[CONTO] Luch
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Cunha
Victoria
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Pagliacci- Especialista Flying II
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Re: [CONTO] Luch
OBS.: Este Conto contém uma descrição não explícita de violência contra Pokémon. De fato, uma leitura com conteúdo sensível. Caso opte por ler, tenha isso em mente.
Passos apressados em uma rua escura. Provavelmente uns oito pares de pés e pernas embolados que ofuscavam vez ou outra a pouca iluminação dos postes de lâmpada incandescente em um beco qualquer de Castelia. Não haviam muitas vozes e o silêncio percorria o labiríntico ambiente com bastante precisão. Não era um passeio sem rumo, pois o grupo tinha um destino certo e um objetivo desconcertante. Não muito longe dali uma família seria impactada e dois destinos cruzados.
É bastante provável que conheça alguns infantes e adolescentes chamados "crianças-problemas" na comunidade onde mora. Contudo, o que Castelia vivenciava nos últimos meses era algo bem pior. Os conhecidos grupinhos de bairro haviam progredido perigosamente ao nível de gangues e a inconsequência típica da puberdade se transformava em crimes, de fato. Dentre estas gangues, a mais famosa, sem sombra de dúvidas, eram os chamados "Sons of Giratina" - um grupo de adolescentes e jovens adultos dispostos à tudo para causar a disruptura da sociedade no Centro-Sul Unovense. Utilizavam como símbolo o Pokémon Mitológico amplamente famoso em outra região, Sinnoh. Este, representando o inverso da luz e da criação, ao menos para aqueles que acreditavam nisso... Enfim, eram eles os donos de pés e pernas desta noite.
— Parou, parou! Um... Dois... Três... — Exclamou um rapaz de porte nada atlético e de nariz caricatamente delgado, quase amassado, que liderava o bando. Ele fez com que todos os outro sete ficassem em formação atrás dele enquanto contava os presentes, chegando a uma conclusão ao terminar a tarefa — ...Sete. Porra! Eu falei pra ficarem juntos, pra onde foi o Mosquito? — Indagou raivoso o "cabeça" do grupo, direcionando sua voz ao alto e desengonçado rapaz no fim da fila.
— Hm? Ele saiu, ele disse, não disse? Ou só eu ouvi...? Ele falou que não ia conseguir o inicial dele se fosse pego com a gente... Meteu o pé, Tripa! — Disse Luch, um tanto aéreo quanto ao ocorrido. Não havia sido claro para todos que o "Mosquito" havia desistido do teste lá atrás? Bem, pelo olhar dos demais presentes, a resposta deveria ser 'não'. De todo modo, o tal "Tripa" nem se deu ao trabalho de responder o mais alto, já recolhendo um smartphone parcialmente quebrado para contatar alguém. Provavelmente um outro membro da gangue, que iria perseguir o tal "Mosquito" como se fosse uma Raquete Elétrica... — Não vamos perder tempo, o teste é nesse beco à direita. Todo mundo com o material? — Questionou, recebendo uma confirmação por parte de cada um dos sete recrutas, cada um erguendo uma "arma" improvisada, estranhamente chamadas de "material".
— Silvye, almofada não serve! Tu é muito errada, puta que pariu! — Tripa berrou para a menina loira com uma grande franja que tampava seus olhos, mas não havia tempo de corrigir esse problema, afinal a janela para agirem era realmente curta, principalmente devido ao crime diabólico que pretendiam realizar. No tal beco, informado pelo Líder do bando, havia uma família de Meowth, todos dormindo ao redor de uma mamãe Persian. Já aqueles jovens, que pouco a pouco escalavam sua violência e desapego pela vida em "testes" que os colocavam em situações extremas, tinham uma missão doentia a cumprir. Por isso, um a um foram adentrando na estreita ruela, alguns com sorrisos sádicos, outros suando frio, alguns chorando. Entretanto, não parecia ter volta para eles após chegarem tão longe... Luch era o último da fila. Andando devagar para postergar ao máximo sua participação, ele ia batendo um taco de madeira contra a própria mão. O rapaz sentia o estômago embrulhar cada vez mais, conforme as sombras de humanos e Pokémon se misturavam na parede à sua frente e era só isso que ele conseguia ver, sombras sem donos....
— Qual foi? Estão esperando o que? Se vocês afrouxarem agora podem desistir das suas vidas... A gente sabe quem vocês são, onde moram, com quem vocês se importam. Então ou fazem essa merda ou... — Dizia Tripa, em alto e bom som, dando tapa na cabeça dos mais novos e assustados. Entretanto, seu discurso foi interrompido por um movimento inesperado. Um vulto sobe e desce com força, terminando em um miado de dor. Luch acompanhava a ação apenas pelas sombras na parede do beco, mas o som... Aquele som perturbador valia mais do que um filme inteiro, marcando fortemente seu corpo... Sua alma... Seu espírito. Agarrou então mais forte o bastão, dessa vez com as duas mãos e foi dando passos lentos em direção à parede. As sombras agora dançavam e nada mais podia ser ouvido. Luch olhou para baixo, tentando encontrar um ponto no vazio para não-observar o que não deveria ser visto e foi então que ele viu ela... Uma pequena filhote de Meowth, com alguns respingos de sangue em sua lateral. A Pokémon se esgueirava por baixo de pernas e quase alcançava a saída do beco. Nesse momento apenas uma coisa poderia ser feita... E foi por isso que Luch ergueu seu bastão bem alto, fitou profundamente o Pokémon e desceu num rompante o objeto-arma.
Crack.
O som de algo quebrando ecoou pelo beco, fazendo todos pararem o que estavam fazendo. Enquanto um corpo caía como uma Berry madura, diretamente no asfalto, olhos incrédulos observavam uma expressão de ira ensandecida em Luch. Tripa estava ali, com os olhos revirando e a língua enrolada, espumando. Quando a primeira criança tentou ajudá-lo, uma segunda pancada foi ouvida. Dessa vez, sem o som de quebra, afinal este foi um golpe de raspão. Entretanto, o bastão havia ganhado um tufo de cabelo novíssimo em sua ponta agora rachada. E a sequência das porradas não esperou a aproximação de mais um alvo. Dessa vez foi o rapaz alto e desengonçado que avançou às cegas, pisando o desacordado Líder e sem poupar forças para acertar cabeça e tórax dos demais membros daquela carnificina. Os grito de dor dos Pokémon eram enfim suplantados pelos gritos de dor humanos. A selvageria de Luch só parou após a quarta ou quinta pancada diretamente no seu queixo, de baixo para cima. Com um empurrão, jogando seu bastão, o garoto cambaleou para fora do beco e sua única ação possível foi pegar o filhote ensanguentado de Meowth antes de correr.
