Re: [Breaking Illusions] - Limbo -

por **Shianny** Seg maio 19 2014, 15:17

A garota mordeu silenciosamente o canto do lábio com o dano que poderia ter sido evitado, mas nada poderia fazer agora; Não seria possível retornar ao passado agora, então, tanto fazia. Aquilo... Havia acabado, não é? Por meio segundo, chegou a olhar para trás, em busca de alguma pista que indicasse o fato de que a margem estaria perto... Mas outro pio da ave ali atenta a fez voltar-se à frente...

E ela engoliu ao seco ao ver a nova esfera bicolor. Como assim? Céus! Se mal havia conseguido se manter com um único espécime, o que não poderia ocorrer caso ficasse ali, para batalhar? Não poderia perder mais... Amigos.

Seu olhar lentamente desviou-se ao ponto em que o jovem panda encontrara seu aterrador desfecho. Cerrou o punho e trincou os dentes com sutileza... Em contrapartida, o pequeno roedor arroxeado retornou silenciosamente para perto de si mesma, encarando a pltaforma de gelo e realizando outra careta descontente contra a superfície.

- Me render...? Deixar você fazer o que quiser...? Talvez eu o fizesse, se não tivesse ninguém a quem quero tentar tirar desse lugar. - O olhar se voltou silenciosamente ao rapaz. Inerte, quase tão frio quanto o próprio lugar... Apagado e disperso. Ugh... - Eu me recusaria a deixá-los nas mãos de um monstro como você. - As palavras? Praticamente cuspidas.

...

Poderia até ser ela mesma a tentar dar um jeito naquele loiro ilusório, mas jamais aceitaria de tão bom grado abandonar seus pequenos à própria sorte nesse local maldito!

por **Nerkon** Qua maio 21 2014, 11:39

- Porque resistir quando já chegou o fim? - Dessa vez foi a vez de Richard falar algo, o tom de voz empregado pelo rapaz permanecia com uma frieza surpreendentes... parecia estar cansado de tudo aquilo e provavelmente desejava terminar tudo o quanto antes. Ao contrário de antes, não parecia possuir mais hesitação e sua mente era capaz de visualizar seu único objetivo, o qual era, infelizmente, bastante óbvio para a garota e seus Pokémons.

Cada passo que a dupla tomava durante seu caminho fazia a ruiva e sua equipe restante sentir calafrios, pois todos ali - com a exceção de Nidoran - haviam presenciado cenas terríveis e o que estava por vir era, de acordo com os "fantasmas", muito pior que Probopass. O nervosismo levava os Pokémons a tentarem encontrar algum sinal de que Gabriel e Richard estavam mentindo, porém nenhum dos dois parecia possuir receio e seus passos eram firmes, ao invés disso o que as criaturas sentiam não era diferente de um misto de tristeza e ódio, sentimentos verdadeiramente sentido por aqueles dois e que já eram claros desde o início da "luta", mas... o que então poderia ter causado tudo aquilo, se nenhum dos lados parecia mentir?

Subitamente os dois adolescentes pararam a apenas alguns metros de Nidoran, parecia ter chegado o fim. Os batimentos cardíacos do grupo começaram a aumentar em frequência, ao contrário da dupla que permanecia calma e resoluta à medida em que erguiam suas capsulas, que ao abrirem-se imediatamente enviaram dois seres para a mesma plataforma onde estava Nidoran. O do treinador loiro imediatamente mostrou-se como o mais alto dos dois monstros, sendo também muito maior que qualquer um dos companheiros de Natalie e tendo como característica mais distinguível a presença de duas grandes asas em suas costas, a aparência do ser era a de um dragão e suas cores eram predominantemente tons de verde. Já o escolhido por Richard era muito mais baixo, porém não deixava de ser grande - para seu tamanho - e de possuir garras de aço assustadoramente grandes, sendo reconhecido pela garota como um dos Pokémons usados pelo homem na mansão de Cinnabar: Excadrill. A toupeira imediatamente olhou para todos os seus possíveis adversários e por alguma razão manteve um olhar furioso direcionado à garota.

