Pokémon Mythology RPG
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[3] Nem Jubi, nem Life: Interesses frustrados

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Opa! Antes de qualquer coisa, vou expor aqui minhas ideias e depois a gente decide como proceder, ok?

Eu to querendo muito desenvolver nessa rota uma parte bem maluca do enredo do meu personagem e isso provavelmente faria a rota ficar bem longa, eu ia acabar te pedindo para dar umas missões ao meu personagem e etc. A questão é que meu objetivo principal agora, antes disso tudo, é capturar um Shinx. Tem como capturar um Shinx em Jubilife? Pergunto porque sei que é do lado da rota 203, onde eles são comuns. Se não tiver como não tem problema, mas aí eu vou preferir fazer uma rota bem mais curtinha e sucinta e deixar para desenvolver essa treta toda que mencionei na Rota 203.




Mais uma vez o rapaz interiorano se via obrigado a passar uma temporada numa metrópole. Depois de alguns dias na bucólica Hisui, estar em Jubilife era um queda tenebrosa de nível... Ele sabia que cidades grandes eram lugares de muitas oportunidades, mas a vida lhe soava muito menos atraente nesses infernos ruidosos e fedidos à fumaça. O calor do sol, intensificado por causa do mar de concreto, se tornava desagradável, e tão logo ele chegou na cidade sua vontade foi de se deslocar para o subúrbio o mais rápido possível.

E foi isso que fez. Tinha um encontro marcado com Einar no dia seguinte, e logo em seguida os dois partiriam de volta para Hoenn. Por isso, precisava achar um lugar barato para passar a noite. Desceu do trem que o trouxe de Hisui para Jubilife, lançou da pokébola seu cãozinho noturno, Gambino, para caminhar ao seu lado como era de seu costume, e passou a perscrutar seu olhar ao redor da estação, à procura de algum mapa ou pessoa que pudesse oferecer instruções de para onde ir.

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Ao chegar na metrópole, o jovem não se sente 100% confortável, mesmo antes de descer do trem. A poluição no ar, sonora, o calor no asfalto, tudo aquilo o incomodava demasiadamente, pois era do interior e não estava acostumado.

Mas ele tinha um encontro marcado, era noite o céu estava nublado e escuro, as únicas luzes, eram as dos postes, do trem e da estação. Várias pessoas desciam na mesma estação e outra tantas, continuavam nos vagões, esperando chegarem em seus destinos nas próximas estações.

Também pôde ver alguns funcionários em vários pontos da estação e exercendo diversas funções. Faxina, segurança, atendimento ao público... O que o rapaz faria agora?




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Off escreveu:
Oi! Minha conta aqui é antiga mas só recentemente comecei a jogar, então acho que nunca te tive como narrador.

Oxe, tem como só mover meu tópico para a Rota 203? Essa opção seria perfeita. Não tem nada que eu queira fazer em Jubilife, então só ir imediatamente para a rota 203 resolveria todos os meus problemas. Entrar na fila de novo seria fogo... rsrs Se isso é tranquilo de fazer, vai com tudo, eu já até direcionei a narrativa nessa direção com esse post.



O jovem de pele morena fixou o olhar numa funcionária da estação que parecia particularmente simpática e começou a mover em sua direção a fim de tirar algumas dúvidas acerca de Jubilife. Sequer deu três passos, no entanto, e o celular vibrando em seu bolso fez Gaspar travar imediatamente. Ele buscou o objeto com a mão, olhou a tela e viu o nome tão aguardado... Einar. Faziam dias que os dois não se falavam exceto por algumas mensagens esporádicas. Seu coração congelou por um instante e ele pressionou um botão na tela do celular.

- Oi - disse, suave, abrindo um sorriso involuntário. Silêncio do outro lado. - Einar? Tá aí? - questionou, estranhando.

- Opa, alô, Gaspar. E aí, Hisui foi tudo que eu disse que seria? - a voz grave e brincalhona do rapaz loiro respondeu num solavanco.

- Até mais! Tu tinha que ter visto o pokémon ancestral com que tive de batalhar ao final da viagem. Surreal - Gaspar deixou uma risada constrangida escapar de sua boca. - Claro que a batalha foi um desastre, mas, né, fazer o quê? Experiências.