Seria loucura demais imaginar que Luch sabia para onde estava indo, mas seja por sorte ou milagre ele conseguiu alcançar a estação de trem. Sua roupa manchada de sangue só não chamava mais atenção pois era noite. Sem pensar se ainda estava sendo seguido o jovem lançou-se contra aquilo que seria o último trem em direção à Nimbasa. Dentro de seu moletom um assustado e sujo filhote aninhava-se ainda em choque, mas confortável. Enquanto isso, um filme de gritos e sangues de Pokémon e Crianças ainda mesclavam-se na mente de Luch como um turbilhão de cores e sons. Um pouco antes de perder a consciência, o rapaz pôde ver os olhos brancos de Tripas sussurrarem com sangue e saliva saltando em direção ao seu rosto: "Você perdeu a sua vida, meu irmão..."
E perdida ou não, era um fato de que a sua vida, bem ali, havia acabado de começar.
Semana 2 | 22/08/2021 ~ 28/08/2021
Luch: Zero
Passos apressados em uma rua escura. Provavelmente uns oito pares de pés e pernas embolados que ofuscavam vez ou outra a pouca iluminação dos postes de lâmpada incandescente em um beco qualquer de Castelia. Não haviam muitas vozes e o silêncio percorria o labiríntico ambiente com bastante precisão. Não era um passeio sem rumo, pois o grupo tinha um destino certo e um objetivo desconcertante. Não muito longe dali uma família seria impactada e dois destinos cruzados.
É bastante provável que conheça alguns infantes e adolescentes chamados "crianças-problemas" na comunidade onde mora. Contudo, o que Castelia vivenciava nos últimos meses era algo bem pior. Os conhecidos grupinhos de bairro haviam progredido perigosamente ao nível de gangues e a inconsequência típica da puberdade se transformava em crimes, de fato. Dentre estas gangues, a mais famosa, sem sombra de dúvidas, eram os chamados "Sons of Giratina" - um grupo de adolescentes e jovens adultos dispostos à tudo para causar a disruptura da sociedade no Centro-Sul Unovense. Utilizavam como símbolo o Pokémon Mitológico amplamente famoso em outra região, Sinnoh. Este, representando o inverso da luz e da criação, ao menos para aqueles que acreditavam nisso... Enfim, eram eles os donos de pés e pernas desta noite.
— Parou, parou! Um... Dois... Três... — Exclamou um rapaz de porte nada atlético e de nariz caricatamente delgado, quase amassado, que liderava o bando. Ele fez com que todos os outro sete ficassem em formação atrás dele enquanto contava os presentes, chegando a uma conclusão ao terminar a tarefa — ...Sete. Porra! Eu falei pra ficarem juntos, pra onde foi o Mosquito? — Indagou raivoso o "cabeça" do grupo, direcionando sua voz ao alto e desengonçado rapaz no fim da fila.
— Hm? Ele saiu, ele disse, não disse? Ou só eu ouvi...? Ele falou que não ia conseguir o inicial dele se fosse pego com a gente... Meteu o pé, Tripa! — Disse Luch, um tanto aéreo quanto ao ocorrido. Não havia sido claro para todos que o "Mosquito" havia desistido do teste lá atrás? Bem, pelo olhar dos demais presentes, a resposta deveria ser 'não'. De todo modo, o tal "Tripa" nem se deu ao trabalho de responder o mais alto, já recolhendo um smartphone parcialmente quebrado para contatar alguém. Provavelmente um outro membro da gangue, que iria perseguir o tal "Mosquito" como se fosse uma Raquete Elétrica... — Não vamos perder tempo, o teste é nesse beco à direita. Todo mundo com o material? — Questionou, recebendo uma confirmação por parte de cada um dos sete recrutas, cada um erguendo uma "arma" improvisada, estranhamente chamadas de "material".
— Silvye, almofada não serve! Tu é muito errada, puta que pariu! — Tripa berrou para a menina loira com uma grande franja que tampava seus olhos, mas não havia tempo de corrigir esse problema, afinal a janela para agirem era realmente curta, principalmente devido ao crime diabólico que pretendiam realizar. No tal beco, informado pelo Líder do bando, havia uma família de Meowth, todos dormindo ao redor de uma mamãe Persian. Já aqueles jovens, que pouco a pouco escalavam sua violência e desapego pela vida em "testes" que os colocavam em situações extremas, tinham uma missão doentia a cumprir. Por isso, um a um foram adentrando na estreita ruela, alguns com sorrisos sádicos, outros suando frio, alguns chorando. Entretanto, não parecia ter volta para eles após chegarem tão longe... Luch era o último da fila. Andando devagar para postergar ao máximo sua participação, ele ia batendo um taco de madeira contra a própria mão. O rapaz sentia o estômago embrulhar cada vez mais, conforme as sombras de humanos e Pokémon se misturavam na parede à sua frente e era só isso que ele conseguia ver, sombras sem donos....
— Qual foi? Estão esperando o que? Se vocês afrouxarem agora podem desistir das suas vidas... A gente sabe quem vocês são, onde moram, com quem vocês se importam. Então ou fazem essa merda ou... — Dizia Tripa, em alto e bom som, dando tapa na cabeça dos mais novos e assustados. Entretanto, seu discurso foi interrompido por um movimento inesperado. Um vulto sobe e desce com força, terminando em um miado de dor. Luch acompanhava a ação apenas pelas sombras na parede do beco, mas o som... Aquele som perturbador valia mais do que um filme inteiro, marcando fortemente seu corpo... Sua alma... Seu espírito. Agarrou então mais forte o bastão, dessa vez com as duas mãos e foi dando passos lentos em direção à parede. As sombras agora dançavam e nada mais podia ser ouvido. Luch olhou para baixo, tentando encontrar um ponto no vazio para não-observar o que não deveria ser visto e foi então que ele viu ela... Uma pequena filhote de Meowth, com alguns respingos de sangue em sua lateral. A Pokémon se esgueirava por baixo de pernas e quase alcançava a saída do beco. Nesse momento apenas uma coisa poderia ser feita... E foi por isso que Luch ergueu seu bastão bem alto, fitou profundamente o Pokémon e desceu num rompante o objeto-arma.