- Esses... são nossos Pokémons mais fortes. - O que o loiro disse apenas confirmou o óbvio. Nenhum dos Pokémons de Natalie parecia estar no mesmo patamar que tamanhas monstruosidades, mas isso não fez com que o coelho venoso presente na vanguarda do campo de batalha recuasse, muito pelo contrário, a pequena criatura soltou um rugido na tentativa de intimidar seus oponentes e deixou com que a ira tomasse conta de sua mente... o ato não era bem a causa do que estava por vir, porém serviu como um estopim quando fez com que um brilho intenso tomasse conta de seu pequeno corpo, causando uma mudança de tamanho drástica à medida que o fenômeno evolutivo fazia o pequeno Pokémon crescer. Mesmo após a evolução de seu Pokémon, não era certo se ele seria capaz de vencer um dos dois oponentes, então o que faria a treinadora perante tal situação?

por **Shianny** Qua maio 21 2014, 13:32

- Por quê?... - A ruiva murmurou e desviou o olhar silenciosamente para as águas. Ela encarou o panda submerso ali, mordeu fracamente o lábio inferior...

Por quê?

Não deixava de ser verdade, principalmente quando ambos libertaram aqueles monstros gigantescos de suas respectivas esferas... Mas mesmo assim, a ruiva não podia deixar de se questionar uma pequena coisa: Por que diabos alguém aparentemente morto manteria pokéballs em outra dimensão? Qual era o sentido disso...? Mas, fala sério, haviam ocorrido tantas coisas que, sinceramente, esta deveria ser a mais insignificante das preocupações, se é que poderia ser considerada como uma.

Os ombros da mais nova caíram com suavidade e as pontas dos cachinhos rubros se balançaram com o vento; Ela respirou profundamene e virou a face. Para quê resistir...? Estava tudo acabado, nao é verdade...?

- Se nem vocês desistem, por que eu deveria fazê-lo? - Os orbes acinzentados se voltaram silenciosamente ao (ex?) rocket, em busca de alguma resposta... Ou pelo menos uma única reação. Não estava louca o bastante para ter imaginado que estavam cuidando dele, não? Q-Quer dizer, hava visto, céus! Spoink não poderia ter criado aquela imagem...

Poderia?

Mas mesmo que não pudesse, quem garante que não o haviam castigado depois?

E de qualquer forma, que diabos de culpa poderia ter tido nisso?!

Já com Gabriel, não encontrava pontos que teriam a feito culpada de uma aparente morte. Aquilo apenas soava falso para si, mas não tinha nenhuma bola de cristal para descobrir se era ou não a realidade. Apertando fracamente as próprias mãos, ela encarou o roedor recém-evoluído...

...Mas não havia tempo para comemorar em relação àquilo nesse exato momento.

- O que eu fiz pra vocês, afinal...? - Engoliu a seco e mordeu a ponta da língua ao cerrar os lábios novamente. Aquilo teria sido uma boa pergunta...? Infelizmente, era tarde para reconsiderá-la no momento e também queria tomar a consciência do que estava, de fato, ocorrendo ali.

E precisava daquela resposta, uhn?

por **Nerkon** Sex maio 23 2014, 20:03

Aparentemente sem soluções para uma situação tão catastrófica, o humor do grupo de Natalie parecia apenas despencar e mesmo o bravo Nidorino começou a recuar perante o poderio de seus inimigos e a reação nada satisfatória de sua treinadora. Claro, tudo estava para piorar.

Embora o coelho desejasse tentar evitar o combate até sua mestra "acordar", Excadrill surpreendeu-o ao abusar de sua velocidade muito maior para disparar em frente e, com suas garras metalizadas graças a um movimento, atingiu as costas do Pokémon venenoso cuja dor imediatamente resultou em um grito alto. O resultado do golpe não podia ser mais assustador, pois o Pokémon agora sangrava e mal mantinha suas forças, tendo sofrido danos sérios na coluna e agora começando a rastejar pelo chão na tentativa de distanciar-se de seu agressor. Toda a bravura havia esvaído-se e dado lugar a um medo intenso aguçado pelo instinto de sobrevivência que agora tomava conta do Pokémon recém-evoluído.

