[1] Alola, Hoenn!

A resposta de Joy foi bastante curta, mas nada grossa:
- O que você viu, eu vi - Foi objetiva. Claro que a frase não era literal, mas ela havia percebido que Oliver e Poseidon agiram em consonância com a memória que ela tinha na cabeça. Depois de falar isso, deu um suspiro e deixou o ombro cair - Sempre no fim do plantão... - Era uma piada, o que dava uma pequena amostra de qual era o tipo de humor naquela Joy.

Sim, para uma enfermeira Joy, uma experiência dessa era absurda, mas ela está acostumada com relatos e experiências absurdas dentro desse cargo. Nenhum treinador pokémon vive sem passar por noventa mil histórias malucas; nenhuma Joy passa uma semana sem ver, ouvir ou vivenciar essas histórias indiretamente.

No mais, tocou no ombro de Oliver e lhe chamou pra entrar. Ela iria até a parte de dentro passar um café para quem quisesse, enquanto Coda tratava de se reaproximar do protagonista, percebendo que ele também lembrava de algo.

Poseidon, um pouco mais deslocado na cena, era quem via Clefable voltar para a esfera e sentia uma tristeza dentro de si. Não sabia muito bem o porquê disso, mas rememorava que era a primeira vez que havia dado um golpe num pokémon, então o pensamento latente era: "será que eu a machuquei?".

Nada muito profundo, nada muito racional. Era Coda quem ia pelo outro lado:
- Eu não sei o que era aquilo mas acho que você salvou Ana de ser... sei lá... abduzida? - A última palavra soou como maluquice da cabeça dele e por isso ele não quis falar em voz alta.

- Você acha que ela foi capturada em um Friend Ball atoa? - Deu um único riso, como se fosse o início prematuro de uma gargalhada.

Nesse momento tínhamos só Coda, Oliver e Poseidon no átrio, tendo todos os outros saído por longos 10 minutos. Se Oliver nada falasse, Coda ficaria sentado, em silêncio, pensativo...

Depois de um bom suspiro, poderíamos perceber que a única consequência que ficou foi a maldita porta quebrada. Joy, lá de dentro, ligou para alguma terceirizada que resolvia o serviço e logo largou de mão; não é a primeira vez que algo quebra a porta de entrada. Tirou o uniforme, tomou um banho, botou uma roupa comum e virou uma mulher ordinária de cabelos rosa.

Estava no pátio do local quando Ana desceu e Lin a recebeu. Coda, que viu aquilo um pouco incrédulo, simplesmente perguntou em voz alta:
- Vocês ainda vão querer ir na festa depois disso tudo? - A pergunta era legítima, mas não para Lin e Ana, que não lembravam de nada. Eles nem sequer entenderam a pergunta e foi Joy que respondeu - Por que não?! - E deu de ombros, encaixando uma bolsa lateral nos braços e caminhando para fora.

Maluquice, mas fica ai a pergunta: Oliver vai?! Coda se viu obrigado a ir, visto que todos os seus amigos iam também; ele não queria ficar discutindo com doido. O elemento novo era descobrir que Joy também iria.

Pois vamos! Não preciso nem dizer que todos - salvo os que não lembram - toparam com um certo receio, mas imaginando que a noite estava muito doida, estavam decididos em não deixar que ela terminasse assim. A única que parecia tranquila por dentro e por fora era Joy; ela mesma já viu muitas loucuras e é difícil impactá-la.

Dito isso, com Lin e Ana já posicionados no átrio do Centro Pokémon, podiam ir; estavam todos lá.

Foi Coda quem decidiu dar o primeiro passo para fora do estabelecimento, cruzando assim a porta quebrada. Em sua cabeça vinha a pergunta latente: sairemos sem consertar isto aqui?! Porém a resposta era sim. O CP é um lugar onde qualquer um pode entra e sair, portas são meras formalidades sociais; servem mais para impedir sujeira e vento frio.

No mais, começaram a caminhar para fora. Mudkip ia na frente, um pouquinho receoso mas muito corajoso. Deu seus passinhos a diante e sentiu uma mísera gota de água. Olhou para o céu e reparou o que a luz não lhe deixava reparar antes: estava nublado e ia chover. Ninguém mais notou até então, mas se tivessem, só falariam "é melhor nos apressar".

O problema é que a primeira gota que caiu na pontinha do nariz de Poseidon puxou a segunda, que caiu em sua testa. Depois a terceira e a quarta, que molharam sua bochecha. A quinta caiu bem na ponta da sua língua, que ele esticou para beber a gotícula úmida. A sexta caiu no...

... pera, a sexta não era uma gota.