Do outro lado da chamada, a risada abrasiva e aconchegante a que Gaspar tinha se acostumado tão rapidamente. Einar levou alguns segundos para se recompor.

- Poxa, é uma pena que não pude estar lá para te ajudar. Sério. - Um tom de sobriedade repentino nas últimas palavras.

- É... - Gaspar expirou. De fato não queria ter feito aquela viagem sozinha. Mas era a vida. - Está tudo bem? Que horas vou te encontrar amanhã? Eu literalmente acabei de descer no trem aqui em Jubilife.

- Tive um contratempo - Einar havia, subitamente, mudado completamente o tom de sua voz. O que de início havia soado apenas como uma impressão se mostrou bastante aparente a Gaspar. - Não vou poder te encontrar em Jubilife amanhã. Eu estou na Rota 203, que na real é super pertinho. Mas ainda tenho algumas coisas para resolver aqui e pode ser que demore um pouco...

- Humm - o moreno emitiu, pensativo. A relação dele com Einar ainda era muito recente, então precisava escolher as palavras com cuidado. - Olha, para ser sincero, eu não quero ficar em Jubilife. Se você não se importar, eu posso ir ao seu encontro. Para mim seria só vantagens - deu um tom de leve humor ardente a sua última sentença, curioso pela reação que tiraria do outro.

- Aham, aham - murmurou o outro, emitindo uma risada gutural, controlada. - Sei... - Einar silenciou-se novamente, um silêncio semelhante ao do início da chamada, como alguém que precisa pausar para pesar ideias na balança. Ideias e emoções, talvez. - Certeza que quer fazer isso? Estou meio corrido aqui, eu não teria muito tempo para passar contigo... Mas se você não se importar com isso, tudo bem, fique à vontade para vir.

- Juro que não vou ficar no teu pé. Sabe a real? - soltou, como quem é tomado por uma súbita ideia boa. - Eu vou para a Rota 203, achar algum cantinho bacana para acampar e ficar por aí tranquilo, treinando e conhecendo melhor meus novos pokémon. Aí quando você terminar seu rolê a gente se encontra. Que acha?

- Pode ser, o que for melhor para ti. Desculpa ter que te enrolar de novo, realmente não era o que eu esperava... - Apesar de Gaspar se sentir um pouco suspeito a respeito do que estava acontecendo, ele pensou ter ouvido um sentimento sincero de pesar na voz de Einar. Além do mais, não tinham uma relação fixa suficiente que justificasse aquele estranho incômodo que ele sentia. - Me dê dois ou três dias, no máximo, e eu devo ter terminado tudo aqui. Assim que terminar, a gente arranja um lugar para se encontrar.

- De boa, não tem problema. Esse tempinho acampado, sozinho e tranquilo, vai ser bom para mim também. - Gaspar era hábil em imprimir sinceridade em sua voz, mesmo quando não o sentia. - Te vejo daqui uns dias. Um beijo, gostoso - e era hábil em seus flertes repentinos, também.

O outro apenas respondeu após controlar sua risada constrangida:

- Outro beijo, lindão - o tom grave e manso, derretido, do jeito como Gaspar conhecia.

Finalizou a ligação. Um sentimento dúbio em seu peito. Tinha plena consciência, naquele instante, de que Einar parecia querer esconder alguma coisa dele. Queria pensar e sentir que, independente do que fosse, não era de sua conta - mas alguma pontada aguda em sua intuição o impedia de se tranquilizar por completo. Ficaria atento, porém precisava calar aqueles sentimentos. Einar não tinha obrigação nenhuma de se abrir completamente para Gaspar ainda. Mal haviam se conhecido.

Respirou fundo, colocou o celular no bolso e retomou seu percurso em direção a um dos funcionários na estação de trem. Perguntaria qual era o caminho mais rápido para a Rota 203. Apesar dos pesares, tinha tudo o necessário para acampar na floresta e certamente tiraria mais prazer nisso do que ficando em Jubilife.