Crack.
O som de algo quebrando ecoou pelo beco, fazendo todos pararem o que estavam fazendo. Enquanto um corpo caía como uma Berry madura, diretamente no asfalto, olhos incrédulos observavam uma expressão de ira ensandecida em Luch. Tripa estava ali, com os olhos revirando e a língua enrolada, espumando. Quando a primeira criança tentou ajudá-lo, uma segunda pancada foi ouvida. Dessa vez, sem o som de quebra, afinal este foi um golpe de raspão. Entretanto, o bastão havia ganhado um tufo de cabelo novíssimo em sua ponta agora rachada. E a sequência das porradas não esperou a aproximação de mais um alvo. Dessa vez foi o rapaz alto e desengonçado que avançou às cegas, pisando o desacordado Líder e sem poupar forças para acertar cabeça e tórax dos demais membros daquela carnificina. Os grito de dor dos Pokémon eram enfim suplantados pelos gritos de dor humanos. A selvageria de Luch só parou após a quarta ou quinta pancada diretamente no seu queixo, de baixo para cima. Com um empurrão, jogando seu bastão, o garoto cambaleou para fora do beco e sua única ação possível foi pegar o filhote ensanguentado de Meowth antes de correr.
Seria loucura demais imaginar que Luch sabia para onde estava indo, mas seja por sorte ou milagre ele conseguiu alcançar a estação de trem. Sua roupa manchada de sangue só não chamava mais atenção pois era noite. Sem pensar se ainda estava sendo seguido o jovem lançou-se contra aquilo que seria o último trem em direção à Nimbasa. Dentro de seu moletom um assustado e sujo filhote aninhava-se ainda em choque, mas confortável. Enquanto isso, um filme de gritos e sangues de Pokémon e Crianças ainda mesclavam-se na mente de Luch como um turbilhão de cores e sons. Um pouco antes de perder a consciência, o rapaz pôde ver os olhos brancos de Tripas sussurrarem com sangue e saliva saltando em direção ao seu rosto: "Você perdeu a sua vida, meu irmão..."
E perdida ou não, era um fato de que a sua vida, bem ali, havia acabado de começar.
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Re: [CONTO] Luch
Atualizando, assassino de assassino de gatos
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O Mahiro é o melhor do mundo <3
Victoria- Ace Trainer IV
- Treinador Ace IVAlcançou a categoria IV em Treinador ACEDungeon Orange ArchipelagoVenceu a Dungeon de Orange ArchipelagoDungeon EverlastingVenceu a Dungeon de EverlastingDungeon Pokémon MansionVenceu a Dungeon de Pokémon Mansion
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Re: [CONTO] Luch
GRANDE NOVELUUM BRASIL - CÁPITULO 1: KARINNA DEL BAIRRO
Uma história Virtuum, co-roteirizada pela @Panda
EPÍLOGO
No subúrbio empoeirado do Vilarejo de Fallarbor, onde as cinzas do Mt. Chimney pairam perpetuamente no ar, duas almas diminutas e inquietas buscam traçar seus destinos com as armas que a vida lhes trouxe. Karinna Bley, a loira, e Natalie Chase, a ruiva, duas meninas de espírito livre e mãos ágeis que conhecem as vielas e ruelas da cidade como a palma de suas mãos pequenas e imundas. Tendo crescido à sombra da montanha constantemente fumegante, a infância das duas foi marcada por uma pobreza que as obrigava a ter criatividade e sagacidade, além de um tiquinho de maldade, para garantir a sobrevivência.
Porém, assim como a desigualdade de Fallarbor tão palpável quanto as partículas de cinza que soterravam seus pulmões a cada respiração, dividindo a cidade entre os que respiravam ar puro e os menos afortunados, Karinna e Natalie, que resistiam dia após dia nas margens da sociedade, também viviam uma ambiguidade. Enquanto Natalie via o copo meio vazio e não abria uma perspectiva futura além daquela que já viviam, Karinna pretendia alçar voos mais longos. A loira, de atuação exímia em suas investidas criminosas, sonhava com o dia em que deixariam tudo isso para trás e ela poderia se tornar a maior atriz que Hoenn... Não! que o MUNDO já havia visto.
Por isso, conforme cresciam, as suas trajetórias, inicialmente indistinguíveis, iam afastando-se no bailar do ar da vida, separando-se como duas finas fitas de fumaça que se saiam nas chaminés da cidade, dissipando-se, cada vez mais alto na liberdade dos céus. E assim, aos 18 anos, Karinna tomou a difícil decisão de afastar-se de Fallarbor e, consequentemente de Natalie, correndo atrás de seu sonho na Grande Lilycove, a Cidade das Artes.
VILA JURUBINHA, Comunidade do Subúrbio de Lilycove.
Karinna Bley, com uma mala surrada e olhar determinado, avança pelas ruas da comunidade de Vila Jurubinha. O cenário é simples, extremamente humilde, mas surpreendente vibrante, com crianças brincando nas ruas e pequenas lojas e barracas espalhadas pelo bairro, tão cheio de ruelas e vielas quanto de pequenas praças, como respiradouros em meio a tanta construção empilhada. Ela caminha observando tudo com atenção e cuidado, sendo seguida de perto por duas figuras: Luch Valassa, um rapaz alto, branco e de cabelos negros desgrenhados, com um olhar semicerrado e uma expressão avoada; e Artemísia Lovari, uma jovem baixinha, de cabelos longos e vistosos, loiro acinzentados, com olhos castanhos amendoados, uma pele bronzeada e um corpo bastante chamativo. Diferente de Luch, ela parecia ser mais extrovertida e espontânea, comunicativa e ousada.
− Eu não levo desaforo pra casa, não gosto disso! Aquela Loira BÁSICA nem é daqui, a patricinha DO CARALHO! Com todo REXXXPEITO! – Dizia Artemísia, gesticulando a cada exclamação. Seu rosto estava vermelho de ódio e era notável que não deixaria a situação ficar por isso mesmo. Quem a conhecia, sabia que isso realmente não acabaria ali...
