[Recrutamento de Aprendiz] - Natalie Chase

Há uma dualidade assustadora quando alguém é deparado com simples e puro silêncio.
Algumas vezes, era reconfortante.
Outras, amaldiçoado.
Naquele momento em específico, creio que seja possível afirmar se tratar de... Inquiridor.

Ele perdurou além do comentário de que Crasher era Tijolinho (espera, acho que não foi essa a intenção), do sobressalto de Pamela diante do direcionamento da conversa (fato que confirmou que certamente poderia ter sido uma boa ideia buscar contexto antes de ir blábejando qualquer coisa sem parar pra pensar duas vezes), do breve relato a respeito do parentesco mas, acima de tudo, verdadeiramente se assentou após a confissão abrupta da recepcionista.

Aqui eu digo que, sim, o chanel bagunçado repentinamente passa a enfim fazer sentido.
Assim como as suas unhas peladas.

Eu não sei te dizer o exato motivo pelo qual se manteve ali, quieta, praticamente na mesma posição: Se pela dessensibilidade fúnebre que aos poucos se apegou ao próprio coração ao longo dos anos, o costume da ideia de "passagem" graças às situações na qual já estivera metida tanto por si própria, quanto por conta de Karinna, ou simplesmente por...

...não soar proposital.

Naquele momento, agarrou-se ao silêncio. Optou por ele pois, de outro modo, não tinha certeza se aquela história teria coragem de pular para fora do peito de Wanda Panda e, acima de tudo, sentia que era algo que precisava ter ciência antes de ousar cuspir qualquer tipo de paalvra a mais. A ideia inicial de questionar já s eprovara útil, considerando que lhe oferecia um embasamento inevitável e uma forte motivação para que tudo desse certo em relação à presença de Floatzel - entretanto, porém, contudo e todavia, ainda precisava de algo mais.

Suaves, as mãos se esticaram para tomar as da recepcionista entre si, apoiando suas palmas nas próprias e afagando com delicadeza seus dorsos em um incentivo mudo. Não parecia algo que era abordado com frequência, então poderia apostar que ela não rejeitaria uma oportunidade de botar pra fora sem julgamento...

Mas também poderia ser só uma conclusão surreal.

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— Eu matei o meu melhor amigo.

...É um jeito bruto de se iniciar uma narrativa, quiçá ainda mais do que terminá-la de tal maneira. O mesmo tipo de situação que faz amassar o sorvete de queijo, mesmo que ele tenha ido embora, se afastado devagar, para começar a mexer em um celular qualquer em busca de uma FELICIDADE - ou, melhor dizendo, de uma distração. Entretanto, a partir do momento em que há o compartilhamento de uma história, de um pulso emocional pessoal daqueles, certamente era o tipo de coisa que não se sentia no direito de simplesmente ouvir quando, era claro, a ideia de ser vulnerável sozinha certamente não apetecia à recepcionista.

— ...Ou talvez não. Pra falar a verdade, até hoje, eu não sei. — Divagou, um balançar de cabeça curto diante de memórias distantes que, passado Nosepass, finalmente encontravam espaço para se assentar de maneira apropriada. — Mas, foi algo que me acusaram há muito tempo que simplesmente nunca tive provas para concordar ou discordar. — Murmurou, apoiando os braços sobre as coxas por alguns instantes, observando o piso cuja superfície refletia as luzes suaves do ginásio.

Ao contrário de Pamela, que parecia ciente do final da história, jamais tivera seu momento de "deixa passar"; É fato que as poucas - nulas, se parasse pra pensar bem - informações que tinha se resumiam na ideia de uma dimensão amaldiçoada que tentara suprimir-lhe a sanidade e, por muito tempo, efetuara bem o seu papel. Entretanto, tente me entender: Após tantas porradas, em algum momento a ideia pode simplesmente começar a se defasar sobre o papel.

...Eram simplesmente fragmentos quebrados da mesma espécie, é o que quero dizer.

— ...Talvez você tenha alguma culpa distorcida. Talvez não. Eu não sei. — Algo estranho de se dizer em uma tentativa de conforto, é verdade, mas parecia suficiente naquele momento. — Mas, você parece ter alguém disposto a te dar suporte, se for preciso. — Levantou, devagar, esticando a coluna e passeando os orbes acinzentados pela imagem repentinamente diminuta da recepcionista. — ...Não deveria desperdiçar.

Desculpa. Não vai acontecer de novo.
...deveria.

