001 - A mudança se encontra ao Sul!

- Em dois meses você vai estar mais forte que eu, quer apostar? - Falou Vagner, se referindo ao fato de que o garoto claramente se metia em confusão sem pensar duas vezes. Esse tipo de coisa fortalece, se é que me entende - Parasect, vamos continuar com Seed Bomb!

A conversa ficava para outra hora, já que a batalha tomava todo o tempo e concentração de nossos treinadores. Claro que todos do time "aliado" estavam mais relaxados: apesar da raiva, todos viam que Donphan começava a se cansar. Numa dessas, Swinub passou na frente da mãe e atacou primeiro, já que a velocidade dos dois eram bem próximos. Deu um segundo tapa, desta vez no rosto, sujando ainda mais a mãe.

Talvez pela cara TOOOODA suja de lama, Donphan não acertou o golpe que iria dar desta vez, que parecia ser um Rollout; não tenho certeza. Fato era que ela começou a rolar e errou o alvo, batendo numa rocha perdida que estava saliente no aclive. Parasect puniu com seu Seed Bomb e as coisas se repetiram, porém com acerto de Donphan.

Na segunda rodada, tudo pareceu um pequeno repeteco, salvo Donphan que desistira de girar e tacara suas pedras como de costume, acertando o inseto. Assustado com o dano que levou, Parasect comeu uma frutinha e recuperou parte de sua vitalidade.

A essa altura, Donphan já estava tonta o bastante para deesmaiar. Um Seed Bomb foi o suficiente para ela tomar um nocaute e cair no chão, acordada, porém fraca o suficiente para não continuar mais a batalhar. Uma lagrimazinha tomou seus olhos e emitiu um grunhido decepcionado.


Campo: Vale entre duas montanhas. Chão gramado, levemente escorregadio. Pouco espaço.

Log da batalha
Turno 01:
Golpe 01: Swinub Mud Slap (-1 | Donphan 54) (-1 ACC)
Golpe 02: Donphan Rock Tomb (MIss)
Golpe 03: Parasect Seed Bomb (-31 | Donphan 23)

Turno 02:
Golpe 01: Donphan Rock Tomb (-19 | Parasect 23) (-1 Speed)
→ Parasect come Sitrus Berry (+20 | Parasect 43)
Golpe 02: Swinub Mud Slap (-1 | Donphan 22) (-1 ACC)
Golpe 03: Parasect Seed Bomb (-31 | Donphan K.O)

OFF: Ficha editada com o EXP recebido :>

Com a reverência de Tiarnán, Vagner simplesmente não soube onde enfiar a cara. Não era de Blackthorn e não conhecia exatamente os costumes, mas achava aquilo de um enorme exagero. Esperou ansiosamente para que o garoto parasse com o agradecimento até o ponto em que ele pudesse falar:
- Essas coisas acontecem mais do que gostaríamos - Disse, olhando ainda meio sem graça para Parasect, que acenou com a cabeça em concordância - Você tem que tomar cuidado pra não se met... - Interrompeu o dito no meio, em abrupto - O QUE TU TA FAZENDO? - Perguntou, num grito mais desesperado do que repreensivo.

Aqui, meus queridos, Vagner e seu Parasect deram um pulo para trás quase que sincronizados, num susto de consciência. Quando notaram que a aproximação de Tiar era para curar e não para capturar a elefanta, eles ficaram por um triz de cair para trás. Aqui, meus amigos, eles cogitaram aplaudir a coragem do garoto, mas primeiro teriam que ter certeza de que não era insensatez.

Pois só saberiam isso quando vissem a reação de Donphan.

A grandona, que estava com todas as suas faculdades mentais em dia, viu aquela aproximação com medo. Taquicardia e respiração ofegante; eram esses seus panoramas. A imagem roxeada do vidro de Potion não ajudou; ela começou a se debater um tico, dificultando MUITO a tarefa de limpar seus olhos ou cuidar de suas feridas.

