[1] Alola, Hoenn!

OFF: Progresso já atualizado :>

Desta vez Poseidon parece ter realmente entendido, dando um "Ok" mais determinado e traçando uma adaptação quadrúpede àqueles movimentos. Traçou um plano e começou a mover-se de forma mais diagonal. Aqui serei sincero: apesar de termos só um post, essa etapa demorou quase que o treino inteiro, já que Mudkip estava extremamente disposto à completar sua missão.

Sejamos sinceros, para o pequenino com pernas curtas era um pouco mais difícil.

Deu o primeiro Tackle, quebrou o primeiro alvo, aterrissou e deu um segundo. Acertou, mas viu que estava extremamente lento na tarefa e, ao acelerar, escorregou e falhou no terceiro. Dai em diante começou a fazer tudo mais rápido, tentando de fato destruir os três numa ótima velocidade; falhava logo no segundo, com evoluções paulatinas que eram mascaradas pelo cansaço.

Repetiu, aprendeu o equilíbrio. Nisto, tenho certeza que Oliver penou muito para reconstruir os alvos todas as vezes que ele errava. Aprendeu a fazer o primeiro e o segundo 90% das tentativas e, ao fim, conseguiu juntar um terceiro golpe com o equilíbrio quase perfeito e ficara satisfeito. Não tentaria mais por hoje: conseguir chegar ao fim de sua missão era suficiente.

Se jogou de costas para a areia, deixou os bracinhos e perninhas caírem e ficou lá, esbaforido. O mar já começava a subir, indicando que a lua começava a despontar num canto do céu; não era tarde, nem todos os dias são de luas noturnas, mas já estávamos próximos das 15h.

O mar subiu enquanto Kip deitava e se esbaforia. O toque frio e salgado da água em suas patinhas lhe deu um arrepio bom e ele soltou uma risadinha boba, até um pouco infantil. Fechou os olhos e ficou ali, apreciando a leve lambida que a onda lhe dava aos pés e que, paulatinamente, ia chegando até seu torso numa onda ou outra.

Não sei se Oliver estava tão realizado quanto Poseidon, mas provavelmente estava tão cansado quanto...

Antes mesmo de lhe permitir descansar, ouvia um ronco fino e fofo vindo de Mudkip; quase um sibilo e não um ronco. A luz vermelha lhe tirou aquela linda cena dos olhos e a colocou dentro da esfera. Já decidido, Oliver se colocou a andar; não sabia para onde iria ou ficaria, mas sabia que precisava descobrir.

Com a preocupação derivada da maternidade, começava a tensionar em seus pensamentos um novo medo: agora era responsável por si e por Poseidon. A esfera, em paz, repousava em suas mãos ou em seus bolsos, quando tornou a voltar ao Centro de Slateport. Nessas horas, tudo na cidade começava a desacelerar, como toda boa cidade praiana.

As coisas aqui costumam começar muito cedo e se alterar tão cedo quanto podem; os pescadores já estão cansados, os feirantes também e os portuários mais ainda. Nenhuma grande embarcação está a vista neste momento, assim como nenhum pescador deixou de recolher suas varas e redes.

Agora a cidade era diferente de antes: ruas vazias, restaurantes abrindo e pensões se organizando. Ainda era dia, as lojas não haviam fechado e só retiravam seus anúncios das portas. Luzes não precisavam ser acesas ainda, mas as pessoas já tendiam a estar dentro de casa. A única coisa que fugia disso era o Centro Pokémon.

Sim, sempre o Centro Pokémon, o lugar onde os estrangeiros se concentram.

Lá, o movimento era intenso. As pessoas que não acompanhavam o ritmo original da cidade entravam e saiam, falavam alto, pareciam animadas. Talvez Oliver não saiba ainda, mas basta um Trainer Card para que você consiga uma cama naquele lugar e um prato de jantar. O serviço - quase que completamente gratuito - era bancado pelos gastos que todo o treinador tem: gastos com transportes, com eventos e com itens.

Oliver talvez já tenha percebido isso, mas a vida de Treinador é onerosa; pra quem se mantenha o lucro desse mercado, alguma coisa tinha que ser inclusa nisso tudo.

Ainda assim, se não quisesse ir para lá, tinha nas ruas outras coisas para fazer: um barzinho com temática de batalha-pokémon começava a se organizar para abrir as portas e, se quisesse muito dinheiro, poderia arranjar um bico ajudando a limpar os resquícios da feira. Uma das poucas lojas que não tirou o anúncio das portas tinha lá escrito: "Compra-se tempo de trabalho de jovens atléticos". Além disso, um grupo de três jovens estrangeiros - aparentemente alolianos - estavam sentados na calçada do centro pokémon falando alto e bebendo gin.

Era uma cidade que se desacelerava o coração, mas o sangue continuava correndo...

Ao se aproximar, foi notável que os três estavam levemente bêbados, mas não CAÍDOS, até porque, não há ainda tempo útil pra isso. A garrafa de Gin estava aberta, porém ainda não haviam consumido nem metade; ainda havia o que beber. Só que o tom de alegria era nítido: os três estrangeiros ouviram a saudação de Oliver e logo trataram de abrir a "roda" para olhar de onde vinham.

