Viridian Forest: 2° Tentativa

A vida de estudante... Quando não é entediante, é complicada, quando não é complicada, é entediante. Isso quando não era complicada E entediante ao mesmo tempo! Embora cansativo, geralmente valia a pena depois. As aprovações e testes sempre tinham alguma lição para ser carregada. Aprendi e, creio eu, cresci de alguma forma...

Os ventos gélidos de Utau atingiam o Venonat. Era um ataque lindo, que podia ter servido em muitos contests, embora eu nunca tenha participado de algum. Acredito que ela se sairia bem nas apresentações, mas não sei dizer se o caminho da arte teria sido o melhor para a Glaceon.

Mesmo os golpes mais críticos do inseto, não fazia grande estrago para minha parceira. Mais um golpe de gelo direto era certeiro e Venonat pareceu diminuir. Havia sido nocauteado e agora estava normal. Então... Aquele tamanho (e talvez a ferocidade) não era natural?

Não pensei muito, logo o clima pareceu de festa. Os Pokémon pareciam felizes pela vitória da Pokémon neve fresca, que estufou o peito orgulhosa, antes de correr e pegar a fruta esverdeada, alcançando para a enfermeira, antecipando meu pedido. Enquanto ela alcançava a Lum Berry, lancei uma esfera bicolor no Venonat nocauteado, na tentativa de capturá-lo. Desejava saber o que houve, o motivo dele ter crescido tanto...

Olhei para a enfermeira, me aproximando da mesma com um pequeno sorriso. – Mais alguma coisa que eu possa fazer?

Lanço a pergunta, aguardando uma resposta. Utau ao meu lado, satisfeita com o sucesso e com a pequena comemoração. Tinha um leve sorriso, estando contente. Castiel e Barbie provavelmente ainda trabalhavam o primeiro inexpressivo, a segunda provavelmente depressiva pela falta de batalha.

Olhei pelo canto dos olhos para a Venonat e Pikachu que haviam me feito companhia, para saber como estavam. Agora provavelmente estava tudo bem, me pergunto se elas iriam querer seguir jornada comigo... Farei o convite depois, quando todos do local estiverem curados e em suas melhores condições.

Depois do caos, cedo ou tarde, viria à paz. É uma boa forma de resumir bons trechos de minha vida, onde por alguns momentos tudo era confuso e caótico, mas como se fosse um milagre, tudo ficava bem. Por alguns momentos, achei que não ia conseguir frutas suficientes, ou que não iria conseguir a tempo, mas lá estava eu e Utau. Em meio à festa e sorrisos, um calor no peito, aconchegante. A mesma sensação que tive quando ajudei Margareth a salvar o wailord, que me fez seguir o caminho da criação.

Tempos melhores chegariam à floresta. Os Pokémon selvagens comemoravam a vitória de uma garota e uma Pokémon ainda desconhecidas. A vida na criação não era fácil, disso nunca terei duvidas, mas valia a pena cada sacrifício e sofrimento.

Venonat resistiu à primeira esfera, me surpreendendo um pouco. Quero saber o que houve, como ajudar e evitar que, seja o que fosse, aconteceu. Lanço outra esfera vazia, tentando novamente capturar o pequeno inseto roxo.

Solto um suspiro de alivio, junto de um grande sorriso quando ouço a resposta da enfermeira. Era claro que estava cansada, mas sua exaustão parecia sumir conforme seu sorriso crescia. Cass e Barbie estavam cansados, respirando fundo. Aproximo-me e fico abaixada, mais próxima aos dois.

-Vocês foram perfeitos.

Digo com um sorriso. Meu pequeno anjinho inexpressivo repetia seu nome, de forma lenta e arrastada, com pensamentos profundos. Talvez profundos demais até para ele mesmo compreender. Minha linda borboleta ficou feliz, mas seu olhar para Utau deixou claro que queria ter ficado com o papel da mesma. Era uma lutadora, uma guerreira, não uma curadora. Retorno a ambos, mereciam um repouso, mas eu tinha minhas duvidas se o lugar de Barbie seria realmente comigo...

