Kuroha e Squirtle
» Havia acabado de sair do laboratório com seu novo pokemon, um Squirtle. Não fazia a minima ideia de como tratar um pokemon novo, principalmente um que sempre viveu em confinado dentro de uma pokebola, não sabendo nada dele para poder me aproximar mais facilmente. Teria que, basicamente, começar uma nova amizade sendo o mestre dele, mas começar amizades na situação em que eu estava seria bem difícil, já que não poderia ser mole a ponto dele não confiar em mim, nem duro demais para deixa-lo sentindo-se reprimido. Seria uma relação bem complicada de inicio, principalmente para mim.
Eu teria que, uma hora ou outra, solta-lo da pokebola para me apresentar. Essa hora não poderia ser melhor do que agora, estava no meio da cidade e ainda não era noite. Nada me impedia, ninguém. Estava com a pokebola ainda em mãos, desde o momento em que saí do laboratório não a soltei, pensando na situação de me apresentar formalmente para meu novo companheiro de viagem. Então, abro a pokebola, liberando a pequena tartaruga azulada. Era algo um tanto diferente, nunca havia visto um daquela espécie antes, mas ele parecia bastante interessante, apesar de não parecer muito amigável de primeira vista. «
— Olá pequeno, meu nome é Kuroha. Bem, escolhi você no laboratório, então você vai ser meu companheiro de viagens. O que acha da ideia? Eu sei que pareço meio idiota de inicio, mas vai descobrir que posso ser um cara legal... Eu acho... — As últimas palavras saiam um pouco arrastadas, nunca antes tinha tido uma amizade de verdade com um pokemon. Na verdade, nunca tinha criado laços de verdade com ninguém, além da família.
» Um pequeno sorriso era o que eu tentava pelo menos esboçar, para mostrar um pouco mais de confiança. Eu não sei o que ele via, mas para mim, não parecia um sorriso alegre com confiança, mas sim algo bem tímido e com medo de que ele me rejeite. Mas, independente do que eu achasse, parecia que a reação dele não foi das melhores. Ele parecia um pouco assustado, ou talvez estivesse nervoso com algo, eu não tinha como saber. A única coisa que sabia dele é que tinha sido pego pelo professor, nada mais. Com um leve movimento com a mão, tento acariciar a cabeça dele, como sinal de amizade. Ele parecia não gostar, se afastando um pouco.
Nesse momento, percebi que a amizade seria bem difícil. Ele simplesmente não se comunicava. Mesmo que eu não pudesse entender, ele poderia pelo menos dizer algo. Mas era impossível tentar entende-lo, nem sequer uma expressão, facial ou corporal, mostrava o que ele estava sentido. Ele estava simplesmente de braços cruzados e estampado no rosto, uma face completamente neutra. Não tinha como saber como ele se sentia.
Deixando isso de lado, eu simplesmente pego a pokebola e desisto da interação, colocando ele de volta para dentro dela. Olho atento ao cenário em volta de mim. A cidade era algo bem calmo, ao meu ver. Poderia talvez aproveitar um pouco mais enquanto estava ali. Andar um pouco, encher o pulmão com novos ares e até talvez comprar algo para comer. E claro, tentar encontrar algum lugar onde pudesse soltar o Squirtle sem parecer um idiota conversando com um pokemon que não responde. Teria que cuidar disso depois.
No momento, acabava me sentindo um pouco solitário. Não tinha boa sensação tendo que cuidar de um pokemon sozinho, mesmo tendo feito isso com outra pessoa quase a vida inteira. Era estranho pensar nisso, claro que queria ter um pokemon e cuidar dele. Mas, agora que tinha a responsabilidade, parecia algo bem diferente. De qualquer maneira, aquele não era um pokemon tão bom. Esperava alguém mais amigável e alegre. Esse simplesmente não esboçava emoções. «
— Eu espero ser seu amigo, Squirtle. Realmente. Mas, você poderia facilitar um pouquinho, não é? Acho que poderia pelo menos dizer do que você gosta, aí poderia fazer para melhorar um pouco seu humor. Se é que você está de mal humor. Ahhhh, você poderia pelo menos me dar uma dica, droga. — Voltava a lembrar que parecia um maluco, agora falando com uma pokebola. Prendo a pokebola no cinto. Então, começo a andar, sem um destino muito certo. A única coisa que sabia é que queria almoçar, mesmo sem saber onde poderia fazer isso. Talvez, alguma hora descobrisse, mas andar parecia a melhor coisa a se fazer agora.