WHIRL ISLANDS DUNGEON #2

A melhor parte de correr, meus queridos belíssimos pimpolhos, é simplesmente quando dá certo.

Pra ser sincera mesmo, toda a situação era uma pena pelo simples e singelo fato de que não havia sequer tido a chance de parar pra tentar realmente capturar um dos coquinhos nativos mas, levando em consideração que estavam cercadas agorinha há pouco, não era impossível que acabassem esbarrando com um ou outro exemplar mais pra frente, mais uma vez.

— EU NÃO SEI EU NÃO SEI EU NÃO SEI — Foram as palavras atropeladas que deixou escapar enquanto batia perna na direção da floresta, aproveitando a belíssima limpeza do caminho feita com tanto carinho e eficácia por Balthazar. — TAMBÉM NÃO TÔ AFIM DE DESCOBRIR, NÃO PARA NÃO — Exigiu. Sorte do bichão que eram duas contra um montão, ou tinha certeza que conseguia dar uns belos de uns sopapos nele... — A GENTE JÁ VIU COISA MUITO MAIS FEIA PRA MORRER PRA UM CARANGUEJO DEFORMADO, EU ME RECUSO, ME RECUSO, OUVIU??? — Reclamou com a outra, os dedos firmes apertando seu pulso e...

E, de repente, como num belo jogo de queimada, o acerto direto do coco no seu coco a fez considerar por um breve instante, logo antes de ser quase nocauteada, que os tribais não só as perseguiam, como também estavam dispostos a se atirar para alcançá-las. A parte ruim é que, levando em consideração tudo que já vinha acontecendo, essa não era uma probabilidade tão alienígena; A parte boa era que não foi o que aconteceu, como a ruiva logo descobriu, e o fato de que seu elétrico ficou encarando o conteúdo das (descobriu) frutas rachadas no chão... Eu até poderia dizer que se incomodou com o baque na cabeça mas, sinceramente, a adrenalina da situação completamente adiou qualquer tipo de sentimento ou sensação que pudesse ter pra... Mais tarde.

Aliás, não sabia se influenciada por Rotom ou por Karinna quando a loira o fez, mas simplesmente tomou as duas fatias de uma das frutas entre as mãos ao levantar e seguiu seu caminho até a... maldita da bifurcação.

— Ah, sem tempo pra isso! — Sentenciou, já metendo os pés pelo meio da mata e indo diretamente pelo meio dos dois caminhos - ora, ficar em cima do muro não é roubo e nem pecado, é? — Vamo aqui por dentro que é pra eles não acharem a gente tão fácil. Se a gente ouvir ou ver alguma coisa que valha a pena ou, sei lá, o Tony, a gente vai atrás. — Confabulou: Mais consigo mesmo que com a própria loira, uns saltinhos entre uma e outra planta ou raiz que estivessem perdidas no meio do tempo...

Tomara que os coquinhos não viessem atrás com o bichão do mar.

Admito que se não fosse a necessidade urgente de se distanciar do oceano o mais rápido possível e também o fato de que não podia simplesmente se largar de qualquer jeito para que Karinna e ela própria não acabassem simplesmente morrendo na praia, talvez a ruiva tivesse prestado um pouco mais de atenção nos arredores. Talvez reparasse com mais cuidado o caminho por onde vinham, por conta da necessidade eventual de voltar - mas, bem, levando em consideração que talvez a melhor coisa que pudessem fazer fosse simplesmente abandonar a ilha pelo lado oposto pelo qual vieram...

Você entendeu.

Sobre a parada repentina de Bley: Na real, não teria percebido. Não deveria, não fosse o fato de que os dedos se agarravam com até certo desespero sobre seu pulso e, bem, ao sentir o corpo ser "puxado" para trás como se estivesse tentando arrastar uma mula empacada, é compreensível que o susto a tenha feito puxá-la com ainda mais força pelo temor de que alguma coisa a houvesse simplesmente agarrado - mas, quando o rosto voltou para trás e ela se deu conta de que a única coisa as segurando ali era a irritação da criminosa, o alívio veio num rompante, os dígitos se afrouxando de maneira súbita sobre o seu pulso.

— ... — Não se pronunciou durante o ataque de pelanca da irmã - ela própria já havia tido o seu lá na praia, por conta de um peixe dourado. Não poderia culpá-la por surtar por conta do caos que havia se instaurado repentinamente ao redor, né? — ...K- — Pensou em tentar argumentar, mas não acreditou que valia a pena. Se manteve quieta, percebendo repentinamente as pernas trêmulas e, para evitar simplesmente ir com tudo no chão, logo após se dar conta de que o barulho dos tambores parecia um tanto quanto mais distante, os músculos cederam e as pernas tombaram como se fossem dois fios de macarrão, a bunda largando-se na terra batida e a respiração tentando se recuperar de toda aquela maratona maldita. O próprio Balthazar também o fez, coitado, se largando no chão e rolando sua mangueirinha por uns vestígios de gramíneas que botavam a cabeça pra fora do solo. O eletrodoméstico já tinha tido que lidar com a experiência de ser um prisioneiro e, por mais rápido e resistente que fosse quando se tratava da necessidade de velocidade, ele ainda não havia tido um tempo justo para descansar.

