[Missão de Sub-Classe] Reciclagem com Rebeka

Agradecemos pela hospitalidade, mas já estava ficando tarde para ficar tempo demais na casa dos outros e a estrada de noite era outra. Acabava convidando a família Chan para visitar o restaurante de Matthew na cidade, qualquer dia desses. Certamente que ele arrumaria uma reserva pra família, se assim quisessem, afinal, era bom de vez em quando alimentar o espírito com novidades.

Como a volta era mais perigosa, não deixei Matthew dirigir, mas ele vinha no banco do carona.

— É esse seu tipo de coleguinha? Achei que fosse misturar com as outras mães, sei lá. Fundar um clube do livro e fofocar sobre as vizinhas.

Não sabia se ria ou se dava um beliscão nele.

— Estou tentando fazer novas amizades. Se eu quisesse ser dondoca eu tinha ficado em casa mesmo. Como vou achar minha crew se não tentar me misturar com os jovens?

Ele me olhou com espanto nos olhos e disse - Quem é você e o que fez com minha mãe? CREW? Arceus do céu. Nunca mais fale assim.

A viagem até a Senkyo foi bem tranquila. Era muito gostoso passar um tempo com meu Pidgeotto. Não entendia o porquê dele ter de ficar viajando sempre de um canto a outro. Quando estava distante ficava dias sem mandar notícias. Meu coração já estava começando a cansar de tanta preocupação. Será que Joseph saberia como lidar se estivesse no meu lugar?

A noite em si foi tranquila. Os quartos eram bem grandes para um puxadinho no restaurante e o aroma das flores tiravam qualquer cheiro que a cozinha pudesse tentar impregnar nos lençóis. Tanto era que acordamos bem mais cedo que o necessário.

— Bom dia Lopunny - acordava a Normal que tinha adormecido comigo, como de costume. - Que tal tomar café da manhã na fazenda da Rebeka? Se chegarmos mais cedo talvez possamos usar algumas plantas para fazer um chá e difícil com os colegas. No caminho deve ter alguma padaria aberta.

Lopunny ficou animada com mais um dia. Mais ainda porque eu estava contente e sabia disso porque ela era minha parceira desde sempre. Já meu filhote não parecia tão disposto…

— Não precisa vir se não quiser. - Disse.

— Não, eu to bem, só… preciso de um banho.

A voz dele voltava a ser um tanto quanto restrita, como a da manhã passada (isto porque Thito tinha terminado o teatro e Matte retornava). De qualquer forma ele tomava um banho rápido e se vestia… com cores neutras? Ele não tá bem. Será que é com a namoradinha? Era melhor nem entrar no assunto.


Na fazenda, com uns 10 pães, entre doces e salgados, procurava Chan próximo do nosso criadouro e deixava Lopunny acompanhando Matthew por um instante. Eles poderiam arrumar uma toalha na frente da casa central e preparar o espaço para o café. Tínhamos trazido garrafa térmica com água quente e outra de leite de soja, manteiga e compota de cheri. Enquanto Matthew arrumasse as coisas Lopunny poderia ir procurar flores e ervas para o chá, já que costumava fazer isso comigo.

Estava louca para bisbilhotar os resultados, mas esperaria para fazer isso com Jackie. Afinal, éramos uma dupla!

Ao que tudo indicava nós éramos os primeiros a chegar. Ao menos dava tempo de preparar as coisas com calma. Tanto foi que Chan chegava bem na hora que resolvia me sentar junto dos dois. Ele se aproximava e logo percebia que aquelas roupas deviam ser tipo um uniforme de criação, de repente para caso se sujar ou rasgar. Todo criador tem um macacão. Ao menos pensava que era algo do tipo. Só que para além disso, ele tinha trazido algo para o nosso piquenique não planejado! Que maravilha!

— Na verdade trouxemos algumas coisas para compartilhar com os colegas, venha, vamos nos alimentar e depois conferimos o nosso trabalho.

Convidei ele a se sentar conosco. Matthew estava brincando com dois roedores elétricos, mas dava um tempo para cumprimentar Jackie.

— Lopunny, querida, essas flores estão com um aroma maravilhoso! Obrigada por ter se esforçado para encontra-las para nós! - A coelha, alegre, respondia com carinho, me ajudando em seguida a por na água quente e depois de um tempo coar nas xícaras de quem aceitasse. - O que quer para acompanhar o pão, Jackie? Chá ou leite de soja? Pode misturar se quiser, também fica uma delícia pela manhã!