Foi Snorer - sim, nosso mamute - que deu um grunhido simpático pra Donphan, como quem dizia "ta tudo bem". Querendo ou não, ambos se comunicavam em línguas familiares e, apesar do habitat extremamente diferente, seus nichos se cruzavam evolutivamente e ecologicamente. Com o urro de Snorer, Donphan reconheceu um certo tom de piedade e sua resposta afobada se transformou em outra coisa...

... os olhos que Tiar limpavam eram lubrificados por uma lágrima salgada, que ajudava o trabalho sujo. Com a Potion utilizada, Donphan pôde ficar de pé e dar um urro em resposta, caminhando devagar até Snorer. De frente para o mamute, não demonstrou nenhum tipo de agressividade mas tinha um semblante triste; carregado de pesar e um pouco de subserviência.

Dali, de frente para Swinub, abaixou a cabeça e imitou o gesto que outrora Tiarnán fez a Vagner, abaixando a cabeça e inclinando o corpo. O que tornava essa cena ainda mais curiosa era a diferença de tamanho entre os dois elefantes, além da ironia da grande Donphan abaixando a cabeça para o pequetino Snorer.

Vagner, sem querer, quebrou o silêncio com um assovio que simplesmente saiu. Era um assovio não só de reconhecimento, mas também uma expressão de assombro. Snorer e Donphan se comunicaram por urros por mais algum tempo enquanto Vagner foi pontual:
- Acho que ela vai querer ir com você - Falou até um pouco impressionado.

EXTRA! EXTRA! REVOLTADO PELA MÁ CONDUTA DA MÃE, TIARNÁN É O PRIMEIRO HOMEM CIS A SER MÃE DE 5 NA ADOLESCÊNCIA! "Vou mostrar pra ela como se faz!", dizia o garoto, enquanto enfileirava cinco ovos nos seus braços para os manter aquecidos.

Ok, brincadeiras a parte, é engraçado como nossos incômodos nos levam a fazer e-xa-ta-men-te aquilo que nos incomoda, não é?! Como se estivéssemos fadados a uma certa repetição apenas para provar que conseguiremos por outras vias. Tiarnán, que rompeu com o lar, vê numa Donphan a própria negligência da mãe e, para não carregar este sentimento amargo consigo - junto da elefanta -, opta por criar seus mecanismos para lhe obrigar a não abandonar suas criar.

Vagner, que nada sabia da história de Tiar, conseguiu tirar uma ponta de informação desse ato corajoso, mas ao mesmo tempo, exagerado. Olhava com seus olhinhos empáticos para o garoto e achava um bocado bonito vê-lo assim. Porém, sabia também de uma pequena informação que podia ser útil - ou não - ao garoto. Por isso, aproximou-se do ninho com eles, colocou uma das mãos em seu ombro e falou com voz amável:
- Não é assim que funciona no mundo pokémon, Tiarnán - O sorriso amarelo parecia esconder um sabor de choro - Aqui, as mães e os filhos não vivem juntos. A maternidade é só até chocar, eles já nascem prontos, existe grupo mas não existe família aqui...

Com uma pequena pausa, Vagner projetou a dificuldade que Tiarnán teria de fazer sua primeira aventura tendo que proteger 5 ovos sozinho. Ele, uma Donphan com pouca vitalidade e um Swinub também muito inexperiente. Achou utópico.
- Se você quiser, podemos achar lares para esses Phanpys, eles vão ser mais felizes se tiverem seu próprio treinador.

Vagner se expressou muitíssimo mal ao ver dele mesmo - é um homem que se exige muito -, mas era difícil dizer a Tiar o que ele queria. Em sua cabeça, ter cinco pokémon iguais, de mesma habilidade, mesma força e mesmo "leque de pokémons", faz com que quatro deles - e provavelmente os quatro mais fracos - fiquem eternamente num Storage, sem serem treinados. Isso, sem dúvida nenhuma, é melhor que a morte prematura que esses ovos podem receber, mas há como ser melhor...