- Patético. - Sem remorso, o treinador loiro avançou acompanhado de seu dragão e, ao chegar próximo de Nidorino, simplesmente afastou o Pokémon com seu pé e passou a ignorá-lo, seguindo então em direção à Natalie. Pidgey e Cryogonal, claro, estavam apavorados e por muito pouco não fugiam... O que a treinadora faria, afinal?

por **Shianny** Qui Out 02 2014, 21:21

Por alguns segundos, a garota observou silenciosamente cada passo do loiro. Correu os orbes opacos pela toupeira e, então, fez o único ato plausível no momento: Retirou as esferas bicolores restantes para então, retirar todos os outros animais possíveis daquele campo sangrento. Guardou-as; Pendeu os braços nas laterais do corpo e ajeitou vagamente uma das mechas rodopiantes. Sentiu o arrepio gélido correr por sua espinha, porém, tinha a consciência de não ser tão útil no momento lutar contra a correnteza. Quer dizer, de que utilidade isto seria? Estavam sendo esmagados - um único oponente denotava isso com clareza - e as chances de escapar daquele campo de batalha eram, provavelmente, nulas.

O peso da possível realidade repousou como uma bigorna em seus ombros. Apertou as pálpebras por alguns segundos e ergueu a face - fitou o céu de tonalidades quase idênticas aos próprios orbes. A respiração esfumaçava contra o ar e, por algum motivo quaisquer, chegou a procurar formatos em nuvens; Com isso, um vago sorriso se formou nos lábios pálidos e maltratados da ruivinha. Seu horizonte borrou-se por segundos, a visão passível de ser comparada com a de o fundo de uma garrafa turva.

Não teve certeza de quanto tempo permaneceu ali, mas deveria ter sido o suficiente. A face se baixou, o foco retornando ao gigante e sua nova clava de ferro. Os ombros retesando-se, em busca do conforto... E encontrando a gélida brisa do submundo, ou seja lá o que aquilo fosse. Os dedos se emaranharam uns nos outros, e um riso fraco, quase um soluço, que se esgueirou invasivamente por sua garganta.

- Me perdoa, Gabriel.

Os pulmões se encheram do ar vazio, e rebobinaram para o expulsar quase da mesma maneira. Vagas memórias do passado - uma vida onde não existiam tantas preocupações, tantos pensamentos ou estratégias. Um mundo onde se importavam com coisas que, juntamente com o próprio desenvolver de ambos, lentamente se apagaram na beirada do pensamento "Tolice". Uma realidade que nunca mais viram...

E que muito duvidava voltar a ver.

- Acho que nem deve adiantar falar isso, não é? - Um riso baixo, rouco - Provavelmente soa como algo estúpido pra você. Mas tudo bem. - Engoliu saliva, e o indicador se enroscou lentamente com um cachinho que escapara para frente do corpo - Eu nunca pude te superar de verdade e tentei me esconder com tantas coisas... - Pendeu a cabeça para o lado. O olhar se perdia na imensidão azul abaixo para logo após vagar pelos orbes opostos - No fim, nada adianta. Pode fazer o que quiser, sabe? O que te fizer melhor, não sei. Se quiser vingança ou qualquer outra coisa... - A mão escondeu a metade direita da face. O peito subiu e desceu, sincronizando-se com a respiração. Mwnf.. - Mesmo que eu tentasse ou não permitisse, ia acabar me forçando de qualquer jeito, nee...? Tudo bem.

As mãos se abaixaram e guiaram-se para as costas.

- Eu perdi.

por **Nerkon** Ter Out 07 2014, 02:36

A evidente resignação de Natalie ao seu provável destino trouxe ao rosto do loiro um sorriso cruel de satisfação, porém de forma temporária, uma vez que em questão de segundos a feição em sua face transformou-se numa de tédio e satisfação. Sim, o rapaz estava decepcionada pela forma como o quão rapidamente a ruiva havia desistido de si mesma e talvez de seus Pokémons, completamente deixando de lado a bravura anteriormente demonstrada em sua luta contra Probopass.

- Meh, isso é patético. - O loiro declarou antes de bocejar, visivelmente entediado. Após tal ato, o rapaz voltou a caminhar até sua amiga de infância e segurou o rosto da garota com uma das mãos e logo após soltou-o e estapeou a jovem na tentativa de voltar a despertar alguma emoção notável na ruiva. - Quebrou sua resistência à nossa vingança tão rapidamente assim? Isso não tem graça.