— Aceito com algumas gotas de leite, mãe. Obrigado. - Matthew tomava frente, me fazendo gosto servir o filhote. - Posso pegar um biscoito?


Depois da refeição mais importante do dia...

— Pronto para conferir nosso bebê?

A refeição seguia tranquilo com uma sensação de paz e serenidade do campo. O ar puro e o canto das aves era tudo pra mim! Chan tinha um pedido antes de levantarmos.

— Claro! Pode anotar! Eu pretendo comprar um terreno por aqui e começar construir uma fazenda como a da professora Rebeka, em breve. Será bom ter conhecidos.

Entregava o telefone para ele anotar o contato.


Assim que Chan e Mary levantavam para conferir seu trabalho da tarde anterior, os Elétricos se movimentaram freneticamente, como se estivessem aprontando alguma. E realmente tinham! Os dois surgiam com alguns itens bem melhor do que as últimas vezes. Quem diria!

— Vocês, hein! Sempre me surpreendendo - Matte ria e passava a mão na cabeça do Dedenne e um "toca aqui" com a Pachirisu.


E enquanto o filhote ficava de curtição com os Pokémon, Jackie e eu buscávamos pelo motivo da criação. Uma nova vida se formava daquela casal improvável! Isso enchia meu coração de alegria. Retornava os dois pokémon, cada um para sua respectiva pokébola, e então ia recolher o ovo azuladinho.

— É tão lindo! E ta quentinho - abraçava ele com ternura, mas sem fazer força. - Foi um trabalho em equipe, senhor Chan! Quer segurar?

Independente da resposta de Chan, nós tínhamos que mostrar os resultados para a professora. E assim nós seguíamos de volta pra casa principal procurar por ela.

Pensaria no caso dele, porque pelas contas que Matthew estava fazendo para mim, ficaria quase que completamente sem recursos com a compra de um novo terreno e fazenda, mais extras, pois criar exigia criadouros! Por isso não dava uma resposta agora, mas e precisasse de alguém, certamente que ele seria o primeiro da fila.

Quando mostramos nosso resultado, a professora ficou encantada. Só que ainda restava um desafio... Chocar o ovo! E isso geralmente durava uma semana inteira, tomando todos os devidos cuidados. Então, assim que nos afastamos de Rebeka, propunha algo ao colega de classe:

— Posso ficar com ele em tempo integral, já que estou cuidando de outros dois ovos nesse exato momento, mas se quiser fazer parte do processo podemos dividir 3 dias e meio para cada um e você pode ficar com ele na primeira metade de tempo. Você que sabe, por mim ta tudo bem.

Por fim realmente dependia da decisão de Chan. Ficando comigo era certeza de tarefa concluída. Só que sabia que o menino tinha real desejo de se especializar e uma oportunidade era uma oportunidade. Por isso esperava ele escolher, sem problemas algum.

Então Jackie, um menino, estudioso e dedicado, decidia fazer parte do processo. Dava a ele a primeira metade da divisão da tarefa, afirmando que iria buscar o ovo apenas na metade do quarto dia...

Nesse meio tempo fomos fazer compras e cuidar da beleza. Matthew estava com um cabelo cumprido que quase não reconhecia, mas ele não queria cortar, então ao menos mandamos hidratar. Esse menino parece que vivi na praia! Igualzinho o pai! As pontas duplas reinavam naquela cabeleira loira! Depois disso, ele me mostrou algumas outras propriedades da sociedade e contou como se meteu nisso. Claro que era um orgulho ter um filhote tão inteligente em gestão de empresas e finanças, mas me parecia coisa demais. Ele não quis falar de Winnie, a namoradinha, Daisuke, o melhor amigo, ou qualquer outra coisa mais íntima ou pessoal. Nem quis mencionar o que foi fazer em Hoenn nas últimas semanas que esteve fora... Coisa boa não deve ter sido! Mas ao menos passamos um tempo de qualidade juntos, mesmo com as constantes mudança no humor. Talvez seria bom encontrar um psicólogo pra esse menino...