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Após a ligação o rapaz mudava seus planos e decidia ir logo para a rota 203.Foi até uma funcionária da estação e esta lhe respondeu que a Rota 203 ficava ha pouco menos de 15 minutos à leste (e apontou a direção). Bastaria ele seguir por uma rua reta, até a saída da mesma.

Assim ele o fez, mas pouco antes de sair, viu o Centro Pokémon, talvez fosse melhor cuidar do seu time antes de entrar na rota. O que faria?



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Off escreveu:
Ups, erro meu, eu jurava que meus pokémon tinham sido automaticamente curados depois do evento Husui
Brigado por ser compreensível [3] Nem Jubi, nem Life: Interesses frustrados 1f605 Ainda tem várias coisinhas do fórum que eu não entendo com perfeição.



Gaspar ouviu às instruções da funcionária da estação de trem com atenção e agradeceu-a respeitosamente ao final. Virou-se com alegria devido a ideia de que estava a poucos minutos de sair de Jubilife e começou a caminhar rapidamente na direção em que ela indicou.

No caminho, ele reparou num Centro Pokémon e lembrou-se, assustado, de que precisava dar um pulo lá para cuidar de seus pokémon e se abastecer para os dias que passaria acampado na Rota 203. Entrou no estabelecimento, entregou a pokébola com seus únicos três pokémon à enfermeira atendendo no momento. Enquanto eles eram tratados, Gaspar olhou seu dinheiro escasso e se exasperou. Preciso urgentemente arrumar algum jeito de começar a ganhar um pouco de dinheiro, pensou o sinnohnino. Toda vez isso, nunca tenho o suficiente para comprar o mínimo necessário. Fez contas rápidas na cabeça e, com os dentes cerrados, comprou mais uma Potion (-100) para sua coleção. Queria comprar mais pokébolas também, mas achou que as que tinha deviam ser suficientes para o momento.

Saiu do Centro Pokémon assim que enfermeira entregou seus pokémon curados. Na calçada, ele habilmente remontou sua bicicleta retrátil e então pedalou o caminho dali até a entrada da Rota 203.

Percorrendo a rua indicada pela mulher, foi extremamente nítido para Gaspar o momento em que ele deixou a metrópole e adentrou na rota. Para além da placa, as construções de lojas e casas simplesmente terminaram abruptamente, dando lugar a uma rodovia única que era atravessava uma vegetação rasteira de campina sem fim à visão humana.

O jovem treinador sorriu a visão da natureza e continuou a pedalar tranquilamente, entretido com a paisagem. Não sabia por quanto tempo a rodovia permaneceria com aquela qualidade, mas aproveitaria enquanto pudesse. Fazia tempo que não pedalava e o exercício foi bem vindo por seus músculos.

Tomou uma decisão: pararia quando avistasse alguma fonte natural de água. Caso não encontrasse uma, montaria acampamento quando avistasse alguma formação rochosa grande o suficiente para servir de pára-vento para passar a noite.

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Ao ver o CP, entrou para curar seu time, assim o fez. Mas infelizmente, o mercado estava fechado e com uma placa escrita "Fechados. Favor voltar mais tarde". Sendo assim, não conseguiu comprar nenhum item. Infelizmente.

Depois de curar seu time, saiu do CP e remontou sua bike retrátil, para então pedalar pelo caminho q a funcionária da estação havia lhe indicado, até a Rota 203.

Atravessando os limites da cidade e da Rota 203, logo se via numa campina. Havia muito mato que chegava à altura de suas canelas e agrupamentos de árvores aqui e outro acolá, com um enorme espaço apenas de mato entre eles. Porém, ainda assim, haviam vários agrupamentos de árvores, separadas por esses espaços de mato. Só que nada de rochas grandes e nem água. Pedalava na terra e grama, pois a estrada ficara para trás assim que saíra da cidade.

Também não via Einar, apesar de já estar pedalando naquela campina há alguns minutos. Ouvia alguns pokémons para todos os lados, mas não os via e nem conseguia identificar suas identidades pelos sons. O que faria agora?