− Ih, esquece isso, Mísia! – Disse Luch, dando um sorriso bobo, tentando ajeitar o cabelo extremamente bagunçado, mas sem sucesso – Aquela lá é alguma adolescente do Cursinho Okido, nem sei porque construíram colado aqui na Vila Jurubinha. Era óbvio que ia dar merda esse pessoal na Vila, é que nem água e óleo, não se mistura...
Para contextualizar, há mais ou menos uma hora atrás, Karinna descia do ônibus interestadual, arrastando sua mala grande e surrada, bem no ponto de ônibus de frente para o Cursinho Okido, um curso famoso que surpreendeu a todos no último mês, abrindo uma filial bem na rua principal que dá acesso à Vila Jurubinha. Ao descer do último degrau, contudo, Bley acabou se desequilibrando e quase derrubando uma menina bastante magra e não tão alta, que parecia não ter muita personalidade, além de rica mimada. Em segundos, os seguranças da garota estavam cercando Karinna, quando Artemísia surgiu na frente da recém-chegada, colocando o dedo na cara de cada segurança. Apesar da baixa estatura, a explosão de atitude de Lovari os fez recuar. Luch chegou um pouco depois, apressado e quando tudo se acalmou, os locais resolveram levar Karinna para conhecer a Vila.
− ...E é por isso que o melhor lugar para você ficar é na Pensão da Tia Lydia... Digo, Dona Lydia, perdão... Eu já me acostumei a chamar ela de Tia, tô todo dia lá... – Comentou Luch, sugerindo um lugar para que Karinna se hospedasse, que inclusive era a casa da mãe de Artemísia – Ela é muito gente boa, deixa eu usar a cozinha pra fazer umas bagun...
O jovem Valassa comentava despreocupadamente sobre sua experiência convivendo na Pensão quando foi interrompido por um som altíssimo de sirene de viatura policial, que vinha pela viela em que estavam, sorrateiramente. Artemísia e Karinna se viram rapidamente para olhar, mas quando o vidro abaixou não era um Policial que estava no banco do carona e sim Nicholas, também conhecido como Nicovaras lá na "quebrada". Ele era um jogador de futebol em ascensão, mas teve a carreira bruscamente interrompida por um acidente na Linha Amarela, via expressa de Lilycove, onde arrebentou a mureta e também sua perna, sem recuperação total.
− E aí, gatinhas? Só falta o fuzil, né não?! Tô trajadão de viatura. O Brisa até cantou pneu ó! – Disse o loiro, colocando o braço para fora, se sentindo bastante imponente por rodar numa viatura e rindo de Luch, a quem chamou de Brisa. Agora, as duas mulheres se viravam e viam que Valassa já estava desaparecendo no horizonte, provavelmente tendo corrido só por ouvir o som da sirene, sem querer saber de maiores informações.
Antes de qualquer esboço de reação por parte de Bley e Lovari, uma cabeça surgiu na janela de Nicovaras, com uma expressão de poucos amigos. Era o Policial Cariano, que não estava para quaisquer brincadeiras e, colocando o braço para fora, discutia acaloradamente com Artemísia.
− Misinha! Entra no carro e vamos conversar. AGORA! Sai do carro, Nicholas! – Gritava o Sargento, tentando parecer amoroso com o apelido, mas sendo extremamente tóxico com a garota, enquanto desbloqueava a porta do carona e empurrava o ex-jogador. Em resposta, Artemísia nem deu bola, ergueu o nariz e girou 180°, pronta para continuar caminhando junto de Karinna. Porém, o Policial não parecia disposto a deixá-la em paz. Saiu do carro, batendo a porta e foi até a jovem, puxando-a pelo braço.
Daí, começou a confusão. Karinna largou a mala e empurrou Cariano com as duas mãos no peito, que pouco lhe deslocaram, mas o fizeram largar Artemísia. Nicholas começou a buzinar na viatura para chamar a atenção dos brigões e Artemísia estava pronta para dar um tapão no rosto do Sargento, quando uma figura surgiu para apartar a briga. Um menino alto, de porte atlético e roupas de Ranger, impecáveis. Era ruivo e de olhos numa coloração âmbar tão distinta, que chamava a atenção de todos. Ele não precisou gritar, bater, agir agressivamente de qualquer forma, mas calmamente afastou o Policial e fez as meninas se afastarem também. A única pessoa que quebrou o silêncio foi Lovari:
− Tsc. Daisuke, vê se dá um jeito nesse seu irmão...
Ao mesmo tempo, Karinna, curiosamente sem reação, observava embasbacada o ruivo, parecendo alheia a tudo e todos ao redor. Ela podia não ter falado nada naquele momento, mas seu olhar era uma certeza de que já havia decidido que a Vila Jurubinha seria o local onde se instalaria...
Algumas vielas de distância, ainda na Vila Jurubinha.
Um Luch arfando intensamente, já suficientemente distante da cena anterior, recosta em um muro de tijolos e suspira, tentando buscar o ar que lhe faltava, ainda de olhos fechados. Ele então fala baixo, quase mentalmente – Karinna... Mísia, foi mal...
... ... ...
– Hmm. Dia difícil, colega? – Diz uma voz feminina, cortando o silêncio com extrema tranquilidade. A jovem dá um assopro que faz uma fina fita de fumaça subir pelo céu, até dissipar-se. Então, sua mão delicada e alva oferece um cigarro para Valassa e, ao abrir os olhos, Luch pode notar uma menina ruiva à sua frente, tendo certeza de era a garota mais bela que já havia encontrado na vida! Sem palavras vindo do rapaz, ela continua... – Meu nome é Natalie Chase... E você, como se chama?
Uma história Virtuum, co-roteirizada pela @Panda
EPÍLOGO
No subúrbio empoeirado do Vilarejo de Fallarbor, onde as cinzas do Mt. Chimney pairam perpetuamente no ar, duas almas diminutas e inquietas buscam traçar seus destinos com as armas que a vida lhes trouxe. Karinna Bley, a loira, e Natalie Chase, a ruiva, duas meninas de espírito livre e mãos ágeis que conhecem as vielas e ruelas da cidade como a palma de suas mãos pequenas e imundas. Tendo crescido à sombra da montanha constantemente fumegante, a infância das duas foi marcada por uma pobreza que as obrigava a ter criatividade e sagacidade, além de um tiquinho de maldade, para garantir a sobrevivência.
