WHIRL ISLANDS DUNGEON #2

Acho que não consigo descrever a felicidade que é assistir os guardiões caírem, um a um, desmaiados sobre a água. Os olhos brilharam de emoção diretamente para Ivy, que voava de volta pra mim com um sorrisão estampado naquela cara de bobalhona - tinha minhas dúvidas se iria evoluí-la, mas sério, como não?

Olha essa pancinha.

— Parabéns, filha! Mamãe te ama tanto! — abri um sorriso de orelha a orelha, abraçando a dracônica com força — Agora precisamos seguir, né, Wooper?

Não sei dizer se foi toda a euforia do momento, mas a atenção de Natalie não era mais minha. Nem a dela e nem a de nenhum dos outros monstrinhos. Estavam todos focados ao nosso redor, nos circulando em proteção do mal iminente que nos ameaçava. É, aquelas porcarias de bichos voltaram para tentar nos matar. Estamos em uma piscina, com um número limitado de monstrinhos...

Será que é agora?

— Você falou de morrer... Acho que agourou. — o braço direito entrelaçou-se no esquerdo da ruiva; os dígitos procurando os seus, que ao se encontrarem, foram apertados com força — Woo... O que vamos fazer? Não tem pra onde correr. Jogados todos os Pokémons? Que... Pavor.

Será que esse era o fim?

Que injusto.

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Tudo aconteceu muito...

Devagar.

Sim, eu sei, normalmente em situações assim o correto é dizer que "tudo aconteceu muito rápido", certo? Não nesse caso. Não sei se era pela terrível ironia do ambiente ser extremamente bonito, melancólico, catártico, mas foi quase como assistir uma pintura: observá-la aos poucos e notar cada pequeno detalhezinho que o artista colocou a disposição do público. E assim que meu consciente leu cada coisinha escondida nesse um minuto de loucura, que na minha cabeça parecia no mínimo dez.

Vamos começar pelo nervosismo. Os comentários de Natalie tecidos com aquela ironia que só ela sabe colocar nas palavras me deixavam um pouco desconfortável, eu confesso. A voz levemente trêmula, os dígitos já enrugados d'água mas ainda assim fortes, seguros, intercalados aos meus. Sabia que a ruiva não soltaria minha mão, nem se fosse pela investida mais forte do Etéreo conhecido por ser o Pokémon mais forte do mundo. Aliás, claro que é necessário mencionar esse maldito, não é? Aposto que foi algum tipo de maldição que lançou sob nós duas que sempre nos coloca em situações assim.

Culpar Deus é mais fácil que aceitar o acaso e a ironia do destino, então, foda-se. Me deixa acreditar no que eu quiser.

Depois, a taquicardia. Não só minha, como de Natalie também. Estávamos cercadas mais uma vez - agora não por zumbis, mas sim por monstros. Literalmente monstros; alguns pequenos, mas monstros. Nossos monstrinhos nos envolviam em um círculo protetor, mas em que universo conseguiríamos sair dali vivas? Dava pra tentar correr, mas eles nos alcançariam ou nos acertariam no ar. Dava pra tentar lutar, mas quem me garante que não tem mais lá fora? E mais e mais monstros? O estoque da bolsa-infinita de Wooper não é infinito, por mais irônico que seja.

Por fim, a ventania. A visão já embaçada da corrente tempestade percebeu Ivy chamando nossa atenção enquanto flutuava no céu. Não havia reparado antes, mas algo monstruoso despertava da cachoeira, exatamente como havia previsto que aconteceria. Agarradas nas pedras, mas sem soltar as mãos, ficamos por um tempo enquanto o ambiente se modificava. Outro monstro gigantesco, este agora em um outro extremo do que conhecemos em Regirock: se antes era pedra, agora a ameaça tornou-se água.

Diferente do lendário rochoso, esse sim, pelo menos pra mim, tinha a majestosidade que esperava de um Guardião. E se antes eu estava com medo, agora o sorriso de orelha a orelha não deixava mentir: se eles são como anjos para o Deus Pokémon, talvez seja hora de derrubar mais um pedaço do céu.

— HA! VAMBORA, WOOPER! — cerrei o punho da mão livre, em êxtase — MAIS UM PRA NOSSA LISTA! — gargalhei, erguendo o braço com as mãos entrelaçadas, quase como uma pose vitoriosa; era extremamente irresponsável pensar em um vitória tão cedo, mas era tudo que tínhamos, certo? a morte já estava ali nos esperando — ... — e somente nós duas podemos lutar contra ela; aproveitei para pegar mais um item na bolsa de Natalie, entregando-o para a dracônica antes do embate — Ivy, Dual Wingbeat! Siga com um Thunder!

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— Infelizmente não da, irmãzinha. — dei uma risada, os olhos vidrados na figura belíssima diante dos nossos olhos — Infelizmente não da.

E como eu queria que desse. A figura de Lugia era esmagadora, do tipo que te deixa com completamente arrepiada, amedrontada da imponência que carrega. Certamente era algo que aconteceria comigo, se não fosse toda essa vontade de derrota-lo. Queria mesmo era ter esse gigante pra mim... Serio, imagina apertar esse bichinho todo?

— Ivy, duplo Thunder! —voltei meu olhar para Wooper, encostando minha cabeça na dela — E se largássemos tudo e virássemos rainhas desse lugar? Seria tao ruim assim? Imagina andar pra la e pra ca em um Lugia?

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