[3] Nem Jubi, nem Life: Interesses frustrados

Como de costume, Gaspar não cansava de se surpreender com as habilidades de Toneri. Desde que o recebeu, o pokémon possuía uma atitude extremamente bobalhona e despreocupada, mas sempre que precisava, e nas horas mais inesperadas, ele tirava algo da cartola, mostrando-se muito mais inteligente e atento do que aparentava.

Quando, seguindo a direção apontada por Kadabra, eles por fim avistaram Rufflet, Gaspar estacou à distância, antes de se aproximar. Agachou-se, colocando um joelho no chão, e serrando os olhos para ver melhor o que a pequena águia parecia estar observando do ar. Colocou a palma aberta da mão contra sua testa, mas ainda incapaz de ver:

- Gambino, você consegue ver algo estranho daqui? - inquiriu, com o canino colocando-se ao seu lado, o pescoço esticado mas numa atitude sorrateira. - Toneri? - repetiu, com o escaravelho psíquico se aproximando dele também sem fazer nenhum barulho.

Antes que visse a reação de seus parceiros, Gaspar pensou ter visto um brilho próximo às árvores onde Rufflet sobrevoava. Forçou a visão, mas novamente não via nada. Seria a luz solar brincando com seus sentidos?

Antes de interferir, decidiu aguardar alguns segundos para ver o que o Rufflet faria. Estava sobretudo curioso para saber o que tinha cativado tanto a pequena águia.

Quando finalmente percebeu do que se tratava, Gaspar achou a situação divertida. Se perguntou quais as espécies de pokémon que o pequeno Rufflet, tendo passado toda sua existência em Hisui, teria tido contato. Era grande a possibilidade de ele nunca ter visto outra espécie de pokémon voador.

- Rufflet - Gaspar chamou, aproximando-se. - O que aconteceu, rapaz? Quer batalhar contra o Starly?

Nascido e criado em Sinnoh, Gaspar estava acostumado a ver Starlys a todo instante, em qualquer lugar que fosse no continente. Não sentia vontade de ter um, mas a oportunidade se apresentava oportuna para ter sua primeira experiência de batalha ao lado de Rufflet. Feroz como a pequena águia havia se mostrado desde seu primeiro contato, Gaspar desconfiava que ela gostaria da ideia.

Em resposta ao humano, Rufflet piou novamente, mas desta vez num tom distinto: abrasivo e afirmativo. Gaspar teve a leve impressão de que a águia não só queria batalhar porque gostava, mas porque queria provar o seu valor ao humano. Afinal, embora feroz, ela havia sido derrotado por Gambino anteriormente. Gaspar sorriu, um sorriso astuto e afiado, se unindo ao sentimento de Rufflet:

- É para já... - comentou, agora fixando seu olhar na pobre pomba em paz. Bom, se ela não quiser batalhar que se vire, fuja, sei lá, pensou, dando de ombros. - Rufflet, quero que comece com Hone Claws, para preparar seu corpo e garras para essa batalha. Em seguida, use sua velocidade máxima num Wing Attack contra o Starly.

Não tinha dúvidas de que Rufflet já entendia como a dinâmica funcionava. Era só questão de afiarem sua harmonia em batalha.