Dito aquilo, Gabriel virou-se completamente e caminhou até Richard, o qual apenas observou Natalie em silêncio, sem demonstrar emoção alguma, quer que fosse de remorso ou ira. O que estava acontecendo ali, afinal? A pergunta permaneceu sem resposta quando Gabriel sorriu e olhou para seu companheiro humano - ou fantasma, o que quer que fosse - antes de mais uma vez falar.

- O que acha de tentar impactarmos ela com algo mais pesado? Talvez... os Pokémons ou a família? - O loiro levou uma das mãos aos lábios, enquanto imaginava as reações da pobre treinadora mais à frente acerca da possibilidade de ele trazer sofrimento também aos entes queridos da garota, e não apenas a ela.

- Porque continuar? Já podemos terminar isso. - Richard, embora sua aparente misericórdia pudesse ser meramente devido ao desejo de encerrar todos os assuntos pendentes em relação a Natalie, sugeriu pôr um ponto final em toda aquela história que estavam a vivenciar. Naturalmente o rapaz mais radical e fanático da dupla julgou que tal possibilidade não era interessante, portanto logo retrucou.

- Tsc, você é sem graça como sempre. Atitude, atitude é o que lhe falta! Dizem que a vingança é um prato que se come frio, pois nosso dever foi e continua a ser o de esquentar esse prato! - Suas palavras subitamente pausaram e seus olhos castanhos, cujas irises mais pareciam queimar como o fogo, tiveram seus focos mais uma vez alterados para Natalie. - Desistiu mesmo, covarde?

E esperou por uma nova reação, na tentativa de prolongar sua diversão e por consequência o sofrimento da garota. Embora fosse difícil disputar que toda a cena era real, algo ainda parecia fora de lugar... mas o quê?

Off: Ficou ruim que eu sei, tive que forçar esse post pra não te deixar esperando até eu voltar da uni amanhã. >:

por **Shianny** Ter Out 07 2014, 13:04

A ruiva permaneceu em silêncio quando sentiu os dedos frios tomarem-lhe a face... Porém, ao sentir o estalo e a ardência que vieram logo a seguir, seu esboço de reação foi apertar as pálpebras - julgo eu, muito diferente do que o rapaz esperava. Seus olhos nublados correram pelas águas escuras, a audição sendo testemunha de cada palavra pronunciada. Porém, o próprio sangue quase aderiu à temperatura da camada logo abaixo de si com a próxima sugestão de tal figura ensandecida que se apresentava como o que um dia fora seu melhor amigo. Seus músculos enrijeceram por momentâneos milésimos, então, suas pálpebras semicerraram-se e ofuscaram-lhe a capacidade de visão plena.

Não é real.

Não poderia ser real. Gabriel não seria massacrado com tanta facilidade - nisso, ela acreditava piamente. Seu foco lentamente se dirigiu à dupla ali, as janelas dos olhos finalmente tornando a se abrir para uma tentativa - falha ou não - de averiguações. Não. Tinha quase a certeza de que ele não seria exterminado em tão pouco tempo, inclusive se formos considerar seu punho de ferro em relação à inúmeros confrontos. Só poderia contar com uma alternativa que facilmente poderia desprezar: Suicídio.

Então, as íris pairaram sob o de temperamento mais ameno. Com ele, as coisas se complicavam. Embora houvesse sido tratado pelo pai e outra mulher na Mansão, o que lhe garantia que escaparia ileso de cargos superiores, de Rangers... Ou mesmo de Mewtwo, se ele tivesse tido um encontro com tal animal durante a estadia deste naquelas ruínas? Se fosse para montar hipóteses, não descartaria a possibilidade de que o pai o ajudaria a escapar das mãos alheias da organização criminosa, embora não pudesse afirmar isto com embasamento. Se fosse considerar, o rapaz mesmo possuía dois animais potentes na equipe!...

O que não garantia que lhe ajudariam em uma situação de risco extremo, pelo que pudera observar em seu último encontro.

