que ele esteja bem... – pensava no que falar. - Pra que ele vire um estrelinha no céu!- ah, por favor, crianças gostam deste negócio de estrelinha!

Pior que literalmente Lampent parecia conversar com um espírito, pois desde que chegamos, não saiu de cima dos restos dos ovos. Bem, pelo menos até ver um ovo, pois ele fez questão vir abraça-lo. - Acho que Lampent gosta da ideia de cuidar de todos, né?- sorria para o carinho que o fantasma tinha com ovos... Só agora que eu pensei que ele poderia tá sugando energia vital dos bebês, mas como nenhum dos meus Pokémons nasceu sequelado, acho que tá tudo bem. - Antes de continuarmos, vamos ofertar uma despedida pro ovinho, ok?

A ideia era cavar uma pequena covinha pra enterrar os restos. As cascas dos ovos seriam nutritivas pro solo e talvez beneficiaria ainda mais o ambiente. Só espero que não ache mais cascas de ovos, pois se não, o céu deveria ser estrelado naquela noite. Como estava de luva e as cascas não precisavam de muito espaço, eu cavaria um pequeno pseudo túmulo e faríamos alguns segundos de silêncio, palavras bonitas e tudo o que fosse suficiente para consolar as meninas.