Porém, assim como a desigualdade de Fallarbor tão palpável quanto as partículas de cinza que soterravam seus pulmões a cada respiração, dividindo a cidade entre os que respiravam ar puro e os menos afortunados, Karinna e Natalie, que resistiam dia após dia nas margens da sociedade, também viviam uma ambiguidade. Enquanto Natalie via o copo meio vazio e não abria uma perspectiva futura além daquela que já viviam, Karinna pretendia alçar voos mais longos. A loira, de atuação exímia em suas investidas criminosas, sonhava com o dia em que deixariam tudo isso para trás e ela poderia se tornar a maior atriz que Hoenn... Não! que o MUNDO já havia visto.
Por isso, conforme cresciam, as suas trajetórias, inicialmente indistinguíveis, iam afastando-se no bailar do ar da vida, separando-se como duas finas fitas de fumaça que se saiam nas chaminés da cidade, dissipando-se, cada vez mais alto na liberdade dos céus. E assim, aos 18 anos, Karinna tomou a difícil decisão de afastar-se de Fallarbor e, consequentemente de Natalie, correndo atrás de seu sonho na Grande Lilycove, a Cidade das Artes.
VILA JURUBINHA, Comunidade do Subúrbio de Lilycove.
Karinna Bley, com uma mala surrada e olhar determinado, avança pelas ruas da comunidade de Vila Jurubinha. O cenário é simples, extremamente humilde, mas surpreendente vibrante, com crianças brincando nas ruas e pequenas lojas e barracas espalhadas pelo bairro, tão cheio de ruelas e vielas quanto de pequenas praças, como respiradouros em meio a tanta construção empilhada. Ela caminha observando tudo com atenção e cuidado, sendo seguida de perto por duas figuras: Luch Valassa, um rapaz alto, branco e de cabelos negros desgrenhados, com um olhar semicerrado e uma expressão avoada; e Artemísia Lovari, uma jovem baixinha, de cabelos longos e vistosos, loiro acinzentados, com olhos castanhos amendoados, uma pele bronzeada e um corpo bastante chamativo. Diferente de Luch, ela parecia ser mais extrovertida e espontânea, comunicativa e ousada.
− Eu não levo desaforo pra casa, não gosto disso! Aquela Loira BÁSICA nem é daqui, a patricinha DO CARALHO! Com todo REXXXPEITO! – Dizia Artemísia, gesticulando a cada exclamação. Seu rosto estava vermelho de ódio e era notável que não deixaria a situação ficar por isso mesmo. Quem a conhecia, sabia que isso realmente não acabaria ali...
− Ih, esquece isso, Mísia! – Disse Luch, dando um sorriso bobo, tentando ajeitar o cabelo extremamente bagunçado, mas sem sucesso – Aquela lá é alguma adolescente do Cursinho Okido, nem sei porque construíram colado aqui na Vila Jurubinha. Era óbvio que ia dar merda esse pessoal na Vila, é que nem água e óleo, não se mistura...
Para contextualizar, há mais ou menos uma hora atrás, Karinna descia do ônibus interestadual, arrastando sua mala grande e surrada, bem no ponto de ônibus de frente para o Cursinho Okido, um curso famoso que surpreendeu a todos no último mês, abrindo uma filial bem na rua principal que dá acesso à Vila Jurubinha. Ao descer do último degrau, contudo, Bley acabou se desequilibrando e quase derrubando uma menina bastante magra e não tão alta, que parecia não ter muita personalidade, além de rica mimada. Em segundos, os seguranças da garota estavam cercando Karinna, quando Artemísia surgiu na frente da recém-chegada, colocando o dedo na cara de cada segurança. Apesar da baixa estatura, a explosão de atitude de Lovari os fez recuar. Luch chegou um pouco depois, apressado e quando tudo se acalmou, os locais resolveram levar Karinna para conhecer a Vila.
− ...E é por isso que o melhor lugar para você ficar é na Pensão da Tia Lydia... Digo, Dona Lydia, perdão... Eu já me acostumei a chamar ela de Tia, tô todo dia lá... – Comentou Luch, sugerindo um lugar para que Karinna se hospedasse, que inclusive era a casa da mãe de Artemísia – Ela é muito gente boa, deixa eu usar a cozinha pra fazer umas bagun...
O jovem Valassa comentava despreocupadamente sobre sua experiência convivendo na Pensão quando foi interrompido por um som altíssimo de sirene de viatura policial, que vinha pela viela em que estavam, sorrateiramente. Artemísia e Karinna se viram rapidamente para olhar, mas quando o vidro abaixou não era um Policial que estava no banco do carona e sim Nicholas, também conhecido como Nicovaras lá na "quebrada". Ele era um jogador de futebol em ascensão, mas teve a carreira bruscamente interrompida por um acidente na Linha Amarela, via expressa de Lilycove, onde arrebentou a mureta e também sua perna, sem recuperação total.
− E aí, gatinhas? Só falta o fuzil, né não?! Tô trajadão de viatura. O Brisa até cantou pneu ó! – Disse o loiro, colocando o braço para fora, se sentindo bastante imponente por rodar numa viatura e rindo de Luch, a quem chamou de Brisa. Agora, as duas mulheres se viravam e viam que Valassa já estava desaparecendo no horizonte, provavelmente tendo corrido só por ouvir o som da sirene, sem querer saber de maiores informações.
Antes de qualquer esboço de reação por parte de Bley e Lovari, uma cabeça surgiu na janela de Nicovaras, com uma expressão de poucos amigos. Era o Policial Cariano, que não estava para quaisquer brincadeiras e, colocando o braço para fora, discutia acaloradamente com Artemísia.
− Misinha! Entra no carro e vamos conversar. AGORA! Sai do carro, Nicholas! – Gritava o Sargento, tentando parecer amoroso com o apelido, mas sendo extremamente tóxico com a garota, enquanto desbloqueava a porta do carona e empurrava o ex-jogador. Em resposta, Artemísia nem deu bola, ergueu o nariz e girou 180°, pronta para continuar caminhando junto de Karinna. Porém, o Policial não parecia disposto a deixá-la em paz. Saiu do carro, batendo a porta e foi até a jovem, puxando-a pelo braço.