... há como achar alguém que deseje esses Phanpys que irão nascer. Donphan já decidiu seu futuro daqui pra frente, o que ela desejava era que o futuro de seus filhos fosse definido também. Por essas e outras, não iria se opor a ideia do garoto, mas grunhia com Snorer alguma coisa que os humanos não conseguiam compreender.

Colocar os ovos na mochila não era uma tarefa nem um pouco fácil. Tiarnán provavelmente percebeu ai que o primeiro ovo que ele pegou era muito pequeno e muito mais fácil de encaixar em sua bolsa, enquanto os outros não cabiam muito bem. No total, tirando tudo, conseguiria botar três ovos na mochila e teria que carregar outros dois. Nosso queridíssimo Vagner já tinha em mente levar um Phanpy para si, afinal de contas, também se simpatizara com a história e também era um treinador. Logo, respondeu a pergunta do garoto com um afirmar de cabeças e tratou de pegar um dos ovos que ficou para fora da mochila:
- Uhum, e eu já estou pensando num nome - Deu uma piscadela para o garoto - Nikon - Deu um meio sorriso. Achava o nome muito isento de gênero e por isso não mudaria a escolha depois de nascer.

Com carinho pegou o ovo nos braços e retornou Parasect para a esfera, o guardando no bolso lateral da mochila. Depois disso respondeu a pergunta que mais era importante:
- Eu tenho que fotografar relevos e estou numa área importante, caminhar por aqui não vai me atrasar - Deu um meio sorriso - Na verdade, fotografar a Donphan que me atrasou, sai completamente do meu foco. A gente pode ir andando por ai.

No mais, faltava ainda capturar de fato a Donphan para seguirem viagem. "Você tem que descansar dentro da esfera" foi uma ordem acatada pela mocinha, que assim que viu o dispositivo tecnológico, não se afobou; se permitiu ser capturada e foi descansar no seu interior. Agora, podiam partir na direção que Tiarnán queria, talvez procurando um ou outro ser para cuidar de Phanpys.

Agora eles voltavam a andar. Era estranho perceber que esse tanto de coisa aconteceu e só se passou tempo e não espaço. Apesar das conquistas abundantes, Tiarnán mal se afastou alguns metros de sua cidade natal; não podemos dizer que fizera mais de um quilômetro de caminhada. Estava entre o vale da segunda montanha e o aclive da terceira quando Vagner lhe ultrapassou e foi um pouquinho na frente:
- Não sei, talvez as fotos nos revelem algo - Deu um pequeno sorriso quando respondia, sentia que seu trabalho funcionava assim - Primeiro documento, depois analiso. Só que, se for pra chutar, eu diria que tem algo a ver com o clima. Lugares rochosos tendem a ser importante por isso - Olhou para o céu, depois olhou ao horizonte e voltou a andar.

Como iam em direção à Rota 18, logo pisariam numa estrada de terra mais comum, que contornava o restante do pico e fazia uma descida calculada até o rio. Hoje, um dia pós-chuva, não tínhamos tantas intercorrências assim. O dia estava limpo, o vento agradável e a única coisa que lhes prejudicava era a falta de sombra. O rio, que lá no início parecia "rápido e grande demais", começava a suavizar um pouco nesta altura. Por quê?! Bem, digamos que ele se dividira em dois e a vazão dele passou a alimentar dois braços que se encontrariam só mais tarde. Além disso, grande parte da água acumulada da chuva já havia vazado, deixando tudo um bocado mais calmo e mais silencioso.

Isso era um ótimo sinal, pois a medida que iam caminhando pela trilha da Rota 18, perceberiam que ela estava tão lamacenta que só poderia estar alagada a pouco tempo atrás. Com a redução do nível da água, a rota ficaria toda exposta e de fácil acesso.

No mais, poderiam continuar por mais um tempo. Se encontrariam com a rota que iria paralela ao rio e ficariam no nível dele por um tempo, sem nada de novo acontecer.