Mas... Algo. Sim, uma peça fora de encaixe, um fato distorcido que se mascarava com toda a situação e desespero que se apoderara. Ela franziu vagamente o cenho - torceu o cantinho do lábio inferior e apertou dois dedos contra o tecido que lhe cobria o corpo. Exatamente: Em seu ponto de vista, aquilo não poderia bater com a realidade. Então, quais motivos lhe impediam de considerar que algo estava induzindo-a a crer nestes fatos escarrados? Afinal, provas concretas não teria para refutar, não é verdade?

Um estalo na mente; Lembrou-se de Zorua.

O que impedia que tudo aquilo fosse, de fato, toda uma ilusão causada por negatividade profunda... De um ser externo, um espectador?

Tentou esvaziar a mente, tentou se concentrar e ignorar toda a dor que passaram até o momento. Tentou, simplesmente, pensar. Se esta teoria fosse realidade, como a provaria, como escaparia dela? Apertou vagamente as pálpebras e tornou a libertar os orbes, que correram pelo céu escuro em busca de uma luz qualquer. Até mesmo as águas resolveram revirar, seguidamente do horizonte que se estampava por trás da dupla "inimiga". Tinha que ter alguma falha. Alguma brecha, que tornasse tudo o que enfrentara uma falsidade absurda.

Poderia ter sido derrotada ali, mas e se houvesse a possibilidade de não ser algo decisivo? Afinal, a mente e os atos percorrem vários caminhos antes de esbarrar em sua reta final. Não havia garantia, mas era a melhor coisa que poderia guiar-lhe no momento.

Sim. Alguma brecha deveria ter, alguma possibilidade de saída. Era nisso que ela acreditava; E estava veemente buscando-a para que tudo aquilo pudesse ter fim. Não sei se isso pode ser considerado uma reação, mas garanto que, alguma proteção de sanidade com certeza é.

por **Nerkon** Sex Out 10 2014, 03:11

A possibilidade de tudo aquilo ser uma ilusão veio à mente de Natalie duma forma que era de se esperar, afinal a ruiva possuía uma criatura capaz de criar pequenas ilusões, por isso era lógico que um monstro mais evoluído pudesse gerar ilusões de tamanhas proporções. A única dúvida que restava era... se aquilo tudo era uma ilusão, porque era tão real? Afinal, ilusões não são mundos novos, mas meramente distorções do espaço para criar um falso cenário visual que poderia ter sido facilmente cancelado por meio do contato físico.

Se toda a cena desde o começo fora uma armação, ainda pairava em sua mente que tudo tão... perfeito. Não havia explicação para tal coisa, além de que tais figuras à sua frente - sendo verdadeiras ou não - haviam demonstrado possuir extensivo conhecimento acerca de sua pessoa, portanto o que poderia ser a situação que lhe atormentava além da mais dura realidade, mesmo que distorcida? Havia alguma espécie de deus brincando com ela ou algo do tipo, ou seria aquilo realmente fruto de uma cadeia de eventos causada por ela? O destino é cruel, mas borboletas são realmente capazes de criar caos por todo o mundo.

No entanto, se havia algum tipo de cadeia de eventos se desenrolando naquele momento, era certamente a grande quantidade de teorias que simplesmente brotavam na cabeça da garota. Sim, era quase como se os "espíritos" estivessem induzindo-a a pensar em tais coisas em tamanha escala que uma tremenda dor de cabeça começou a afetá-la. A dor era imensa e fez Natalie simplesmente fantasiar que alguém havia fincado uma espada em seu crânio e estava a lentamente perfurá-lo.

E o pior: Aquilo não parecia ter fim. Os jovens que outrora estiveram à sua frente discursando asneiras também pareciam não possuirem reação em relação ao que ela sentia. Certamente era um fato estranho, mas que naquele momento apenas servia para incrementar o pânico que a amaldiçoava.

...

E morreu. Ou ao menos acreditou ter morrido, pois quando se deu conta a jovem estava num lugar diferente. Não possuía forma, espaço, tempo ou algo que ela pudesse reconhecer, apenas uma imensa escuridão ao seu redor. O esqueleto de seu corpo parecia estar atrofiado, incapaz de realizar qualquer atividade que fosse requisitada por seu cérebro, e a jovem apenas esperou até que voltasse a sentir algo ou alguém naquele lugar tão desolado e inexplicável.

