2 - Ás de Copas

Semelhante aos humanos, Pokémon pode ser altamente competitivos e orgulhosos, lutar é demonstrar não só poder, mas a sua vontade de viver e de se expressar, é um jogo de dominação e sobrevivência, com ou sem a intervenção de treinadores. Mesmo machucado, o Swellow não se submeteria nas garras do destino (e da Weavile) tão facilmente, mesmo que fosse uma luta desbalanceada e que estaria exercendo mais exaustão física, tudo pela sua honra como um selvagem e um predador. Isso era algo que Weavile podia respeitar, enquanto ao mesmo tempo dava oportunidade para Kyouko analisar as capacidades de luta da ave, tendo maestria de suas asas em golpes potentes que, mesmo enfraquecido, ainda causava dano considerável na oponente.

"Heh, desculpa por te interromper, sabe como é, não posso atrasar demais se não a chefia fica com raiva..." dizia a sombria, limpando um pouco de terra na sua bochecha devido ao impacto da asa que lhe derruba, é provavel que ele não sabia, porém isso fica de lado. De qualquer maneira, compreendia a história do aéreo, de humanos horríveis a Weavile sabia bem, ora acabou de encontrar um monstro de pessoa uma hora atrás, mas sabia que também havia raras ocasiões de que alguns são legais e de boas intenções, como a enfermeira do centro Pokémon e um menino que encontrou poucas horas antes de falecer. A situação era ruim para o selvagem, não parece justo que ele tenha de morrer, então a Pokémon elaborou um plano...

"Você também não é nada mal. Sei que a minha treinadora te atacou, mas ela não é lá a pior das pessoas, posso convencê-la a não te acabar se você nos acompanhar na nossa jornada, pelo menos por um tempinho..." Weavile dialoga com o Swellow, enquanto sua mestra apenas poderia imaginar o pior dos insultos que a Pokémon dava no pássaro. A garota ainda não entendia a origem desse ser, para ser sincera, seria um selvagem? Um espião mandado pelo seu clã? Claro que sabemos a resposta mas a paranoia dela impossibilitava ela de deixar de cogitar a pior das hipóteses em cada ocasião...

"Deixá-lo vivo é um risco. Mesmo se for um qualquer, é provável que alguém da minha família esteja me perseguindo, veja o fim da luta e capture-o para usar como arma ou informação. É poderoso, por isso pode ser usado contra mim..." pensamentos desse tipo invadiam a mente da Kyouko, quisesse ou não, ela sempre se justificava agir na violência... portanto não queria perder mais tempo, aponta para o pássaro para que execute os próximos golpes! Vendo isso, Weavile se prepara para avançar, mas com um "twist", ela poderia tentar nocauteá-lo agora, porém não queria, não era para prolongar seu sofrimento, apenas precisava enfraquecê-lo o bastante, mas não ao ponto de nocaute. Por isso, pretende usar novamente o seu golpe "Thief" e seguí-lo com um "Quick Attack", apenas para deixar o Swellow em estado crítico.

A batalha atinge seu clímax de acordo com a troca de golpes potentes de cada um... se não fosse o machucado que sofreu antes, não teria dúvida que Swellow derrotaria a Weavile. Da mesma maneira, a batalha já poderia ter sido encerrada, com qual propósito haveria de extender uma luta, no ponto onde ambos estão em exaustão e um passo de entrar em colapso?

A resposta estava na vontade da Weavile de salvar seu "amigo" emplumado, o combate criando uma espécie de laço entre eles dois... seria um "social link" se formando? Eh... jogo errado para isso. Enfim, a Pokémon via potencial nele para ser um aliado forte para a nossa jornada... enquanto Kyouko o via como uma ameaça, porém ambas viram o poder de luta acima do normal desse pássaro, suas personalidades que distoavam a conclusão chegada.

"Heh, é um prazer trabalhar contigo" a felina dizia para o pássaro, a esse ponto dá para dizer que Kyouko é a protagonista dessa história? Falando nela, a sombria não podia fazer o que bem entendesse dessa maneira, como assim não derrotou quando podia? Ficar tão mole assim só acabaria matando-as, era isso que a humana estaria pensando observando o estado deplorável de ambos... antes que ordenasse para atacar, no entanto, a gêlina usa Thief... na sua treinadora! Mas em vez de acertá-la com um golpe, apenas roubou uma Pokébola e mostrou para ela.

