Kill V. Maim

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Fiquei ofendido, respeite meu paninho. Hmph. De qualquer forma, notei que ele tinha consigo também uma sacola com coisas, constatando que ele teve a mesma ideia que eu em trazer comida pra cá, e que ele teve certo esmero ao pensar em vir; quer dizer, ele poderia só aparecer aqui de mãos abanando, mas se ele parou e pensou em comprar algo, significa que ele estava ansioso para vir, huh? Eu não tinha certeza se... Bem, se ele ficava com meninos. Apesar de nossas provocações durante a batalha serem um pouco diretas, não diziam absolutamente nada sobre a sexualidade dele, e isso era o que mais me freava no momento. Não queria dar um gafe de tentar pegar um cara hétero. Não de novo.

Deixei os pensamentos de lado e foquei no momento. Se tivesse de acontecer, seria naturalmente, e não adiantava ficar sofrendo por antecipação.

- Sim... Minha amiga, quem me mostrou as Mega Stones, disse que precisa de uma espécie de catalizador para ativar o poder da pedra. A pedra serve para canalizar a energia dos Pokémon, e o catalizador, a nossa. O problema é que o único que tem essas coisas por enquanto é o Steven Stone. - Comentei. Talvez estivesse dando informações demais para ele, e talvez ele tentasse ir atrás das pedras de novo, mas isso definitivamente não me importava tanto. - Huh? Mudar o tipo? Essa é realmente nova, nunca ouvi falar de algo assim. - Fiquei realmente interessado na fofoca dele. Se aquilo fosse verdade... Bom, melhor não contar com o ovo na asa da galinha.

Observei atentamente os movimentos dele, vendo as olhadelas que ele me dava vez ou outra, intercalando com o céu acima de nós, que estava realmente belo. E claro, eu só notei porque estava encarando ele descaradamente, o que com certeza ele já havia percebido. Aproveitei a deixa para deitar ao lado dele, mas com a barriga para cima e as pernas dobradas, depois de largar a fruta que estava comendo. - VocÊ era mais bocudo batalhando... - Quebrei o silêncio depois de alguns segundos. - Agora ta aí todo tímido. - Dei uma risadinha sincera, virando o rosto de lado para encarar ele, abandonando a visão do céu para lá. - A derrota foi tão humilhante assim? - Dessa vez eu ri com vontade, adorando provocar ele. Esse definitivamente era meu jeito de flertar, só esperava que ele entendesse.

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- Vamos ver sobre isso... - Comentei, respondendo a risadinha e mantendo o tom leve, apesar da tiração que fiz com ele no post anterior. - Só não espere que eu vá pegar leve por você ser bonito. - Dei de ombros e o observei enquanto ele pegava a sacola que havia trago consigo; diferente das frutinhas que trouxe, ele havia pegado mais pesado, com dois belos sorvetes que eu jamais negaria. Aceitei o de coco, abrindo o saquinho com o dente e apreciando um pouco mais o sabor, enquanto que ele simplesmente dava uma grande mordida no negócio. Quanta brutalidade com o podre sorvete.

- Bom, sim, mas ainda não sei se vou direto pra lá. Tem algumas outas coisas que tenho pendentes antes de partir pro meio de um vulcão. - Comentei, percebendo o interesse dele no que eu fazia da vida, Claramente aquele era o jeitinho dele de puxar assunto, e eu estava muito dentro. - Bastante, sendo sincero. Dificilmente paro em algum lugar por muito tempo, talvez por isso esteja sozinho e largado. - Dei uma risada sincera, de uma forma meio indireta querendo pedir ele em casamento. - Quando paro, geralmente fico em Cerulean, na base da Requiem, minha sociedade. - Completei. - Antes de vir pra cá eu estava em Sinnoh, visitando o centro de conservação de Hisui. Lindo lugar, consegui até pegar um Pokémon antigo, uma espécie diferente de Rufflet. - Se ele deixasse eu provavelmente falaria de mim por horas. Era meu assunto preferido.

- Mas e você? - A essa altura eu já estava terminando de chupar meu sorvete, mas o sol começou a fazer com que ele derretesse, então tive que me apressar para terminar logo e não derrubar na roupa. Odiava o jeito que ficava grudento tudo por conta do doce. Ugh.

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Ergui uma sobrancelha com a fala dele. - Se você soubesse as barbaridades que essa vida já me colocou talvez não ansiasse por isso. Mas consigo entender, no seu lugar provavelmente faria o mesmo pra tentar... Dar algum sentido a tudo isso. - Dei de ombros, com o papo meio filosófico eu parei de prestar atenção nos belos lábios dele e parei pra pensar por alguns segundos em todas as loucuras que já me meti. Mas, sendo sincero, não trocaria isso por nada. A energia de se estar vivo era algo que buscava, e seguir essa filosofia de vida nômade certamente me proporcionava diversos momentos em que eu re almente achava que valhia a pena estar nesse plano.

