Uma confusão se deu em minha frente. Assim que percebeu que havia perdido o ovo, o pequeno Cartepie avançou direto sobre minha pokémon de grama, disputando com a mesma pelo chão. O ovo escapuliu do confronto, rolando até meus pés. Agarrei-o com firmeza, voltando a olhar em direção de minha Bellsprout.

Cartepie, ao perceber que a mesma já não tinha a posse do ovo, abandonou-a. Bellsprout tentava se recuperar do sufoco que sofrera quando notei o olhar fixo do pokémon inseto sobre mim. Ele iria me atacar, deduzi.

– Ekans, depressa, use o Poison Sting para deter o Cartepie, depois agarre-o com o Wrap! – Falei olhando para cima, sem ao menos saber, a essa altura do campeonato, onde a pokémon venenosa havia se metido.

Por alguma razão, aquele pokémon inseto queria muito o ovo que a Chansey me deu. Será que ele achava que era dele? Não creio que a Chansey roubou o ovo do mesmo.

Após o primeiro ataque, Ekans saltou do galho que estava para me defender... ou para lutar, pois fazia tempo que não participava de uma batalha. Acredito que isso a tenha machucado um pouco, já que a altura era considerável. A investida, porém, foi suficiente para deter a ira do Cartepie.

Ainda bem que insetos não fazem parte da dieta da Ekans... pensava enquanto a ofídia envolvia o pequeno Cartepie em seu abraço mortal. Ela gosta de ovos, pequenos roedores e aves... concluía o pensamento, agarrando firmemente o misterioso ovo. Aquela Chansey confiou a mim o seu ovo, não podia permitir que alguma coisa acontecesse a ele; era o mínimo que poderia fazer depois de ter avançado contra a mesma de forma tão idiota.

Percebi que, de longe, uma figura se aproximava com uma expressão raivosa, como se quisesse interferir na batalha. Era Bellsprout, provavelmente querendo tirar satisfação com o Cartepie por ter pulado sobre a mesma e grudado em sua cara.

– Hey, Bellsprout! Volte aqui, deixe com que sua colega resolva isso. – Pedi, mas a pokémon planta parece não ter dado ouvidos, forçando-me a retorná-la para sua esfera. Depois concentrei meu olhar sobre Ekans novamente, quase não conseguia ver o Cartepie. Só percebi que sua boca estava envolvida por fios de seda. – Ekans, solte-o e use o Leer para intimidá-lo, depois tente se livrar dos fios de seda que prendem sua boca usando sua cauda ou arrastando-se na terra. Se conseguir, ataque-o com o Poison Sting.

Estranhamente o veneno de minha pokémon parecia não surtir efeito no Caterpie, que conseguia deixar a Ekans vulnerável com seus fios de seda, ganhando assim uma vantagem na luta. Cocei a cabeça com uma das mãos, tentando pensar em algo para reverter a situação.

– Ekans, abocanhe o Caterpie. – Falei ao constatar o tamanho do inseto e recordar da força da mandíbula da ofídia. – Lance ele no ar, usando uma rajada de Poison Sting em seguida. Depois avance contra o mesmo e o imobilize com um Wrap. Lembre-se da última vez, não dê mole para que ele use os fios de seda em sua boca de novo.

Tinha ainda o Mega Drain, mas decidi não usá-lo por ser do tipo grama e o adversário ser um inseto. Além do mais, ele está com a defesa um pouco baixa e seria bom aproveitar para causar danos físicos.

A luta se seguia e a vantagem parecia estar do outro lado. Ekans continuava disposta a batalhar e o pequeno inseto dava trabalho, estando bem obstinado a recuperar o ovo de minhas mãos e agora parecia convencido que, para isso, teria que derrotar a pokémon venenosa.

– Largue-o, Ekans. Use o Leer logo em seguida. Aproveite que ele estará assustado para agarrá-lo novamente com a boca. Suba depressa em uma das árvores e o atire contra o chão de lá de cima. Caso consiga mirar, reforce o dano com uma rajada de Poison Sting.

Se aquele pokémon ficasse envenenado, a situação ficaria melhor para o nosso lado. Mas ele não fica, deve ter alguma habilidade especial. O que me resta é aproveitar da vantagem física de minha parceira.

A ofídia se atrapalhou e as duas acabaram indo ao encontro do chão. A situação da batalha estava cada vez mais tensa e era notável que a Ekans não estava gostando nada dos rumos que estava tomando. Furiosa, fez com que os fios de seda do pequeno Caterpie fossem logo rompidos de sua boca.

– Ekans, posicione-se atrás daquela árvore – Apontei para uma árvore de tronco firme poucos metros à esquerda de minha parceira – e espere que ele venha em sua direção. Assim que o mesmo se aproximar, esquive-se para que ele vá de encontro ao tronco. Na velocidade que ele irá a sua direção, não deve conseguir desviar. Após isso, sem dar tempo para que o mesmo respire, agarre-o com a boca e o lance contra outra árvore, usando o Poison Sting para reforçar o dano.

Comecei a examinar o ovo, me perguntando o porquê de atrair tanto o interesse daqueles pokémon. Balancei-o perto do meu ouvido, numa tentativa em vão de ouvir algo se mexer. Estranho...