E sentiu. O chão transformou-se em algum líquido muito similar à água, porém negro, sombrio e detentor duma aura assustadora. Tal mudança no cenário trouxe junto consigo a recuperação da ruiva, a qual institivamente tentou gritar, sem sucesso. Não por não possuir voz, mas sim por estar no vácuo. Embora noutra situação seu grito teria sido ouvido por ela mesma, nem isso aconteceu, pois não havia propagação do som em tal lugar. Sua respiração também não ocorria, pois não havia ar.

É difícil determinar-se quanto tempo a adolescente passou ali, mas quando o "prazo" encerrou-se, bastou um piscar de olhos para que a garota acordasse para a realidade. Estava caída no chão, mas sã, o local onde encontrava-se também fora facilmente reconhecido e trouxe um grande alívio até ela, pois tratava-se da estranha torre onde ela estivera antes de... entrar num espelho? Aliás, ao revirar os olhos por seus arredores, a ruiva mais uma vez notou a presença do maldito espelho, embora desta vez ele estivesse caído no chão e completamente quebrado. Ao lado do altar onde antes esteve o espelho encontrava-se um jovem rapaz, loiro como a criança que ela encontrara antes, mas bastante alto, de aparência saudável, bela e imponente, seus cabelos eram arrepiados ao ar e seus trajes pareciam antigos, tratando-se apenas de uma túnica branca com adornos de ouro, uma armadura - também dourada - em seu peitoral e brincos, aparentemente de cobre, em ambas as orelhas. O rapaz manteve seus olhos cerrados por alguns segundos, mas eventualmente os abriu para olhar com mais cuidado a ruiva, seus orbes, ao contrário de humanos comuns, eram vermelhas como o sangue, e suas púpilas aparentavam ser ovais como as de um gato ou serpente.

- Quem é você? - Sua voz trouxe consigo todo um ar autoritário e poderoso para o local, e sua pergunta certamente não poderia ser ignorada. Mais que isso, que tipo de pessoa, ou ser, é aquele rapaz? E mais importante: Quem é ele e o quê ele pretendia fazer ali?

por **Shianny** Sex Out 10 2014, 18:54

Se algum dia a ruiva usou a expressão "peso na consciência", devo dizer que desta vez teria mais do que o necessário sob ela - o tanto que chegasse a quase dar a impressão de que seu crânio explodiria a qualquer momento, espalhando pedaços de cérebro por toda a superfície aquosa gélida que expandia-se ao longo do horizonte.. Os dedos se movimentaram como num tique, até se impulsionarem contra as próprias mechas e as apertarem de uma vez em automática reação contra aquela imensurável aflição no mecanismo de sensações. Não teve certeza se chegou a gritar, porém, bem que poderia tê-lo feito. As pálpebras se concentravam uma contra a outra e selaram-lhe de vez a visão, até o momento em que a pressão em seus ouvidos aumentou repentinamente - e seus orbes lentamente se libertaram daquela prisão de pele.

Tentou mover as mãos, e a sensação que teve foi como se cada articulaçao sua de repente houvesse estancado em uma retorção que lhe tomava todos os movimentos existentes - o vazio. Sua respiração intensificou, os neurônios buscando explicação racional e encontrando-se constantemente em becos sem saída. A sanidade à beira de um abismo cuja profundidade era desconhecida. E neste exato momento, o ar fugiu-lhe do alcance.

Seus pulmões se esvaziaram e com nada mais puderam se inflar novamente; A onda de pânico espalhou-se pelas próprias células e pôde aperceber-se do "lamaçal" onde lentamente submergia. O empuxo negativo, a matéria pastosa envolvendo-lhe com a sutileza de um predador experiente...

E o som do estilhaçar vitral que fez-lhe apertar as pálpebras em uma provável última vez.

Não soube ao certo quantos segundos a mais se passaram até que os orbes lentamente se fizessem presentes como testemunhas, porém, o sangue gelou quando fez-se notório a estadia de seu próprio ser em outro cômodo novamente - desta vez, um até bastante familiar, se fosse considerar os outros pelos quais passara. Seu cenho chegou a franzir-se por meio segundo, e o corpo lentamente foi-se apoiando sob os joelhos; Sentou nas pernas.