Daí, começou a confusão. Karinna largou a mala e empurrou Cariano com as duas mãos no peito, que pouco lhe deslocaram, mas o fizeram largar Artemísia. Nicholas começou a buzinar na viatura para chamar a atenção dos brigões e Artemísia estava pronta para dar um tapão no rosto do Sargento, quando uma figura surgiu para apartar a briga. Um menino alto, de porte atlético e roupas de Ranger, impecáveis. Era ruivo e de olhos numa coloração âmbar tão distinta, que chamava a atenção de todos. Ele não precisou gritar, bater, agir agressivamente de qualquer forma, mas calmamente afastou o Policial e fez as meninas se afastarem também. A única pessoa que quebrou o silêncio foi Lovari:
− Tsc. Daisuke, vê se dá um jeito nesse seu irmão...
Ao mesmo tempo, Karinna, curiosamente sem reação, observava embasbacada o ruivo, parecendo alheia a tudo e todos ao redor. Ela podia não ter falado nada naquele momento, mas seu olhar era uma certeza de que já havia decidido que a Vila Jurubinha seria o local onde se instalaria...
Algumas vielas de distância, ainda na Vila Jurubinha.
Um Luch arfando intensamente, já suficientemente distante da cena anterior, recosta em um muro de tijolos e suspira, tentando buscar o ar que lhe faltava, ainda de olhos fechados. Ele então fala baixo, quase mentalmente – Karinna... Mísia, foi mal...
... ... ...
– Hmm. Dia difícil, colega? – Diz uma voz feminina, cortando o silêncio com extrema tranquilidade. A jovem dá um assopro que faz uma fina fita de fumaça subir pelo céu, até dissipar-se. Então, sua mão delicada e alva oferece um cigarro para Valassa e, ao abrir os olhos, Luch pode notar uma menina ruiva à sua frente, tendo certeza de era a garota mais bela que já havia encontrado na vida! Sem palavras vindo do rapaz, ela continua... – Meu nome é Natalie Chase... E você, como se chama?
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Atualizado. @Luch
Red Shards x16 > x19
Red Shards x16 > x19
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By: KB lindo & perfeito <3
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Re: [CONTO] Luch
GRANDE NOVELUUM BRASIL - CÁPITULO 2: DA COR DO SOLGALEO
Uma história Virtuum, co-roteirizada pela @Panda
LADEIRA DO RAPA, VILA JURUBINHA
O ronco da moto de Shion ecoava pela Vila Jurubinha enquanto ele subia a Ladeira do Rapa...
− Cuidado, ó meus! Abram alas, se faz favor! – Dizia, com um sotaque bastante carregado do Oeste de Paldea.
O vento batia em seu rosto pálido, acentuando ainda mais a sua aparência marcante de albino. Shion, outrora um artista de teatro famoso e rico, agora trabalhava como mototaxista para ajudar a sustentar sua família após perder toda a fortuna por má administração. Era difícil para o jovem voltar às origens, após uma vida de tanto luxo e bajulação, mas nada se comparava ao tormento de ter que aturar a masculinidade tóxica de seus irmãos, Cariano e Nico Varas, que fazia a convivência em casa ainda mais difícil.
Quando Shion finalmente chegou ao topo da ladeira, avistou a casa da Mamuska, como Marijane, sua mãe, era carinhosamente chamada. A casa, localizada na Rua 15, abrigava muitos membros da família, incluindo os irmãos mais novos de Marijane: Daisuke, Elfman e Lisanna, além dos filhos dela: Cariano, Shion e Nico Varas.
Ao estacionar a moto, Shion viu seu tio Daisuke e seus dois irmãos sendo repreendidos por Daisuke, que com uma expressão séria, parecia lhes dar um sermão. Era bastante curioso que, pela diferença de idades entre Marijane e seus irmãos, Daisuke fosse mais jovens que seus sobrinhos e ainda mantivesse uma certa figura de autoridade, mesmo que quase sempre questionada.
− Vocês precisam aprender a se comportar! Não é possível que toda semana tenha confusão – exclamou o Ranger, olhando fixamente para Cariano e Nico Varas.
Cariano, com o rosto contorcido de frustração, resumiu-se a abrir a porta de casa e lançá-la com força para fechar na cara de Daisuke. Já Nico Varas, um pouco atrás, olhava para o chão, claramente aborrecido e murmurava algo inaudível.
Daisuke, percebendo a chegada de Shion, não entrou logo atrás de Cariano, se aproximou do albino e resolveu comentar a situação − Oi, Shion. Chegou em uma hora complicada. Precisamos conversar sobre seus irmãos.
Shion suspirou, já prevendo o que viria a seguir − O que aconteceu dessa vez?
− Cariano perturbando Artemísia novamente. Peguei eles no flagra. Teu irmão ainda não consegue esquecer a ex-namorada, fica remoendo o passado. E o Nico... Anda vagabundeando na viatura do Cariano em vez de procurar um trabalho decente.
Daisuke então respirou, virou-se para a porta e a empurrou, encontrando o Policial sentado no sofá, abrindo uma latinha de cerveja. Não pensou duas vezes em falar − Você precisa seguir em frente. A vida não pode ser só sobre o que aconteceu no passado.
Cariano resmungou e virou o conteúdo da lata direto na boca, de uma vez. Daisuke continou − E você, Nico, precisa achar algo útil para fazer. Ficar andando por aí na viatura da polícia não é vida continuou Daisuke, agora direcionando sua atenção para o outro sobrinho.
Nico Varas, com uma expressão desafiadora, respondeu: − Eu tô tentando, tio. Mas não é fácil conseguir um trabalho decente aqui. E eu quero algo bom, porra! Não quero acabar igual tu que desistiu das lutas pra ser Guardinha Florestal!
Era óbvio que a fala havia sido dura demais, pois o clima da sala mudou. Daisuke sonhava em ser um grande lutador de MMA, incentivado inclusive por sua irmã e mãe de coração, Mamuska. Porém a falta de patrocinadores, a sua grande ansiedade e outros problemas pessoais o fizeram desistir. Felizmente, ele era inteligente o bastante para conseguir um bom emprego como Ranger. Mas é aquilo, sonhos são sonhos e são difíceis de morrer. Por isso, falar sobre isso era um tabu que só se quebrava em momentos de tensão.
− Ora pois! Andar à pancada entre nós não vai resolver nada! − Disse Shion, sentindo o peso da responsabilidade e decidindo intervir.