Aqui, a troca de olhares poderia ser recíproca: Oliver notaria que apenas dois eram Alolianos e o terceiro era d'outro lugar, sabe-se lá de onde.
- Alola! - Falaram os três, dois com sotaque reconhecível e outro de uma forma um bocadinho estranha.

Uma era uma menina, pele branca-queimada-de-sol, sardas intensificadas pelo vermelho no rosto e cabelo azul preso numa maria-chiquinha alta. Sua rouba era fresca, praiana e tinha nos braços três pulseiras de corda & pingente. Uma tinha grafias com nomes, a outra coqueirinhos e uma terceira miçangas. Uma tatuagem no braço revelava que era mãe (ou algo do tipo); tatuara um pé de bebê no antebraço. Tinha não mais que 30 anos, não menos que 25. Esta era de Alola.

O segundo era um homem que lembrava bastante Oliver em quase tudo: o jeito de andar, de se portar e o estilo de cabelo. Era menos retinto e parecia apreciar menos o sol. A principal diferença era que este aqui usava uma camiseta praiana bem solta e tinha alguns centímetros a menos que nosso protagonista. Ah é, e claro, devia ser uns 6 anos mais velho.

O terceiro, que claramente não era de Alola, era um homem magérrimo, que mesmo com seus um e setenta de altura soava como um corpo Ectomorfo. Era branco-branquíssimo, vestia-se como se fosse um dia de inverno ensolarado e tinha sapatos novos e bonitos. Apesar da roupa aparentar um certo esmero, estava amarrotado e guenzo, com cadarços desamarrados e meio desinibido. Tinha no máximo 20 anos.
O homem de Alola falou:
- Eu sou Lin, ele é Coda e ela é Ana - Abriu um sorriso animadinho e estendeu a garrafa de gin para o rapaz - Ta perdido por aqui, rapaz?!

Ana, tentando censurar Lin, deu um tapinha em seu ombro e emitiu um "não fala assim com o rapaz, vai assustar!" e tomou a frente. Pegou a garrafa de Gin, pegou um copo e fez uma pequena mistura, dando a Oliver sem a confirmação de que este queria ou não beber. O outro garoto, por fim, deu um aceno com a cabeça de forma meio tímida, depois deixou a cabeça tombar e começou a dar bebericadas no seu próprio copo.

Ao ter a bebida recusada, Lin foi o primeiro a dar uma risadinha sem graça e retornar o copo, logo em seguida se justificando:
- Aah, molhar a palavra torna toda a experiência melhor - Pousou o copo ao seu lado, numa mureta, esperando que Oliver fosse mudar de ideia - Tem certeza? Minhas melhores aventuras foram com isso - Apontou para a garrafa de gim.

Claro que ninguém mais insistiu. Coda e Ana foram aqueles que frearam um tico as investidas de Lin e falaram com Oliver de forma mais "sóbria".
- Ah, treinador! A gente é quase isso - Disse Ana, olhando pra Coda - Somos da Universidade de Galar. Eu e Linn intercambistas, o Coda é de lá. A gente só ta viajando mesmo - Deu um meio sorriso e mostrou uma Pokébola verde, mais conhecida como Friend Ball.

Até agora a voz de Coda era meio desconhecida. O garoto, ao ser referenciado, deu uma risadinha e bebericou mais um pouco até tomar uma coragem e falar alguma coisa. Veja bem, não é que ele não queria se comunicar; só não sabia muito bem o que fazer.
- A gente ia daqui pra casa de um amigo, numa festa - Respondeu a pergunta de Oliver como se fosse sobre o presente - Se quiser ir, ele é local de Hoenn, pode ser bom conhecer gente daqui.

Ana não gostava muito de aparecer "bêbada" para seus filhos ou seus pokémons; frente a isso, segurou a esfera na altura dos ombros e a encarou por um tempo, como quem pensava se liberava ou não. Por fim, decidiu guardá-la no bolso da calça e polpa-la disso, apenas respondeu:
- É minha Clefable, minha inicial - A memória de ser sua primeira pokémon lhe deu um risinho tímido que parecia um sorriso - Ela ta numa Friend Ball, que foi com o que capturei. É uma esfera que aumenta a felicidade do seu pokémon no momento da captura, ela é menos "abrupta", sabe?! Normalmente usam para capturar quando há já uma amizade entre o pokémon e o humano, sem precisar de uma batalha e tudo mais.

Depois disso, a conversa foi como foi: curta e com Linn percebendo a inconveniência. Coda, por outro lado, ficou mais faladeiro, já que sua proposta foi respondida com uma afirmação útil:
- Ah, você pode descansar no Centro Pokémon, vamos sair daqui às 20h só - Disse, apontando para dentro do estabelecimento - Ta com vários dormitórios sobrando. Se quiser, a gente marca de se encontrar no refeitório, às 20h.