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Off escreveu:
Iz lol. To super animado com essa rota, vou desenvolver bem tranquilo ok?
Quero dedicar um tempo para a relação entre meus pokémon e o Gaspar, por isso o post saiu meio longo rsrs.  



Continuou pedalando insistentemente em meio a terra e mato quando deixou a rodovia. A certa altura, no entanto, Gaspar percebeu que a fricção da bike com essa superfície desigual era extremamente pesada e logo ele percebeu que estava ficando cansado demais. Desceu da bike, desmontou-a com destreza e a retornou a sua mochila, a respiração um pouco acelerada.

Gaspar colocou as mãos na cintura, empinou o peitoral e espichou a cabeça, observando a natureza ao seu redor e recobrando, pacientemente, o controle de sua respiração. Não posso ficar tão cansado enquanto não encontrar alguma fonte de água, pensou o rapaz, que era acostumado a estar nesses ambientes e seus desafios. Tinha água e comida, mas só poderia relaxar quando encontrasse alguma região onde pudesse reabastecer seus recursos.

Sorriu pensando em seus pokémon e no tempo livre que teria para treinar e, mais importante, observar eles se conhecerem e se relacionarem. Para alguns assuntos, Gaspar era irredutível: seus pokémon teriam que se relacionar bem um com o outro. Podia ser que não se dessem bem de início, e problemas fossem surgir, mas tudo com o tempo se resolve. Faz parte do crescimento deles como criaturas e, para ele, não faz sentido manter em um time duas criaturas que não conseguem conviver um com o outro.

Com esse pensamento em mente, Gaspar tirou uma pokébola de seu bolso e lançou dela seu parceiro insubstituível, o cão noturno Gambino. O cãozinho, que ele insistia em pensar como um bebê pokémon, era encorpado, grande e forte, e já mostrava sinais de ter passado a fase de infância, embora ainda fosse muito brincalhão e curioso. O cão de fogo olhou, interessado, ao seu redor, percebendo que eles já não estavam na cidade, e farejou por alguns segundos. Rosnou, um som baixo e grave do fundo de sua garganta, sentindo que haviam muitos pokémon selvagens em volta. Gaspar sorriu, agachando-se ao lado dele e massageando a pelagem negra do pescoço do pokémon com sua mão direita.

- Calma, pequeno - Gaspar disse, transmitindo tranquilidade. - Eu ouvi também os movimentos ao redor. Tem muitos pokémon selvagem, com certeza, mas é improvável que eles nos ataquem aleatoriamente. Mudando de assunto... - o rapaz olhou intensamente o cãozinho, que já parara de rosnar e focava em seu humano. - Lembra do Abra? Olha, ele está mudado - ele sorriu, sabendo que a evolução do psíquico poderia assustar ao seu Houndour. - Tá pronto para ver como ele ficou?

Ele retirou outra pokébola de seu bolso e lançou dela seu segundo pokémon, Toneri, que recentemente havia evoluído de Abra para Kadabra. O pokémon psíquico, no entanto, não havia perdido seus hábitos de Abra, e quando saiu da pokébola encontrava-se flutuando a um metro do chão, as pernas cruzadas, e a cabeça levemente caída de lado. Os olhos fechados, num sono profundo.

Gambino deu um pequeno salto para trás, relativamente assustado, mas não rosnou ou estranhou Toneri como Gaspar esperava que aconteceria. Embora tivesse uma forma totalmente diferente, e um corpo muito maior, era provável que o cão reconhecesse o cheiro do outro. Depois de assustado, Gambino aproximou-se do Kadabra sorrateiramente, farejando. Como era alto para os padrões, ele precisou apenas esticar um pouco seu pescoço para tocar seu focinho no pé do pokémon dorminhoco. A sensação úmida do focinho contra a pele seca de Toneri acordou-o imediatamente. O psíquico perdeu o equilíbrio, esperneou no ar, e involuntariamente desferiu a estranha colher que carregava em sua mão direita contra o osso no topo da cabeça do cão.