Contudo, não era nem necessária a intervenção do mototaxista. Marijane, a Mamuska, estava em pé, ouvindo tudo, com os braços cruzados e uma expressão de pouquíssimos amigos. Ela batia o pé impaciente e quando finalmente a notaram, não faltou tapas para ninguém, todos, principalmente Cariano e Nico Varas, sentiram o doce estapear da Mamuska, aos berros de que deveriam ser homens melhores − AINDA VÃO ME DEIXAR DE CABELO BRANCO! SEUS ENROLÕES, SAFADOS! VÃO ME ENVERGONHAR NA VILA TODA!
RUA 15, EXTERIOR DA CASA DA MAMUSKA, VILA JURUBINHA
Enquanto o clima estava pesado no interior da casa, quatro adolescentes subiam a Ladeira, em direção à Rua 15. Eles pareciam ter dificuldades em carregar um grande saco preto que... Curiosamente se mexia sozinho! Lisanna, que estava na dianteira deste quarteto, fez um gesto com a cabeça para que ficassem quietos imediatamente. Eles estavam caminhando na direção de sua casa, mas os gritos que vinham lá de dentro indicavam que não era uma boa hora para fazerem lá o que pretendiam.
− Flora, Tyrant, Karen! Meia volta! Vamos ter que levar O COISO para outro lugar. Vai, vai, vai, vai! − Dizia a adolescente, enquanto os outros três, desengonçados, tentavam fazer a curva com cuidado para não cair e nem derrubar o PACOTE, que resmungava algo em um idioma bastante desconhecido. Ora essa, algo ali estava vivo? Enfim... Os quatro começaram a cortar caminho por ruelas e vielas, realmente assustando os transeuntes, primeiro porque não estavam acostumados a ver aqueles jovens ali. Três deles sendo completamente alinhados a uma classe social maior: os gêmeos Flora e Tyrant Torres e Karen Okido, filha do dono do Pré-Vestibular Okido, com um cabelo rosa que chamava a atenção. Além disso, um saco preto desses podia ser muita coisa... Quase nada de bom.
Em dois tempos, um olheiro avisou outro, que meteu o rádio para outro e logo uma tropa de Soldados do Tráfico surgiu na cola dos jovens. Lisanna, mais esperta, notou a perseguição e começou a pegar uns atalhos para alcançar o objetivo. Mas mesmo assim não conseguiram despistar totalmente os caras, sendo abordados bem na porta da Pensão da Dona Lydia, para onde a adolescente levava o grupo − Parou, parou, perdeu! Perdeu! Abre o saco aí que os cria aqui tão neurótico! Morô?
Abordados e encurralados, os quatro agarraram o Saco Preto e encostaram na porta dupla da Pensão. Estavam quase sem palavras, na mira do fuzil, com exceção de Karen, que tremendo, emitiu sua opinião: − Misericórdia!
Parecia tudo perdido, mas de repente, a porta se abriu. Lá de dentro, ouvindo todo o barulho, alguém surgiu. Era Artemísia, que comia um pedaço de pão e não entendeu nada, apesar de reconhecer Lisanna e o próprio rapaz com o fuzil apontado. Conforme foi entendendo, a garota colocou a mão na cintura, fez um bico, inflando um pouco as bochechas e começou a falar − TÁ MALUCO MEU QUERIDO?! VOCÊ VEM AQUI NA PENSÃO DA MINHA MÃE APONTAR UM FUZIL NA CARA DESSAS CRIANÇAS QUE VIERAM TRAZER AS COMPRAS PRA GENTE?! SE O BICÃO DA 30 SOUBER TU TÁ FUDIDO MANÉ! − Gritou Lovari, fazendo o carinha simplesmente levantar as mãos, inclusive com a arma, e sair.
Os quatro jovens se mantiveram aliviados com a chegada e intervenção da garota, mas quando Lisanna olhou bem para o rosto de Artemísia, notou que ainda estava bastante PUTA com a situação. Isso fez a garota imediatamente falar − Calma aí, Mísia! Calma, porra! ABRE PESSOAL! Mostra pra ela, a gente precisa esconder isso em algum lugar! − Gesticulava Lisanna.
Quando os quatro se juntaram para abrir o saco, algo surgiu inesperadamente com uma risada esquisita. Artemísia ficou alguns segundos em silêncio, apenas observando o absurdo, então franziu o cenho e gritou:
− O MACAAAAACOOOOOOOOO....?
Uma história Virtuum, co-roteirizada pela @Panda
LADEIRA DO RAPA, VILA JURUBINHA
O ronco da moto de Shion ecoava pela Vila Jurubinha enquanto ele subia a Ladeira do Rapa...
− Cuidado, ó meus! Abram alas, se faz favor! – Dizia, com um sotaque bastante carregado do Oeste de Paldea.
O vento batia em seu rosto pálido, acentuando ainda mais a sua aparência marcante de albino. Shion, outrora um artista de teatro famoso e rico, agora trabalhava como mototaxista para ajudar a sustentar sua família após perder toda a fortuna por má administração. Era difícil para o jovem voltar às origens, após uma vida de tanto luxo e bajulação, mas nada se comparava ao tormento de ter que aturar a masculinidade tóxica de seus irmãos, Cariano e Nico Varas, que fazia a convivência em casa ainda mais difícil.
Quando Shion finalmente chegou ao topo da ladeira, avistou a casa da Mamuska, como Marijane, sua mãe, era carinhosamente chamada. A casa, localizada na Rua 15, abrigava muitos membros da família, incluindo os irmãos mais novos de Marijane: Daisuke, Elfman e Lisanna, além dos filhos dela: Cariano, Shion e Nico Varas.
Ao estacionar a moto, Shion viu seu tio Daisuke e seus dois irmãos sendo repreendidos por Daisuke, que com uma expressão séria, parecia lhes dar um sermão. Era bastante curioso que, pela diferença de idades entre Marijane e seus irmãos, Daisuke fosse mais jovens que seus sobrinhos e ainda mantivesse uma certa figura de autoridade, mesmo que quase sempre questionada.
− Vocês precisam aprender a se comportar! Não é possível que toda semana tenha confusão – exclamou o Ranger, olhando fixamente para Cariano e Nico Varas.
Cariano, com o rosto contorcido de frustração, resumiu-se a abrir a porta de casa e lançá-la com força para fechar na cara de Daisuke. Já Nico Varas, um pouco atrás, olhava para o chão, claramente aborrecido e murmurava algo inaudível.
