O comentário que teci sobre estar faminta não poderia vir numa hora melhor. Daisuke, coitado, que já parecia estar com fome desde antes do sequestro confessou que queria estar se deliciando em uma moqueca. Aquilo me fez quase lamber os beiços - apesar de não ser fã de Corpish e preferir outros crustáceos, cairia como uma luva naquela situação.
Para a nossa sorte, talvez a primeira desde que botamos os pés em Lilycove, o videogame cuspia uma bela de uma comida que perfumava todo o ambiente. Aquele cheiro me era tão familiar que reconheci de imediato: carne de Krabby. Talvez bolinhos.
Foi com pressa que quase tropecei pra pegar o bendito prato. Além de vir temperadinho e quentinho, também acompanhava talheres. Não sei muito bem como funciona essa máquina-videogame-maluca mas pela primeira vez estávamos tendo lucro com as crianças viciadas nessa pescaria tecnológica. Aproveitei para apoiar a marmita em cima da mesa, abrindo um sorriso de orelha a orelha enquanto chamada o Ranger para sentar.
- O melhor fruto do mar, Simba! - comentei, com os olhinhos brilhando; apoiei o corpo em cima da mesa com os cotovelos
- Pode pegar, amor, toma. - entreguei um dos talheres pra ele
- Não sei de onde são, mas estão deliciosos!Quando estava para dar a minha segunda mordida em um dos bolinhos, comecei a sentir uma respiração pesada atrás de mim. Poderia facilmente pensar que era o Pidgeot irritado que pegamos uma marmita do seu dono? Com certeza, mas nem me desesperei, pois já sabia do que se tratava. Atrás de mim, com um olhar curioso, estava Ivy. A gordinha passou o dia inteiro dormindo e não tinha videogame que a impediria de vir encher a pança - por termos somente 12 bolinhos, precisávamos racionar, o que a não deixou muito feliz, gerando uma bufada e duas mãos nas cadeiras.
- Mas a revolta pra comida existe, né!? Onde você tava quando você mesma estava sendo sequestrada!??? - reclamei, com a voadora não entendendo muito bem meu argumento; não que importasse, seus olhos estavam vidrados somente na comida
- Toma um. Um pra cada um de vocês, o resto é meu e do Simba. - Manju e Kenma continuavam vidrados no videogame, então tive que fazer o papel de uma boa mãe que vai levar a comida pros filhos que só querem saber de jogar
- Simba, olha aí a marmita, precisamos de vigia porque tem uma faminta à solta. Fuzilei Ivy com os olhos, que por sua vez cagou pra mim. É... e a cena era um tanto quanto cômica, viu? A dragoa estava erguendo o bolinho que ganhou no ar, como se fosse a coisa mais linda que já viu na vida. Cheirou uma vez, duas, abriu um sorrisão de orelha a orelha e só depois botou pra dentro, degustando com tanta vontade que cada mastigação deve ter durado bons segundos.
- Que figura. - comentei, rindo; Manju, por sua vez, não quis comer seu bolinho na hora e o colocou na frente do joystick
- ... Olha só, Simba. Vai dar problema já já. Conheço as peças.E não deu outra. Sentei no colo do ruivo para comermos o resto dos bolinhos enquanto assistíamos uma sitcom de comédia bem pastelão acontecer diante dos nossos olhos: Manju, ao deixar seu bolinho de lado, criou a oportunidade perfeita para a faminta da Ivy tentar roubá-lo. Acontece que a psíquica não é besta e conhece a irmã que tem, já que quando a Dragonite enorme de grande e gordinha chegou toda mansinha para voltar a jogar, a pequena usou seu Psychic para tirá-lo do alcance dela.
... Mas aí já era tarde demais.
Não deu para entender muito bem o que houve, mas Ivy tropeçou em si mesma para tentar cair de boca no bolinho. No susto, Manju jogou a comida na direção de Kenma, que o pegou como se fosse uma bola de basquete. O ígneo olhou para o bolinho, olhou para as irmãs e ofereceu de volta para a psíquica, sendo o bom
gentleman fofinho que é. Ivy, gulosa, tentou tomar da mão dele, que começou a correr dela.
E aí, meus amigos, tínhamos uma cena clássica de desenho animado acontecendo: Kenma na frente, correndo com o bolinho, Ivy no meio para tentar pegá-lo e Manju atrás com os pelos arrepiados de raiva. Litwick, causadora do caos, usava seu pequeno corpinho para botar obstáculos no caminho da trupe do Pega O Bolinho.
Não sei se ria mais da cena, de Daisuke gargalhando de quase se engasgar ou do bolinho que já estava mais do que amassado nas mãos do ígneo, que corria por sua vida. Uma cena tão boba mas que enchia meu coração de ternura, sabe? Era muito amor por aquele grupo de destrambelhados.
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