1/2 DIA:
Chegado o momento de buscar o Egg de Mantyke, Chan parecia bem satisfeito do tempo que passou com ele. Não que um ovo fizesse algo tão impressionante, mas as vezes ele nos surpreendia com um pulinho ou dois. De toda forma deixei ele tranquilo que o ovo ficaria bem. Tratava logo de colocar numa incubadora para transportar até o quarto que estava ficando nos fundos do restaurante.

O final do dia não rendeu grandes coisas, apenas coloquei o Egg junto aos demais e analisei o tamanho, as manchas, o peso e os batimentos cardíacos que emanavam pela casca, por minuto. Anotava tudo isso no Rotom-Phone por voz. Descobria, nesse meio tempo que fiquei sem nada para fazer, que aquele aparelho era inteligente e podia me responder! A tecnologia tornando os jovens preguiçosos. Ao menos auxiliava os mais idosos a se continuar acompanhando o progresso.

Depositava os três pimpolhos no mesmo canto, com uma luz amarela para esquentar eles, colocando Lopunny para dormir por perto e tomar conta.

DIA 1:
O primeiro dia inteiro com o ovo foi mais de monitoria, acompanhando o peso de uma noite para o dia. O cumprimento da casca e também a contagem de batimentos cardíacos. Não parecia ter tido um ganho significativo, mas poucos gramas marcavam a diferença no peso. Só alguém realmente atenta conseguiria determinar. Ainda bem que tirei nota na noite anterior.

Colocava todos os três para receber um pouco de luz solar pela manhã e de tarde, depois do almoço, Lopunny, Espeon e Ditto nos acompanharam para uma tarde de conversas com os ovos. Ouvir vozes amigas era sempre bom. O ideal era a da mãe ou do mestre que tomaria conta, mas administrando uma grande família, o filhote não se sentiria um estranho quando chocasse e não encontrasse os pais.

Pela noite realizava uma nova verificação e notava que o tamanho tinha dado milímetros de diferença. Não era muito, mas ainda era algo.

A noite foi do Ditto tomar conta, com os três nas incubadoras com as luzes os aquecendo.

DIA 2:
Pela manhã do segundo dia, logo depois da higiene pessoal, e antes do café, novamente a rotina de verificações. Era possível notar que o peso já era uns 100 gramas a mais desde a primeira medida. Um ganho significativo para um baby! E de tamanho, quase um centímetro! Os batimentos começavam a ficar mais constantes, dando aspecto de quase formado.

Desta vez fomos passear nas torres sagradas de Ecruteak, tomando o sol da manhã por lá, aproveitando para criar ainda mais intimidade conversando com os ovos. Matthew não queria participar, dizia que tinha que treinar algumas habilidades que aprendeu em Fucshia e Olivine, mas não deu maiores detalhes.

Depois do almoço cuidamos de banhar os ovos e deixar eles bem limpinhos. Em breve chegaria o dia da entrega e além de saudável, estar bem apresentável era sinal de bons cuidados!

Pela noite, outra rotina de checagens e o Mantyke continuava ganhando peso, o que era maravilhoso para o desenvolvimento do pokémon. Era por fim a noite de Espeon tomar conta das novas irmãzinhas.

DIA 3:
Ao despertar no último dia de cuidados repetia a rotina nos horários já marcados e era de se esperar que o Mantyke nasceria saudável e amigável pelo tempo investido da nossa parte aos cuidados, não só dele, mas dos três ovos. Estava animada para conhecer o filhote! E também pelo nascimento das outras duas espécies que Matthew me presenteou.

Me arrumava e também decorava a incubadora do Mantyke com o nome da espécie e algumas bolhas para representar o tipo Water. Depois de todos prontos e bem apresentados, assim como eu estava, pegávamos o carro e dirigíamos para a fazenda. Antes, mandava uma SMS para Jackie..

Emme

Se ele estava esperando ou não era particular dele. Matthew não estava dirigindo hoje, apenas acompanhava no banco de trás, segurando o ovo para mim. O importante era estarmos juntas na hora de apresentar para a professora.

Quando o momento chegasse, entregaria o ovo na incubadora dizendo:

— Pelo peso e os batimentos cardíacos, o nosso Mantyke deve estar bem perto de nascer. Espero que herde a tranquilidade da mãe, porque o pai... - ria para Jackie e nesse momento o Mantyke vibrava com força mostrando que estava ouvindo... Ele queria nascer... logo agora??