"Hm...?" A humana indagou por um momento, observando a esfera nas garras brancas. Claro, não demorou para que compreendesse o gesto, pokébolas servem para capturar Pokémon, então e se a usasse nesse camarada? De verdade, o pensamento não havia chegado na mente dela, mas seria mesmo uma escolha segura? Apesar de sua mira ser precisa, foi observado o quão rápido ele é, e Kyouko não estava por dentro do acordo com sua criaturinha havia feito... mesmo se fosse tentar capturar, isso era perigoso demais para arriscar do nada, precisava de uma garantia, esse é o tipo de pessoa que a menina é, não arriscaria nem um 1% a não ser que não tivesse outra escolha...

"Eu entendo, porém precisa fazer algo antes." A adolescente pensa, respondendo com um balançar de sua cabeça, ainda séria como sempre. Pega a bola vermelha e guarda na sua mão esquerda, usando a outra para pegar outra pokébola de seu casaco: a do seu Corphish. O que iria fazer com esse crustáceo? Simples: limpar o campo. Sabia que a sua inicial era doce demais para continuar lutando, e bem que ele poderia se familiarizar um pouco com mais lutas, o nível de força do aquático era... menor do que desejável.

Liberando Kaname, ele olha para o seu cenário, inexpressível. Ele ainda estava processando seu lugar no mundo agora que perdeu seu primeiro treinador e fora transferido para uma que pouco se comunica... a presença do pássaro excêntrico, todavia, deixou-lhe mais acordado, ele mais uma vez estava em uma batalha... ele não odiava Kyouko, porém seu psicológico não estava nos melhores agora, mas talvez uma vitória contra um Pokémon pudesse lhe deixar menos triste?

"Ei, psiu..." diz Weavile direcionado para Kaname. "Eu sei que as coisas não vão bem agora mas... você poderia só prender o Swellow?" Conclui, enquanto ele permanece inoperante... então a Kyouko se agacha, ainda vigilante do pássaro, claro, e faz com sua mão um formato circular com os dedos, com as suas pontas ligadas ao dedão e passa a abrir o círculo, tal como um jato de bolhas... "Bubblebeam" esse era o comando e, por ter visto previamente, entendeu o golpe... dando um suspiro, ou o maior equivalente que um de sua espécie poderia dar, passou a olhar para o seu combatante...

Para "ajudar", Kyouko passou a sua mão roboticamente na carapaça do aquático, será se realmente ajudou? Provavelmente não, mas ela tentou algo pelo menos. E agora é ver como a luta terminaria...

A captura foi realizada com sucesso, mais uma "arma" para seu arsenal, mais uma "vitória". Francamente, é algo estranho para a garota. Apesar de ganhar, a dopamina liberada é mínima, ela sente que saiu no topo, porém não necessariamente tem o mesmo gosto que outra pessoa sentiria, apenas venceu, apenas sobreviveu, agora é hora de continuar até o próximo obstáculo surgir, e quando aparecer, novamente entrará nesse empasse de vencer ou morrer. Isso é jeito de viver? Kyouko não sabia nenhum outro jeito de seguir a vida, não houve quem ensinasse-a qualquer coisa além de suas capacidades marciais e de ninja. O que mais chegou próximo disso morreu momentos depois.

Continuou navegando pela mata, delimitada por um trajeto humano que conecta as cidades, demoraria perto de uma hora para o seu trajeto, porém ela não se importava, seu objetivo permanecia absoluto, por enquanto. A lua representa o oculto e a escuridão, segredos, não é uma carta muito positiva, porém é a única amiga da Kyouko por todos esses anos... as duas nem são tão distintas nesse sentido, escondendo do sol até que possam brilhar, guardando todos os segredos da noite com chave de ouro, não é como se fossem abrir a boca para falar, portanto ambas fazem a promessa de serem amigas...

Essa foi a primeira noite da tola chamada Seiya Kyouko, escondendo de sua família e fazendo um novo começo em busca de poder e sobrevivência. Será se um dia alcançara plenitude? Provavelmente não, porém terá uma jornada grande enquanto tenta fazer isso... não houve mas nenhum encontro na sua passagem, a humana já definiu sua presença como no topo da cadeia alimentar e, mesmo assim, seu estômago estava vazio... fome não só de vida mas também de comida mesmo... quem sabe conseguirá algo em Mauville, mas enfim.