A lenda do Guardião - crossover Lupinos e Avengers

Sckar talvez tivesse se esquecido, mas ele já sabia o nome do padre, já que já haviam lhe anunciado antes; seu nome era Otaviano. No mais, este homem é tão esquecido quanto eu e quanto este baixinho, fora apenas por isso que esqueceu de responder, quando se tocou do 'esquecimento', logo pôs a mão na boca e disse com prontidão:
- Você me perguntou mas... eu esqueci de responder, né? Otaviano meu nome, muito prazer jovenzinho Sckar! - É, o nome de Sckar, por outro lado, não saia da memória do vigário de meia-idade - E me desculpe, eu não sou muito bom com fisionomia pokémon, mas do pouco que entendo, eu acho que nunca vi nenhum desses...

Eu nunca descrevi esse padre para vocês, né?! Pois é, deixe-me fazer isso agora. Antes tarde do que nunca! Ele era de meia idade, porém seu cabelo grisalho era precoce demais! Todo branco! Todinho! Como não havia calvície alguma, ele penteava todos os fios para trás e os alinhavam com gel de cabelo e eles assim ficavam. Suas bochechas eram coradas, sua barba mal feita e seu bigode volumoso. Tinha o corpo esguio e alto; andava sempre com o colarinho de padre e não tentava esconder sua profissão. Por cima do colarinho, a túnica branca tapava quase toda a roupa-preta. Suas vestes tinham bordados verdes que se confundiam com a paisagem e com seus olhos estonteantemente verdes. Tinha pontes dentárias atrás dos caninos, então se sorrisse demais, era possível ver marcas metálicas estranhas.

Tirando isso, seus dentes eram amarelos, porém limpos. Tinha um forte cheio de perfume "Malbec". Esse cheiro de malbec ficou ainda mais forte quando o homem se virou rapidamente com um olho esbugalhado quando ouviu a sugestão de Sckar e esbravejou com uma raiva tremenda, batendo o pé enraivecido:
- O quê? - Perguntou irritado - Cuidar de quê? -

Assim que sua voz saiu, Otaviano reparou no tom que estava falando. Respirou fundo e se acalmou, amansando a voz e acalmando a face:
- Meu querido, é só um chuvisco. Você é um Ranger, né? Vai lá fazer suas coisas de Ranger, das coisas de Igreja eu cuido, pode ser? Não podemos mais atrasar a procissão.

Existia uma coisa que todos os responsáveis daquela missa começavam a sentir raiva de Sckar: ele estava menosprezando demais a importância daquele ato. Por tudo ele queria cancelá-lo; por tudo ele queria 'fazer sozinho', já demonstrando que nem sequer sabia o que era aquilo. Nessas horas o padre balançou a cabeça e entendeu que, apesar da pose, ainda se tratava só de uma criança...

Como imaginado, não foi a ideia de Sckar que fez ninguém parar. Ainda não estavam perto; nem da mancha, nem do santuário e muito menos do fim do terço. Estavam na metade da reza! E o santo não havia nem dado sinal! Por sorte, a chuva não havia aumentado e Gaulvist seguia andando de forma paralela ao grupo

Quer dizer... além de paralela, ele também era muito mais rápido que o bendito-grupo! Seu andar solitário se distanciava deles, mas não ao ponto de não ouvi-los mais. Era uma rezaiáda e uma cantaiáda só! Ao menos saberia onde seu parceiro estaria por todo esse tempo. Andou, andou, andou e nada aconteceu. Lucario lhe confirmava uma coisa: nada se alterara nas projeções de manchas até então, salvo uma pequena aura boa emitida por Butterfree, que lhe indicava um imenso agradecimento e uma sede-de-viver.

A única coisa que Gaulvist começava a sentir era... cansaço. Não um cansaço comum, era um cansaço do tipo "sono". Talvez pela noite e pelo 'excesso de stress' o garoto começava a sentir certa sonolência, mas nada muito importante também. Talvez pegar da bolsa algum tipo de doce ou energético poderia lhe manter acordado-e-bem por mais um tempo. Lucario percebia isso, mas ainda indicava que a mancha estava muito (MUITO) longe de lá, e ainda teriam alguns metros de mata-a-dentro para andar.

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Sem muito mais o que comentar, o homem confirmou com a cabeça e prometeu ao garoto:
- Ok, se ficar perigoso voltamos, ok? - Disse o vigário, seguindo a viagem.

No mais, o homem indicou não ter muita noção de espaço, mas que ainda estavam levemente distantes do local. Nunca fora até o Santuário, então não podia confirmar a Sckar a localização deste, mas o Vigário Otaviano deixou claro que dois ou três dos fiéis trabalharam muito tempo na floresta e conheciam aquilo na palma da mão. Pelo pouco que sabiam, era longe e "afundo na floresta", mas aquela era a melhor rota, mais segura e com menos encrencas com incêndios. Além disso, o vigário respondeu a Sckar uma coisa que ele não tinha falado até então: havia certas marcações de fitas em algumas árvores, que estes dois ou três fiéis fizeram no dia anterior, indicando o caminho certo da trilha para todos, tendo certeza que ninguém iria se perder.