— ...Eu? Eu não trouxe ninguém. — Comentou, despretensiosamente, se aproximando da bancada e brincando com o indicador ao redor da superfície prateada da campainha da recepção. — Ela já estava aqui faz muito tempo, se quiser saber minha aposta... — Tal qual o lema de DOR PSICOLÓGICA que, cá entre nós, deve ser suficiente para que cápsulas reconfortantes não sejam tão necessárias assim. — ...vocês que nunca perceberam, eu acho. — Então, suave, o polegar apontou na direção do buraco do azulejo arrastado que, para ser justa, poderia facilmente passar despercebido por uma secretária estressada e apressada, principalmente quando só tinha abertura suficiente para que conseguisse se esgueirar por. — E talvez seja uma péssima hora pra mencionar que prometi mais ou menos um encontro com o Wake Jr, é verdade... — Mas algo suficiente para tirar todo o peso da conversa, eu imagino.

LETS GOOOO

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— Ainda bem que você não sabe. Eu teria que acabar te dando fim junto. — Foi a retalhação imediata que ofereceu após a "piada justificada" de Wanda Panda. Ao contrário da recepcionista, porém, o sorriso de canto de boca veio quase natural - e aqui entre eu e você, narrador, morre também a informação de que seria uma possibilidade bem real de que teria de fazê-lo em uma situação onde fosse verdadeiramente denunciada.

Sabe como é, vida Rocket é isso aí.
Sem ressentimentos.

Em realidade, trago uma ressalva: Havia, sim, um pequeno ressentimento. Não por culpa da secretária, mas pelo gesto de oração que inevitavelmente acabava sendo diretamente relacionado com Arceus. Não posso te dizer que não sentiu o gosto amargo descendo pela garganta diante da ideia de uma oração àquele cervo fajuto. Para evitar uma situação talvez constrangedora, contentou-se em se convencer de que ela estaria rezando pra, sei lá, o Deus da Pastilha de Maracujá ou algo do tipo. Cada um com a fé que quer, mesmo que ela seja a pior do mundo, fazer o quê.

— ...bem, acho que é por isso que ela tava lá. — Chegou à conclusão após a NEGAÇÃO IMEDIATA que não saiu meia boca, ao contrário do sorriso. A cabeça balançou vagarosamente em um assentir relaxado, como se compreendesse todo o sentido do universo naquele exato momento. Talvez de fato o fizesse, mas não tenho como te dizer com certeza. — Aperto de pata pode, também? — Relaxa; Do mesmo jeito que conseguia fazer piada de tiozão e trocadilhos ESPETACULARES, também era capaz de se rebaixar ao nível de coisas sem graça daquele estilo. Estava VIVENDO pelo momento.

Não tenho a mínima ideia do que você está falando de cagada.
Anos de experiência, viu?
Totalmente lunático, o senhor.

— Mas, sério. Além disso, também acho que poderia ser válido, se você realmente acha que são — eram? — próximos assim, talvez uma convivência seria bom, dependendo de como os dois se derem.. — Comentou, um balançar de ombros curto. — O Crasher comentou sobre ele se distrair fácil com conversa... Uma assistente pessoal, talvez, que vá além de ter que decifrar projetos de "fuhihi"? — Murmurou; Tinha todo um DISCURSO ao fato, mas ele meio que se arrebentou em frangalhos e foi inutilizado diante das novas questões que se erguiam. — Também tenho todo um argumento de Marketing, do tipo que daria pra ter a liberdade de desenhar propagandas mais enérgicas, mas melhor deixar pra depois...

E foi poupando as energias que o depois chegou.

Bem, mais ou menos. Ainda ponderav a respeito de VÁRIAS CIRCUNSTÂNCIAS quando a ESTRELA DE MILHÕES, ou do Volante, você quem sabe, deu uma nova iluminação ao ginásio. Cá entre nós, foi até engraçado ver um Floatzel entrando cheio de bagagem e óculos escuros, e MAIS AINDA quando percebeu que o coitado não era ENÉRGICO da mesma maneira que seu treinador... Ou, pra ser bem sincera, talvez só estivesse de saco cheio de tantas obrigações que o arrastavam de um lado para o outro sem descanso.

...Quão desesperado Wake Jr. deveria ser por, um só dia, poder ser um pokémon normal?