Gambino encolheu de dor e afastou-se velozmente. Olhou com ferocidade para Toneri e começou a latir, desafiando-o. Kadabra retomou seu equilíbrio, voltando a flutuar no ar, e então olhou ao seu redor, tentando reconhecer o ambiente. Quando por fim percebeu o que tinha feito e a reação de Houndour, o psíquico começou a fazer estranhos gestos com os braços, esticando as mãos para frente, como se sinalizasse paz. Gaspar ria.

- Gambino, relaxa cara, não foi por querer. - O cãozinho silenciou-se relutantemente, depois de soltar alguns guinchos agudos de aborrecimento. Por fim Gaspar tinha os dois pokémon quietos e focados nele. - Toneri, você não conheceu ele ainda, mas a gente tem mais um membro no time. Sejam receptivos, ok?

O moreno estava ansioso, lembrando-se da rivalidade que parecia ter-se criado entre Gambino e Rufflet na batalha que haviam travado em Hisui, mas tinha segurança de que era muito provável que aquela poderia se tornar uma rivalidade amigável e mais saudável do que ruim - esperava que os dois fossem se motivar a se tornarem mais fortes e poderosos. Mas provavelmente levaria tempo... Quando lançou a pequena águia da pokébola, Houndour permaneceu parado, olhando-a imponentemente. Foi o Rufflet que demonstrou-se raivoso. Pousou no chão e, ao travar seus olhos no cão noturno, soltou um piado agudo, feroz, e arranhou suas garras contra a terra.

- Ei - Gaspar chamou, interessado. - Está preparado para ir numa aventura? - questionou, chamando a atenção da pequena águia. Agachou ao lado dela, segurando-se para não fazer um cafuné na penugem de sua cabeça - não sentia que tinham essa intimidade ainda. - Olha, estamos em uma rota em Sinnoh. Meu plano é passar algumas noites aqui, treinar... explorar um pouco a rota, ver se achamos coisas legais. Que vocês acham?

Gambino foi o primeiro a reagir, animado como usualmente. Saltitou, latindo de felicidade. Não importava o quanto amadurecesse, o pokémon de fogo nunca perdia sua motivação infantil para aventuras. E era óbvio que ele sentia falta de acampar na natureza. Toneri olhava para Gaspar desinteressado, mas a reação de Houndour irrompeu alguma coisa nele. O psíquico, flutuando, aproximou-se num rompante de Rufflet. Ignorou o olhar de suspeita que a águia lançou-o e, num movimento vagaroso, fez seu gesto habitual de recepção: dar leves toques de sua colher na cabeça da criatura. Rufflet reagiu mais rapidamente: desviou da colher de Kadabra, lançou voou e bicou com intensidade o casco da cabeça de Kadabra, repetidamente. Depois voltou a pousar na terra, ao lado do psíquico, aguardando desafiadoramente o que aconteceria.

Gaspar observava, preparado para intervir se necessário. Mas tinha que deixar as coisas se resolverem o mais naturalmente possível. Pego desprevenido, Toneri permaneceu parado, movendo sua cabeça para os lados devagar, como se pesasse o que tinha ocorrido. Com a mão livre coçou a parte da cabeça que havia sido bicada por Rufflet.

- Bem... - soltou Gaspar, incomodado com o silêncio que havia se formado. - Rufflet, Toneri é caloroso assim mesmo, e meio sem jeito também. Seja paciente com ele, por favor. - Kadabra olhou para Gaspar, ainda perdido. O pokémon parecia não saber como reagir. Gaspar riu-se. - Estão com fome? - perguntou, mudando de assunto propositalmente. - Eu tava pensando... como vamos passar alguns dias na natureza, que tal utilizarmos os recursos disponíveis? Tenho certeza que deve ter muita árvore frutífera por aqui. Se trabalharmos juntos podemos nos abastecer por um bom tempo.

Os três pokémon, naquele momento, passaram a focar a atenção em Gaspar. O humano falava com calma, clareza, gesticulando os braços pela ambiente ao redor, cheio de ânimo. Seu modo de ser parecia chamar atênção das criaturinhas. Gaspar percebia isso, e se satisfazia com a sensação de ser o centro de atenções. Sabia que aquilo era importante para construir um grupo coeso e eficiente.

