001 - A mudança se encontra ao Sul!

Estamos naquela situação delicada em que o passado, apesar de ser passado, ainda está posto em narrativa. Não gosto de ignorá-lo, já que ele pode talvez explicar porque Vagner se apegara - e se preocupara - TANTO com um menino que nunca viu na vida. Esse homem não era daqueles extremamente empáticos, apesar de também nunca ter sido como uma porta ou um sofá. Tinha seus sentimentos, mas dó e pena era algo que raramente lhe apetecia; tendia a se render pra culpa. Talvez, apenas talvez, era o medo de uma culpa que lhe fazia mover os braços e chamar por Tiarán, mas também poderia ser outra coisa...

... algo mais básico, sabe?! Algo como uma conversa atravessada.
- Não, é Tohjo mesmo - Pendeu a cabeça para o lado, como quem começava a achar Tiar novo e inesperiente demais para andar por ai sozinho - Sabe, Tohjo Falls?! Muita gente usa o termo "tohjo" pra falar da junção Kanto e Johto, como se fossem um enorme continente só.

Tipo "as américas", sabe?! Mas numa hora, o passado iria acabar e o presente iria vir a tona. Essa conversa, singela e suscinta que os dois tiveram, foi mais que suficiente para que Vagner - um workaholic nato - esquecesse por um segundo suas lentes e suas fotos e focasse minimamente na interação. Tiar certamente não sabe disso, mas o maior motivo que nosso fotografo teve para aceitar este emprego, é porque não precisaria lidar (nem fotografar) pessoas, e isso era um pequeno alívio.

Não gostava de marcar momentos humanos; ironicamente, tinha a sensação de que não gostaria de marcar na memória o futuro próximo de Tiarán. Engoliu a seco, viu tudo apreensivo, torceu para que o garoto conseguisse, torceu TANTO que até chegou a acreditar que sua vontade poderia mover montanhas simplesmente por existir. Tiar dava seus passinhos cuidadosos, pequenos e silenciosos até a Donphan; era rápido como só um jovem consegue ser, flexível como a idade lhe permite e astuto. Dois passinhos não foram suficiente, precisou dar quase quatro, três e meio. Já perto da borda, abaixou um pouco e esticou suas mãozinhas na abertura que Donphan fez ao rolar um pouquinho para o lado.

Alcançou o egg.

Na hora de puxar, por algum motivo, Donphan deu um pequena rolada para sua direção, num ato meio sonâmbulo. O resultado disso foi que a mãozinha de nosso protagonista QUASE foi esmagada pela elefanta, mas por sorte, uma frestinha lhe permitia ter mobilidade para tirá-la e colocá-la no ninho. O lado ruim disso é que a frestinha não permitia que um - ainda que pequetino - passasse sem quebrar.

Um outro problema é que, inevitavelmente, a pele de Tiar entrou em contato com o coro grosso da barriga de Donphan. Podia sentir o calor do bucho do pokémon e, para mover a mão, teria que atritar uma epiderme na outra.

Aqui eu não preciso nem dizer nada, né?! Vagnet estava BRANCO de preocupação. Ele que já era branquelo conseguiu ficar ainda mais; quase como um fantasma-de-gelo, um Froslass.

OFF: MEU DEUS O CARINHO NA BARRIGA QUE IDEIA GENIAL

Dizem que, de um jeito ou de outro, tudo pode se resolver na base do amor e da paciência, mas será que é verdade? Tiarnán pagou para ver. Estava desesperado a priori mas percebeu que tinha mais tempo para pensar do que parecia. Donphan não acordou no primeiro minuto; muito menos no segundo. Com o tempo que teve, aproveitou bem para se acalmar, respirar e pensar principalmente em duas coisas: (1) poderia ter sido bem pior e (2) precisava decidir o que fazer.

Enquanto isso, mais próximo do pico, Vagner começava a andar apressado para aquela cena, com uma pokébola na mão. Não a soltou de cara, já que tinha certeza absoluta de que ao liberar o pokémon-conteúdo, iria iniciar um combate. Ainda - e talvez estivesse pecando por excesso de confiança - queria acreditar que Tiar tinha chance de sair daquilo apenas com expertise. Suspirou, deu passos silenciosos e rápidos, chegou a uns 20 metros da situação.