Assim sendo, apesar de ser o responsável, aquela comunidade compôs a procissão em conjunto e cada um fez uma parte, sendo o itinerário algo que o vigário sabia pouco. Agora... vamos às pesquisas? Pois bem, Sckar. O seu sinal limitado lhe deu acesso às poucas informações, algo muito parecido com as notícias que pesquisou mais cedo sobre as notícias de religiões locais. Pois é! O sinal lhe deu ao menos informações valiosas: o código paroquial do Padre Otaviano, uma ficha com foto na Paróquia Santa Lugia, e uma página que anunciava os aprovados no concurso para Missionários na reconstrução de Tohjo. O último obrigada a comprovação como padre e atuação de ao menos três anos como missionário em outros continentes.

No mais, não houve mais nada de interessante a ser comentado. Só notícias que não podiam ser abertas pelas grandes quantidades de imagem, vídeos não carregados de missa e o mesmíssimo documentário que Sckar achou outrora, mas que não conseguiu abrir no pé da cidade.

Gaulvist já estava com um pouco mais de sorte: seu chocolate apimentado lhe deu um gás, que o fez andar bem mais rápido. Talvez por isso perdeu um pouco o "ouvido" da procissão! Passando bastante deles! A bola-obscura já estava bem mais próxima de Lucario e ele começava a ter calafrios terríveis: ao mesmo tempo que sentia uma necessidade grande de ir embora dali, sentia a obrigação d consertar o problema local. Instinto vs obrigação; um debate interessante.

Foram na frente até... bem, acharem finalmente um espaço que outrora foi queimado. Claramente não foi hoje nem ontem: aquele incêndio deve ter ocorrido a uma semana atrás. O solo estava já enlameado, não havia cinza-arenosa e nem cheiro de fumaça. Não havia nenhum indicativo de calor e muito menos indicativo de fogo. Apesar do incêndio ter sido a muito tempo, ainda havia tristeza no lugar: as árvores mortas, as fuligens grossas ao chão e... é claro, o corpo de pokémons nativos... mortos.

O primeiro que Gaulvist veria assim era um Cartepie. Um frágil Cartepie. Seu corpo já estava seco... não havia muito o que fazer.

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Entre orações e preces, o vigário parava para dar atenção a Sckar, ouvindo com atenção e respondendo suas perguntas. Ele sabia muito bem - grande parte pela falta de atenção ao culto e às preces - que o garoto não era dos mais religiosos, mas aquele homem tinha certa paciência e sapiência, pois se mostrava aberto a ouvir e responder, mesmo que não fosse seu papel ali... ao menos não agora.

Ele não estava lá tão ocupado assim... mesmo sendo um vigário, terços se orientam sozinhos: via pedras e linhas. Não é necessário um padre guiando ninguém. Dez Ave-Lugia, um Pai-Arceus. Dez Ave-Lugia, um Pai-Arceus. Por ai vai! Até Salva Rainha Celebi e Creio em Deus Tempo, que anunciavam o fim. Quando paravam, ele falava alguma frase de efeito, mas era sempre breve, tentando não atrasar ainda mais a chegada.

Ele podia não parecer, mas também tinha suas preocupações com seus fiéis na mata, na chuva e na escuridão.

No mais, foi feliz ao dizer uma resposta que foi um pouco vaga. Adianto em dizer que a culpa não era do padre pelo tom 'vago' de sua resposta temporal, a culpa era, em específico, do nosso funcionamento offline. Sem um calendário muito pré-determinado, mantive-o com respostas genéricas sobre "tempo", por isso, não o culpe demais por não saber precisamente a quantos anos está por aqui. Eu não sei ao certo dizer-lhe a quanto tempo Tohjo desafundou, temo lhe inferir pistas falsas que podem te levar a caminhos errôneos se tentar acertar:
- Oh... na verdade, eu sou de Sinnoh, acredita?! Eu me formei em teologia pela faculdade de Eterna e antes de entrar em uma congregação, fundei uma igreja luterana por um tempo... apesar de ser um bocado vinculado aos lendários como Celebi, Lugia e outros, lá em Sinnoh o culto a Arceus é muito forte, e as outras 'santidades' são meio lateralizadas - Deu uma suspirada, ele parecia não se sentir muito confortável em lembrar que, um dia, menosprezou a presença de outros seres lendários. Havia certa 'culpa' em seu âmago, que ele não escondia - Por sorte, deixei disso. Só fui arranjar espaço fora dessa caixa em Johto. Vim para cá, me filiei a igreja Santa Lugia antes do naufrágio... não sei ao certo quanto tempo antes, talvez uns cinco ou seis anos antes. Ali eu passei pelo processo de me tornar vigário de uma igreja apostólica e segui com missas em Goldenrod. Um ano antes da "grande chuva" - Sim, ele fez aspas com as mãos, ele não acreditava que as chuvas eram apenas chuvas - Eu recebi uma visita de Lugia em um sonho, que me mandou preparar terreno em Hoenn. Fui para Hoenn, lá trabalhei em ONGs que recebiam refugiado, ampliando e conseguindo verba, já esperando o pior. Trabalhei como missionário em Hoenn até a reconstrução de Tohjo, quando voltei para cá, mas fiquei em Kanto. Nunca tinha vindo em Azalea, até Lugia me fazer mais uma visita. Da primeira vez, ele me mostrou água, agora ele me mostra fogo. Não acho que é atoa que estamos tendo essas queimadas. Como meu protetor me pediu, vim aqui seguir meu propósito. Sou fiel à Lugia, meu tão solene protetor, mas hoje, nesse exato momento, cultuo Celebi porque ele também é santo, e ele também pode nos ajudar. Acho que, diferente do que Sinnoh pregava com Arceus, nossos lendários não são onipotentes, e eles precisam de ajuda também.

