#001 - Chegada em Lilycove

Inevitavelmente, o homem soltou um riso muito semelhante ao de outrora, que emendou em outro. Veja bem, o "Gelatina" lhe causou um riso, mas o "VOCÊ" foi ainda mais risível. Esse último, para piorar, lhe fez corar um pouquinho:
- É Gilatina mesmo - Deu um sorriso um pouco torto - Você não sabe quem é, né?! Vem cá que eu te conto.

De imediato, ele levantou da cadeira e se aproximou de Avan. Desta vez, não estava com as roupas coloridas por baixo da capa, usando um só macacão preto, com um bordado - muito mal bordado - no peito direito. Menos fora de moda e menos cafona, de fato, mas ainda algo muito esquisito.

No mais, apoiou-se numa cadeira qualquer atrás de Avan e lhe disse num tom um pouquinho baixo, mas nada inaudível:
- Eu sabia que você ia acabar vindo... - Deu uma suspirada mais profunda e continuou - Eu na verdade me meti nessa 100% sem querer, acho que tu é a pessoa perfeita pra me tirar daqui.

Deu um peteleco nervoso na mesa de madeira e depois se pôs a andar. Fez um sinalzinho de "vem comigo, vou te mostrar uma coisa" e foi até o fundo da sala, próximo do quadro negro:
- Você não ta curioso em como aquelas dezenas de pessoas que estavam nessa sala simplesmente desapareceram?!
Com a pergunta retórica, ele puxou um pouquinho o quadro negro pra frente - mostrando algo completamente incomum, que era o fato do quadro estar levemente solto na parede, e não parafusado como de costume - e enfiou a mão por dentro. Um "Click" foi ouvido e uma parte da parede-de-pedras se deslocou. Uma passagem pequena se abriu bem ao lado do quadro, dando para uma escadaria que descia.


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- A quase um ano atrás uma besta de tamanho de um prédio apareceu em Lilycove. Foram muitos prédios quebrados, elas trouxeram tsunamis, terremotos e bestas parecidas com aquele robô que você viu. Alguns treinadores lidaram com elas, juntas, e elas se teleportaram para outro lugar, mas uma seita chamou ele de Gilatina e associou ele como um dos castigos de Arceus, como se ele tivesse colocado o próprio filho entre nós pra nos punir. Essa seita é, basicamente, isso... - Sim, ele usou o nome seita - Muitos guardaram na memória as bestas e as quimeras e fizeram réplicas robóticas. Na época, eu precisava de um emprego, e comecei a montar essas réplicas pra vender pra seita...

Deu um suspiro pesado, num tom de "ai já viu, né?" e já foi andando em direção ao buraco. Deu um sorriso tímido quando Avan falou sobre o valor, o que lhe surpreendeu um pouco. Ele tinha certeza de que Avan era um menininho rico e havia aceitado por qualquer outro motivo, mas ficara feliz de saber que sua persuasão deu certo.

Já descendo os degraus, a bolsa de Avan começa a chacoalhar... Será que já era o ovo que recebeu?! Parando para pensar, ele andou muito hoje, mas fora no mesmo dia! Que doideira!


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As vezes - apenas as vezes - alguns nascimentos ocorrem fora de hora. Quem nunca viu um trabalho de parto no meio da fila do supermercado?! Pois é, a situação foi tipo essa: ao meio de uma investigação de seita macabra, o bendito do Oshawott nasceu. E como era animado, em?! Deu um soquinho com tudo, fazendo um pedaço de casca voar para cima. Fizera isso no exato momento em que Avan epgou o ovo com as mãos, fazendo seu treinador tomar uma OVADA NA CARA.

Claro que não doeu, era apenas uma casca seca, mas ele poderia ficar um tempinho atordoado e talvez fazer um draminha. Enquanto isso, o coitado pulou para fora do ovo e se pôs de pé de imediato. Olhou o cenário escuro, tentou entender o que se passava e concluiu o óbvio: o mundo é escuro assim. Pense bem, não há luz dentro de um ovo, já que ao sair dele ele não encontrou luz, isso significa que a vida é meio escura, não é mesmo?!

Avan até pegou sua esfera e começou a preparar uma "captura" de um pokémon que já era seu, mas antes que o fizesse, o Oshawott foi descendo as escadas como se fosse algo extremamente ordinário. Os degraus eram muito grandes para ele, então ele se abaixava, sentava no degrau, botava as perninhas para baixo e dava pequenos pulinhos. Fazia isso repetidamente até chegar ao degrau mais baixo.

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O amigo cafona? Logo atrás! Ele até iria na frente, mas percebe que Avan é meio pra frente - tal qual Oshawott - e deixa esse espaço pro moçoilo. Não tinha muito como errar, né?! Era descer uma escada e seguir a luz no final dela. Quando assim o chegasse, teriam que inevitavelmente virar a esquerda e lidar com um corredor longuíssimo. Lá, o teto tinha lâmpadas e podiam ver melhor do que se tratava a câmara.

Não precisariam de muito para entender aquele cenário, na verdade. Era um corredor longo, com três celas de cada lado (total 6), um prisioneiro na cela do meio, a esquerda, que parecia um bocado maltratado e um Swellow na última cela a esquerda. O prisioneiro estava preso numa cela com cadeado, o Swelow não. Por se tratar de um pássaro, ninguém achou que ele conseguiria abrir a porta por si só e fugir, então apenas passaram um arame no trinco.

O pokémon estava um bocado alvoroçado e machucado, enquanto o preso olhava a aproximação de Avan e arregalava os olhos, com um misto de medo e de esperança. A priori, não falava nada...

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Avan correu até o pássaro, que batia a sua ave saudável para chamar atenção. Quando chegou próximo da porta, viu que se retirasse o arame curvado o libertaria. Para isso, precisaria só de um pouco de força e jeito, mas teria que fazer isso enquanto o homem ao lado gritava:
- Ei, ei, amigo, me salva! - Pediu, com um tom um pouco rouco e um pouco choroso - Por favor, eu sei tudo que pode te ajudar nessa merda. Eu posso matar todos eles por você, eu posso fazer... O QUE VOCÊ QUISER - Suplicou. O final era sua cartada na manga e esperava que funcionasse.

Enquanto isso, o Swellow se cansava e começava a abaixar as asas, andando devagar até a porta e esperando que Avan lhe libertasse.

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