Aqui, preciso voltar um pouco a cena para explicar melhor o que aconteceu.

Com seus dedinhos macios de jovem, o nosso protagonista fez um carinho calmo na barriga de Donpham, que inicialmente sentiu apenas como um formigamento besta e pouco reagiu. Com o caráter incessante do contato, o formigamento quebrou algumas barreiras oníricas e ela reagiu sonâmbula. Sua reação foi um sorriso meigo no rosto e uma viradinha singela de lado, que folgava um tiquinho a mão de Tiar, que poderia fazer mais carinho e em uma maior área. Em suma, seu ato sonâmbulo fez isso: aumentou a superfície de contato para que o garoto pudesse fazer mais.

O problema é que entre o sonambulismo e o estado de vigília há um abismo não tão profundo assim. Aos poucos o que era um ato de dormir-acordada virou consciência. Foi abrindo os olhos e a boca, num bocejo grande e fedorento, começando a reconhecer a realidade. Rolou completamente para o lado antes de perceber Tiar ali, liberando os dedos, a mão, o braço e o corpo de Tiarnán por completo, lhe permitindo pegar o ovo e rachar fora...

... o problema é que agora ela estava acordada. Ou melhor, acordando. Graças ao carinho, acordou bem humorada, mas o garoto tinha alguns segundos de vantagem apenas para CHISPAR DALI sem que ela percebesse. Vagner, agora já sem muita confiança de que daria tempo, finalmente apertou o botão central de sua pokébola, botando para fora um pokémon.

Inicialmente, Tiarnán realmente tinha razão. Quando Donphan acordou, estava tão animadinha que nem se importou com o fato de ter um ou outro transeunte passando pelo território de seu ninho. Olhou até um pouco desanimada e desinteressada para Vagner e seu Parasect. Viu com os olhos meio remelentos que nosso protagonista pegava a mochila e guardava um ovo dentro dela, sem nem cogitar que aquilo se tratasse de um furto. Bocejou uma vez, duas, Vagner já estava até mais relaxado e começando a dar as costas para a cena quando era...

... URROU.

Sim, num momento ela olhou pro ninho e percebeu a exata borda que contornava e dava materialidade a falta de seu quinto ovo. Imediatamente um urro altíssimo se fez e ela começou a correr feito uma ELEFANTA RAIVOSA em direção à Tiar. Graças a distância que conseguiu - cerca de 20 metros -, daria tempo para que Tiár tivesse a vantagem do confronto...

OFF: Aqui os contadores dos ovos são por Post, então já pode começar a contar. Um ovo normal são 40 posts, um ovo de Pseudo Lendário são 80 posts. No caso do seu, é um ovo de 40 posts, mas como a Donphan já estava chocando ele, pode começar a contagem do 20, ok?! Deixa um contador tipo 20/40 em algum canto do seu post pra gente não se perder.
OFF²: Já expliquei alguns detalhes, mas aqui vai dois links que você pode querer utilizar.
→ Calculadora de dano: https://pokemyrpg.forumeiros.com/h3-
→ Calculadora de EXP: https://pokemyrpg.forumeiros.com/h1-


Desespero. De Vagner, que via o menino se apressar para fugir; de Donphan, que via um de seus filhos ser roubado; de Tiarnán que corria para salvar a própria vida; de Snorer, que chegando de supetão na cena, sentia e via o perigo chegar-lhe em um atropelo. Nenhuma feição era agradável ou bonita, todos tinham em seu cenho o franzimento cotidiano de uma preocupação. Os olhos vermelhos, o maxilar apertado e a respiração curta era semelhante aos quatro personagens e nessa inteira tensão, todo mundo fez seu papel.

A elefanta, correu morro a cima. O mamutinho, correu morro a baixo. O Powder Snow, que devia ir nas patas, foi no chão, fazendo a grama ficar levemente porosa e escorregadia. O Tiar, subiu o morro. O Vagner, desceu. Ao seu lado, o Parasect, que como um bom inseto, parecia não ter expressão - e muito menos consciência - da tensão no ar.

