Lyla fazia tanto esforço para correr que seu peito até mesmo chegava a arder, o ar lhe faltando e os ombros pesando pelo cansaço que de abatia sobre si uma vez que sequer tinha alguma vantagem em relação a despistar os pokémons perseguidores. Sua mente também não funcionava de forma clara — resultado da falta de oxigenação apropriada — para que pudesse divagar sobre a situação e pensar em uma boa forma de reverter aquele quadro que parecia crítico; a loira nem mesmo conseguia prestar atenção no próprio caminho. E as consequências desse último fato chegaram mais cedo do que imaginava.
Num momento, estava correndo, e, no outro, o chão havia sumido sob os seus pés. Seu corpo foi dominado pela força da gravidade e ela, junto de Luan, começou a cair no que parecia ser um buraco no chão. Quanto mais caía, mais ela pensava que estava à beira da morte. Mas logo atingiu o chão, o corpo conseguindo rolar um pouco para amortecer a queda livre da qual havia acabado de sair. O resultado foram braços e pernas doídos, cotovelos e joelhos ralados. Por sorte não havia batido a cabeça, porém a dor do impacto não foi diminuída em nada. Ela apenas sofreu calada, não gritou nem nada. A sua vontade de se salvar, contudo, era maior que a preocupação com as consequências daquela fuga, e por isso ela se levantou rapidamente do chão, sem ligar para possíveis ossos fraturados — e, por sorte, não havia nenhum —, quando viu o clarão lá em cima da fenda pela qual haviam entrado. Mas logo o céu foi coberto e eles mergulharam no escuro.
— Essa não. — Ela sussurrou. Os pokémons que os perseguiram pareciam agora terem-nos prendido ali. Seu rosto se virou em direção a Luan, e, conseguindo enxergá-lo, a treinadora percebeu que não estava, assim, tão escuro ali. Sua visão, então, voltou-se ao corredor longo iluminado por tochas em suas paredes, que seguia para muito além do que a vista de Lyla podia alcançar. — Eu estou bem. — Uma mentira. — E você? Concordo que precisamos sair daqui o mais rápido possível, mas e se isso nos levar direto ao covil deles? Parecia muito que aqueles pokémons queriam que seguíssemos exatamente essa direção.
Apesar de pontuar aquilo, a realidade reverberava em seu ouvido. Senão por ali, então por onde? Era o único caminho a se seguir. E, se quisessem uma chance de sair dali com vida, precisariam enfrentar o que quer que fosse mais cedo ou mais tarde. Do contrário, um dos dois já podia revelar algum poder especial capaz de levantar a pedra enorme com a qual os pokémons haviam tampado a saída. Se ao menos tivessem um pokémon psíquico em sua equipe...
A treinadora então foi até uma das paredes e retirou duas tochas de seus respectivos lugares. Eram um pouco pesadas, mas conseguia carregar sem que precisasse fazer um esforço além da conta. Lyla voltou a se juntar ao médico pokémon e entregou uma das tochas a ele.
— Segure — a loira esticou em direção ao rapaz. — Não vamos precisar para iluminar, mas podemos usar para nos defender caso seja necessário. Além dos nossos pokémons, é claro. Você tem algum com você? — A pergunta foi feita enquanto Lyla direcionava-se ao caminho longo daquela caverna. Respirou fundo, sentindo o coração a mil batendo no próprio peito. Pensou em chamar Kyuubi e Mankey para fora da poké bola, mas os deixaria dentro de seu conforto por mais um tempo. Munindo-se de coragem retirada sabe-se lá de onde, a moça iniciou sua caminhada.
STONJOURNER EGG — (05/40)