Criando Mega Vinculos!

O alimento era partilhado com muita fartura e boa conversa! A mãe de Jasmine era muito hospitaleira e acolhedora. Ela era uma empresária de Mountrock enquanto seu esposo, pai de Jasmine, era professor universitário do departamento de geologia. Inclusive, eles estavam ali para um propósito duplo: descanso e pesquisa! Enfim, as despedidas aconteciam, com direito a um belo aperto nas bochechas da mãe de Jasmine em Rafa, mesmo a intimidadora Ártemis também recebia o carinho! E o criador pode seguir seu caminho.

O caminho era bem definido, com pedras no entorno e uma trilha recoberta por areia e silte. Ártemis voava baixo, buscando quaisquer pontos de referência para a possível localização de Steven. Acontece que do alto não havia muito para ver além de rocha branca e nuvens de gotículas de água que se formavam nas quedas d’água. Porém, um ponto chamou a atenção de Rafa e Ártemis: um aglomerado de rochas próximas e uma corredeira. O acesso era muito inóspito e complicado para uma massa voadora como Ártemis conseguir se aproximar. Junto do aglomerado há um tipo de abertura, uma entrada de caverna talvez. Rafa teria de seguir a pé se quisesse alcançar aquele ponto do local, provavelmente a única pista para localizar Steven Stone até então.    

Descendo para aquela estranha trilha, Rafa conseguia ter uma visão melhor do ambiente. A entrada em si parecia pequena ao longe, mas agora mais próximo dava para ver que era até grande o bastante para uma pessoa adulta entrar. Entre o local onde Ártemis pousou e a tal entrada há uma pequena estrada um pouco acidentada e descendo, um risco considerável levando em conta o terreno. Preocupada, a dragão voltou para a pokébola contrariada. Se dependesse unicamente dela, Rafa seria levado em suas costas até os confins do mundo. E esse sentimento não era somente dela. Gardevoir o levitaria para o mais alto dos céus, Zheng o carregaria pelas encostas mais perigosas, Harmonia o protegeria de todo e qualquer ataque com sua vida. Até as pequenas Tao e Ace dariam o seu melhor para seu treinador!

Rafa, agora sozinho, se aproxima com cuidado da abertura. E ali, sua experiência como criador deu a ele o conhecimento de um detalhe importante: aquela não era uma abertura natural. Pelo corte na superfície rochosa da para ver sinais de algo rústico e cortante. Algo nesse sentido e dessa magnitude só poderia ser feito por um ataque Pokémon. E a rocha estava estranhamente quente, dando a ideia de que o corte era recente. Só havia um caminho para seguir, e este era adiante.

O caminho era tortuoso e muito inóspito. Esqueça o conceito de caverna dos romances e fantasias por ai. Essa era uma caverna real. E dentro dela, o som da catarata era completamente anulado, restando somente um eco extremamente abafado em um longínquo distante. Rafa necessitaria de uma fonte de luz, logo tanto seu Rotom Phone como uma eventual lanterna teriam de ser usados ali. Depois da abertura, segundo a linha da escavação dentro da rocha, Rafa seguiu até alcançar uma fenda de rocha sedimentar, legitimamente formada de forma natural. No entanto, ela era muito estreita, a ponto do criador só conseguir atravessar se espremendo por entre a abertura. Depois dessa fenda era possível ouvir novamente o som de água corrente, agora com muito eco. O foco de luz atingia um ponto onde era possível ver um tipo de formação rochosa tombada horizontalmente, como uma estalagmite rasteira.  

Se espremendo todo, contorcendo e dando um passo de cada vez, Rafa foi avançando em direção aquele outro ponto. E quando este ponto chegou, veio a surpresa.

Uma galeria de tamanho bem amplo, com várias protuberâncias rochosas para todos os lados. Teto, paredes, chão, tudo era coberto com minerais depositados e material orgânico. À frente, uma grande estrutura mineral formada pela constante deposição de minerais através de uma fenda no teto da galeria. Ao longo da parte superior da caverna existe uma série de estalactites se estendendo até um ponto além do foco de luz. Ao solo, o resultado da deposição após essa formação é um tipo de “ponte” mineral que se estende até o outro lado de uma grande fenda por onde corre um forte fluxo de água. Algum tipo de poço formado a partir de uma queda d’água com o tempo perfurou essa mesma rocha da galeria e com os anos se passando se alargou até formar uma tubulação natural. A pressão da água foi diminuindo até não mais remover com tanta voracidade os sedimentos e assim se fez o conjunto natural à frente.