Agora, Vagner, Parasect e Swinub estavam de frente com a elefanta, deixando Tiarnán para trás, numa parte mais alta e mais protegida. O Donphan não ia parar, mas estava certa de que teria que derrubar três barreiras pra chegar no menino.



Campo: Vale entre duas montanhas. Chão gramado, levemente escorregadio. Pouco espaço.

Sem pestanejar um segundo, o fotografo deu suas ordens, deixando claro que uma batalha estava para começar:
- Paras, Rage Powder no Donphan e depois Seed Bomb! - Parou um instante, olhou para trás e falou ao garoto - Ta pronto pra essa batalha? - Seu tom era mais preocupado.

Era impossível para Vagner esconder a emoção nos próprios olhos. "Primeira batalha?", perguntou em voz baixa, mas com um tom de animação. Rememorou-se por um instante sua primeira batalha e sentiu falta de um pokémon que a muito está com sua mãe. Arrepiou-se e perdeu um pouco o foco daquilo que estava acontecendo, mas tudo bem, né?! Tudo ia ficar bem.
- Tu é corajoso, garoto - Falou entre os dentes, como um elogio que sai sem querer da boca, mas você deixa lá, do lado de fora, ecoando.

O confronto por si só foi um pouco mais simples. Apesar de Donphan ser um bocado mais rápido que o Parasect, era o inseto que começava o Round, e não só pela vantagem de campo causada pelo Powder Snow, mas principalmente pelo Rage Powder, que é um golpe de rápida execução. Mirou na elefanta e esperou a "mágica acontecer".

Veja bem, Donphan e Swinub já se encaravam olho-no-olho, a mãe estava PRONTA para catapultar aquele pequeno mamute para longe sem pensar duas vezes, já estava preparando uma marcha abrupta para dar um Rock Tomb em Snoore quando o Rage Powder cai em si. Imediatamente seus olhos ficam completamente vermelhos, mas ela tira o foco de Swinub e passa a enxergar apenas Parasect. Era como uma mágica; graças ao pó, Donphan não enchergava outro alvo que não fosse o inseto.

Nesse mesmo inseto, usou Rock Tomb. O golpe foi poderoso, dava para ver que, contra Swinub, faria um estrago grande, mas Parasect era forte e robusto também, aguentando firme. Em retorno, o mamute lhe ajudou com um golpe congelante, que causou poucos estragos, mas ainda assim fora incômodo.

Num segundo intervalo de golpes, Donphan foi o mais rápido, atacando em primeiro Parasect, que repetiu sua defesa. Logo em seguida a elefanta foi alvejada por dois golpes: um tapa de lama nos olhos, que lhe atrapalhou a visão, e um Seed Bomb no torso. Com dor, deu um urro e caiu para trás, mas ainda tinha ódio na face e estava pronta para lutar.

A raiva era tanta que ela nem sequer reparou que uma pequena projeção do cogumelo de Parasect lhe injetara esporos por baixo da carapaça. Tomou o dano do envenenamento e agiu como se não fosse nada. Vagner, percebendo que ela era dura na queda, logo ordenou:
- Ok, ofensiva. Duplo Seed Bomb.


Campo: Vale entre duas montanhas. Chão gramado, levemente escorregadio. Pouco espaço.

Log da batalha
Turno 01:
Golpe 01: Parasect Rage Powder
→ Donphan fica com Target lockado em Parasect
Golpe 02: Donphan Rock Tomb (-19 | Parasect 61) (-1 Speed)
Golpe 03: Swinub Powder Snow (-1 | Donphan 93)

Turno 02:
Golpe 01: Donphan Rock Tomb (-19 | Parasect 42) (-1 Speed)
→ Trait Effect Spore (do Parasect) ativa e Donphan fica envenenada
Golpe 02: Swinub Mud Slap (-1 | Donphan 92) (-1 ACC)
Golpe 03: Parasect Seed Bomb (-31 | Donphan 61)

Pós-Turno
Poison: -6 em Donphan (HP: 55)