Daisuke, percebendo a chegada de Shion, não entrou logo atrás de Cariano, se aproximou do albino e resolveu comentar a situação − Oi, Shion. Chegou em uma hora complicada. Precisamos conversar sobre seus irmãos.
Shion suspirou, já prevendo o que viria a seguir − O que aconteceu dessa vez?
− Cariano perturbando Artemísia novamente. Peguei eles no flagra. Teu irmão ainda não consegue esquecer a ex-namorada, fica remoendo o passado. E o Nico... Anda vagabundeando na viatura do Cariano em vez de procurar um trabalho decente.
Daisuke então respirou, virou-se para a porta e a empurrou, encontrando o Policial sentado no sofá, abrindo uma latinha de cerveja. Não pensou duas vezes em falar − Você precisa seguir em frente. A vida não pode ser só sobre o que aconteceu no passado.
Cariano resmungou e virou o conteúdo da lata direto na boca, de uma vez. Daisuke continou − E você, Nico, precisa achar algo útil para fazer. Ficar andando por aí na viatura da polícia não é vida continuou Daisuke, agora direcionando sua atenção para o outro sobrinho.
Nico Varas, com uma expressão desafiadora, respondeu: − Eu tô tentando, tio. Mas não é fácil conseguir um trabalho decente aqui. E eu quero algo bom, porra! Não quero acabar igual tu que desistiu das lutas pra ser Guardinha Florestal!
Era óbvio que a fala havia sido dura demais, pois o clima da sala mudou. Daisuke sonhava em ser um grande lutador de MMA, incentivado inclusive por sua irmã e mãe de coração, Mamuska. Porém a falta de patrocinadores, a sua grande ansiedade e outros problemas pessoais o fizeram desistir. Felizmente, ele era inteligente o bastante para conseguir um bom emprego como Ranger. Mas é aquilo, sonhos são sonhos e são difíceis de morrer. Por isso, falar sobre isso era um tabu que só se quebrava em momentos de tensão.
− Ora pois! Andar à pancada entre nós não vai resolver nada! − Disse Shion, sentindo o peso da responsabilidade e decidindo intervir.
Contudo, não era nem necessária a intervenção do mototaxista. Marijane, a Mamuska, estava em pé, ouvindo tudo, com os braços cruzados e uma expressão de pouquíssimos amigos. Ela batia o pé impaciente e quando finalmente a notaram, não faltou tapas para ninguém, todos, principalmente Cariano e Nico Varas, sentiram o doce estapear da Mamuska, aos berros de que deveriam ser homens melhores − AINDA VÃO ME DEIXAR DE CABELO BRANCO! SEUS ENROLÕES, SAFADOS! VÃO ME ENVERGONHAR NA VILA TODA!
RUA 15, EXTERIOR DA CASA DA MAMUSKA, VILA JURUBINHA
Enquanto o clima estava pesado no interior da casa, quatro adolescentes subiam a Ladeira, em direção à Rua 15. Eles pareciam ter dificuldades em carregar um grande saco preto que... Curiosamente se mexia sozinho! Lisanna, que estava na dianteira deste quarteto, fez um gesto com a cabeça para que ficassem quietos imediatamente. Eles estavam caminhando na direção de sua casa, mas os gritos que vinham lá de dentro indicavam que não era uma boa hora para fazerem lá o que pretendiam.
− Flora, Tyrant, Karen! Meia volta! Vamos ter que levar O COISO para outro lugar. Vai, vai, vai, vai! − Dizia a adolescente, enquanto os outros três, desengonçados, tentavam fazer a curva com cuidado para não cair e nem derrubar o PACOTE, que resmungava algo em um idioma bastante desconhecido. Ora essa, algo ali estava vivo? Enfim... Os quatro começaram a cortar caminho por ruelas e vielas, realmente assustando os transeuntes, primeiro porque não estavam acostumados a ver aqueles jovens ali. Três deles sendo completamente alinhados a uma classe social maior: os gêmeos Flora e Tyrant Torres e Karen Okido, filha do dono do Pré-Vestibular Okido, com um cabelo rosa que chamava a atenção. Além disso, um saco preto desses podia ser muita coisa... Quase nada de bom.
Em dois tempos, um olheiro avisou outro, que meteu o rádio para outro e logo uma tropa de Soldados do Tráfico surgiu na cola dos jovens. Lisanna, mais esperta, notou a perseguição e começou a pegar uns atalhos para alcançar o objetivo. Mas mesmo assim não conseguiram despistar totalmente os caras, sendo abordados bem na porta da Pensão da Dona Lydia, para onde a adolescente levava o grupo − Parou, parou, perdeu! Perdeu! Abre o saco aí que os cria aqui tão neurótico! Morô?
Abordados e encurralados, os quatro agarraram o Saco Preto e encostaram na porta dupla da Pensão. Estavam quase sem palavras, na mira do fuzil, com exceção de Karen, que tremendo, emitiu sua opinião: − Misericórdia!
Parecia tudo perdido, mas de repente, a porta se abriu. Lá de dentro, ouvindo todo o barulho, alguém surgiu. Era Artemísia, que comia um pedaço de pão e não entendeu nada, apesar de reconhecer Lisanna e o próprio rapaz com o fuzil apontado. Conforme foi entendendo, a garota colocou a mão na cintura, fez um bico, inflando um pouco as bochechas e começou a falar − TÁ MALUCO MEU QUERIDO?! VOCÊ VEM AQUI NA PENSÃO DA MINHA MÃE APONTAR UM FUZIL NA CARA DESSAS CRIANÇAS QUE VIERAM TRAZER AS COMPRAS PRA GENTE?! SE O BICÃO DA 30 SOUBER TU TÁ FUDIDO MANÉ! − Gritou Lovari, fazendo o carinha simplesmente levantar as mãos, inclusive com a arma, e sair.
Os quatro jovens se mantiveram aliviados com a chegada e intervenção da garota, mas quando Lisanna olhou bem para o rosto de Artemísia, notou que ainda estava bastante PUTA com a situação. Isso fez a garota imediatamente falar − Calma aí, Mísia! Calma, porra! ABRE PESSOAL! Mostra pra ela, a gente precisa esconder isso em algum lugar! − Gesticulava Lisanna.
Quando os quatro se juntaram para abrir o saco, algo surgiu inesperadamente com uma risada esquisita. Artemísia ficou alguns segundos em silêncio, apenas observando o absurdo, então franziu o cenho e gritou:
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