Vejo a Pikachu e a Venonat despertando, provavelmente por causa do barulho. Pareciam felizes pela paz ter retornado para seu lar. Não resisto e as abraço.

-Não teria conseguido sem vocês. Muito obrigada por tudo.

Digo para as duas que me fizeram companhia. Uma Venonat ferida e uma Pikachu gentil foram duas surpresas maravilhosas, que ajudaram muito durante o percurso cansativo. Observo os Pokémon recém-curados, com um sorriso bobo na face. Utau se aproxima e fica ao meu lado, também observando. Ambas pensando que, aparentemente, estávamos no caminho certo.

Pergunto-me quanto tempo passou desde que adentrei na floresta. Parecia que havia se passado poucos minutos, mas já havia ocorrido tanta coisa em tão pouco tempo... O trabalho se finalizava, mais de vinte seres curados. Respiro fundo, aliviada e feliz, tudo terminou bem. Ver todos ali, com uma vida inteira pela frente, aquecia o coração. Se fosse um sonho, não quero acordar.

O venonat não conseguia fugir da segunda Pokébola, sendo envolvido pela mesma. Assim como a esfera de Starly, a esfera dele não sumia. Ficava com o centro avermelhado, não tendo como ser aberta. Aguardei junto da outra.

Pikachu e Venonat pareceram um pouco receosas, não entendo bem o motivo, mas não negaram o abraço. Ao contrario, me abraçaram também, como se fosse o ultimo.

Viro-me para a enfermeira, vendo-a suspirar e começando a conversar comigo. Meus olhos brilham quando escuto, não havia nem passado pela minha mente que aquele era o teste pratico! Estou surpresa, feliz. Não me contenho e a abraço, sem acreditar que havia conseguido me formar.

-Obrigada, obrigada, obrigada!

Digo rápido, me viro para Utau e a abraçando em seguida. A Glaceon reclama, gostava de manter a pose, mas logo retribuía o gesto. Havíamos conseguido cumprir nosso primeiro objetivo, o primeiro foco. Tenho que me controlar antes que acabe começando a chorar de tanta emoção... Agora recebia duas opções, podendo ir para o centro de criação, ou ir até Pewter. Quero ser oficializada logo, mas tenho tarefas a fazer na cidade.

-Tenho que fazer algumas coisas em Pewter...

Respondo suavemente, mantendo o sorriso alegre. Tenho que planejar minha equipe, pensar nas funções de cada um... Não quero me desfazer de nenhum, mas sei que estarão em boas mãos. Respiro fundo, ficando sentada no chão, agora que o trabalho havia terminado, podia descansar um pouco. Foi um dia corrido. Utau usando meu colo como almofada, não por estar cansada, mas por achar mais confortável.

As ondas sonoras que caracterizam o barulho feito pelas hélices de um helicóptero logo chegavam aos meus ouvidos. Ergo levemente os olhos, mirando o alto, em busca da origem do som. Lá estava o transporte. Eu podia ter aceitado e me formar mais rápido assim, mas precisava planejar meu time. Precipitar-me agora seria ruim, além de que, adiando a formatura, me daria mais tempo para me despedir dos meus companheiros.

Joy sorriu enquanto uma corda era jogada para ela, sendo segurada em seguida. Ela logo me dava uma dica, ou conselho, que me fez refletir. Aceno para ela, me despedindo e agradecendo novamente por tudo, enquanto minha mente continua presa na frase. Meus olhos a seguindo, enquanto subia.

“Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, nunca pensei em poder antes... Só pensei em força para poder me defender... Ela se referia à habilidade de curar? Continuo olhando para o alto pensativa, enquanto meu corpo descansava. Nunca pensei no tipo de poder que queria alcançar, o meu desejo de cantar me fez sair nessa jornada, depois tudo simplesmente aconteceu, sem que eu pensasse muito. Se pensasse, desistiria. Só deixei meu coração falar o que desejava e fui atrás. Fui assim minha vida toda.

A paz reinava agora, respiro fundo e tento me levantar, não tendo sucesso já que Utau ainda usava minhas pernas como travesseiro. A encaro e ela me ignora, estando aparentemente confortável.