- Meu plano é o seguinte: vamos caminhar naquela direção - e apontou para o leste, numa região que se afastava do caminho que havia percorrido na rota. - Cada um pode se espalhar para um lado, atento para o que estiver no chão ou nas árvores. Tem apenas uma regra: todos vão se manter dentro do meu campo de visão. Se encontrar algo, ou se algum pokémon selvagem te der problema... só piar - disse, e piscou para a pequena águia. - Ah, Rufflet, se lá de cima você avistar algum lago ou rio, me avise. Precisamos encontrar uma fonte de água... - Os pokémon pareciam se unir, esquecendo seus estranhamentos iniciais e se entregando à narrativa do humano. Gaspar sorriu: - Prontos? Bora.

E então ele começou a caminhar na direção indicada. Gambino lançou um rápido olhar de desconfiança para a pequena águia e então saiu saltitando por entre as matas, na mesma direção que Gaspar caminhava mas alguns metros afastado. Toneri apenas iniciou a flutuar preguiçosamente para o lado oposto a que o cãozinho havia ido, mantendo Gaspar sob seu olhar. A águia feroz flexionou suas asinhas imponentemente, bateu-as duas vezes com força ainda no chão, e então lançou-se ao céu num voo rasante. Manteve Gaspar sob seu campo de visão, e prosseguiu num voo circular e vagaroso, observando a paisagem ao redor.

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Após uma longa interação entre todos do grupo, Gaspa decidiu mandá-los procurarem berries. E eles foram.

Cada um para um lado e sempre olhando na direção do treinador, para não se afastarem.

O tempo passou e aparentemente, não havia nada naquele começo de rota. Mas algo aconteceu. Num instante em que olhou para seu canino e depois para o psíquico, quando voltou à olhar para o pássaro que voava, não o via mais.

Mas por que? Seria ele desobediente? Teria sido atacado? Ou a inexperiência para com seu treinador e o comando estranhamente impreciso, havia causado um erro de comunicação? Afinal, muitos pokémons enxergavam muito mais longe que humanos. Principalmente aves. Como ele poderia saber qual era o campo de visão do humano se ele ainda estivesse enxergando este? Ou teria acontecido qualquer outra coisa? E independente do que fosse, como o jovem iria resolver isso e procurar o alado?


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Foi repentino, mas não completamente inesperado. Quando Gaspar se deu conta de que Rufflet não estava mais ao alcance de sua visão, ele freou por um instante e olhou atentamente para o horizonte ao seu redor. De fato, não conseguia distinguir no céu a presença da pequena águia.

- Gambino, Toneri - chamou, sem delongas, mas calmo. Os dois pokémon se viraram para ele, o canino eriçando as orelhinhas pontiagudas e o psíquico num tombar lateral da cabeça, como se dissesse "quê?". - Perdi o Rufflet de vista. Vocês conseguem avistar ele? - questionou. - Se não, quero que fiquem atentos para os sinais dele, muito provável no horizonte... Gambino, fique atento aos odores e sons também...

Gaspar não era do tipo que se desesperava facilmente. Sabia que aquilo poderia acontecer; afinal, o campo de visão da pequena águia é bem mais extenso que o de um humano e era óbvio que a águia novata ao seu time poderia se distrair de suas instruções iniciais caso avistasse algo curioso. Mas Gaspar tinha plena confiança no respeito que a pequena ave sentia por ele; percebera-o na batalha em que a capturou. A criatura era esperta e forte, saberia se cuidar. E caso não a encontrasse, ela retornaria quando se recordasse das instruções de Gaspar.

O humano e os dois pokémon retomaram a caminhada, agora atentos pelos sinais de Rufflet.

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Gaspar pedia a ajuda dos outros dois, para encontrar a águia. Kadabra punha a ponta da colher em sua testa, seus olhos brilhavam e num movimento rápido, esticava o braço, com a ponta da colher brilhando agora, ao invés de seus olhos, mas no mesmo tom.

Kadabra sinalizava a direção em que a águia estava e todos se dirigem até este, cautelosamente. Após mais alguns minutos caminhando, avistaram a ave voando baixo, por entre as árvores. O que estaria fazendo?



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