— ...Mww... — Murmurou, um suspiro cansado, esfregando o rosto com o dorso de uma das mãos quando Bley a chamou. Primeiro estava com preguiça da simples ideia de se mexer mas, com um pouco de coragem, arrastou o corpo para mais pertinho do da outra. Não para o que ela havia pedido: Acabou só se largando e acomodando no colo da irmã, buscando um ninho que há muito não se dava ao luxo de aproveitar. — ... ...Viu? — Disse, devagar, após alguns segundos de silêncio. — Eu falei que ia ser mais fresquinho. — Brincou, o olhar desviando com delicadeza para o rosto da mais velha, um sorriso torto despontando no canto dos lábios.

...

— ...Você acha que eles ainda vão vir atrás da gente? — Perguntou, a atenção esquivando com certo nervosismo na direção da entrada da clareira. Agora que o coração se acalmava aos poucos dentro do peito, eram três sofrimentos que tinha de lidar: O primeiro era o cansaço, óbvio. O segundo, as dores que se espalhavam e agarravam aos músculos por conta daquele arranque desesperado e... — ...Ngh... — ...O terceiro, a dor latejante na cabeça causada pela cocada que havia levado sem dó nem piedade. A treinadora levou uma das mãos ao local da pancada, esfregando-o devagar e com certa pressão, apertando as pálpebras com sutileza. — ...De onde diabos vieram essas coisas, mesmo? — Murmurou, as pupilas batendo na imagem da fruta quebrada que tinha largado no chão assim que pararam para "descansar". A moça esticou um dos braços, puxando o alimento com a pontinha dos dedos em uma tentativa de descobrir o que é que tinha dentro que havia chamado a atenção de seu fantasma elétrico.

— ...Acho que a gente vai ter que sair pelo outro lado... — Divagou, devagar. — Será que se a gente for pro topo da montanha a gente consegue uma visão boa do melhor jeito de sair daqui? — Ponderou, um murmúrio perdido no coração da clareira. Não tinham muitas opções, mas... Alguma tinham que tomar, né?

4 Potions pro Eelektross, 3 Potions pra Dragonair

— Nem me fala. — Ranzinzou diante do comentário da loira, sentindo mais uma vez sua pobre cabecinha latejar. A única parte boa da situação foi que, dentro das frutas, teve a grata surpresa de encontrar alguns docinhos que já bem conhecia e costumava utilizar para aumentar um pouquinho a experiência de seus pokémons. Como não era boba nem nada, simplesmente enfiou as belezuras na mochila porque, sabe como é, não queria ter que ficar carregando um coco aberto por aí só pra poder guardar seus espólios. — Melhor a gente ir embora logo. — Disse assim que se deu conta que as batucadas de tambor não mais pareciam se distanciar; Muito pelo contrário, aliás. — Não quero que eles cheguem e a gente descubra que, sei lá, aquele caranguejo sabe voar. — Murmurou, franzindo a ponte do nariz com certo desgosto; Mesmo com essa afirmação, porém, admito que enrolou um pouquinho pra sair se arrastando do colo da mais velha, preguiçosa, cheeeeia de manha...

— Vamo indo pra montanha, então. — Decidiu, tirando Eelektross mais uma vez da pokéball para poder utilizar alguns medicamentos na pobre enguia - apesar de ter Giga Drain, levando em consideração os problemas que estavam tendo ultimamente, não acreditava que seria inteligente deixar brecha para que a pobrezinha estivesse fraquejada. Inclusive, aproveitando que já estava mexendo nas coisas mesmo, acabou usando algumas poções também em Ivy, aproveitando o momento para descartar os fracos pelo chão mesmo pra deixar a mochila um pouquinho mais leve. Como estava distraída com a atividade, admito que só percebeu o achado de Gyoza quando a belíssima da Bley resolveu jogar o isqueiro na sua direção e... A ruiva piscou, discreta, antes de recolher o objeto em mãos e o analisar mais de perto. — ...Será que é do Tony? — Ponderou, balançando a cabeça e se erguendo do chão mais uma vez...

...E claro que não teve muito tempo. A atenção voltou de imediato na direção dessa movimentação na mata mas, sinceramente, Karinna já tinha agido e a estrela do mar cuidaria de aprisionar qualquer um bendito que resolvesse aparecer (ou não, tanto faz). Em resposta, a treinadora recuou automaticamente para mais perto da loira, fechando o isqueiro recém-aberto (queria ver se ainda tinha óleo para acender, aliás, o que explicava o fato).

Bom, levando em consideração a "calmaria"...
Não podia ser o caranguejo, né?