-Utau... – A chamo e ela finalmente me olha. – Quero levantar... – A Glaceon abusada vira a cara, não querendo levantar. – Utau, já tem um tempinho que não posso mais te carregar no colo... – Ela boceja, claramente me ignorando. Levo uma das mãos a fronte, sem acreditar no abuso dela. Levo alguns minutos até convencê-la a me deixar levantar, levando um Icy Wind na face e tendo alguns fios de cabelo levemente congelado. O golpe não foi usado com força para machucar, mas é frio! Utau é a prova viva de quem é possível amar e odiar alguém ao mesmo tempo...

Me alongo e olho ao redor, observando novamente a Pikachu e a Venonat. Elas parecem apegadas ao local, mas não custava perguntar... Antes de falar, sou atingida pelo CD, massageando o local dolorido, enquanto minha "doce e querida" Glaceon começava a rir da minha desgraça. Olho pra cima, me perguntando desde quando chovem CD's, guardando ao ver o nome Flash no mesmo. Talvez ajudasse em algum momento.

-Venonat, Pikachu, querem vir comigo? Vai ser cansativo, mas... Curar todos os Pokémon que pudermos, faz valer a pena... E sempre que possível, podemos voltar pra cá e matar a saudade dos amigos e família, não será um “Adeus e nunca mais”, apenas um “Até logo”... O que acham?

Pergunto para as duas, aguardando a resposta. Ficaria feliz se elas me seguissem, mas sei como é difícil se distanciar de casa... Faz um ano que estou longe da minha, embora mandasse algumas cartas para meus pais algumas vezes, não amenizava a saudade. O que me fazia não manter tanto contato com eles, eram as broncas e promessas de castigos que ambos faziam sempre que liguei para eles... Fazer o que? Não me liberaram, tive que fugir, mas algum dia eles vão me entender! Espero...

Agora tenho que escolher quem levarei comigo e quem não vai continuar seguindo. Ó vida... Pelo menos, sei que aqueles que não ficarão comigo estarão em boas mãos. Embora a indecisão, já tenho em mente alguns companheiros que permanecerão comigo até o final. Aqueles em quem confio cegamente, não tendo coragem de me separar deles nunca. Queria manter todos, só a ideia de separação fazia meu coração se apertar, mas era preciso.

Utau, minha melhor amiga, que diversas vezes, não a olho como Pokémon, mas como irmã. Como se eu pudesse fechar os olhos e deixá-la me guiar, sem medo ou receio. Juan, meu pequeno bebê curioso, mas esforçado e corajoso. Castiel, meu pequeno anjo inexpressivo, utilizando suas habilidades para saber o que se passava, meu pacifista.

Time a planejar, as palavras de Joy ficariam para depois, se é que eu me lembraria delas depois... Mas, bem, não adianta ficar quebrando a cabeça com isso, então não vou me esquentar.

Ao ouvir minha proposta, as duas se entreolharam brevemente, trocando poucas palavras. Pikachu se aproximava, esticando os braços e tendo um sorriso fofo, parecendo ter aceitado vir comigo. Sorrio e a abraço. Venonat também se aproximava e me abraçava, retribuo o abraço e acaricio o topo de sua cabeça, mas se afastava em seguida.

Utau se levantava, se espreguiçando, ficando ao meu lado e aguardando o sinal para partir. Devia estar cansada naquele momento. Pego uma das esferas vazias, encostando suavemente na Pikachu, aguardando a captura, observando a Venonat em seguida.

-Não vou te esquecer. Toma cuidado, certo?

Levanto-me, despedindo-me da Pokémon inseto. É difícil se afastar de casa, eu sei. Olho para Utau, facilmente notando que esta com fome. Estou cansada, vários companheiros também. Um longo banho seria bem vindo...

-Utau, vamos pra Pewter?

Não foi preciso mais, ela logo se ergueu e assumiu a liderança. Comecei a segui-la, feliz com o dia. Uma amiga na floresta, perto de me formar, novos amigos nas esferas, finalmente indo para a cidade próxima do MT. Moon.