E o olhar encontrou os fragmentos prateados do espelho partido.

...
...
...

O espelho do zigurate.

...

Começou com um sorriso simples. Os dedos se afastando cada vez mais, até estarem nas costas da garota. A cabeça pendeu-se suavemente para o lado, indicador e polegar arranhando-se em silêncio, buscando uma explicação lógica qualquer - ou, pelo menos, uma que chegasse a enganar-lhe os sentidos por pelo menos alguns milésimos.

Não encontrou.

A mão cobriu os próprios lábios suavemente, e o corpo deu um solavanco sutil... Que logo encontrou um perseguidor em forma de uma gargalhada aberta. Incontrolável, repentina. Simplesmente veio - tal como a noite após o dia. O corpo trêmulo e o punho que se fechou contra o chão não foram suficientes para impelir o som que escapava da garganta - isto ocorreu por si só, quando a ruiva, enfim, perdeu o ar para realizá-lo. Também não soube distinguir se as gotas salgadas que deslizaram pela face seriam de desespero ou meramente... Graça.

Foi quando ouviu a nova sinfonia de palavras que ecoou num relance e logo apagou-se como uma estrela ao explodir. Ela silenciosamente tomou ar, ainda que o corpo tremesse por risos abafados contra a própria palma, e o corpo endireitou-se; A cabeça pendeu suavemente para o lado e o cinzento encontrou o escarlate.

- Você também quer tirar alguma coisa, eh? - Um riso abafado... A face virou-se para o outro lado e levantou-se; A ponta de dois dedos cuidaram de ajeitar vagamente a barra da saia e, então, dirigiu três passos em círculos antes de se apoiar em uma parede qualquer - Heh... Não, não, não. - Balançou a cabeça em uma negativa tênue - Não dá mais, não. Não tem mais. Não conheço você também. Acho. Conheço? - Um sorriso aberto, o indicador se enroscando com uma das mechas alaranjadas - Você. O que é que querem dessa vez? Você cresceu, aliás. Tão rápido!... Sim, sim. Bela roupa, acho. - Franziu o cenho, os braços se cruzaram com tenuidade. Uhn? - Você veio de longe? Parece. Qual o seu nome?

por **Nerkon** Seg Out 13 2014, 10:01

A reação do loiro à forma como a garota estava agindo não foi das melhoras, tampouco foi a impressão causada pela ruiva, digna de uma psicopata. Talvez estivesse com sorte de que aquele rapaz não estivesse interessado em aproveitar-se de sua fraqueza, pois ele nada mais fez além de suspirar com um ar de decepção à sua volta. Sim! Ele provavelmente não esperava colocar-se em tal situação ao ir a tal lugar para... o quê?

A verdade é que o loiro falhara completamente no que quer que tivesse ido fazer ali, e presenciar a cena feita por Natalie não chegou nem perto de animá-lo, muito pelo contrário: Tirou sua vontade de responder ou dar atenção aquela garota. Contudo, mesmo em meio a esse tipo de emoções, ele sentia-se enraivecido por conta da recepção dada pela adolescente, esse fato ao menos escapou e tornou-se evidente por meio dos hipnotizantes olhos escarlate, os quais nem mesmo pareciam fitar Natalie, apesar do sentimento transmitido.

- Quando é desejado conhecer o nome de alguém importante, é necessário dizer o seu próprio antes e agir com a etiqueta apropriada. - Ele declarou aquilo num tom bastante esnobe e exigente, ainda mais para alguém que não conseguia entender nem um pouco da razão por trás daquelas palavras. - Eu irei repetir a pergunta: Quem é você e o que veio fazer nesse lugar? Como pode ver, nós não nos conhecemos e apenas eu existo aqui. Você não é daqui.

Dessa vez ele havia dito algo interessante, mas restava saber como seria a reação de Natalie e sua resposta ao loiro.

Off: Retomando a narração, como prometi. Mas estou cansado e por isso o post saiu assim... vou melhorar os próximos. e.e

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