... é, recebeu textão.

Já Gaulvist, recebeu silêncio. Seu silêncio era um símbolo respeitoso de pesar e educação. Por todos os mortos, por toda a natureza perdida e por todo o simbolismo daquilo. Seu ato fora tão honroso que (em outra linha do tempo) Celebi sorriu ao vê-lo do céu. Gaulvist não podia vê-lo; mas ele estava constantemente sendo observado pelo lendário, que via no garoto uma boa alma.

Seu silêncio, como podem imaginar, foi interrompido pelo som da procissão, que voltava a se aproximar. É interessante dizer que Gaulvist começava a se aproximar do borrão-escuro e, por consequência, nossos amigos-religiosos também. Ele voltaria a andar?

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OFF: Sckar, eu não entendi muito bem o quanto você quis se afastar, se quiser se afastar ao ponto de se encontrar com Gaulvist, fica a vontade, ok?! Pode narrar esse encontro.

O padre até se assustou quando viu Sckar soar como "suficiente"; era a primeira vez que o garoto não pedia para se aprofundar mais. Ele olhou para suas próprias mãos e se perguntou "será que fiz algo errado?", mas logo deixou para lá, afinal de contas, não há nada de errado em falar sobre seus amores, não é?!

Seu afastamento o fez chegar onde Gaulvist outrora pisou. Quando Sckar chegou ali, logo deu de cara com um terreno completamente queimado, que foi um dia devastado por um incêndio de três à quatro dias atrás. A primeira coisa que viu fora pegadas, afinal de contas, Gaulvist havia marcado o local outrora.

A segunda coisa que viu, fora a carcaça de um Caterpie ressecado.

A terceira coisa que viu?! Bem, todo o resto. Destruição, ressecamento e, majoritariamente, cinza. Era um cenário devastado, mas que Sckar já havia entendido que estava ali a alguns longos dias e noites. Só que havia algo 'positivo' em estar ali: o "descampado" que o fogo deixou fez Sckar perceber que a chuva havia parado. Sem as árvores para "atrapalhar" sua visão do céu, ele reparou que ela não havia só diminuído, mas acabado. Isso era um bom sinal... não é?!

No mais, o garoto poderia prosseguir como quisesse, mas isso não mudaria o fato de que Gaulvist estava muito próximo do local sagrado.

Próximo até demais.

O garoto já havia ultrapassado o 'campo minado' e chegado no Santuário. Sim, ele já havia, teoricamente, cumprido a missão. Ele havia descoberto, antes de qualquer um, que após aquele campo-de-seca, havia o tal do Santuário do Celebi. A surpresa de Gaulvist não era só essa! Ele também ficaria surpreso ao saber que ele não foi o primeiro a encontrá-lo! Visto que, ao vê-lo, havia todo um preparatório ao seu redor.

Sim, um preparatório! O santuário, como visto em fotos, imagens e desenhos, não estava como de costume. Ele ainda estava intacto, é claro. Estava de pé, bem cuidado e tudo mais, mas a comunidade tinha vindo um dia antes e lhe cuidado muito bem. Havia um tapete vermelho que lhe inaugurava, além de certas decorações ao seu redor. Havia também um pequeno altar ao seu lado, um livrete do outro, erguido por um pilar. Estes dois pilares eram muito bem decorados com tecidos verdes.

O trabalho era muito bem feito e cuidadoso. Além das decorações agradáveis em tecido-e-flores, o lugar estava perfumado e limpo. Não havia agressão a natureza, muito menos ao templo. Não houve falta de respeito, apenas preparação para um evento que daqui a pouco ocorreria ali. Dentro do santuário, uma flauta como Gaulvist esperava encontrar...

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