Olhou para cima e, antes que de fato algo caísse sobre sua cabeça, Mudkip botou sua língua para dentro rapidamente e engoliu uma grande quantidade de ar. Inflou-se de novo, mas desta vez emitindo um brilho opaco e amorfo, que rapidamente cessou.


Quando parou de brilhar, tinha bracinhos e perninhas e pôde esticar para pegar àquilo que caia: um pokémon, um pássaro, um Wingull. Em seus braços o pássaro dormia; não estava machucado, parecia muito mais afetado por um sono profundo do que por algum mal. Sem saber muito o que fazer, caminhou até seu treinador com o pokémon nos braços, ninando e apresentando o pássaro a seu treinador.

Talvez agora Oliver tenha entendido um pouco o desespero que Ana sentiu ao ver Clefable ser 'abduzida' por uma luz estranha. Não sei ao certo o tipo do desespero que ele tinha sentido, mas sem dúvidas era um daqueles que passa rápido. Com o resultado da cena, fez uma pergunta a Poseidon que não soube muito bem como responder, então apenas acenou com a cabeça positivamente, achando que talvez não tivesse sido por isso que ele evoluiu, mas podia ser.

Quer dizer, ele não controla isso direito, foi um impulso. Um impulso? É, algo do tipo. Como se o corpo houvesse respondido ao ímpeto de pegar aquele Wingull que caia ao chão.

Agora, com os pássaros em vigência de Oliver estava um tantinho mais desconfortável do que nos braços úmidos de Marshtomp, mas sem dúvidas ainda estava dormindongo e satisfeito, com uma expressão serena no rosto e com uma de suas asinhas se mexendo para tapar a luz que chegava aos seus olhos cerrados. Se sentindo responsável, o garoto perguntou a Joy o óbvio e a moça só deu de ombros e foi sincera:
- Nem vem, meu turno acabou - O semblante de séria não tremeu, até que segundos depois ela deixou um ar sair pelo nariz, mostrando que só estava brincando - Olha, é mais comum do que parece, principalmente em filhotes que tentam acompanhar a migração dos pais - Deu de ombros - Mas captura e me mostra manhã cedo no centro que eu dou uma olhada. Ele parece ta bem...

Deu uma pausa grande e um suspiro antes de falar a última coisa:
- ... tem essas coisas quando aparece ETs nos lugares, né? Pássaros caindo e talz. Talvez ele tenha sido abduzido também! - Ela não acreditava numa palavra sequer do que tinha falado agora, mas essa Joy é um pouco implicante e brincalhona então não podia perder a oportunidade.

No mais, já estavam todos andando pra festa gritando: "NÃO TEM GUARDA-CHUVA, ANDA LOGO ENTÃO!!!" e correndo em direção ao centro.

OFF: Menino eu esqueci também, voltando que vi que foi a primeira coisa que tu fez. Inclusive, progresso atualizado, devo atualizar a Box hoje, mas caso eu não faça, pode seguir as coisas pelo progresso que lá tem a info do level de seus pokémons. Marshtomp pode aprender Mud Shot, deseja?

Enfim, guarda-chuvados e capturados! Joy, já um pouco entretida com o comentário de Oliver, deu uma risada. A conversa poderia seguir por todo o trajeto, já que a moçoila se ajeitou junto dele no único guarda-chuva que tínhamos na cena, enquanto todos os outros foram correndo na frente. Num momento garota respondeu o comentário do Digglet com alguma perspicácia, alegando que apesar de ser Enfermeira, nunca vira e nunca descobrira o que unia e o que tinha "embaixo" dos Digglets.

Não sei por onde foi o assunto, mas ele foi. Num momento, chegaram numa casa que obviamente era o cenário de uma festa: laterna de abóboras penduradas próximo do batente da porta; luzes vindo de dentro para fora e de fora para dentro; música abafada saindo pelas arestas das janelas e das portas; pessoas ao lado de fora fumando e; cheiro de álcool e perfume.

Já conseguiam ter uma amostra de como estava lá dentro só pela música pop que vinha de lá. Não sei qual é; não sei se você sabe, mas Joy parecia saber, ficando um pouco animada com a ideia de entrar. O três estrangeiros, tendo corrido, já estavam na porta chamando por Oliver, pedindo que ele se apressasse. Linn, que nunca esteve muito sóbrio, estava com uma garrafa de alguma coisa na mão que incessantemente dava bicadinhas.

No mais, as pessoas do lado de fora, que estavam todas juntas abrigadas num telhadinho de garagem, deram um boa noite em uníssono para Oliver e Joy. A porta estava fechada apenas por cerimônia; era só chegar, abrir e entrar.