Gardevoir era liberado e prontamente atendia a solicitação empática de seu mestre. Utilizando de seus poderes psíquicos, ele cria uma aura ao redor deles para facilitar aquela travessia. A estratégia se mostrou bem vinda, já que o conjunto rocha sedimentar e umidade constante forma uma superfície extremamente escorregadia e traiçoeira.

Acontece que a natureza possui formas de demonstrar seu poder de todas as formas possíveis e algumas delas eram bem violentas e perigosas. Rafa não sabia, mas aquelas nuvens se formando do lado de fora da montanha eram resultado de chuvas bem fortes mais acima da correnteza. O fluxo de água foi aumentando e aumentando, deixando a correnteza dos rios que desaguam por ali maiores e mais fortes. O resultado no final dessa cadeira era o fenômeno chamado tromba d’água, que naquele instante gerou o mesmo efeito que aquela primeira fenda primordial na rocha causou anos atrás. O fluxo dentro da rocha de um riacho constante se tornou um gêiser horizontal, forte como um Hydro Pump de um Gyarados furioso! Gardevoir e Rafa estavam bem no meio da travessia quando isso aconteceu. A levitação facilitou a travessia evitando a superfície escorregadia, mas também impediu uma ação de desvio na rapidez necessária. A corrente de água pegou os dois em cheio, carregando-os consigo! Rafa sentiu uma forte pancada na parte de trás da cabeça, levando-o a perder a consciência quase que imediatamente.

Não dava para saber quanto tempo se passou nem como estava vivo, mas Rafa despertou em uma outra formação rochosa, com uma pequena fenda no teto por onde entrava luz. Ali, o criador, com várias dores pelo corpo e um corte na lateral do torso por onde pulsava algo quente, recobrava aos poucos os sentidos. Uma voz fina e desesperada chamava por ele. Era Ace! A pequena coelhinha estava bem, e vida! Completamente molhada, seus olhinhos redondos são tomados por outro tipo de água e ela salta para abraçar Rafa. Estavam somente os dois por ali e… oh-oh! Rafa estava sem suas pokébolas!

Rafa se encontrava em uma situação extremamente complexa. Por sorte, Ace corre para um lado daquela estreita gruta e, com muito esforço, retira a mochila do rapaz detrás de um rochedo. Haviam bandagens ali, mas estavam tão ensopadas quanto o resto do conteúdo da mochila. Por sorte, o frasco de água oxigenada estava devidamente fechado e utilizável. Rafa teria que improvisar uma bandagem, talvez com sua camisa ou parte da calça, mas a ideia de pedir a Ace para cauterizar o ferimento lhe passava pela mente. Bom, era uma ideia, mas pedir algo desse calibre à pequena coelhinha era realmente prudente? E mais, o que poderia lhe acontecer caso a dor excruciante lhe tirasse a consciência mais uma vez? Era muitas questões a serem levadas em conta, mas como o criador mesmo disse, nada de perder as esperanças! Dentro de um compartimento protegido entre um pacote de ração e um monte de algodão, jazia mais uma possibilidade: uma agulha e um carretel de linha seca, devidamente protegido!

Buscar lenha seca para fazer uma fogueira era outra possibilidade improvável por ali, já que a vegetação mais próxima à vista estava no alto daquela pequena fissura no alto por onde entrava a luz, cercada de rocha sedimentar extremamente escorregadia. O fogo de Ace poderia ser útil para esterilizar a agulha, mas não havia matéria para manter sequer uma tocha. Adiante dos dois aparentemente o caminho seguia somente para frente, ainda tortuoso e com pouco espaço. Mas como um pedido é uma ordem, a pequena Ace criava uma pequena chama e se esforçava ao máximo para mantê-la acesa. Seria tempo o suficiente?    

Dizem que milagres são reais para os que crêem. Já outros desacreditam de tal fenômeno, preferindo a “segurança da incerteza” do próprio caos e nas suas escolhas. O que quer que fosse a verdade absoluta dessa realidade, ambos os argumentos podem ser colocados em cheque diante de algumas situações.

Ace era envolta na luz evolutiva, ganhando um tamanho maior e novas formas. A pequena Scorbunny então se torna uma Raboot! Com esse ato, ela praticamente dizia para Rafa que ela também cuidaria dele! Assim, mesmo machucados e cansados, eles continuariam a jornada em busca dos seus amigos juntos!

Caminhando um pouco e passando por mais uma fresta bem estreita, eles alcançam uma galeria com três possíveis caminhos: dois logo à frente um pouco mais elevado e um outro mais à esquerda, para baixo. Os de cima são mais estreitos, dando para passar somente um deles de cada vez. Já o da esquerda era grande o suficiente para até mesmo Harmonia passar com tranquilidade. Restava para Rafa decidir qual deles tomar.