Meu pensamento foi quebrado com a aproximação clara dele. Não tive como não perceber quando ele se mexeu no lugar e sentou um pouco mais próximo de mim, encarando meus olhos e fazendo com que eu prendesse os meus nos dele. Um belo sorriso agraciou minha visão e não pude deixar de sorrir de volta. Ele era lindo. Muito lindo. Muito mais do que eu havia reparado anteriormente; minha visão, inevitavelmente foram atraídas para seus lábios, e só perdi o contato com essa parte quando ele virou o rosto, me fazendo perceber que estava com o tronco arcado para frente, involuntariamente. - Uma hora tu se encontra, tenho certeza. - Nem sabia muito bem do que ele estava falando, e muito menos se minha resposta era a certa no momento, estava completamente hipnotizado, perdido em meu próprio mundo.

Quando ele voltou a me olhar, eu voltei a encara-lo, dando um sorriso de canto com a pergunta dele. - Com certeza não foi pra conversar. - Nesse momento eu já estava a alguns milímetros de distância dele, nossos rostos quase colados e eu podia sentir um pouco da respiração dele no meu rosto. Tentei procurar por uma abertura que estava tudo bem naquele momento, e permaneci daquele jeito por mais alguns segundos, que pareciam uma eternidade. O mundo inteiro tinha sumido, e éramos só eu e ele ali, perdidos no tempo. Quando eu vi que ele não recuaria, finalmente tomei a iniciativa: tasquei um beijo nele. Esperei para ver se ele corresponderia, correndo o risco de tomar um belo de um tapa ali mesmo, mas teria valido a pena.
 

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Não vou dizer que estava surpreso com o fato dele ter retribuído o beijo, mas com certeza foi um ato bem vindo. Quando ele correspondeu, eu fiz questão de virar um pouco a cabeça para abrir espaço e nossas línguas trocarem carícias; definitivamente era um sentimento que eu adorava, o de beijar. A mão dele foi da minha bochecha pro meu pescoço, de maneira bem sutil e leve, enquanto que eu conduzi minha mão direita para a cintura dele, trazendo ele para mais perto e aprofundando ainda mais tudo aquilo. Bem como citei antes, estava me sentindo no céu.

Ficamos naquilo uns bons minutos, se engraçando e trocando carícias, parando apenas para respirar vez ou outra, antes dele finalmente nos separar e arrancar um  suspiro de desapontamento da minha parte. Não queria que acabasse, mas eu sabia que não estava no nosso destino seguir juntos, era apenas uma curva que eu e ele fizemos acontecer para suprir nossas vontades, mas que, muito provavelmente, não aconteceria novamente. Eu estava contente, apesar de tudo, passamos um tempinho bem legal e havia aproveitado bastante a boca dele na minha. No mais, era issso. - A não ser que você queira vir comigo pro meio de um vulcão atrás de um cara que eu nem conheço, acho que é um adeus. - Mantinha um sorriso sincero, mas tristonho em meus lábios. Definitivamente querendo mais.

- Mas a gente pode se cruzar de novo, sem querer, se você me der seu número do Rotom Phone. - Mostrei a língua pra ele como forma de provocação, e saquei o celular do bolso, esperando que ele passasse o contato para um futuro remember. As chances de acontecer eram poucas, mas quem sabe? Se tem uma coisa que eu aprendi nessas aventuras todas é que nunca temos certeza de nada. Muito menos de quem vamos encontrar por aí, afinal, olha onde estou agora? - E eu percebi que... Não sei seu nome. - Só havia me dado conta daquilo agora, depois de beijar ele e quando fui salvar o contato. Beijar primeiro, perguntar depois. Claramente esse era meu lema.
 

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Observei de cantinho enquanto ele anotava seu número em meu Rotom Phone, e depois proferia seu próprio nome. Mantive um sorriso o tempo todo e deixei minha mão na cintura dele, antes dele se movimentar e começar a se levantar. - Foi o que pensei... - Comentei, sobre ele não querer ir comigo para Cinnabar. Era óbvio que ele não iria me atrapalhar, mas eu respeitava a decisão dele. O que eu menos queria era estragar o momento, que se desenrolaria para um final ocntente, apesar de saudosista. Hector então se aproximou de mim novamente, voltando a falar e me deixando hipnotizado de novo com o jeitinho meigo que ele falava, completamente diferente do menino que lutou comigo mais cedo.

Assenti com a cabeça e o respondi: - Pode ter certeza que vou cobrar essa promessa quando vier pra Pewter de novo. Talvez te leve pra Cerulean na Requiem e... - Não tive tempo de terminar de dizer meu nome. Ele simplesmente me deu um beijo de despedida e desapareceu pelo parque, para algum lugar que eu com certeza não conhecia. E eu fiquei ali, sentado, com um número novo no meu Rotom Phone e uma missão a ser cumprida. Eu sabia que veria Hector de novo, sentia isso perfeitamente em meu âmago, mas não seria por agora. Agora, eu terminaria de comer e depois voltaria para o centro Pokémon, onde sairia da cidade, finalmente. Era hora de correr atrás de um vulcão.
 

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