— ...vou tomar a liberdade. — Inclinou-se sobre a mesa de Wanda quando o bípede se mandou pra parte de cima do ginásio, passando a mão na chave da arena - trancada, até então - e a balançando no ar perto de Pamela. — E se tudo der certo, te garanto uma semana de paz dos berros do Crasher. — Uma promessa ousada - e de verdade -, com certeza. Uma simples piscadela foi tudo que ofereceu à mulher, dando no pé pra poder destrancar o campo e... Chamar a senhorita Não-Tomoe com o dedinho, logo após apoiar o indicador nos lábios e emitir um Shhh secreto para o líder, se é que ele ainda estaria lá... ou acordado. Não sei.

Se você, Floatzel e Pamela me permitirem, senhor, estou indo à caça de Wake Jr. no andar superior!

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Você também está assumindo coisas demais ao afirmar que SERIA IMPOSSÍVEL DE CONSEGUIR. Veja bem... TUDO É POSSÍVEL COM UM BOM PAR DE... NÃO SEI. MAS, se eu sou capaz de botar juízo (de vez em quando) na cabeça de Karinna Bley, uma promessinha de uma semana era bobeirinha diante dos MEUS GRANDES PLANOS para realizá-la. Santo Suicune está aí para olhar por mim, você não pode me impedIR POIS NÃO HÁ COMO FAZÊ-LO. NÃO ME SEGURE. NÃO ME SEGURE!!!

Inclusive, quero pontuar que não falei nada sobre matar ninguém.
Falei sobre dar fim, o que são coisas bem diferentes.

— E seu psicológico é bem forte, Crase Waker. — Foi a única coisa que rsolveu dizer para o monte de moorte que se estabacou no chão à frente, que nem um dominózinho, quando destrancou a porta. Tenho que admitir que QUASE faleceu embaixo dos três no processo, e ainda bem que não estava em suas épocas de estar TODA ARREBENTADA, ou provavelmente não teria tido capacidade de saltar pra fora do caminho tão rapidamente quanto o fizera ao sentir a porta "pesar", se é que você me entende. — Dá até pra convencer que é o de verdade. — Atiçou mais uma vez, se inclinando e dando um leve "patpat" na cabeça do homem, tal qual uma criança. Também o fez com Aynnas, dando uma coçadinha em sua pele lisa antes de desviar dos três acumulados com um, dois, três saltinhos diferentes para que, enfim, pudesse entrar na arena.

E teve de entrar ainda mais fundo quando percebeu a hesitação de Floatzel a respeito de segui-la; Acabaria tendo que procurar de verdade Wake Jr. no andar de cima antes de lidar com toda a situação (poderia chamar Balthazar, mas o pobrezinho estava quase cochilando perto de um dos tobogãs... Ou estaria, se não estivesse ocupado demais ESMAGANDO TODO MUNDO ao amassar a galera do montinho. No fim, talvez não estivesse tão preocupado assim com o que poderia acontecer). Mas, ora, o ginásio não era tão grande assim, era?

...Esperava que não.

— ...Ei... — Chamou, suave, parando a alguns passos de distância da aquática fanática, se abaixando um pouco para ficar mais ou menos na mesma altura da bichinha. Partia-lhe o coração vê-la encolhida daquele jeito, principalmente se parasse para pensar porque diabos de motivo era um pokémon tão arrisco se tratando da interação com os demais. — ...O Wake Jr. chegou agorinha. Não quer vir comigo tentar falar com ele? — Explicitou o convite e, suave, estendeu uma das mãos para o animal.

Não tinha tanta pressa assim, afinal.

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Pois... ELE NÃO PODE DORMIR!
Não enquanto eu, CHERRY THE BUTCHER, ESPEREI UM TEMPÃO PRA CONSEGUIR UM MEETING & GREETING!
...Ou algo do tipo.

A aproximação de Floatzel havia sido uma vitória por si só, por mais que não estivesse completamente dada ou algo do tipo. Um sorriso simples brincou nos lábios e, então, deu um leve impulso nas pernas para que pudesse se "levantar" de novo - não que precisasse tanto, considerando que a espécie não era exatamente baixa ao estilo, sei lá, Wingal.

— ...ele é meio perturbadinho... — Segredou em baixo tom, apontando o montinho na porta com o polegar - o pouco tempo que ele esteve ali, aliás, pois Ryo intercedeu com os cipós para "varrer" os três gorduchos para a lateral oposta do caminho ao se dar conta da situação -. — ...mas não faz mal nem pra Joltik, não. — Um balançar simples de ombros e, então, foi em direção à porta... E às escadas... E atrás de Wake Jr.

Acho que não tem nada impedindo aqui embaixo mais...... tem?

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